REDES

quarta-feira, 13 de março de 2019

CEM DIAS DE LÓPEZ OBRADOR -PRESIDENTE DO MÉXICO





Wikipedia

O periódico- EL CONFIDENCIAL- em sua versão digital- faz um resumo dos seus cem primeiros dias do atual presidente mexicano- Andrés Manuel López Obrador.(https://bit.ly/2TDEpSV)

Diz o periódico que no que pese algumas promessas ainda não realizadas seu índice de aceitação é alto, sua popularidade é um das mais altas dos últimos governos.

O México desponta como uma grande esperança não só para os mexicanos, como também para a AméricaLatina e Caribe.

Vendo outras fontes, sobre esse mesmo período de governo, há uma coincidência de boa avaliação e a mídia do país tem mostrado um certo equilíbrio nas avaliações.

Vejam num outro períodico, El Heraldo,  síntese dos mesmos cem dias (https://bit.ly/2W1jber).

A Revista Proceso, de grande circulação naquele país,  toma  as críticas à questão do meio ambiente pelo Greenpeace,todavia  de forma bem posta, mas no geral há mais acertos que críticas negativas.(https://bit.ly/2XTcmNt)

No Brasil a revista Carta Capital faz  outro balanço positivo,destacando o poder de comunicação do presidente assim como duas quetões- Máfia da gasolina e  a Política de Segurança do país.(https://bit.ly/2HwxJOP)

Desejo bons augúrios aos Mexicanos e ao Sr. Presidente Obrador.!

Mas vamos ao que nos diz El Confidencial, que aqui repito o link: https://bit.ly/2HwxJOP
Paulo Vasconcelos



 Así han sido los cien primeros días de López Obrador en la presidencia de México



El presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, el 8 de marzo de 2019. (EFE)


El presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador cumplió este domingo cien días en el poder con un enorme respaldo popular, asuntos pendientes en seguridad pública y dudas en los mercados por su estrategia económica. Este lunes, López Obrador ofrecerá un balance de este tiempo al frente de la presidencia -desde su toma de posesión el 1 de diciembre- en el Palacio Nacional de la capital mexicana, recuperado como centro del poder político del país tras el cierre de la palaciega casa presidencial de Los Pinos.
El presidente completa esta etapa en Puebla, en una jornada de entrega de recursos de programas de bienestar, con la que además habrá recorrido ya todos los estados del país como mandatario. Desde la noche misma de su triunfo en los comicios del 1 de julio de 2018, López Obrador generó altas expectativas sobre el alcance de lo que define como la cuarta transformación del país y un cambio de régimen más que de gobierno.
Facilitada y apoyada la transición por su antecesor, Enrique Peña Nieto (2012-2018), López Obrador anunciaba las acciones de su próximo Gobierno meses antes de tomar posesión, lo que contribuyó a elevar las expectativas sobre su mandato. A eso ayudó también el triunfo electoral de su Movimiento Regeneración Nacional (Morena), que le garantizó la mayoría en la legislatura del Congreso, con lo que comenzaron a proponer leyes y reformas que le allanaron la llegada a la presidencia. La cota de su popularidad en febrero pasado se situó en niveles del 80%, más que cualquiera de sus antecesores en el mismo lapso de tiempo y casi 30 puntos porcentuales por encima del 51% del nivel de apoyos que lo llevó a la victoria.

Medidas muy simbólicas

La primera de las acciones tomada en estos cien días fue el cierre de la fastuosa residencia presidencial para transformarla en un centro cultural, y la adopción como centro del trabajo del Palacio Nacional, donde ha pernoctado algunas noches, aunque conserva su casa en un barrio de clase media de la capital mexicana. Puso en venta el avión oficial y es común verlo en aeropuertos rodeado de pasajeros que le piden selfis, para viajar en vuelos comerciales con vistas a dar ejemplo de la austeridad que propone. La desaparición del Estado Mayor Presidencial para integrarlo en el Ejercito, la subasta de vehículos de lujo oficiales o la suspensión de recursos dirigidos a grupos para otorgarlos directamente a la gente son algunos ejemplos de su propuesta.
En el terreno económico, ha logrado mantener la estabilidad a nivel macroeconómico, lo cual ha favorecido la cotización de peso, y ha propuesto programas de rescate financiero de Petróleos Mexicanos (Pemex) y la Comisión Federal de Electricidad (CFE) que no han sido bien recibidos por los mercados ni las calificadoras de riesgos. Su decisión personal de bajarse su sueldo, se convirtió en una ley aprobada en el Congreso para que nadie en el gobierno tenga ingresos mayores a los del presidente, un asunto que está en la Corte por la oposición a aceptarlo por parte de senadores y organismos autónomos como el Instituto Nacional Electoral.

Entre sus principales medidas está la creación de una Guardia Nacional para combatir la inseguridad, luchar contra la corrupción "de arriba hacia abajo" y el robo de combustible o 'huachicol', que en 2018 costó al país 65.000 millones de pesos (unos 3.340 millones de dólares). Entre los asuntos aún pendientes está la urgencia por reducir los niveles de inseguridad y violencia, que se ha recrudecido en los primeros meses de 2019, tras cerrar el año anterior con más de 24.000 asesinatos en el país.
En el plano internacional, el gobierno de López Obrador ha estado marcado por las decisiones de facilitar la entrada de los migrantes centroamericanos o proponer un plan económico con Estados Unidos, Honduras, El Salvador y Guatemala, que reduzca los flujos migratorios al norte del continente. Además, el gobierno de López Obrador decidió no seguir las pautas del Grupo de Lima de desconocer a Nicolás Maduro como presidente de Venezuela, y en su lugar ha mantenido, junto con Uruguay, una posición de promover una salida a la crisis venezolana mediante el diálogo político.

segunda-feira, 11 de março de 2019

NEGAMOS- NOSSA GEOPOLÍTICA LATINO AMERICANA E CARIBENHA











Como somos  cegos diante de nossa Geopolítica Micro e Macro. Não conhecemos o Brasil, tampouco a América Latina e Caribe, no entanto somos resultados da Geopolítica mundial, especialmente dos países hegemônicos como a ditadura Imperialista Americana e -ou do Bloco Europeu.

O avanço faminto da Ditadura Imperialista não tem tamanho. Somos seu quintal, como eles assim querem. Trump afirmou que somos uns países de merda. Nossa unidade é quase inexistente e eles abocanham nossa soberania, nossas terras e riquezas.

Desde México até as Guianas nada conhecemos e perdemos  nossa identidade  e suprema Soberania.

Quem de nós conhece a Guiana Essequiba?   Vejam-https://bit.ly/2NKwn4c
Lá estão riquezas inúmeras de petróleo e outros minerais numa briga entre Brasil e Venezuela.

Contudo os americanos e ingleses  conhecem e já estão por lá!

Por que somos tão ignorantes diante da Geopolítica Latina e Caribenha?

A mídia não nos informa, somos sedados por um jornalismo o mais desprezível possível e a escola e as universidades não dão conta de tamanha desinformação.

A geografia e suas modalidades interdisciplinares são desprezadas nas Escolas e Universidades , inclusive nos Cursos de Relações Internacionais. Não se fala, nem se ler o espanhol, idioma de maior expansão no mundo, mesmo nos EUA.
        “A geopolítica seria a verdadeira (ou fundamental) geografia”. Esta foi a interpretação    que   Yves Lacoste inaugurou com o seu famoso livro-panfleto           Geografia ...( https://bit.ly/2TKkVuT)

Tal fato nos põe numa cegueira absoluta e desconsideramos o que seja unipolaridade e multipolaridade.


O que sabemos de nossos vizinhos como :Paraguai, Argentina, Bolívia? O que você sabe de Puerto Casado do Paraguai, das lutas dos argentinos sobre a previdência e feminicídio, do SUS da Bolívia?

O que passa no Chile ,Peru, Equador, Colômbia,Venezuela (-esta em cartaz agora na mídia do Brasil com mentiras deslavadas, junto aos outros citados acoloiados com os EUA e contra os Venezuelanos?

Diante da nossa ignorância, ilhados estamos  sendo mais fácil para os ataques dos poderes hegemônicos sangrentos e sem termos uma unidade como aquelas propostas por Chavez-Mercosul, Alba, Celac e Unasul.

As Tvs a Cabo, aqui no Brasil, nada tem de informações destes países e portanto nada discutimos, nada vemos , nem entendemos de nossa imensa América Latina e Caribe.

Não conhecemos a Telesur, multiestatal, que teve como seu idealizador Chavez e que o governo Lula  apoiou , mas não está no espectro de Tv aberta para o público.

Não conhecemos a Hispantv -Iran - outra multiestatal- (https://bit.ly/2tAfHTV ) conveniada a Telesur (  https://bit.ly/2nrFrhN)e que cobre nossa America Latina e Mundo.



Não acompanhamos os desmandos e fome de Colômbia, Equador ,Nicarágua. Guatemala, Honduras El Salvador, Costa Rica e Panamá-(ora com breve eleições).

O que sabemos de Cúcuta, província de Santander -Colômbia,  com quase 75% de informalidade, antro de contrabando, fome, miséria, onde a loucura de Guaidó usou os famintos pagando-os para invadir a Venezuela.

Esquecemos o Haiti, e lá a morte campeia e nada sabemos senão da mentira da valiosa colaboração do exercito nosso via ONU.

Os EUA e o bloco Europeu querem derrocar a A.Latina e Caribe como propósito muito antigo, como se fossem um império, que hoje sabemos que estão em decadência face a seu endividamento e a concorrência com a Russia, India e China.

O triunvirato de Trump assim se posiciona através de J.Bolton, M. Pompeu e Juan Cruz-este último -porto-riquenho traidor da A.Latina- e foi chefe da Cia em Colômbia.

E nós sem uma mídia que nos esclareça isto, estamos amarrados -cegos/surdos/mudos. A mídia é um grande poder que hoje desempenha papel de ideologização no mundo, destacadamente a americana(90% de poder no mundo em suas mídias e agências de falsas noticias) e do Bloco Europeu.

Hoje a guerra híbrida é constituída pela mídia, fator de informação e segurança, assim como a internet, esta última com os grandes grupos-GOOGLE,MICROSOFT,APPLE,AMAZON,FACEBOOK, TWITTER . 
Estamos desnudos diante delas, espionam, seguindo-nos passo a passo e vendem nossos dados.Sabem quem somos e com quem e o quê falamos.

Leiam Atilio Boron argentino, sociólogo, politólogo que examina nossas questões  aqui apontadas.

Leiam :https://bit.ly/2Uxr1vU

As elites brasileiras perpetuaram a moral patriarcal e o ideal patriótico colonial



Articulista Maria Medeiros. / Arquivo Pessoal por   https://bit.ly/2J0ZwcH

Brasil de Fato- 
https://bit.ly/2J0ZwcH- nos brinda, oferece com as palavras de Maria Medeiros um olhar sobre o conservadorismo de um Brasil ferido com golpes, mas resistindo como provam as ruas e a voz de Maria, que se somem muito mais, para solaparmos o  fascismo hipócrita, bastardo dos eleitores do Sr .Bolsonaro e seu desgoverno.
Paulo Vasconcelos



Resistir ao ódio e construir Democracia no Brasil 

Apesar do governo Bolsonaro (PSL) e do golpismo, LGBT's resistem

Brasil de Fato | João Pessoa (PB)
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As elites brasileiras perpetuaram a moral patriarcal e o ideal patriótico colonial como forma de fazer política no Brasil, de maneira que os projetos de nação que foram impostos ao país por estes grupos, formados por latifundiários, banqueiros e grandes empresários, sempre prezaram pela exclusão sistemática do povo brasileiro do centro da nossa política.
As elites brasileiras sempre foram taxativas na defesa de um padrão de sociabilidade que garantisse a perpetuação de poder para estes grupos, e assim sendo, lutas históricas de grupos marginalizados da sociedade como mulheres, povos originários e LGBT’s sempre foram fortemente repreendidas por ideologias sustentadas em mitos e pânicos sociais como clichês homofóbicos do tipo: “planos da esquerda para a destruição da família” e “proteção às criancinhas indefesas contra os comunistas e a gays”.
Apesar de as elites brasileiras sempre intervirem contra a vida de LGBT’s, o tempo presente revela demandas específicas, como aponta o escritor e jornalista brasileiro João Silvério Trevisan, demandas que não podem ser negligenciadas quando pensamos a atual conjuntura política do Brasil, onde o ódio cada vez mais se institucionaliza como política de estado, o ridículo político e a retirada de direitos tomam lugar de políticas públicas eficientes para o nosso povo.
Trevisan nos alerta que a partir do final do século XX, o vácuo político-ideológico, a crise do capitalismo e a intensificação do surgimento de credos religiosos institucionalizados, alinhadas ao pensamento neoliberal, expressas em ideias como a teologia da prosperidade e a renovação carismática católica, possibilitaram o surgimento de um cenário de ódio e novas cruzadas morais.
As identidades de gênero e orientações sexuais desviantes da norma, bem como a luta pelos direitos reprodutivos das mulheres se tornaram alvo fácil de um novo fundamentalismo político-empresarial que, segundo Trevisan, as tornou bode expiatório da generalizada crise de esgotamento moral, e assim, uniu bancadas políticas de diferentes polos de atuação como evangélicos, ruralistas e católicos contra a suposta decadência moral.
A consolidação deste cenário fantasmagórico de combate à “decadência moral” forjado pela direita para tentar desviar a atenção da forma cruel como as mazelas sociais realmente são produzidas pelo estado avançado do capitalismo, onde diversos setores do conservadorismo brasileiro se mobilizaram, foi o que viabilizou o surgimento e a permanência, no seio da política brasileira, de políticos do tipo do atual presidente da república, Jair Bolsonaro.
A trajetória política medíocre marcada por atuação escassa em 27 anos de vida parlamentar de Bolsonaro fizeram, do próprio, apenas um propagandeador de jargões sensacionalistas contra as vidas e liberdades de mulheres, LGBT’s e povo negro, além de entusiasta melancólico da ditadura militar e do seu legado de miséria para o povo brasileiro. Exemplo clássico do entulho político da direita militarista brasileira, que sobrevive de forma parasitária aos tabus nacionais.
O projeto de ultra-direita que Bolsonaro representa não apresenta saldo político consistente nenhum para a vida do povo brasileiro, mesmo assim, tem protagonizado processos significativos nos últimos anos, processos como o golpe de estado que retirou Dilma Roussef, a primeira mulher eleita presidente da república de seu cargo, a prisão política do Lula, líder mais popular da história do Brasil e a consequente vitória em uma eleição com fortes indícios de fraude como foi a de 2018.
Apesar de não apresentar soluções e melhorias para a vida da maioria do povo, é notável o uso do pânico moral em todos estes processos, como por exemplo, a forte carga machista que sustentou o golpe contra o governo Dilma, onde setores da grande mídia buscaram a todo custo construir a imagem da presidente como descontrolada e histérica, ou ainda a complexa rede de fake news envolvendo a candidatura de Fernando Haddad e Manuela d'Ávila, que centravam-se especificamente sobre questões de gênero e sexualidade como a farsa do Kit Gay e do ensino de sexualidade nas escolas.
A mobilização do pânico social contra a vida e os corpos de pessoas LGBT’s gerou traumas inenarráveis para esta população, traumas que implicam diretamente na inviabilização das vidas destes sujeitos, pois o país ostenta o vergonhoso título de maior número de assassinatos no mundo. Além de que, serviços básicos necessários a existência humana lhes são negados.
Para se ter uma ideia, segundo pesquisa realizada pela Comissão de Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), estima-se que o país concentre 82% de evasão escolar de travestis e transexuais, fato que justifica a prostituição compulsória que assola cerca de 90% das travestis e mulheres trans brasileiras, dada a exclusão no mercado de trabalho formal por falta de qualificação profissional e pela transfobia constante.
Diante da realidade destes fatos somos levados a pensar sobre a relevância da discussão em torno de assuntos como gênero, identidade de gênero, sexo e sexualidade para a política brasileira, caso queiramos construir alternativas que realmente tenham eficiência para a melhoria de vida de toda a classe trabalhadora, em sua multiplicidade de existências. Assim sendo, voltar o olhar para a construção de resistência de movimentos que agiram em contrapartida aos ataques dos últimos governos que tomaram o poder no Brasil, é um exercício de esperança e aspiração de dignidade por todos que acreditam na democracia.
A primavera feminista que em 2015 respondeu nas ruas ao projeto nefasto do então deputado Eduardo Cunha, que procurava enrijecer ainda mais as possibilidades de aborto no Brasil, mesmo em caso de estupro e anencefalia do feto; as mobilizações pelo “Ele Não”, que levaram milhões às ruas e avenidas brasileiras em defesa da democracia e contra o machismo, o racismo e a lgbtfobia que Bolsonaro representa; a forte mobilização nas redes sociais são exemplos de como o retrocesso encontrará forte resistência que apenas o povo organizado pode promover.
Apesar do governo Bolsonaro e do circo de horrores que o seu ministério representa, a resistência está sendo construída. Em apenas um mês de governo escândalos de corrupção e a evidente ineficiência da atual gestão, que tem constrangido o Brasil diante do mundo, revelam o contraste com o que pode ser o nosso país, quando priorizamos valores democráticos como o direito à vida e segurança para todas as pessoas. Está claro que a resposta está nas ruas, está na força e no afeto de cada brasileira e brasileiro que clama à vida e à educação ao invés da violência e da política de morte.


*Maria Medeiros, graduanda em Letras- UFPB
Edição: Heloisa de Sousa

quinta-feira, 7 de março de 2019

O afastamento do jogo democrático....Bolsonaro e as redes: a mentira e a manipulação sem intermediários


por REDEBRASILATUAL  https://bit.ly/2tTrXip


Capturas do Facebook

A lucidez  de um professor -raro - da ECA-Escola de Comunicações  e artes USP-trazendo-nos seu artigo da Revista  RedeBrasilAtual- https://bit.ly/2tTrXip

Laurindo Lalo Leal Filho
20 h
Bolsonaro e as redes: a mentira e a manipulação sem intermediários

Nos anos 1930 um cabo austríaco falava às massas sem intermediários. Usava o rádio e a praça pública. Hoje um capitão reformado brasileiro faz o mesmo usando as redes sociais. Mudam os meios mas os fins são semelhantes.
O afastamento do jogo democrático das chamadas associações intermediárias, como partidos e sindicatos, é típica de governos autoritários. Projetos e propostas políticas deixam de ser debatidas e refinadas através da sociedade organizada para serem impostas à vontade popular através da voz solitária do líder, tendo como sustentação apelos emocionais e demagógicos.
Incapacitado por sua débil oratória e rasa cultura, o pretenso líder brasileiro viu cair aos seus pés uma tecnologia que dispensa ideias mais elaboradas. Uma ou duas frases, muitas vezes capengas, são suficientes para atingir grandes platéias virtuais, já adestradas para esse tipo de comunicação. Infelizmente o entendimento de textos mais elaborados está fora do alcance da maioria dos brasileiros.
A eficiência das redes ficou provada durante o processo eleitoral. Alguns dias antes do pleito robôs despejaram milhões de mensagens contra candidatos progressistas. Além da disputa presidencial foram deturpadas diversas campanhas para os legislativos. Exemplos significativos foram as derrotas de Eduardo Suplicy, em São Paulo e Dilma Rousseff, em Minas, candidatos ao Senado que apareciam até às vésperas das eleições como francos favoritos. O mesmo aconteceu, em sentido inverso, com desconhecido candidato eleito para o governo do Rio.
Foi a fase aguda da comunicação eleitoral. A dúvida agora é saber se de aguda passará à crônica, juntando-se aos meios tradicionais. Desde sempre esses meios oferecem ao público doses diárias de informações cujo efeito cumulativo é semelhante ao dos remédios de uso contínuo. Permanecem indefinidamente no organismo.
É assim com a criminalização diária da política, da exacerbação da violência através dos programas policialescos e a imposição de regras morais conservadoras pelos canais e programas religiosos onipresentes no rádio e na televisão. São vidas inteiras contaminadas por esses produtos sem nenhuma fiscalização.
Há momentos em que alguns veículos aumentam a dosagem de suas drogas. Um dos casos mais evidentes é o do surgimento e consolidação dos movimentos de extrema direita. O Movimento Brasil Livre (MBL) e seus lideres tornaram-se protagonistas da cena política graças à mídia tradicional que buscava, de qualquer forma, algum movimento de rua capaz de servir de contraponto às tradicionais ações desse tipo, conduzidas pela esquerda.
Dessa forma pequenos grupos de dez ou vinte pessoas segurando a bandeira nacional, pedindo o impeachment da presidenta ou a “intervenção militar democrática” viravam notícia de destaque. Alguns dos seus integrantes tornaram-se populares obtendo expressivas votações no último pleito.
O exemplo mais significativo desse processo de ampliação de poder dos grupos de extrema direita, realizado pela mídia tradicional, deu-se no sábado que antecedeu o primeiro turno das eleições presidências. Naquele dia aconteceu um movimento de massa nacional comparável apenas com os comícios pela Diretas-Já, na década de 1980. Foi o “Ele Não”, responsável por colocar nas ruas milhares de pessoas nas principais cidades do pais.
A TV Globo além de não anunciar esses eventos, como fazia quando era para derrubar a presidenta Dilma, os minimizou com uma cobertura minguada e distorcida. Tentou exibir um equilíbrio que só é lembrado nessas horas, indo atrás de reduzidos grupos de manifestantes favoráveis ao candidato direitista. Comparou o incomparável, abrindo espaços iguais para acontecimentos desiguais.
Ainda assim o sucesso do “Ele Não” assustou seus adversários. A partir dai o bombardeio através do WhatsApp ganhou proporções nunca vistas por aqui e acabou decidindo as eleições. Tornou-se o grande cabo eleitoral do candidato vencedor que agora aposta nele como forma de apoio e sustentação ao seu governo. Resta saber se dará certo.
Uma coisa são as descargas de mensagens fantasiosas concentradas em poucos dias apelando para uma decisão eleitoral. Outra será a necessidade de explicar acusações de corrupção ou de justificar mais reduções de direitos trabalhistas todos os dias.
O WhastApp passará por um duro e inédito teste no Brasil. Estará diante do desafio de se integrar ao conjunto dos meios de comunicação tradicionais, operadores de lentas e constantes ações crônicas de persuasão política ou ficará restrito ao que até agora mostrou, um remédio eficaz apenas para situações agudas.
Muito do nosso futuro depende dessa resposta.

quarta-feira, 6 de março de 2019

A CIDADE :UM POEMA QUE EVOCA A TERRA DE VOLUMES SIMPLES -Mailson Furtado Viana

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...
da cidade
eu não lembro

são duas a cada ano
uma verde
outra cinza
um livro de poemas
que dia é
noutro não é

da cidade
eu não lembro
é uma fotografia
que nunca é a mesma
uma hoje
outra amanhã eu fui
noutra década




Um homem brasileiro, nordestino – do interior –, mesmo em pleno século XXI, está entre os melhores poetas do brasil, segundo o prêmio Jabuti 2018 com a obra A Cidade – 2017, Ed. Independente. Destaco isto, origem do autor como do Nordeste, pois está segredado nas tramas das corporações livreiras e editoriais um certo preconceito contra os nordestinos, salvo aqueles que dão lucro, muito lucro, ou já possuem nome ou usam estratégias para fazê-los.

Mailson Furtado Viana, 27 anos, odontologista, nascido em Varjota, cidade do Ceará, mesorregião cearense. Vindo de família simples, classe média, foi reconhecido como o melhor poeta na edição do Prêmio Jabuti. Outras obras já estavam em circulação, como Sortimento (2012), Conto a Conto (2013) e Versos Pingados (2014).

Em mais de cinquenta anos, senão mais, o Jabuti não concedeu prêmios a publicação de autores independentes. O poeta de A Cidade escreveu, diagramou, ilustrou – da capa ao miolo, diga-se muito bem, simples e rica, sem maiores arabescos inúteis. Boa colaboração de Renancio C. Monte nas ilustrações ou tratativas.

O livro A Cidade é um único poema dividido em 4 partes presente, pretérito, pretérito mais que perfeito, com notas do próprio autor, tipo um apêndice e mais um posfácio, A cidade pelo arquivo dos pé aliás, título excelente por Dercio Braúna.

Em que pese sua formação na área da saúde o poeta sempre subiu nos galhos das árvores da poesia e sussurrou seu cantar qual ave assovieira que pulula para sentir novo acordes do vento e dizê-los também.

A Cidade é um grande poema, pela simplicidade e complexidade ao atingir o cenário do que chamo de “simples”, seus objetos, fatos de uma cidade, especificadamente do interior do Brasil, mas que tem seus intestinos iguais a muitas outras.

Não sei o porquê, seu poema me relembra a estrutura deslocadora de o Cão sem Plumas de João Cabral de Melo Neto, e só isto. Do mesmo modo, a catação de fonemas e estruturas de Zelins do Rego ou as peraltices de Manoel de Barros. Em nada o diminui, assim penso, ao inverso, fermenta-o. Quem ler se mela no que ler e exerce suas estruturas, nada mais rico!

Os cheiros untados nos vocábulos escolhidos do poema esparramam-se, dando roupagem nova ao verso. Seu álibi, a cidade, é apenas invólucro para uma antropologia densa, poética. O Homem é sua voltagem maior, sua caneca de matar sede.

eu me invado/em pitadas de saudades/do jardim de infância na tia cleide/do passeio domingo à tarde nas estradas do sombrio/do banho na beira do rio depois da aula/da escalada na barragem paulo sarasate/das traquinagens no quintal do vizinho/do roubo de tamarindos no caminho de casa/....
eu me invado/dentro de mim/a cidade me invade...

O poeta desliza por entre protocolos lexicais simples que radiografam o Brasil e por vezes o sintetiza como numa fotografia, ou o congela em poucos linhas e palavras construindo monumentos fatais, como assim:

eu me invado
dentro de mim
a cidade me invade

quando criança
minha cabeça barulhava
em não entender meu sangue
em não entender por que não tinha parentes na beira da esquina como metade da sala tinha

donde eu era

donde eu vinha (pag 55)


Mailson Furtado é um nome que pula alto no universo da poesia contemporânea. Peço que não corra, mesmo diante do espocamento bom de sua obra. A poesia vem de veneta e trabalho dos ventos da cabeça e das visagens do delírio.