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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Uma praia de prazer em pleno Tejo



por ISAURA ALMEIDA
Uma praia de prazer em pleno Tejo
A discoteca ao ar livre que cativou os lisboetas este Verão. Ali onde o Tejo encontra o mar, junto  ao Cais da Viscondessa, na quase esquecida zona ribeirinha de Lisboa, com a Ponte 25 de Abril como pano  de fundo numa paisagem abençoada pelo Cristo-Rei. Mais um espaço do grupo K
O nome Urban Beach diz tudo. É uma praia urbana dançante. Sim, uma praia que é também discoteca e restaurante. Onde? Ali onde o Tejo encontra o mar, junto ao Cais da Viscondessa (Santos-o-Velho), na quase esquecida zona riberirinha de Lisboa, com a Ponte 25 de Abril como pano de fundo numa paisagem abençoada pelo Cristo-Rei.
O conceito é inovador e apelativo, segundo Juan Goldín, do grupo K. "Uma praia urbana no meio de Lisboa, um lugar maravilhoso sobre o Tejo, com o rio aos nossos pés, fica por detrás do restaurante Kais. Estamos abertos todos os dias de domingo a domingo, a partir das 18.00. O lugar ideal para ver o pôr do Sol, sair do trabalho tirar a gravata e tomar um copo", explicou ao DN.
Principalmente para quem trabalha em Lisboa e não pode aproveitar para "curtir" a noite porque o dia a seguir é de trabalho e os bares e a "disco" abrem muito tarde. No Urban Beach isso não acontece. Seja executivo, estudante ou um turista em Lisboa pode ver o pôr do Sol na discoteca ao som da música dos Pet Shop Boys, entre muitos outros.
O Urban abre às 18.00 e vai pela noite dentro... até às 04.00 da manhã. O traje informal, como quem vai para a praia e depois fica para uma festa sem o inconveniente de apanhar um escaldão ou ter de calçar uma elegante mas desconfortável sandália salto de agulha.
O objectivo é desfrutar e tirar prazer do facto de estar em Lisboa em pleno Verão... a trabalhar. Como mobiliário tem as famosas chaises longues, numa decoração minimalista toda em branco onde se destacam os cubos luminosos incrustados no espelho de água recriado à volta do espaço, que parece uma extensão do próprio rio, fazendo lembrar os emblemáticos espaços de Ibiza, Miami ou Rio de Janeiro.
"E se por acaso, mas acho muito difícil, se fartar do rio, da areia, da praia e da vista sobre a cidade, também temos uma discoteca toda em preto com umas luzes alucinantes onde se pode dançar todas as sextas e sábados", lembrou o argentino Juan Goldín.
Esta praia urbana dançante e inspiradora agitou as noites da capital, mas o Verão está a acabar... Pertence ao grupo K, que se orgulha de ter "criado" um oásis no meio de Lisboa e promete a mesma irreverência no Inverno com o Kubo.
Uma óptima opção para descontrair, descansar, ouvir música e até comer bem...

A bofetada do atraso: Censores em ação: download interrompido na marra!

Por: Leandro Fortes.

Primeiro, a internet violentou o papel em sua essência física, palpável, dogmática. Roubou à História da escrita o movimento manual da pena e o batuque, ora mecânico, ora elétrico, das máquinas de escrever de outrora. Minou, por assim dizer, o essencial, a rotina, para então começar a dizimar os modelos. Em pouco mais de uma década, derreteu a credibilidade e expôs as intenções das ditas mais sérias empresas de comunicação do Brasil, apesar da permanente tensão provocada pela expectativa de cerceamento e censura. Aliás, uma tentação autoritária pela qual, ao que parece, o Senado da República ensaia se ajoelhar. São sinais dessa tormenta em que vive o jornalismo brasileiro, confinado num vazio que se estende no éter de um rápido processo de decadência moral, em parte resultante de maus hábitos de origem, como o arrivismo e a calúnia pura e simples, mas também porque sobre as redações paira um ar viciado e irrespirável cheio de maus agouros de mudança, ou melhor, de status.
São ventos recentes, os da internet, que nem marolas faziam nos primeiros anos de concentração de usuários e funcionamento da rede mundial de computadores. Como fenômeno de jornalismo, foi preciso esperar que o ambiente virtual deixasse de ser eminentemente transpositivo, na verdade, uma cópia digital dos jornais, para surgir um espaço editorial novo, essencialmente individual, mas nutrido pelas idéias do coletivo. Definidos de forma simplista, no nascimento, de diários eletrônicos, os blogs se fixaram como um instrumento de comunicação social poderoso, a ponto de se tornarem subversivos, no melhor sentido da palavra. Passaram a devorar velhos esquemas como uma nuvem de insetos, milhões deles, em crescimento exponencial. Tornaram-se, na singular definição do ministro-jornalista Franklin Martins, “grilos falantes” da mídia e inauguraram uma regulação ética nominal e permanente do noticiário.
Dentro desse papel, os blogs independentes têm conseguido desmascarar, muitas vezes em tempo real, tradicionais espaços editorais voltados, historicamente, para a manipulação e distorção de matérias jornalísticas a soldo de interesses inconfessáveis. Tornaram-se, em pouco tempo, imprescindíveis.
Pensei nisso tudo por várias razões, mas principalmente porque tenho que falar, no final de outubro, com estudantes de jornalismo da Universidade de Maringá, no Paraná, sobre o fenômeno da blogosfera e discutir as razões desses maus tempos de jornalismo em que vivemos. Mas também porque a animosidade das velhas elites políticas brasileiras com a internet alcançou seu paroxismo nesse projeto inacreditável assinado pela dupla de senadores Marco Maciel (DEM-PE) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), de restrição de liberdade na rede mundial de computadores. Onde estão os freios dessa gente? Ainda que não houvesse muitos motivos para repudiar uma intenção de censura no mais democrático ambiente de comunicação da cultura humana em todos os tempos, bastaria um – o da civilidade – para fazer calar esse clamor de alcova que nos envergonha.
Trata-se de uma tentativa primária, nos métodos e na intenção, de conter o poder iconoclasta e o viés crítico da internet, notadamente dos blogs. Pretende-se amordaçar uma rede formada, apenas no Brasil, por 64,8 milhões de pessoas, segundo pesquisa do Ibope publicada em agosto de 2009, ou seja, no mês passado. O instituto calcula que esse número cresça, na próxima década, cerca de 10% ao mês. Portanto, mais do que dobrando de tamanho em 10 anos, a depender da intensidade das diversas políticas de inclusão digital capitaneadas pelo governo do PT.
Pensar em controlar o torvelinho de informação circulante, hoje, na internet, é um exercício absoluto de arrogância, quando não de ignorância. É um exagero surpreendente, até mesmo em se tratando de uma iniciativa dessa triste e reacionária elite política e econômica brasileira. De minha parte, não acredito que o Brasil vá aceitar, inerte, essa bofetada do atraso.Eu não vou.
Motivos do medo ou fontes do ressentimento:
1) O jornalista perde o papel de "autoridade" e pode ser questionado pelos leitores em segundos; por isso muitos jornalistas mostram ressentimento em relação à internet; aqui, eles são obrigados a lidar com os "bárbaros".
2) A qualidade dos leitores da internet põe em xeque o conhecimento generalista. Médicos, engenheiros, policiais, motoristas de ônibus, todos dispõem agora de um meio para, se não fazer a notícia, questionar aqueles que fazem. E você há de convir que um motorista de ônibus que trafegue diariamente pela marginal de Pinheiros pode falar com muito mais propriedade sobre o trânsito naquela via do que eu, Azenha.
3) O próprio caráter "definitivo" dos textos jornalísticos mudou. Na internet, o texto é um quando publicado. Mas, depois de algumas horas, a leitura dele é outra com o acréscimo dos comentários. Assim como os leitores podem questionar os jornalistas, podem também questionar as autoridades como nunca puderam antes. Este é o caráter revolucionário da rede e, em minha opinião, o motivo para o desconforto causado por ela em uma sociedade altamente hierarquizada como é a brasileira.
Fonte: tp://www.viomundo.com.br/voce-escreve/leandro-hupper-a-bofetada-do-atraso/

Pulando fora? A mídia parece ter abandonado a CPI da estatal.

Oposição e imprensa esqueceram por completo a CPI do PSDB. A imprensa que tanto pressionou a oposição para criar a CPI, abandonou PSDB e DEM. A oposição reclama da imprensa.

O senador ACM Júnior (DEM) explicou que a oposição contava com a "colaboração da imprensa", para fazer novas denúncias e que sem isso "fica difícil surgir mais informações contra a estatal". "Botamos fé na imprensa", comentou.Na oposição o que se vê é desânimo com a comissão. "Não temos muitas denúncias concretas contra a Petrobras. Até mesmo o Tribunal de Contas da União ainda está revendo as irregularidades", comentou ACM Júnior."Mas ainda não jogamos a toalha", disse. (Helena)

Fonte: http://casadonoca.blogspot.com/2009/09/pulando-fora.html

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A voz do anjo desdentado chega a Espanha o mítico filme de Bruce Weber sobre Chet Baker

    de cima  baixo                  CHET BAKER                                           BRUCE WEBER fotógrafo de moda e cineasta

Madrid terá oportunidade de ver Let?s get lost, filme de Bruce Weber terminado em 1987 dois meses após Chet se jogar de uma janela de um hotel em Amsterdam

domingo, 13 de setembro de 2009

LITERATURA EM ALTA NOVOS AUTORES E EVENTOS LITERÁRIOS SE ESPALHAM PELO PAÍS




Ciência e Cultura

ISSN 0009-6725 versão impressa

Cienc. Cult. v.61 n.3 São Paulo  2009

 

LITERATURA EM ALTA
NOVOS AUTORES E EVENTOS LITERÁRIOS SE ESPALHAM PELO PAÍS
Um recorde de eventos literários deve marcar o calendário de 2009. Serão 23 grandes ocasiões de gala para as letras, entre festas, feiras e bienais, listadas pela Câmara Brasileira do Livro. Mas existem outros números promissores — circulação de livros, surgimento de revistas específicas, programas de TV e crescimento de grandes livrarias — que apontam para uma maior presença da literatura no cotidiano do brasileiro. Especialistas da área, porém, mantêm-se cautelosos quando se trata de avaliar o consumo de mais literatura no Brasil.
Para o jornalista Luiz Costa Pereira Jr., editor da revista Língua Portuguesa, publicação dedicada à linguagem e que aborda o uso da língua na literatura, na retórica ou no discurso, é preciso fazer uma distinção entre a literatura e o mercado editorial, ou seja, o produto livro. "O avanço da indústria do livro é inegável, mas, nisto, você tem a ampliação de títulos de religião, didáticos, autoajuda, e não somente literatura. Porém, essa expansão pode ser considerada um fenômeno bastante positivo. A literatura também avançou, mas não tão rapidamente quanto o produto livro", diz.
De acordo com uma pesquisa do Instituto Pró-livro, encomendada junto ao Ibope, o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. O estudo constatou que somente a leitura de livros indicados pela escola, o que inclui os didáticos, chega a 3,4 livros per capita. A leitura feita por pessoas que não estão mais na escola ficou em 1,3 livro por ano. Os brasileiros não compram muitos livros, apenas 1,2 livro adquirido por ano. Por outro lado, o Brasil possui 36 milhões de compradores de livros e, entre eles, a média é de 5,9 livros exemplares adquiridos por ano. Esses dados diferem um pouco dos obtidos pela pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL), para quem cada brasileiro lê, fora da escola, em média, 1,8 livro/ano. De qualquer forma, são números bastante inferiores aos dos EUA, que é de cinco livros per capita, ou da Europa, entre cinco a oito livros lidos por habitante.
Apesar do número de 1,2 livro comprado/habitante/ano ter permanecido o mesmo em relação à última pesquisa do Instituto Pró-Livro, realizada em 2000, o crescimento da aquisição de livros foi bastante substancial, se considerarmos que, há oito anos, o universo pesquisado considerava uma população estudada de 86 milhões de pessoas, enquanto em 2008 esse número abrangeu toda a população em idade de leitura: 172 milhões.
MUDANÇAS NO MERCADO O posicionamento das livrarias mudou bastante nesse período. Samuel Seibel, proprietário da Livraria da Vila, uma das maiores de São Paulo, conta que as lojas tímidas, pequenas e relativamente pouco atraentes, deram lugar a ambientes generosos, altamente atraentes, com livros, cds e dvds, além de ampla programação cultural. "A base para o crescimento no número de leitores está montada. Agora é fazer com que a leitura seja realmente encarada pelos brasileiros como algo cotidiano. Como trabalhar, ir ao cinema, bater papo com amigos", afirma.
No entanto, o empresário diz acreditar que os números da leitura no Brasil só terão um aumento mais radical a partir do momento em que se foque a formação de leitores desde a infância. "Pais, parentes, amigos e professores têm que ser os grandes incentivadores da leitura. A livraria, indiscutivelmente, é o grande palco para isso acontecer. Eventos infantis, contação de histórias, teatro, oficina, pockets: tudo ajuda" conta Seibel.
Paulo Franchetti, professor de literatura da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), função que acumula com o cargo de diretor da editora da mesma instituição, concorda com a análise do jornalista e do livreiro. "A literatura, como tudo, está se tornando cada vez mais um produto midiático. Não sei se ela, propriamente dita, tem tido uma exposição maior ou se tem chegado a um segmento maior da população. Mas, sem dúvida, há mais agitação na grande imprensa e a literatura é objeto de ações de mídia bastante importantes", diz.
INTERNET ESTIMULA A LEITURA? "Creio que a internet contribui mais decisivamente para a formação de leitores e escritores do que os festivais", afirma Franchetti. Numa questão que sempre foi polêmica, no que se refere ao risco que as publicações impressas — jornais, revistas e livros — correriam com a expansão do meio eletrônico de leitura, ele considera que essa mídia,ao contrário, tem dado um novo sentido na vida cultural moderna, inclusive na literatura. Os blogs literários, mesmo que possam servir como um instrumento de marketing pessoal e serem em número excessivo, são, para o professor, uma das várias formas interessantes de presença da literatura na web. "As revistas e páginas eletrônicas são espaços onde jovens autores podem postar poemas, textos de ficção ou crítica literária. Além disso, é possível encontrar uma infinidade de livros digitalizados, com acesso gratuito, em todas as línguas. Como a população letrada passa cada vez mais tempo à frente de um computador conectado à internet, a tendência é que a literatura, por esse meio, esteja cada vez mais presente na vida das pessoas. Portanto, hoje, a circulação de livros em sua forma impressa em papel, é apenas uma parte — relativamente pequena, em termos absolutos — da presença da literatura na vida das pessoas", acrescenta.
O site Domínio Público (www.dominiopublico.gov.br), é lembrado por Luiz Pereira Jr. como um importante divulgador e distribuidor de livros pela internet. "Aconteceu uma guinada na internet a favor da literatura, esse ambiente que primeiramente parecia que iria provocar a extinção do objeto livro, hoje está permeado por blogs, sites literários (ou com pretensão literária), iniciativas de diversas ordens, como o download de livros. Você tem aí um real avanço da literatura", afirma. Franchetti cita, ainda, a existência de uma série de sites que acessa frequentemente — Projeto Gutenberg, Google Books, Europeana, Cronópios, a Germina e a Sibila — como exemplos dessa expansão.
ENTREVISTA
ANTÔNIO PRATA
Antônio Prata, 31 anos, 8 livros publicados, faz parte da novíssima geração de escritores que despontou na última década. Tem uma coluna quinzenal no jornal O Estado de S. Paulo, mas considera que ainda está em formação nessa carreira. Sua opinião sobre o espaço atual da literatura, venda de livros, caminho para se tornar escritor e como viver da escrita está nesta entrevista.
Ciência & Cultura:Como vê a presença da literatura no Brasil? Como romancista e cronista, acredita que o grande número de festivais, crescimento das livrarias, programas de tv etc, significa que, de fato, aumentou o espaço para a literatura na vida dos brasileiros?
Antônio Prata: Acho que essa é uma tendência mundial. A Rosa Montero, uma escritora espanhola, em uma das Flips [Festa Literária de Paraty] contou que tinha começado a escrever porque era tímida e não sabia se relacionar bem com os outros. Mas que, de repente, isso a obrigou a ir para frente das pessoas e falar sobre literatura. Tal crescimento [dos eventos] é fato. Agora, se isso representa um crescimento da literatura, não sei. Para ser sincero fico muito assombrado com os dados sobre leitura, pois, por exemplo, em uma pesquisa do ano passado, o número de analfabetos funcionais no Brasil beira 50% da população. Você está falando comigo porque sou um jovem escritor, mas se fosse levantar o número de livros vendidos, nunca chegaria a mim. Existe uma discrepância entre as vendas e a exposição que o escritor tem na mídia.
Esses eventos contribuem para
a formação de leitores?
Para o escritor é fantástico.
Quando fui na minha primeira Flip, foi muito esclarecedor ver meus grandes ídolos falando sobre o processo da escrita, perceber que eles tinham as mesmas dificuldades criativas e até financeiras. Esses eventos têm ainda uma outra função, a de aproximar público e escritores. Por exemplo, através de um programa da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que leva escritores para cidades do interior, fui a auditórios em Adamantina, Paraguaçu Paulista e Tupã. As pessoas ali conheciam literatura, textos meus, quem eram os escritores novos, quais faziam sucesso, tinham opiniões sobre literatura e queriam saber mais. Em todas, havia gente falando que escrevia e que queria publicar. Nessas cidades pequenas, as pessoas perguntam, você é escritor? Não parece, esperava um cara mais velho e sério. A literatura não é uma coisa velha e distante. A literatura é uma coisa viva, é a vida que as pessoas vivem.
E como é viver de literatura financeiramente?
Não posso reclamar porque tive tudo o que precisava na minha mão. Por ser filho de escritor, sempre soube desde cedo como deveria fazer para viver de literatura. Vi meu pai [Mário Prata] fazendo as coisas dele, trabalhando com roteiros, crônicas etc. Eu também escrevo crônicas, que é uma maneira de se vender textos para jornais e revistas. Dizer que é difícil viver de escrever... no Brasil é um pouco complicado, aqui é difícil viver de tudo.
Foi difícil conquistar o seu espaço?
Creio que ainda estou no caminho. Minha trajetória foi bastante natural, comecei fazendo uma revista com amigos aos 17 anos, que chamou a atenção da Comunidade Solidária, um projeto da Ruth Cardoso, que nos convidou para fazer um livro sobre o programa. Isso rendeu uma proposta para trabalhar na revista da MTV, de onde fui para a revistaCapricho. Depois, fui para o guia doEstadão, e de lá para o jornal. Uma coisa foi levando à outra, sempre numa gangorra em que eu fazia algo que me dava dinheiro e tempo para que eu escrevesse a minha coisa. Felizmente, nos últimos tempos, o lugar onde está o dinheiro e o meu desejo estão ficando mais próximos.
Para Luiz Pereira Jr., um ponto fraco, ainda, seriam os espaços para debate. Segundo ele, fala-se muito de literatura para catequizar os catequizados, através de uma abordagem ensaística que pouco acrescenta ao que já se sabe sobre os autores, focando a biografia de um autor e um resumo das suas principais obras. "A abordagem que tentamos usar naLíngua Portuguesa é uma forma menos convencional. Pelo fato da revista não ser especificamente sobre literatura, nós trabalhamos sempre à luz do idioma e da linguagem, nós tentamos pegar a contribuição técnica de um autor para área dele, para o que ele se propõe. Por exemplo, ao falarmos de Drummond, podemos focar sobre os neologismos dele. Sobre o Mário Quintana, como ele usa o recurso da ironia de um determinado jeito, e como essa é uma das contribuições dele para quem quer brincar fazendo poesia. As vezes acertamos, as vezes não", analisa.
Luciano Valente
 

A atual crise econômica está gerando uma diminuição do consumo nos Estados Unidos em todos os níveis. Contudo, parece não estar afetando gasto com a educação privada.


Mientras que el ahorro aumenta, junto con los despidos y el desempleo, los padres están aumentando su consumo en educación privada, como la manera más efectiva de lograr que sus hijos ingresen a las mejores universidades del país. Las escuelas privadas representan aproximadamente un 25 por ciento del total en Estados Unidos, más de 33.000 instituciones, que enrolan mas de 6 millones de estudiantes, un 11 por ciento del total. 

Y no son baratas. La matrícula promedio es de US$ 4.700 por año, y se espera que aumente entre un 2 y 4 por ciento debido a un incremento de la demanda en los próximos meses, a pesar de la caída general del ingreso en Estados Unidos. 

Además de una supuesta mayor calidad educativa, y muchas veces un ambiente más ordenado, los colegios privados en Estados Unidos ofrecen una ventaja comparativa en términos de acceso a las universidades más prestigiosas. Las escuelas privadas cultivan relaciones más estrechas con las oficinas de admisiones de las universidades, y entrenan a los alumnos más enfocadamente en las habilidades que necesitan para preparar sus complicadas solicitudes de ingreso a las casas de educación superior. 

Según un estudio publicado recientemente por el Centro Nacional para Estadísticas de la Educación, con sede en Washington, las escuelas privadas demandan más cursos de matemáticas, ciencias, idiomas y computación. Por ejemplo, señala el reporte, demandan 3,1 años de estudios de matemática, cuando la escuela pública sólo exige 2,7.

No es una sorpresa, entonces, que, en promedio, las evaluaciones educativas de las escuelas privadas sean mejores que las de las públicas, y que el estudiante de estas últimas tenga apenas la mitad de probabilidad de graduarse de la universidad en 4 años. 

¿Pero es justo este sistema? Muchos analistas en Estados Unidos consideran que no, y promueven que se ofrezca la oportunidad de acceso a colegios privados a todos los alumnos, continuando con el financiamiento público.

Esto es exactamente lo que esta haciendo el estado de Ohio. En 2006 el entonces gobernador, el republicano Bob Taft, lanzó el programa EdChoice, que permite a alumnos de bajos ingresos concurrir a escuelas privadas, o a la que sus padres elijan. A través de este programa, que fue ratificado por el actual gobernador, el demócrata Ted Strickland, más de 14.000 estudiantes de escuelas que el Departamento de Educación categorizó como de emergencia por sus malos resultados reciben becas de entre US$ 4.200 y 5.000 para cursar su ingreso en la escuela de su elección. 

La mayoría de los estudiantes proviene de las familias de menores recursos del estado, en promedio, de ingresos de entre US$ 16.000 y 30.000 al año, siendo la media de ingreso en Ohio de US$ 41.000.

Existen muchas críticas a este programa. Por un lado, docentes y administradores se quejan de que de esta manera los fondos públicos invertidos no van a las escuelas que más lo necesitan, sino a las privadas. Por otro lado, otros grupos sostienen que experiencias como éstas no son escalables a nivel estatal o nacional, y que los gobiernos no cuentan con suficientes recursos. 

Sin embargo, diversos estudios muestran que el programa está generando efectos positivos en Ohio, ofreciendo oportunidades de acceso a educación de calidad a familias que no la tendrían de otra manera, y dotando de mayor dinamismo al sistema en general, ya que aumenta la demanda de los padres a todas las escuelas. 

Que la escuela sea pública o privada no define la calidad de la educación, ni el futuro acceso de sus estudiantes, pero ciertamente una mayor diversidad de programas, de tipos de escuelas, y de acceso, contribuye a una mejor educación de los alumnos, en particular los que provienen de familias de menores ingresos. Para Ohio, darles una opción a estos padres es la mejor opción. 

Sánchez Zinny es economista argentino, vicepresidente de Dutko Worldwide (en Washington DC).
 http://bit.ly/LInU2

Presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros diz que a leitura descompromissada, prazerosa, é a chave para criar o hábito entre os jovens


Ponte para o hábito
Presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros diz que a leitura descompromissada, prazerosa, é a chave para criar o hábito entre os jovens
 
Eleita em maio de 2008 presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Sonia Machado Jardim é vice-presidente de Operações do Grupo Editorial Record, conglomerado que agrega doze diferentes marcas editoriais. Como todos os representantes do setor, está preocupada com o destino do livro e do mercado editorial como um todo, para o qual ainda não vislumbra um modelo de negócios que conjugue circulação livre de títulos na internet e remuneração para o investimento das editoras.

De toda maneira, esta engenheira civil, mestre em administração de empresas, defende que os livros - os impressos - circulem livremente nas escolas e que o conhecimento formal não afaste o interesse dos jovens que querem ler por prazer. "A escola tem um poder irradiador." Leia a seguir a entrevista concedida ao editor Rubem Barros.
O Brasil tem um dos maiores planos governamentais de distribuição de livros, o Plano Nacional do Livro Didático. Como o Snel o avalia?
O Plano tem uma grande vantagem por ser uma política de Estado, e não de governo. Do ponto de vista das editoras, há a garantia de que é uma política consolidada, sem o risco de descontinuidade. Isso é muito bom, porque podemos saber o que vem pela frente e nos programarmos, pois o plano é plurianual.
O que a senhora acha de os apostilados passarem a ser objeto de avaliação do MEC?
 Hoje, os grupos educacionais acabam se transformando em editoras, que foi o que aconteceu com o Positivo. Há uma garantia de mercado, dependendo do tamanho do grupo, que viabiliza uma edição de livro. Percebo um movimento nessas empresas de tentar efetivamente transformar-se em editoras. A partir do momento em que eles têm o material testado, aprovado dentro de suas unidades, a tendência é irem para o mercado. Além de o livro ter benefícios fiscais garantidos que a apostila não tem.
As editoras, inclusive a Record, têm investido em coleções de livro de bolso. É uma boa opção para o público jovem? Existe um acervo voltado a esse público?
A adoção é facilitada quando se entra com livros de literatura com perfil adequado ao jovem a um preço mais competitivo. Não só para adoção pela escola, mas também para a leitura por prazer, sem obrigação. É uma linha de negócios em que não só a Record, mas outras editoras também estão entrando. Há alguns fenômenos interessantes, como o Diário de Anne Frank, da Record. Fizemos a edição pocket e isso alavancou a venda da edição comercial. A percepção que ficou foi a de que, pelo fato de termos a edição de bolso e um trabalho de divulgação em escolas, isso ajudou a venda da edição comercial. Não sei se os pais não encontraram a edição de bolso e compraram a normal, ou acharam que a normal era mais completa por ter um caderno de fotos que a de bolso não tem. O fato é que as duas se beneficiaram dessa iniciativa.
Há outros casos?
No caso de literatura, esse é o mais destacado. Fizemos uma série de outros títulos querendo aproveitar essa questão. Lançamos o Fogo morto, do José Lins do Rego, e as melhores crônicas e contos do Fernando Sabino visando atender esse público estudantil. Mas ainda é precoce.
O perfil  das obras que os jovem leem hoje é parecido com o de 30, 40 anos atrás?
Há duas questões distintas: questão da leitura para a escola e a da leitura por prazer. O grande desafio que a escola tem é fazer com que o jovem desperte para a leitura, se aproxime do livro. É importante fazer com que leiam os clássicos, mas o desafio maior é formar o hábito da leitura. É o primeiro passo, depois isso se aprimora. Nesse ponto, vejo um mérito enorme no Harry Potter, pois se criou uma voz corrente de que ler é uma coisa chata, de nerd, e a série mostrou que, ao contrário, ler pode ser muito legal, abre um universo novo. Esse fenômeno representado pelo Harry Potter e pelo Diário da princesa para as meninas é uma vitória, no sentido do despertar o prazer da leitura. A escola vai inserindo um refinamento na escolha. Um fenômeno que transpassa as gerações é O encontro marcado, do Fernando Sabino, que continua muito atual para os jovens.
As editoras têm investido na oferta de textos por meio de novas mídias? Qual sua avaliação do Kindle e similares?
Estamos observando uma tendência mundial. O livro digital é uma realidade. É preciso encontrar um modelo de negócio para sobreviver, o que no caso do Kindle existe. Acredito que ele vá ser muito prático para obras de referência, livros didáticos, obras em que a condição de ser portátil traz uma série de vantagens, ou seja, vai resolver o problema da mochila do aluno. Agora, até que ele se torne acessível financeiramente para um público maior, estamos observando a direção em que isso vai acontecer nos Estados Unidos. O que acontecer por lá, vai chegar aqui.
Mas nós temos uma dificuldade maior com relação à escala.
E também há a questão do combate à pirataria. Hoje, o que vemos na internet de arquivos digitais, de livros que não são de domínio público e que estão totalmente disponíveis para o acesso... O receio que temos é que isso se perpetue e acabe matando a indústria do mesmo jeito que aconteceu com a música. É preciso encontrar uma fórmula. A grande dificuldade que existe hoje é saber o que ler. O que está na lista dos mais vendidos é o óbvio. Além daquilo que já é muito divulgado, como é que se escolhe? Indo a livrarias, pesquisando. Se você parte do livro digital, como você vai tomar conhecimento disso? Os livros óbvios, os best-sellers, vão se dar bem, mas os outros que existem e que também formam um colchão no mercado é que não sei.
Mas será que essa informação não vai circular de forma diferente? Não é uma questão de hábitos geracionais? 
Não tenho dúvida de que o próprio hábito do livro de papel não está adquirido pelas crianças, que poderão acostumar-se ao livro digital. Mas o que acontece na música, que é diferente, é que o autor e o cantor têm uma outra fonte de remuneração, que é o show. Além disso, a música que você baixa é ouvida várias vezes, o que não acontece com o livro, que raramente é relido. Como é que esse autor sobreviverá neste cenário de conteúdo circulando livremente?  
A relação direta escritor-leitor pode empobrecer a oferta?
Hoje, o editor tem algumas outras funções nessa cadeia, não é meramente um impressor de livros. Tem desde uma função de formulador de coleções e ideias até a função de tornar pública uma obra, que passa pelo marketing, por posicionar o livro, saber fazer chegar ao leitor por meio de uma estratégia. Isso é que eu não sei como estaria contemplado.
Nesse cenário, o próprio marketing deverá mudar bastante. 
Iremos a reboque da experiência americana, onde há um mercado maduro. Nosso mercado ainda tem muito que aprender e que crescer.
Só com as duas edições recentes da pesquisa Retratos da Leitura passamos a ter uma visão mais concreta do leitor brasileiro. O Snel planeja outros estudos obre leitores e leitura?
Tradicionalmente, temos uma pesquisa da indústria editorial, feita pela Fipe, mas não é feita do ponto de vista do leitor, e sim da indústria, com número de exemplares vendidos, número de títulos etc. Dela, temos uma boa série histórica. A ideia, ao fazer a segunda edição da pesquisaRetratos, era de reeditá-la em um intervalo de mais três anos para aferirmos tendências. É uma pesquisa interessante por permitir ver o outro lado, o ponto de vista do leitor, o que o atrai.
Há alguma outra ação prevista, com algum recorte específico?
Ficamos meio indecisos se partiríamos para uma pesquisa por regiões, ou se bastava a pesquisa como feita. Conseguimos fazer algumas segmentações ali dentro, mas é uma pesquisa nacional. Neste primeiro momento, estamos analisando. Há demandas de pesquisas por cidades ou regiões, mas o Brasil é muito grande. Ficaria difícil atender a todas as demandas. A ideia por enquanto é fazer uma nova versão no começo de 2011.
Professores e mães são as pessoas com maior poder de influência sobre o que se lê no Brasil. Quais ações têm sido feitas junto a esses segmentos?
Além desses aspectos, o índice de leitura cresce em função de escolaridade e de renda. Houve um aumento espantoso de pessoas com nível universitário na população brasileira. Em 2000, de acordo com o Censo do IBGE, tínhamos 10 milhões de pessoas com o ensino superior concluído. Em 2006, eram mais de 15 milhões, um aumento de 50% em seis anos. Ou seja, temos outras mães que poderão funcionar como esse agente multiplicador da leitura. Em relação aos professores, um dado interessante nos foi passado pela secretária municipal do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, que fez uma pesquisa junto aos docentes para entender o seu hábito de leitura. A informação a que se chegou é a de que 60% dos professores da rede municipal não têm o hábito de leitura. Como conseguir formar o interesse da leitura no aluno sem que se tenha esse hábito? Em decorrência disso, foi montado um programa de incentivo à leitura, com a constituição de uma biblioteca para o professor por meio da distribuição de alguns títulos. A secretaria montou uma lista de 10 títulos de autores nacionais e estrangeiros e os professores votaram. A secretaria comprou os quatro mais votados e distribuiu no mês de julho.
O Brasil tem uma rede de bibliotecas bastante precária e poucos bibliotecários, sobretudo nas escolas. O que fazer para mudar esse quadro?
O que vemos naqueles filmes americanos, em que a biblioteca é sempre o local bonito e agradável que serve de ponto de encontro para os alunos, não existe no Brasil. Aqui, é a pior sala, a mais escura, ou o lugar em que o aluno vai cumprir um castigo, destino do professor cansado ou desmotivado. É difícil reverter isso. A compra de acervos pelo MEC é um avanço. Mas, apesar de crescer, o Programa Nacional de Bibliotecas Escolares fica à mercê de cada governo, não se sabe se vai continuar. Sobre a questão da montagem e organização de acervo, o projeto Sala de Leitura, que a Record patrocina, traz um manual que ensina uma maneira de organizar que talvez não seja a melhor ou mais perfeita, mas é exequível. Há uma outra linha, que é levar o acervo para dentro da sala de aula, torná-lo disponível para que o aluno possa ter acesso a ele, levar para casa a qualquer momento, sem preocupação de controle.
Isso dá resultado?
Na última reunião do CCL foram relatadas duas experiências interessantes. Numa escola, colocaram uma estante móvel na entrada da escola, no local em que as mães esperavam os filhos, sem nenhum controle. Em muitos casos relatados no PNBE, os livros ficam trancados por medo de que sejam roubados ou estragados, e isso afasta o leitor. Nesse caso, as mães também estão pegando os livros. A segunda experiência foi a de deixar a sala de leitura ou biblioteca da escola aberta, mesmo nos dias e horários em que não há um profissional disponível. Há estados e municípios em que, por carência de recursos humanos, se retira o professor que deveria estar na biblioteca, deslocando-o para a sala de aula, e com isso a biblioteca fica fechada. Na primeira experiência, as pessoas que levaram os livros os trouxeram de volta. Até o pipoqueiro da escola pegou livros. Ou seja, a escola tem um poder irradiador.http://bit.ly/16SE6R