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quarta-feira, 10 de março de 2010

A crise do axé

Por Alessandro

A manchete da Folha é engraçada, mas o tema é relevante. Pode ser pauta para o tema música do Brasilianas.

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Axé faz 25 anos, cresce no Brasil e no exterior, mas perde espaço na Bahia

BRUNA BITTENCOURT
da Folha de S.Paulo

Foi Luiz Caldas quem inaugurou a axé music em 1985 com o sucesso de “Fricote”. A música do cantor, da qual até hoje ninguém conseguiu esquecer o refrão (“Nega do cabelo duro, que não gosta de pentear…”), é considerada o marco zero do gênero baiano.

Neste ínterim de 25 anos, assistimos a uma lucrativa indústria se formar em torno do axé e do Carnaval –fora de época ou não–, alçando seus artistas entre os mais populares e lucrativos da música brasileira. Enquanto isso, o gênero cresceu para além de Salvador, se espalhando pelo Brasil e para fora dele. Mas, em um movimento inverso, perdeu espaço dentro da Bahia para outros gêneros.

“A axé music era avassaladoramente a mais executada, a mais ouvida, a mais pedida. Ela perdeu espaço nas ruas”, defende Milton Moura, professor de história da Universidade Federal da Bahia e estudioso do gênero. “No auge, nos anos 90, quando vendia milhões de cópias, o axé era 90%. Os outros gêneros eram muito poucos. Hoje, está mais equilibrado”, afirma o jornalista do “Correio” da Bahia Osmar Martins, que já visitou dez países acompanhando shows de artistas de axé. “Mas ele ainda é tocado o ano inteiro e, quando chega o Carnaval, ganha uma dimensão maior”, diz.

Moura cita o crescimento de gêneros como o arrocha –um “bolerão popular”–, o pagode baiano –”um desdobramento do samba de roda, que se modernizou a partir dos anos 90″– e o forró eletrônico como responsáveis pelo decréscimo –e não declínio, pontua– do axé dentro da Bahia.

“Quando outros ritmos populares começam a ficar importantes, o axé se sofistica, também através de conexões na MPB, procurando atrair um público de classe média de outros lugares”, afirma Moura, lembrando o contingente de foliões de outros Estados nos blocos de Salvador no Carnaval.

Carlinhos Brown, por exemplo, assinou parcerias com Paralamas do Sucesso, Marisa Monte e Arnaldo Antunes, além de se enveredar pela música caribenha. Daniela Mercury gravou composições de Lenine e Chico César e flertou com a eletrônica. “A Ivete diz que é uma cantora de axé. Mas se você ouve “Pode Entrar” [disco com convidados como Marcelo Camelo a Maria Bethânia], é uma cantora pop”, completa Martins. “Os nomes mais importantes hoje são aqueles que fazem sucesso fora da Bahia”, defende Moura.

Para o crítico musical Hagamenon Brito, que cunhou o termo “axé music”, esta geração de cantores é “envelhecida”, citando o Asa de Águia, que como o Chiclete com Banana, começou nos anos 80. “Os ídolos de hoje são os mesmos dos anos 90″, diz Moura. Hagamenon completa: “Para o tamanho da indústria, a renovação é pequena. Surgem novos nomes, que não viram estrelas”.

A última a se tornar uma delas, entre vários outros artistas de poucos carnavais, Claudia Leitte tateia sua identidade musical, mas já bem diferente daquele que Luiz Caldas construiu nos anos 80.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u704777.shtml

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