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terça-feira, 8 de junho de 2010

Carta para o Chico Buarque

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Carta para o Chico Buarque
José Danon

Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi, pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar no Lula “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.
Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era, aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era, aí veio o Lula que era e nos pegou.

Chico, meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.

Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é, mesmo? Erraram?

Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula, mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos,
joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante, desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador.

Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.

Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother doNew York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja.

Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente. Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão.

Explica o Aurélio Buarque de Hollanda que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”.
Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.

Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno.
Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social. Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito.

Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotar-se na memória de nossas novas gerações.

Aí, sim, Chico, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 1º de outubro, vai se arrepiar.

Seu admirador número 1,
Zé Danon

José Danon é economista e consultor de empresas

domingo, 6 de junho de 2010

Benedito Nunes ganha o Prêmio Machado de Assis A iniciativa do prêmio é da Academia Brasileira de Letras


Finalmente alguém tem uma boa idéia e lembrança do GRANDIOSO BENEDITO NUNES!!!!!!!!!!!
Grande filósofo Brasileiro, Paraense de renome Internacional, aqui muitas vezes esquecido!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Fundador do Curso de Filosofia da UFPA!!!!!!!!!!
Paulo A C Vasconcelos

Benedito Nunes ganha o Prêmio Machado de Assis
A iniciativa do prêmio é da Academia Brasileira de Letras

Prêmios e Concursos
PublishNews - 02/06/2010 - Redação


A Academia Brasileira de Letras (ABL) concedeu ao crítico literário, professor, escritor, ensaísta e filósofo paraense Benedito Nunes, pelo conjunto de sua obra e seu perfil, o “Prêmio Machado de Assis” de 2010, a mais importante comenda literária brasileira, concedida todos os anos desde 1941. Ele receberá R$ 100 mil, um diploma e um troféu criado pelo escultor Mário Agostinelli – um pequeno busto de Machado de Assis.

A comissão julgadora foi formada pelos acadêmicos Eduardo Portella, Tarcísio Padilha, Lygia Fagundes Telles, Alfredo Bosi e Domício Proença Filho e a cerimônia será no em 20/7, aniversário de 113 anos da ABL. Na oportunidade, também serão entregues os Prêmios Literários da ABL para as categorias História e Ciências Sociais; Ensaio; Literatura Infantil; Ficção; Tradução; e Poesia; e o Prêmio Roteiro de Cinema. Os vencedores receberão a importância de R$ 50 mil

Benedito Nunes, também professor e um dos fundadores da Faculdade de Filosofia do Pará, depois incorporada pela Universidade Federal do Pará, é autor de uma extensa obra de ensaios, estudos, filosofia e crítica literária. Ensinou literatura e filosofia em outras faculdades do Brasil, da França e dos Estados Unidos. Benedito Nunes, analisada sua obra, é um estudioso capaz de construir pontes entre a interpretação do texto literário e a sondagem filosófica, no caso fenomenológica, na linha dos grandes pensadores existenciais, como o alemão Martin Heidegger e o francês Jean-Paul Sartre. Essa dupla dimensão já aparece em seu estudo antológico, obra pioneira publicada em 1966, sobre a obra de Clarice Lispector: “O drama da linguagem, uma leitura de Clarice Lispector”.

sábado, 5 de junho de 2010

Parada Gay congrega multidão em São Paulo


O SEXO E A VIDA!!!!!!!!!!!
É incrível ainda termos que pedir respeito às pessosa por conta das diferenças de seu gênero sexual.Aonde chegamos neste século XXI?
É necessário ainda GRITAR E PEDIR ,SENÃO OBRIGAR PELA LEI O RESPEITO a pessoas que não exercem a heterosexualidade, como se este fosse o único comportamento dentro da história.!!!!!!!!!!!!!
Ainda não entendemos o que é sexualidade e vida!
Agride-se o próximo pela diferença, gosto, até quando????
Penso que ainda vamos penar muito, enquanto não compreendermos a nós e aos outros nas sua diferenças.
Ainda ferimos e matamos por questões tais, do sexo
O gozo ainda é tabu!!!!!!!!!!!!!!
Daí a parada GAY - a maior do mundo- bem vinda ela para DIZER, DENUNCIAR E EDUCAR, bem como apontar os candidatos HOMOFÓBICOS A EXEMPLO DA CANDIDATA -MARINA SILVA.
Paulo A C Vasconcelos

Recife
NACIONAL // LGBT
Parada Gay congrega multidão em São Paulo
Publicado em 05.06.2010, às 14h15

Do JC Online
A Avenida Paulista se veste de cores. Neste domingo (6) é realizada a Parada Gay, maior evento do gênero no mundo, com expectativa de reunir cerca de 3 milhões de pessoas, os ativistas reivindicam o voto contra a homofobia.

Sob o lema “Vote contra a homofobia – defenda a cidadania”, a 14ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo visa conscientizar os diversos segmentos da comunidade sobre a importância de buscar eleger representantes políticos que defendam a causa gay.

A Parada de São Paulo acontece a partir das 12h, com os trios elétricos saindo da altura da Avenida Brigadeiro Luis Antônio em direção à Rua da Consolação. Ao longo do percurso, o público contará com 900 banheiros públicos, sendo 70 para portadores de necessidades especiais, três postos de atendimento à saúde (no começo da Avenida Paulista, no recuo do Cemitério da Consolação e na rua Maria Antônia) e um telecentro, no recuo da Consolação.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Marcelino Freire conversa com Regina Ribeiro


Marcelino Freire
conversa com
Regina Ribeiro

13.8.2008

O escritor Marcelino Freire conheceu o mundo por Sertânia, miolo pernambucano. O nome Sertânia ainda está pendurado no ouvido e na memória do autor. Mas, é só. Saudades, tem nenhuma de lá. Morou em Paulo Afonso, na Bahia, quando era menino e se embrenhou em Recife onde começou a fazer teatro, pela escrita. Quando quis publicar, foi embora para São Paulo, aos 23 anos. É de lá que despacha uma literatura ligeira, aperreada, que parece saltar obstáculos, digo, pontos. Como a que está no livro Rasif, mar que arrebenta, que acaba de lançar. Nele, Marcelino lapida, ainda mais, o contorno que dá à palavra. Aliás, na narrativa deste autor, a palavra é mínima, fugidia, trepidante. "O que eu escrevo é música, é repente", afirma Marcelino, nesta entrevista, por e-mail ao O POVO, ainda lambendo a cria, que ganhou ilustrações do artista pernambucano Manu Maltez.

Em 2006, foi vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura com o livro Contos Negreiros. Mas antes disso, EraOdito, em 2002, começou a lhe abrir portas. É considerado pela crítica um dos destaques entre os contistas da sua geração. Nela figuram Marçal Aquino, Luiz Raffato, Marcelo Mirisola, Rubens Figueredo, entre tantos. O jeito despachado e um tanto quanto abusado soa direto na literatura de Marcelino, feita à base de personagens absolutamente marginais, errantes, sem lugar no mundo, mas com a alma pura de um poeta. A poesia, Marcelino vai buscar em Manuel Bandeira, a quem conheceu menino e nunca mais largou. Já disse que quis ser bandeira: "poeta e doente. Tuberculoso". A tuberculose não o quis, a poesia, sim.

"Meu novo livro é um livro "estrangeiro", pontua Marcelino, que não esconde o sentimento de ser pernambucano em São Paulo. "Continuo sendo um estrangeiro por aqui". É este tal sentimento de desambientação que explode no conto Meu homem-bomba; que não se acomoda como no texto Da paz; que é um estranho em Júnior; que enlouquece no conto I-no-cen-te; que às vezes segue indiferente, como os personagens de Chá. Estão lá os travestis, a arraia miúda, os que não têm uma gota de esperança, os inocentes que ainda esperam Papai Noel. A rapidez que com que se lê, não combina com o incômodo que permanece. Aos poucos, Rasif vai compondo uma colcha de retalhos feito com vida e palavra.

O POVO - Com você, o terreno da literatura é acidentado. O ponto faz as vezes de rochedos (pequenos, talvez, mas rochedos). Por que é assim?
Marcelino Freire - Porque eu respiro assim. Porque uma palavra minha nunca está estacionada em um lugar. Ela salta, dança, se suicida. É preciso ler os meus contos com os ouvidos bem abertos. O tempo todo eu estou "improvisando". Rebolando, embolando em chapa quente. Em pedra quente, embaixo do sol. O que eu escrevo é música, é repente. Acho que é por isso que o meu ponto não é fixo, não é final...

O POVO - Como se deu Rasif?
Marcelino - Eu sempre penso em um livro para os contos que tenho disponíveis, entende? A maioria de uns contos meus, recentes, falava de homem-bomba, guerras nucleares e particulares. Falava de uma língua perdida, de um povo distante. Então pensei em um livro para esses contos. Um livro sobre fim de mundo, final de existência. Aí, falando com uma amiga escritora, Adrienne Myrtes, ela me lembrou que a palavra "Recife" tem origem no árabe "Rasif". Pronto! Eu tenho a minha Árabia própria, que maravilha! E com essa onda de livros árabes, pensei, por que não colocar também a minha pipa para voar [risos]? Brincadeirinhas à parte, gostei disto. Deste lugar chamado "Rasif". E ali fiz habitar os meus personagens. O subtítulo "Mar que Arrebenta" é o significado, no tupi-guarani, da palavra "Pernambuco". Achei legal isto, esta geografia, este cu de mundo que recriei.

O POVO - Em praticamente todos os contos de Rasif, os personagens estão em estado pleno de discordância, há um desconforto latente, como se viver fosse experimentar apenas a estranheza de estar no mundo. Esse é um sentimento seu?
Marcelino - Sim, você acertou em cheio. Há um desconforto, uma desambientação, um desenraizamento. Eu vivo em São Paulo desde 1991. Continuo sendo um estrangeiro por aqui. Meu novo livro é um livro "estrangeiro". Tem línguas mortas, povos antigos, gritos pré-históricos. Minha vontade é sair "gritando, urrando, soltando tiro", como bem diz um dos meus personagens. Se eu não fosse escritor, eu seria um homem-bomba. Acho muito corajoso, de uma poesia trágica ser um homem-bomba, não acha?

O POVO - Marcelino, você é da chamada Geração 90. Entre eles muitos deiraram vários cantos do Brasil e foram para São Paulo. Você considera que faz parte de uma geração que trouxe novos elementos para uma literatura brasileira em crise?
Marcelino - Não sei se eu trouxe "novos" elementos. Trouxe algumas coisas assim, comigo. Mais crises, talvez. Um linguajar, uma cantoria, uma agonia, um aperreio qualquer. Mas esta é só a minha maneira de escrever, de me vingar. Eu não me canso de dizer isto: escrevo porque quero me vingar de algo. E essa vingança veio cheia de gingado. Eu trouxe na bagagem do meu ouvido esse jeito de narrar, de construir uma história, uma memória, uma derrota, sei lá...

OP - Você participou na semana passada de uma feira de livro, aqui pertinho em Mossoró; vai participar da mega-bienal de São Paulo que abre esta semana. Com tanta feira de livro no Brasil, você acha que eles, os livros, estão em alta?
Marcelino - A-do-rei Mossoró! Mulher, que cidade maluca! E fiquei com a lembrança do cangaceiro Jararaca no meu juízo [ele foi morto em Mossoró e virou "santo" por lá]. Gosto que festas literárias aconteçam. Em Paraty, em Mossoró, na Cochinchina. Quanto mais a literatura estiver circulando por aí, melhor para o livro, para o escritor, para o leitor. Não vejo mal nenhum nisso. Essa suruba toda...

OP - Como editor, você coordenou a edição da antologia Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século. Agora, está preparando a edição de uma antologia de contos gays. O escritor Flávio Moreira da Costa já fez quase tudo em termos de antologias, aliás, elas nascem a toda hora, encerrando século, temas, o diabo. Para um leitor, qual a vantagem desse tipo de trabalho?
Marcelino - Nem eu agüento mais antologias [risos]. Mas acho boa essa reunião de contos em um único livro. É bom para pesquisar, para conhecer vários autores de uma paragrafada só. Como toda antologia, depende de quem esteja organizando a coisa. Sobre a antologia de contos gays, que estamos organizando eu e o Santiago, ela ficou para o ano que vem. Está uma beleza! Chama-se "Contos para Ler Fora do Armário".

OP - O que aconteceu com o romance que você começou a escrever?
Marcelino - Meu romance está engavetado, largado no buraco-negro do meu computador. Não sei quando vai sair. Eu não tenho disciplina, não tenho fôlego para narrativas longas. Continuarei nos meus contos/cantos/ladainhas curtas, ao que parece. A merda de escrever um romance é que a gente termina um capítulo e vai dormir com um outro. Os personagens ficam navegando no nosso juízo. E eu quero dormir, não quero escrever...

SERVIÇO
Rasif. mar que arrebenta
Livro de contos de Marcelino Freire. Ilustrado por Manu Maltez. Editora Record.
124 pgs. R$ 26

Manu Maltez é músico, arranjador e ilustrador. No livro que Marcelino Freire está lançando, Rasif.O Mar que arrebenta, Maltez tascou as gravuras que cercam, finalizam e complementam a narrativa. O convite para ilustrar a obra surgiu há dois anos. A conversa entre os dois foi se fortalecendo até que texto e imagem ficassem de mãos atadas, emaranhadas. Manu construiu os desenhos. Marcelino continuou burilando os textos. No final, as gravuras em metal arrebatam e envolvem Rasif. "Gosto de pensar que as imagens ficaram no livro como se fossem 'visões', elas não ilustram situações ou cenas dos contos, mas um possível imaginário de seus personagens", explica ele, por e-mail ao O POVO. (Regina Ribeiro)

O POVO - Como foi o seu encontro com o Marcelino para a realização de Rasif?
Manu Maltez - Marcelino me convidou para fazer o livro no final de 2006 (eu já tinha lido seus outros livros e gostava deveras de sua escrita), e me mostrou o material ainda não totalmente fechado (alguns novos contos foram entrando e outros saíram), e eu mostrei alguns desenhos que achei que tinham proximidade com a coisa, e realmente vimos que essa proximidade já havia de antemão. O "arabesco dos desenhos", seu grafismo visceral, orgânico, esses seres, urubus que são mar, que são mãos que são garras que são asas, uma grande parte disso já havia. Tem gravura inclusive que já existia antes do livro, como a que aparece depois do conto We speak english, ou como a imagem da capa que era um desenho, que depois passei para gravura e virou outra coisa. Assim decidimos que eu não ilustraria nenhum conto especificamente, apenas juntaríamos os dois universos, que se complementariam, um enriquecendo o outro. A partir daí, decidi que faria o livro todo com gravuras em metal, pois era algo que há muito tempo estava querendo fazer, e achei que a própria técnica da gravura (raspando, cortando, jogando ácidos sobre a placa de cobre) tinha a ver com o livro, com seus embates e conflitos, seu título rascante.

OP - Em vez de abrir, as imagens encerram os textos, o que torna a imagem um complemento da palavra. Foi assim que a estratégia foi pensada entre vocês?
Manu - Isto também pode ser visto de uma outra forma e vice-versa, uma vez que a primeira coisa com que o leitor se depara é a gravura da capa, que aparece novamente na abertura do livro antes dos contos. Gosto de pensar que as imagens ficaram no livro como se fossem "visões", elas não ilustram situações ou cenas dos contos, mas um possível imaginário de seus personagens, como eles seriam por dentro, e essa é apenas uma das possíveis leituras, ficou uma coisa bastante sugestiva. A nossa "estratégia" ao longo de mais de um ano de elaboração do livro, na verdade foi a de sempre manter o diálogo, Marcelino trazendo textos novos e revistos, e eu mostrando minha produção de gravuras. Fizemos também ao longo desse tempo, apresentações visuais/lítero/musicais do livro em diversos locais da cidade, com Marcelino recitando, projeções das gravuras e eu tocando contrabaixo e piano (sou músico/compositor) e outros músicos convidados. Assim, foi um processo demorado e cheio de diálogos, experimentações e interatividade, e ao final desse tempo, fomos juntando as coisas, e procurando uma ordem natural entre elas. Na verdade são duas linguagens completamente diferentes, que funcionam também muito bem separadas, mas que ganham uma dimensão toda especial juntas num mesmo livro.

O POVO - O texto do Marcelino é curto, pincelado de pontos, cortando o pensar. Esse dados poético da narrativa teve qual efeito sobre as imagens?
Manu - A grande graça é que são dois universos de linguagens muito diferentes mas com muita coisa em comum, inclusive na parte formal/estrutural, existe uma escrita no desenho, e um desenho na escrita, ... é difícil explicar.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pernambucano assume cadeira na Academia Brasileira de Letras

A notícia é de bom alvitre, mas o que é mais engraçado é o Sr.Muniz Sodré concorrendo a uma cadeira.Que expressão tem este cidadão para ter a audácia em candidatar-se.Coisas do Brasil!!!!!!!
Bom, ocorre que ele se acha o máximo, haja visto palestras vistas e ouvidas quando eu ainda tinha saco,e quando assim eu fiz percebi que o mesmo se acha o show dos shows com sua empafia de intelectual das comunicações.Só falta José Marques de Melo, candidatar-se ao posto, como capitão nordestino que é dentro do meio institucional das engrenagens polítiqueiras das suas sociedades científicas .



Pernambucano assume cadeira na Academia Brasileira de Letras

Do JC Online

Geraldo Holanda Cavalcanti, 81, recebeu 20 votos e conquistou a cadeira 29 da ABL
Divulgação
O escritor pernambucano Geraldo Holanda Cavalcanti, 81, recebeu 20 votos e conquistou a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Seus concorrentes eram o ministro do Supremo Tribunal Federal, Eros Grau (10 votos), o presidente da Biblioteca Nacional, Muniz Sodré (8 votos) e o músico Martinho da Vila, que não recebeu nenhum voto.

O poeta tradutor, ensaísta e memorialista Holanda Cavalcanti já havia tentado integrar a academia há quatro anos, mas retirou candidatura para não disputar a vaga com amigos.

Por mais de quatro décadas, o pernambucano atuou como diplomata. Foi embaixador no México, na Unesco e na União Europeia. Entre as obras publicadas figuram O Mandiocal de Verdes Mãos (1964), Poesia Reunida (1998) - pelo qual conquistou o prêmio Fernando Pessoa, da União Brasileira de Escritores- , Encontro em Ouro Preto (contos, 2007) As Desventuras da Graça (memórias, 2010).

Fonte: Com informações da Folha.com

PARA UMA COMUNICAÇÃO NO TRÂNSITO MELHOR.


Em grandes cidades, como São Paulo, não se fala de comunicação no trânsito, refiro-me aos motoristas entre si, sobretudo.Não se usa regras , como as determinadas, pisca-pisca para direita , para esquerda, não se enfileira no lado correto para entradas a direita ou a esquerda etc. .A comunicação é quase inexistente.Os super carros se acham com direito de livre passagem e os semáforos é como se fosse para estes um complicador .Percebe-se a distinção de classes sociais , quando da imposição de ações no trânsito.O maior, o mais veloz , os de super marcas querem obediência aos menores, de marcas populares, como os de motores 1.0.A gentileza é rara, não há sinais de agradecimentos, como antigamente, como piscar de faróis , buzinar levemente agradecendo etc.O jovem de classe média faz e desfaz no trânsito, faz zigue - zague , cortam etc.
Somos os civilizados anticivilIzados para a complexidade que nós próprios criamos, dentro de nossas máquinas e na interação com as mesmas dentro do espaço social.
Buscamos a democracia na política-governo, mas não sabemos nos governar democraticamente dentro do mínimo espaço social cidadão-as vias - o trânsito.
O respeito ao pedestre é infame. não se respeita, muito menos os idosos , crianças e os portadores de deficiência.
Que cidadania é esta?
Onde esta o Detran, e nós, sim NÓS?
Onde estão as políticas públicas de ações educativas no trânsito em São Paulo, e aqui destaco o Recife, PE,com educadores de trânsito nas ruas e avenidas de grande fluxos
Todos somos cidadãos ou queremos ser e para isto temos que ser educadores em todos os espaços sociais.
E, por fim, desprezamos a GENTILEZA, ela não é adorno, ela é pacto de vida.
paulo a c vasconcelos

terça-feira, 1 de junho de 2010

Violência e Mídia

A mídia segue faturando com a violência na sua grade de programação, e agora a GLOBO também adere.
Esta violência fatura, publiciza, mostra técnicas , e faz novos comportamentos violentos, ou será que a mídia é ingênua a ponto de não perceber seu poder de publicidade, mudança de comportamento e Educação para violência?
Interessante é não se pensar em educação, distribuição de renda e a miséria a que parte da população do povo brasileiro esta submetida, em suas várias esferas por omissões de inserção do jovem criança e adulto em políticas públicas de lazer cultura educação.
E o papel da mídia qual será?Apenas montada no cordel da informação fazer mais violência?
Onde anda a educação permanente? ou esquecemos deste conceito que perpassa as mídias?