Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
– Sois cristão?
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
– Sim, pela graça de Deus
– Canhém Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
O Gramático
Os negros discutiam
que o cavalo sipantou
Mas o que mais sabia
Disse que era
Sipantarrou
Azorrague
– Chega! Paredoa!
Amarrados na escada
A chibata preparava os cortes
Para a salmoura
(Poemas da Colonização. Andrade, O. 1972:31)
Do mesmo modo, Beth Brait em seu último livro Literatura e Outras Linguagens (São Paulo: Ed. Contexto, 2010), bem como no artigo Estudos linguísticos e estudos literários: fronteiras na teoria e na vida (http://bit.ly/onBgK9), aponta que coube ao poeta modernista tematizar poeticamente a rica variedade da língua portuguesa. Sendo possível citar o seguinte poema:
erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
(Poemas menores. Andrade, O. 1972:115)
“J.M.P.S.” (da cidade do porto)

*É paraibano, mestre e doutor pela ECA-USP. Professor de Teoria , além de contista e poeta com livros publicados .