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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Hoje não vou escrever sobre literatura.....e sim a escalada da violência ( Capturas do Facebook)

Quando o escritor e intelectual tem compromisso público com a verdade e com a denúncia ;a isto dou o nome de responsabilidade de cidadania.. Paulo Vasconcelos





Hoje não vou escrever sobre literatura, minha paixão, que ocupa meu espaço por aqui. Vou escrever sobre a escalada da violência contra trabalhadores rurais, especialmente sobre a morte de dois quilombolas que foram assassinados neste fim de semana na Bahia. Este ano, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, 48 trabalhadores rurais foram mortos em conflitos fundiários pelo país, quase o total de mortos no campo no ano de 2015 (o último ano de um governo eleito pelo voto popular). 




Após a ruptura institucional que vivemos no ano passado, as bancadas do boi e da bala ganharam protagonismo. Vive-se no serviço público, ao mesmo tempo, uma profunda precarização que culmina na inércia na demarcação de terras indígenas e quilombolas, além da paralisação de políticas públicas diversas para outras populações tradicionais. Essa não é uma preocupação do grupo usurpador que ocupou o Palácio do Planalto para se proteger, em primeiro lugar, das investigações por corrupção, e vem realizando o desmonte das políticas sociais que entraram em pauta na última década. Não haverá solução para os graves problemas fundiários que enfrentamos se não houver manifestação, grito e luta. E nós, que trabalhamos com a palavra, temos um compromisso com o nosso tempo: fazer ecoar em nossa arte a voz dos que lutam por justiça social,



Que o sangue de Junior Mota (foto), liderança da comunidade quilombola de Jiboia, Antônio Gonçalves-BA, o sangue de Lindomar, comunidade de Iuna, Lençóis-BA, e de tantos outros que têm perecido nos últimos meses pelo país, não sejam derramados em vão. Que nossas ações reflitam que essas lutas não são apenas deles, mas de todos que querem um país que faça uma revisão do seu passado de genocídio e escravidão.


@ Itamar Vieira Junior nasceu em Salvador, Bahia, em 1979. É doutorando em Estudos Étnicos e Africanos (UFBA), etnógrafo com pesquisa sobre a formação de comunidades quilombolas no interior do Nordeste Brasileiro. É escritor, autor dos contos reunidos no volume “Dias” (Caramurê, 2012), vencedor do XI Prêmio Arte e Cultura (Literatura – 2012) julgado por comissão composta por membros da Academia de Letras da Bahia. Escreveu também um ensaio sobre canções de Caetano Veloso “Do canto ao "canto": cidade e poesia em Caetano Veloso” publicado em “Imagens da Cidade da Bahia: um diálogo entre a geografia e a arte” (EDUFBA, 2006). Dois de seus contos foram traduzidos para o francês e publicados em revista especializada na França. É autor do livro de contos “A Aração do Carrasco” (Mondrongo, 2017), obra selecionada pelo Edital Setorial de Literatura da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e que recebeu menção honrosa no edital de criação literária de São Bernardo do Campo - São Paulo - 2016.

sábado, 15 de julho de 2017

O troco

 Maria Lucia Dahl por facebook
O troco

Engraxate, flanelinha, menino de rua, pivete.
Versão moderna do Negrinho do Pastoreio
Zumbi dos Palmares do asfalto,
Rebento do ventre livre
O saldo da escravidão.
Mas que bandeira é esta que imprudente
Na gávea tripudia
Na porta do Hotel Othon
Negociando comida por comportamento bom?
Pivete
Tripulante, vingativo do antigo Navio Negreiro.
Mas que bandeira é esta de colorido berrante,
Vestidos de cobertores, descalços no calçadão?
Vendedores de limão, pivetes.
Sem código, sem lei, sem diálogo
Passa a bolsa aí, tia
Copacabana, de dia.
Frutos de fraudes, licitações, falcatruas,
Bandos de meninos de rua
Aprendendo um beabá:
Dá um trocado dá, dá.
Produto da História do Brasil
Eterna guerra civil.
Pivete: a inversão de papéis.
O troco. Me dá um trocado?
Trocando o roubo do seu futuro
Pela morte de presente
Crianças armadas de verdade por falta de
Revólver de brinquedo
Tentando vencer o medo.
O troco. Me dá um trocado?
Escadinhas de bandidos neste país sem mocinhos
Onde todos são maninhos em progressivo arrastão,
Vendedores de limão, pivetes.
Sem cara nem coração.
Meninos de vida curta, opostos de Peter Pan
Colados aos companheiros
Na porta da catedral
Vergonha e dor nacional.
Crônica de Maria Lucia Dahl.

domingo, 9 de julho de 2017

Hermilo 100 anos: estudioso da obra de Hermilo Borba filho aponta importância do artista por D.PE>

Conheci Hermilo Borba Filho, sua obra é extensa e vai 
do Romance, conto, teatro  à ensaios.Um homem sério 
que deixou marcas na cultura pernambucana e brasileira.
Sua obra extensa é seu grande testemunho que ainda 
muitos brasileiros não a conhecem.
Transcrevo a baixo matéria do Caderno VIVER 
Diário de Pernambuco, Recife, Pe 09.07.2016 ,com o estudioso seus Luis Reis 
Paulo Vasconcelos


 O professor do Departamento de Teatro da UFPE Luís Reis foi responsável por escrever a tese de doutorado Fora de Cena, no palco da modernidade: um estudo do pensamento teatral de Hermilo Borba Filho. O trabalho, que aprofundou o debate sobre o legado do artista cênico pernambucano, passa em revista as diversas atividades nas quais Hermilo se envolveu, desde a atuação, no início da carreira, até seu pensamento crítico e ficcional. Em entrevista ao Diario, o estudioso detalha a importância do pernambucano para as artes cênicas.


No começo da carreira, Hermilo Borba Filho pertenceu ao Gente Nossa e ao TAP, que, na época, já eram grupos importantes do teatro pernambucano. De que forma essa experiência impactou o jovem Hermilo?
Foi o contato de Hermilo com o teatro propriamente dito. Antes, em Palmares, a participação dele no grupo dramático do professor Miguel Jasseli propiciou a descoberta de seu interesse por essa arte; mas é no Gente Nossa, e logo em seguida no Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), que ele vai ter acesso a pessoas, artistas e intelectuais, com os quais vai dialogar por muito tempo, concordando e discordando, mas contribuindo coletivamente para a consolidação da modernidade teatral em Pernambuco. Entre essas presenças marcantes no Gente Nossa e no TAP, destacaria, naturalmente, a de Valdemar de Oliveira.  



O Teatro de Estudantes do Pernambuco foi o primeiro grupo no qual Hermilo pôde colocar sua visão sobre o teatro de forma plena. Qual o alcance e a importância desse coletivo?
Sua ida para o Teatro do Estudante de Pernambuco (TEP), em 1946, significou uma tomada de posição, uma ruptura, em relação ao teatro feito por Valdemar de Oliveira no TAP. Era um gesto político e poético: tentar levar teatro moderno, de alto nível, a camadas economicamente menos favorecidas da sociedade. O TEP queria sair um pouco do requinte do Teatro de Santa Isabel, ir para as praças; queria seguir o exemplo de Lorca, que levara bom teatro, de graça, para o povo da Andaluzia. Artisticamente falando, era uma fase de descoberta, de experimentação, muito focada no fomento a uma dramaturgia moderna e nordestina. Foi um rico convívio criativo de talentosos jovens liderados por Hermilo.



O início dos anos 60, no qual o TPN floresceu, também via a atuação cada vez maior do Movimento de Cultura Popular (MCP). Como a atuação de Hermilo se relacionou com outros grupos e propostas estéticas de seu tempo?
O Teatro Popular do Nordeste (TPN), sim, é o momento de maturidade artística de Hermilo, sobretudo o TPN da segunda fase, a partir de 1966. Ali, ele desenvolve encenações que estavam, de fato, na vanguarda da investigação teatral do país. O contexto político era muito tenso e complexo, propício a disputas, patrulhas e perseguições. Nos primeiros anos da década de 1960, em grande medida motivada por um desentendimento entre Hermilo e Germano Coelho, houve uma ríspida oposição entre o TPN e o teatro feito pelo MCP. Hermilo e Ariano, co-fundadores do MCP, logo rompem com esse movimento, afirmando não aceitar a instrumentalização política da arte. Após 1964, com a tomada de poder pelos militares, o TPN recebe ex-integrantes do MCP em seu elenco, e assume certo protagonismo na luta contra o autoritarismo e a repressão, encenando peças que claramente expressavam o posicionamento ideológico do grupo: Um inimigo do povo, de Ibsen; Andorra, de Max Frisch; Antígona, de Sófocles, O santo inquérito, de Dias Gomes, por exemplo. 



Hermilo Borba também foi crítico de teatro. De que forma essa sua produção escrita ajudou a analisar os espetáculos em cartaz na época e, ao mesmo tempo, mostrar um pouco do pensamento do autor?
Na década de 1940, o trabalho de Hermilo como crítico teatral foi muito importante, sobretudo por trazer ao Recife as grandes questões da modernidade teatral. Ali, também, podemos ver a formação e o fortalecimento de seus valores estéticos e éticos. Seu trabalho como crítico teatral em São Paulo, nos anos de 1950, é também decisivo para o aprimoramento e para a confirmação de suas ideias em busca de uma expressão teatral brasileira, nordestina.

Quais foram as contribuições estéticas que o teatro de Hermilo Borba Filho trouxe ao teatro brasileiro?
Desde jovem, ainda na década de 1940, Hermilo evidenciava alguns dos principais traços de sua personalidade como criador: intensidade e inquietação. Nos palcos, foi um pioneiro na discussão sobre a possibilidade de um teatro mais sintonizado com os valores e as questões próprias do Brasil, do Nordeste. Ávido por saber, importava livros que o mantinham atualizado com o que acontecia de mais importante na cena internacional. Foi um dos primeiros brasileiros a ler atentamente Brecht e Artaud, por exemplo. Colocava-se como seguidor de Copeau e como aliado de Vilar. Amava Lorca e O’Neill. Mas o seu interesse pelo teatro estrangeiro não era maior do que a sua admiração pelos artistas populares da terra. Viu poesia e beleza onde a maioria, quando muito, só enxergava “folclore”. Tinha como mestre o Capitão Antônio Pereira, do bumba-meu-boi da Mustardinha. Sem ser propriamente um discípulo de Gilberto Freyre, levou aos palcos a provocadora equação do Regionalismo de 1926: região, tradição e modernidade; abrindo, assim, caminho para algumas das melhores expressões do moderno teatro brasileiro.



Hermilo era um pensador arguto do teatro e escreveu vários livros, além de ter traduzido vários outros. Quais trabalhos nesse sentido você classifica como os mais relevantes?
Como pensador do teatro, Hermilo deixou muito material, refletindo sobre uma rica diversidade de temas, como: literatura dramática, encenação, interpretação e história do espetáculo. Em particular, de modo original, produziu estudos sobre as manifestações dramáticas do povo nordestino. Tenho o projeto de organizar uma publicação reunindo o melhor de seus ensaios, de suas palestras e de suas críticas teatrais. Nesse âmbito, considero  Diálogo do encenador, de 1964, como o título de maior relevo, pois se trata, no Brasil, de uma das primeiras investigações mais aprofundadas sobre a arte da encenação.



Você acha que a obra de Hermilo Borba Filho tem a importância devida a ela não apenas no Recife, mas fora daqui?
À medida que os estudos teatrais no país vão se desenvolvendo, nomes como o de Hermilo Borba Filho serão cada vez mais reconhecidos, por terem contribuído, entre outro aspectos, para que o teatro brasileiro, ao longo do século 20, ganhasse maior autonomia criativa, superando em grande medida um antigo sentimento de subalternidade (colonial), sobretudo em relação à cena europeia.

sexta-feira, 30 de junho de 2017

SOBRE O RETORNO DE AÉCIO: uma casta formada pelos altos escalões dos três poderes

Trago um relato de um intelectual que demonstra  a escravidão branca que vivemos e os desmandos de um golpe que se esparrama pelas torres dos poderes podres deste país.A indignação solapa a população, que aflita e depressiva,  estagnada pelo medo convive com : o desgoverno, a falta de um mínimo ético nos poderes que se dizem da república.Há um golpe a cada dia!

POR EMERSON LOPES.SP
JORNALISTA PUC .SP
por Facebook em 30.06.2017
Eu e minha família, que sempre moramos na periferia, não somos ninguém neste país. Talvez o diploma universitário que conquistei a duras penas tenha ampliado minha visão sobre várias aspectos da vida. 

Dito isto, gostaria de entender o que há de democrático e republicano em uma casta formada pelos altos escalões dos três poderes que governam basicamente para si e para a ponta da pirâmide, formada por banqueiros e alguns empresários. 

Mais uma coisa: temos nos perguntado por que tanta apatia do brasileiro diante deste terremoto pelo qual o país está passando? 

De repente comecei a pensar na maioria da população que, diante da crise, teme por seus empregos e seu futuro. Então, nação em desenvolvimento que somos, não sobra aos brasileiros comuns muito tempo e espaço para ir protestar na Câmara dos Vereadores, na Assembléia Legislativa Estadual, na sede da prefeitura ou do governo estadual. 

Pensar em viajar à distante Brasília é quase ficção para estes personagens que saem de casa de segunda à sexta 5h30 da manhã para entrar entre 7 e 9h em seus trabalhos alienantes, nos quais permanecerão por cerca de 8 horas, para depois enfrentar congestionamentos e transportes públicos superlotados na volta para a casa ou na ida para seus estudos noturnos, para chegar em casa por volta da meia-noite. 

Em qual momento estes indivíduos com esta rotina terão condições de se aprofundarem nas notícias e artigos sobre a política e a economia brasileiras? O que lhes resta são manchetes da internet e as notícias-pílulas dos telejornais e a comprovação de que algo não vai bem quando vão ao mercado, à padaria, ao açougue, à farmácia ou à feira livre, assim como quando chegam as contas mensais de água, luz, gás, telefone, etc.. 

Percepção comprovada, vem a raiva imediata direcionada à classe política e nada mais, já que o cansaço da semana extingue qualquer energia para pensar em uma saída democrática e republicana com o apoio dos vizinhos, amigos e familiares. 

Há a necessidade do descanso do corpo e da mente, seja no churrasco com cerveja e pagode ou simplesmente curtindo esposa/marido e filhos ou assistindo ao futebol. Pois, segunda-feira começa tudo de novo...

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Inriba da palavra- Dicionário do Nordeste- Fred Navarro




Pois é, palavra é o que nos rodeia, a toda hora, todo instante e diz  feito trovão. Autores resgataram em nossa literatura a fala popular: J.L do Rego, G. Ramos e J.G Rosa, M. de Andrade,A. Suassuna, R.Carrero e Zé da Luz, entre outros, sem falar nos cordelistas, pioneiros de nossa língua. Fred  pesquisou esses  e outros autores, no uso inclusivo de sua obra.  
Todavia, o autor apura, para além do registrado na literatura, capturando-as em campo, sistematizando-as na área- lexicográfica, semântica, , cujo resultado é o retrato da boca sonora do Brasil, do Nordeste. 
A obra é o Dicionário do Nordeste, CEPE, PE, 2013 .Obra volumosa(796pgs), um estudo sistêmico de várias  regiões do Brasil/Nordeste, com prefácio do gramático da ALB, I. Bechara. 
O autor, diferentemente do seu livro anterior, Assim falava Lampião”,E.Liberdade,SP,1998, acresce detalhamento de variáveis sistêmicas aos verbetes, como convenções, dicionários, classificação gramatical, siglas dos estados etc.. 

Aluada.adj.PB.Menstruada,de boi,com as regras.DPPB- 

Depois deste verbete, colocamos alguns outros, soltos, tomadas de empréstimo de Navarro, as palavras com sentido que dou e me identifico na minha`` história de vida: 

Aviar, como forma de apressar..Avia Maria..vamos Maria 
Ancho.fulano ta todo ancho, cheio de si. 
Frocado- pessoa toda cheia de si, empertigado. 
Ingicar-engicarimplicar..oia tais ingicando,né. 
Ingresia, coisa não clara ininteligível,  que ingresia é essa que tai dizendo? 
Latomiabarulho , esses cachosrros estão numa latomia! 
Librinar..neblinareita começou a librina. 
Mandchuria antiga zona do meretrício de Joao Pessoa. 
Pei-buf...toma lá da cá, ai ele pei-buf falou. 
Peitica, implicação, repetição..Tai com uma petica, só fala nisso. 
Passo para Fred  estas, pra findar :pilacacete- pílula Alkazter e assustado, festa feita de improviso, C.Grande,PB. 







…………………… 

quinta-feira, 1 de junho de 2017

HÁ UM POETA NA PRANCHA DO PARANÁ



Luiz Felipe Leprevost nasceu em 21/03/1979, Curitiba - PR, onde vive. É formado em artes cênicas pela CAL (Casa de artes de Laranjeiras – RJ). Prosador e poeta.  trabalhou como atorbailarino contemporâneodiretor teatral, dramaturgo, músico, compositor e interprete. 
Ele é um machado poético múltiplo de linguagens apuradas desfiando por entre as artes gerais uma perfomance inédita de um joven que tem ganas por ser vario e na densidade poética tem maestria. Sua literatura , seja na prosa ou poesía, mescla-se como que se chama de pop, prefiro dizer uma lirica nova. 
Sua construcão poética asssuta-nos, mas  o que beber em intensidade: 

com cadência/da estrela cadente/decadente 
caiu/pra sempre (caiu in  Fôlego (2002) 

Seu prefaciadorEdival Perrinitambém poeta ,aponta  em
em Fôlego (2002):”queremos entender o não entendível.Aí começa  o trabalho de descontrução”, tão presente e tão norte da poesía..”e assim assoletramos com sede esses poemas Leprevost: 

como a rede dos pescadores/pode aprosionar/um mar tão grande?( Fôlego 2002) 
Ou em outro poema: 

Cordas vão e voltam cordas voam em volta cordas em vão envoltas cordas    arrebentam (Fôlego (2002) 
 E mais outros: 
  
 E enfim encontro o futuro 
  
 Estrada onde os lírios não são borracha de pneus 
 Esfarelado no asfalto( Ode mundana,2006) 
                                                                   
E este: 
Teu medo tem digitais traduzidas/lambe a ferida das patas, teme amputá-las/e não quer ferir a lingua/el é didático,prático conciso/palestra sobre o não eito,adestra os desejos,molesta os dejetos….Ode mundana,2006) 

Um novo poema inédito: 

…..a primeira dama caindo no choro 
presidiário aprendendo a fazer tricô 
doutorando indo caçar na rua na madruga fria 
o gótico cheirando rapé no cemitério ao meio-dia 
um irmão encontrando alguém pra odiar fora da família 
latifundiário chegando no mar com um pranchão debaixo do sovaco 
jornalista ardendo de amor por um mundo que não volta 
tentando atravessar a linha do horizonte que foge 
ator pornô fazendo sua festa de aniversário de 74 anos 
o religioso fundamentalista prestando vestibular pra história 
costureira costurando um rasgo na própria carne 
mau hálito da manhã de uma cidade imutável….. 

Sua mais recente obra é o livro de contos Salvar os pássaros (2013, ed. Encrenca). Também é autor do romance E se contorce igual um dragãozinho ferido, Ed. Arte e Letra. 2011finalista do Prêmio SESC/Record de Literatura, 2010,. Publicou ainda Ode mundana (2006, Editora Medusa - poemas). Inverno dentro dos tímpanos (2008, Kafka Edições - contos), Barras antipânico e barrinha de cereal (2009, Editora Medusa - contos) e Manual de putz sem pesares (2011, Editora Medusa – contos). 
Integra as antologias de poesia Roteiro da poesia brasileira, anos 2000, Global Editora e Peso Pena, publicada pela editora Black Demon Press. No momento trabalha em seu novo romance Dias Nublados.