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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

-ÁGUA -----Foi derrubada a Medida Provisória 844/2018 – MP da sede, da conta alta e da poluição Capturas do facebook





Regina Dalcastagnè
“Ontem a sociedade brasileira teve uma vitória muito importante, sem dúvida a mais importante derrota do consórcio Temer/Bolsonaro até agora. Foi derrubada a Medida Provisória 844/2018 – MP da sede, da conta alta e da poluição – retomada na câmara dois dias após o segundo turno, com muita ganância dos deputados que estavam ali para representar interesses das grandes corporações mundiais da privatização da água e do saneamento básico. Logo na primeira reunião da comissão mista, agiram com uma sucessão de golpes como se pudessem fazer de tudo sem cumprir a lei, sem respeitar os direitos do povo e o meio ambiente.
O que eles não esperavam era a pronta reação e o contra-ataque que levou à organização da primeira resistência vitoriosa pós eleições. Em Brasília, o Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama) cumpriu sua mais importante missão após a realização do encontro em março de 2018. Em poucos dias organizou um manifesto que unificou diversos setores e foi assinado por dezenas de movimentos sociais de luta por moradia e saneamento, pela democracia, pelas reformas urbana e agrária, pelo trabalho, assistência social, educação, paz e justiça social; entidades locais, nacionais e internacionais de trabalhadores, pesquisadores, estudantes de graduação e de pós, indígenas, mulheres e LGBT.
O Fama mobilizou um grupo de pessoas com consciência dos direitos de todo o povo brasileiro à água e ao saneamento básico, que foram com muita humildade para a câmara dialogar com deputados, assessores e demais trabalhadores do legislativo sobre os retrocessos sociais que a medida causaria. Foram tomados os gabinetes de parlamentares da oposição, mas também das bases do consórcio Temer e Bolsonaro, os corredores e o Salão Verde com o objetivo de denunciar e impedir:
(i) a ampliação da desigualdade no acesso à água e ao saneamento básico;
(ii) que a privatização aumentasse as tarifas e ao mesmo tempo a exclusão das pessoas que vivem nas quebradas, periferias, pequenas cidades e das populações das águas do campo e das florestas;
(iii) a ampliação das taxas de mortalidade infantil e de epidemias de febre amarela, dengue, zika, chikungunya, cólera, hepatite A, febre tifoide, leptospirose dentre outras doenças de veiculação hídrica.
(iv) que experiências mal sucedidas de privatização, no Brasil e no mundo, fossem replicadas em todo o país, a exemplos de Manaus, Cuiabá, Tocantins, Buenos Aires, La Paz, Maputo, Paris, Berlim, Budapeste, dentre outras em todo o mundo, inclusive com centenas delas reestatizadas após a piora na qualidade, aumento de tarifas e não cumprimento dos contratos;
(v) que as dispensas de licenciamento ambiental causassem impactos e riscos às comunidades, às águas e ao meio ambiente, e até mesmo outros desastres ambientais como ocorreu em Mariana e na Bacia do Rio Doce.
Além da mobilização do Fama, centenas de trabalhadores de água e saneamento do DF e de todas as regiões do Brasil, organizados nos sindicatos, na Federação Nacional dos Urbanitários, e na Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental, vieram a Brasília para manifestar contra a medida provisória e todos os impactos que ela causaria à sociedade e ao meio ambiente.
Toda essa mobilização deu suporte essencial para que as deputadas e deputados realmente comprometidos com os direitos do povo brasileiro pudessem enfrentar e vencer as duras batalhas contra o batalhão de choque do consórcio Temer/Bolsonaro. Importante destacar os papéis essenciais dos parlamentares do PCdoB, PSOL, PT, PDT e PSB que mobilizaram suas bancadas e também os outros deputados que impediram o desastre da aprovação da MP da sede, da conta alta e da poluição.
Esta batalha vitoriosa, que mobilizou sociedade e parlamentares em uma possível frente em defesa da democracia, dos direitos do povo e do meio ambiente, deve ser fortalecida e vista como uma experiência exitosa que poderá inspirar outras batalhas e outras lutas”.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

ELIMACUXI: DEPOIMENTO SÉRIO DE UMA BRASILEIRA- CAPTURAS DO FACEBOOK






ELIMACUXI

"...porque sou dupla e entre duplos me esforço..."Esvaziar


Elimacuxi  sempre se  disse ( e me disse)  poeta que é ; não se afasta da política e sua luta democrática.Tentei em tempos atrás uma matéria para minha coluna, ainda na Revista Brasileiros, não foi possível, mas ainda será, vamos ao tempo.Agora flagro-a no Face e aqui vai.Paulo Vasconcelos
...

Eu, filha de indígena e negro com pitadas de européias, nasci numa favela, cresci passando fome na cidade mais rica desse país, levei bacolejo de puliça que queria me apalpar, não conseguia emprego com carteira assinada e um dia, ao migrar de Sampa pra Roraima, estudei e me formei em história. Saber história implica em saber que existiu um período em que, no Brasil, pessoas foram perseguidas, torturadas e mortas por pensar diferente do governo autoritário.

Nesse mesmo período, indígenas foram dizimados pra construção de estradas, travestis foram executadas por grupos de extermínio nas grandes cidades brasileiras, famílias tradicionais manipulavam e construíam uma memória em que figuram, ao lado dos militares, como um mito fundador do estado em que eu vivo, Roraima, o Estado que produziu Jucá, o estado que sempre vota parecido com São Paulo... 

Eu sei que, devido aos afetos que produzi aqui, acabo incomodando... Há quem queira a todo custo que minha voz seja silenciada e outros que simplesmente não compreendem que eu vote no Haddad e no PT. Agora vejam, vcs só vão me entender se usarem meu sapato, souberem o que eu sei, sentirem o que eu sinto. Ficam aí nas redes sociais importunando pessoas em vez de se abrir um pouco e aceitar que o incômodo de vocês pode ser um aviso dos seus corações de que sim, vcs estão no caminho errado. Reflitam. 

O país deveria ser de todos. O discurso vazio de um fantoche fez com que vcs colocassem todas as suas expectativas nele, mas vcs estão adorando um ídolo de barro. Haddad foi ministro da educação e expandiu o ensino superior, o ensino profissionalizante, o crescimento planejado para longo prazo nesse país. Haddad foi um ótimo prefeito de Sampa, dando oportunidades que nunca existiram nessa cidade. Um exemplo é que graças a ele hoje mais pessoas TRANS estão se formando aqui. 

Eu nasci, me criei e hoje estou de novo em São Paulo. Conheço a esquizofrenia desse lugar. E suspeito que mais uma vez estou gastando meu verbo com quem simplesmente não deseja ouvir. Mas fica aqui pros outros saberem também. Eu tenho esperança de que a democracia vença, o amor vença, o conhecimento vença. E se formos derrotados, vcs que apoiam o fascismo pagarão caro, tanto quanto nós, mas com um agravante: vcs serão os únicos responsáveis por isso.

Área de atuação: Escritora e fotógrafa
*Minibio: Paulistana, mestre em história social, vivo em Roraima há 16 anos, mantenho um blog de poesia desde 2008, fui premiada em alguns concursos de poesia e publiquei o livro Amor para quem Odeia, com o selo Máfia do Verso que é uma cooperativa de poetas da qual faço parte.
https://www.e-centrica.org/eli-macuxi/

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

ALERTA DE DESTRUIÇÃO DO SESC - BRASIL




Danilo Miranda Fonte -Revista Cult


Danilo Miranda , diretor regional do Sesc, alerta em carta pública a proposta de Paulo Guedes (suposto Ministro da Economia do Governo -ainda não empossado de Bolsonaro) em retirar módulos do sistema S.

Na carta-abaixo-ele aponta  o perigo em enfraquecer ou anular : Sebrae, Sesc, Sesi, Senai ,entre  outras.
Tal propositura seria derrotar uma das ações mais populares de Educação Permanente que se esparrama em  todo Brasil.Seria negar direito à Cultura em suas modulações de linguagem  que permite ao trabalhador e aos cidadãos, como todo, uma participação ativa no contexto sócio-cultural do Brasil.

O sistema S  não pode se reduzir ao caráter  apenas técnico, pois com isto  não  informa, não  inclui os cidadãos dentro das linguagens culturais vivas  do país, especialemnte no campo das Artes. Em ocorrendo, negará, surrupiará  o caráter democrático da cultura e formação dos indivíduos no exercício  de agentes culturais e fruidores da cultura.
O Sesc constituiu-se modelo de ações culturais fortes imitadas  nas iniciativas públicas :municipais. estaduais, assim como federais.
Paulo Vasconcelos


Carta de Danilo Miranda- SESC
"Caros amigos e parceiros do SESC:
Gostaria de compartilhar com todos vocês o risco a que o SESC está exposto neste momento. Talvez já tenham tomado conhecimento pela imprensa: o governo federal lançou medidas para melhoria da formação técnica dos jovens brasileiros que, do modo como estão sendo propostas, por mais bem intencionadas que sejam, constituem ameaça de uma intervenção do Estado em uma entidade privada.
O projeto, em resumo, pretende rever a distribuição dos recursos do impropriamente chamado Sistema S. Determina que boa parte da arrecadação dessas entidades seja remanejada para um novo Fundo destinado à formação técnica. O fato, porém, é que as entidades do chamado Sistema S são em si resultado de Fundos já criados, lá nos anos 40, em parte, com a mesma finalidade.
O remanejamento dos recursos desses Fundos para outro novo Fundo, no entanto, implicará na restrição drástica da diversidade e do alcance da reconhecida ação do SESC, em prejuízo da educação permanente promovida diariamente a seus milhares de freqüentadores assíduos. Diante desse quadro, sinto que é meu dever dirigir-me uma vez mais a vocês, sobretudo porque estou seguro do valor desta instituição. A melhor maneira de conferir o significado de sua ação é vivenciar o dia-a-dia nas unidades (atualmente são 31, somente no Estado de São Paulo); ouvir o relato dos freqüentadores sobre a importância do SESC em suas vidas e para suas famílias; estar e usar os equipamentos e instalações de primeira qualidade, abertos a todos os estratos sociais, e participar das inúmeras atividades que abrangem um amplo arco de interesses e necessidades, reunindo um público extremamente diversificado.
Acredito que todos vocês já tiveram essa oportunidade. São, portanto, testemunhas da natureza beneficamente eficaz, engajadamente eficiente e profundamente educativa do trabalho que o SESC desenvolve há mais de 61 anos. Esse patrimônio não pode ser sacrificado no altar de prioridades transitórias, em nome das quais se engendra um prejuízo incalculável ao país. Tornar a Educação meramente técnica, burocrática e pragmática, dissociando-a do universo simbólico, subjetivo, crítico e criativo, cerne da Ação Cultural, é um evidente retrocesso, fruto de visão flagrantemente obscurantista.
Certo de que compreenderão a gravidade dessa perspectiva, escrevo a vocês, formadores de opinião, representantes de classes, artistas, pensadores, amigos e parceiros do SESC para que se manifestem, pelos meios ao seu alcance, em prol da continuidade de nosso trabalho. Um projeto que, afinal, construímos juntos."
Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional do SESC SÃO PAULO

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

O GOLPE: FARSA - AS ELEIÇÕES DE BOLSONARO E MORO











Antes de mais nada é preciso entender que o Golpe de 2016 foi gestado dentro e fora do Brasil numa dimensão ampla com alguns países neoliberais com a tutoria dos EUA.

O tratado do Golpe é demasiado extenso e compreendia destituições de presidentes, prisões sem lastro jurídico e novas eleições manietadas para manutenção e expansão da direita radical, neoliberal conservadora.

O golpe se mostra publicamente, teatralmente, em 2013 nas ruas, que foram patrocinados por grandes empresários  comprando atores anônimos e cooptando outros insatisfeitos com o PT , mas era preciso disseminar o ódio o repudio à esquerda – à Dilma para a eclosão do futuro apoio ao Golpe. Pediam a volta da ditadura – militarismo- o fascismo puro.

O projeto cobria muitos interesses, além de solapar a esquerda, mas sobretudo entregar a soberania nacional através da entrega de patrimônio nacional -por terra, ar –petróleo, tecnologias, aquíferos instalação de bases militares americanas etc..

O golpe que emergiu em 2016 com a retirada esdrúxula da Presidente Dilma teve sequências e sequências de atos como: a Prisão do Presidente Lula , a retirada dos direitos trabalhistas, venda da Petrobras- pré-sal. Embraer, EBC, Previdência Social  etc. Enfim, banir os direitos sociais das classes mais pobres, derrotar os movimentos sociais e criar a febre do Antipetismo. Banir uma esquerda, que por se alastrar, soca medo nos da direita a ponto de chamarem a esquerda em geral de comunistas implacáveis ou Venezuela e Cuba! São ignorantes em termos de geopolítica e conhecimento aprofundado de cada situação e contexto histórico

O mundo neoliberal dita normas apoia o golpe e dá regras. A geopolítica neoliberal é implacável e incita às guerras híbridas, em especial na América Latina que já se manifestava contra com  :Brasil-Lula e Dilma, Argentina-C Kirchner Paraguai- Lugo Bolívia-Evo, Equador -Rafael Correa,Venezuela,-Chavez e  Maduro entre outros. Eles fazem um mexido geral e cria uma espécie de estorvo a ser perseguido. Não há diferenças de regimes políticos para eles.  Onde cheira água, petróleo e forças progressistas -esquerdas há que ser abatidos. Onde há resistência ao neoliberalismo açoite!

Temer /Moro- e todo Judiciário, bem como o exército, foram acordados-pelo Neoliberalismo Internacional- a frente os EUA, junto aos partidos da direita para solapar a democracia, num grande acordão, como assim o fez, preparando as eleições tendo como candidato Jair Messias Bolsonaro que aceitou e não quis, ou melhor foi estratégia do MDB, PSDB –Aécio, Serra Aluízio. e DEM - sublinhadamente, ele não deveria aceitar coligações oficiais, para não dá entender o grande acordo e continuação do golpe.

O golpe foi, portanto, gerido em acordos com todos os poderes, destaque-se o Judiciário – Moro, incluso o Poder Militar, tendo a aval do Congresso Nacional nas suas alas da direita, ou melhor dizendo, da direita radical, ou partidos que nem sabem o que é política, mas foram eleitos e entraram no acordo. As bancadas da Bíblia Boi e Bala apoiam respaldadas pela mídia que colateralmente grita em coro. Salvam-se algumas mídias independente /digital e uma apenas escrita semanal (Carta Capital), mas isto são pequenas bolhas e não atingem a massa, todavia contribui, é fato, para as denúncias. E esclarecimento de alguns estratos sociais.

A Rede Globo é uma espécie de educadora permanente dos seus interesses sempre à direita e com bastidores-de empreendimentos externos comprometido com os EUA.

A imprensa escrita diária é de direita, mas vez ou outra maquia-se de centro esquerda-caso -Folha- para pegar os leitores menos desavisados e vender. Além do que atingir seus targets da publicidade.

Mas há que destacar os neopentecostais que se alastraram pelo Brasil, tem décadas, e além de extorquir um povo sem consciência e lastro critico político,  faz um papel de escola de direita, veja-se ao final dessas eleições o papel da Record.

Bolsonaro, portanto, consolida mais uma etapa do golpe e tendo como álibi as eleições de uma pseudodemocracia.
Ora, com um candidato - que as pesquisas apontavam como o preferido estando preso como pensar em eleições democráticas?
Como dizer que estamos em democracia apenas por se votar?

O Golpe destituiu a frágil Democracia, que já vinha sendo minada o tempo inteiro no governo Lula e Dilma. Aliás, a democracia desde o golpe militar funcionou de modo frágil e precário. E não nos enganemos que os militares ditavam baixinho algumas regrinhas deles mesmo após as diretas.

O mundo Internacional Progressista acompanhava tudo e no auge de umas das sequências do golpe considerou injusta e sem fundamento jurídico toda a panaceia montada para retirar Dilma, Lula, ou seja, banir os partidos de esquerda, e principalmente dizimar o PT  com sua militância estrondosa,  tentando desmantelar de vez os ensaios de uma democracia latina que testava alguns passos com o PT e seus aliados de esquerda como PCdoB e Psol com destaque. A ONU mesmo com seu tendencioso político manifestou-se, mas nada foi considerado.

Jair Bolsonaro é um fantoche que aceitou o pacto de traição à democracia, como fez Temer, instigado e acordado pelas forças radicais de direita e da elite financeira, com apoio dos EUA(desde anos 50 influenciando os exércitos-com treinamentos e depois o poder judiciário-destaque-se o DEA) via o juiz Moro.

Há que se sublinhar que Temer foi também usado pelo PSDB e forças do MDB como Moreira Franco, Padilha, Maia tendo o tempo todo o judiciário STF -STE, com destaque a Moro ao seu lado e o Congresso Nacional vendido às artimanhas de Temer e seus fantasmas que o dirigiam via bastidores.

Moro, agora, quer como pagamento sua ida ao poder maior, aliás isto já fora acordado, no tal Acordão, desde o início na concepção do golpe.

Evidencia-se assim, descaradamente, não só o golpe como a perseguição ao presidente Lula!

A falsa eleição com caixa2 e adestramento ideológico, bombado pelas falsas redes sociais –face, twitter e sobretudo WhatsApp -veja-se a assessoria  de Steve Bannon ao Bolsonaro, com apoio de empresários, como assim tão bem denunciou a jornalista Patrícia Campos Melo , contribuiu para a dita, chamada eleição e liderança do candidato da Bala, Bolsonaro. O supremo Tribunal de Justiça já cooptado, claro, nada fez !

Vamos acompanhar a sequência de atos que hão de vir tendo como grandes maestros Paulo Guedes Moro e o Exército. O Boneco Bolso continua a existir pela força dos seus manipuladores. Ele, o Golpe, em sua extensão, contorce-se ao sabor dos seus bastidores que dita sua fala e ações.

Moro junto à Paulo Guedes são os grandes maestros do Golpe travestido de eleições democráticas! A lava jato lavou a democracia sobre uma falsa égide de punir  a corrupção, mas de fato era erigir passo a passo a extinção democrática, tendo como mote a esquerda “perigosa “do PT.

Haveremos de resistir a todo custo em nome de uma República e de uma democracia participativa!


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

RESISTIREMOS MAIS AINDA ....CORAGEM! NINGUÉM SOLTA A MÃO Capturas do Facebook L. Hidalgo




Desenho viralizou nas redes sociais após as eleições. — Foto: Thereza Nardelli/Arquivo pessoal POR G1




Faço minhas as palavras de Luciana Hidalgo.
A luta continua agora mais que nunca.!!
Não baixaremos a cabeça !!!!!!!!
"Mas que nunca é preciso Lutar e alegrar a cidade ...
E o povo cantando
Seu canto de paz
Seu canto de paz " ...
Vinicius de Moraes


Luciana Hidalgo

5 h
Quase 58 milhões de brasileiros votaram ontem num presidente que defende a ditadura, a tortura, e acha que bandido bom é bandido morto. Um homem que despreza mulheres, acha que gays têm de apanhar, que negros não servem “nem para procriar”, e que dá apenas duas opções para os opositores do seu governo: o aeroporto ou a cadeia. Embora essas ideias fascistas do novo presidente do Brasil tenham circulado em vídeos, sem sombra de dúvida sobre o que disse, quase 58 milhões de simpatizantes do fascismo o elegeram democraticamente. Entre esses brasileiros, todos os que conheço, não por acaso, são: maridos violentos, pais abusivos que bateram nos filhos a vida toda, pessoas autoritárias que nunca perderam a chance de contar uma piadinha racista ou depreciativa sobre pessoas mais pobres, mulheres e gays. 
Todos os simpatizantes do fascismo que conheço sempre foram “fascistas” em seus círculos familiares ou no trabalho. Fingem não ver a relação entre o que eles próprios são e o candidato fascista em quem votaram. Pior: fingem não saber o que é fascismo. Outros, poucos, são fracos, submissos aos seus “fascistas” favoritos. Por outro lado, mais de 47 milhões de brasileiros votaram num candidato que é professor, defensor dos direitos humanos e privilegia a educação, os livros, não as armas. É entre esses que circulo, frequento, vivo e viverei. Quanto aos outros, os simpatizantes do fascismo, os evitarei cada vez mais: não serei cliente de seus serviços, sejam profissionais de todas as áreas, não comprarei artigos em suas lojas. 
Nunca me esquecerei de que na crise econômica atual, com milhões de desempregados, empresas que demitiam funcionários alegando “corte de gastos” tinham R$ 12 milhões para investir numa campanha difamatória contra o candidato adversário no Whatsapp. R$ 12 milhões, cada uma! Que nós, não simpatizantes do fascismo, memorizemos bem seus nomes e marcas – sobretudo agora que eles saem do armário. Só agora percebo que foi no final de 2015, ao chegar ao Brasil após uma longa temporada em Paris, que o tamanho do problema brasileiro me chamou atenção. Um dia a amiga de um amigo me disse que o Brasil “era melhor durante a ditadura”. Pior: o amigo concordou. Outra amiga de amigo disse que não queria metrô chegando no Leblon para evitar aquela “negralhada do subúrbio” na praia dela. Uma madame no avião disse que não queria “pobre” na cadeira ao lado. Um parente disse abertamente numa reunião de família que nunca aceitaria um filho gay. Curioso: enquanto eu ouvia essas barbaridades, ao sair nas ruas, via casais gays se beijando em público, mulheres se unindo e se empoderando, negros lindos assumindo seus cabelos encaracolados em belos penteados, pessoas mais pobres se formando na universidade e tendo ótimos empregos. 
Cenas comuns, aliás, em cidades civilizadas como Paris. Entendi tudo. Começava ali um retrocesso total de costumes que tinha a política partidária, o antipetismo, como bandeira, mas escondia apenas um processo lamentável de conservadorismo, provincianismo, preconceito de classe social, da cor da pele, da orientação sexual, que culminaria na eleição de um presidente de ideias fascistas. Ele só ganhou essa eleição porque dizia publicamente tudo o que esses ex-amigos, parentes e várias pessoas nas ruas me diziam de forma privada. É pena. Vejo hoje que nunca admirei intelectualmente, eticamente, de forma alguma, aliás, nenhuma dessas pessoas. Muitas delas, diga-se de passagem, vociferavam contra a corrupção, mas, pelo que sei, sonegaram milhares e milhares de reais em impostos ao longo da vida. Dinheiro seu, dinheiro meu, dinheiro nosso. A essa altura é bom lembrar aos quase 58 milhões de simpatizantes do fascismo que os mais de 47 milhões de brasileiros que votaram no candidato intelectual e humanista não vão sumir do mapa do Brasil. É muita, muita gente. E a menos que o novo presidente saia matando mulheres, negros, gays, trans e opositores do seu governo, como, aliás, Hitler fez no século passado, os simpatizantes do fascismo no Brasil terão que continuar a ver negros nas universidades e na praia do Leblon, pobres no avião, gays se beijando em público, mulheres empoderadíssimas. 
A polarização nunca foi entre esquerda e direita, mas entre pessoas que rejeitam o fascismo e simpatizantes do fascismo. Dizem que vivemos em “bolhas” nas redes sociais, mas vou dizer uma coisa: essa nossa bolha de mais de 47 milhões de brasileiros que recusaram o fascismo nas urnas é bonita demais. E, claro, como vivemos numa democracia, darei um voto de confiança ao presidente eleito: que ele não pratique as ideias fascistas que vem disseminando há décadas, que seja um democrata realmente, não feche o Congresso caso este não aprove suas medidas, que não deixe seu filho fechar o Supremo Tribunal Federal com o apoio das Forças Armadas. 
O que posso dizer é que a partir de hoje voltarei a falar de literatura nesse espaço, cada vez mais, porque se esses quase 58 milhões de brasileiros tivessem lido livros, e os compreendido, não estaríamos nesse buraco. Desse pesadelo que foi o dia de ontem, guardarei apenas a lembrança mais bonita: leitores me escrevendo para dizer que levaram meus romances “O passeador” e “Rio-Paris-Rio” na hora de votar. Era parte de uma campanha linda promovida pelos mais de 47 milhões de não simpatizantes do fascismo que votaram ontem no poder do livro, não na estupidez da violência. 
Tenhamos ainda alguma fé, portanto, no poder da democracia, na coligação entre partidos a partir de 2019, para que o totalitarismo carniceiro anunciado não se concretize. Nossa luta agora, meus amores, habitantes dessa gigantesca bolha, é essa. Sejamos incansáveis na difusão da literatura, da leitura, já que o fascismo só cria raízes na ignorância mais profunda. Do meu lado, asseguro: só para isso valeu, vale e valerá escrever. Sempre. E viva o fino, elegante, inteligente e cultíssimo Fernando Haddad. Desde já: #Haddad2022.