REDES

sábado, 20 de julho de 2019

PARAIBEABÁ-O NORDESTE É GRANDE - SUPORTA E REVIDA



http://bit.ly/2JRGByc





Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
(J.Cabral de Melo Neto.M.Vida Severina )

Maldade, doença, transparência do mal é o que se percebe na fala de um ser que não possui humanidade e mostra o lado perverso ,mesquinho , ignóbil e incompetente, eleito por outros que não se conhecem e logo não aceitam o outro e suas diferenças.

Este senhor ainda acha que o Brasil foi descoberto por Cabral, Cabral -Português, sim foi um saqueador nosso como foram :Espanhóis, Franceses ,I ngleses, Americanos do Norte e que continuam  saqueando junto a Elite espúria atual vendida pelo capital,cumpliciados por uma gama de políticos da bala, bíblia e do boi.

Somos ameríndios,  mostramos nossa tinta no rosto, isto sim, fomos nós os tupis e outros, Pataxos, Tabajaras- ParaÍbas ,Macuxi, Gujajara, Ianomâmi etc que fundamos este país.

O país, se é que ainda somos, tem um chamado líder com transtorno e que é fruto do aparelhamento  preconceituoso de uma classe social educada pela falsa bíblia, mídia e o "disse me disse ".

Por outro lado conjumina-se a possiblidade estratégica de sua equipe de marketing  para desviar Previdência ,Embaixada dos EUA,etc face ao seu pronunciamento à mídia internacional.

Os maiores centros deste país vem da Região Nordeste e fomos nós os construtores destes centros como :São Paulo de Janeiro, entre outros.

Somos muitos paraÍbas-Ariano Suassuna,Celso Furtado,Geraldo Vandré,José Lins,Assis Chateaubriand, Paulo Pontes, José Américo, Pedro Américo ,João Câmara e mil e outros

Como disse o poeta: J. CABRAL DE MELO NETO- MORTE VIDA SEVERINA, ele desvenda preconceito-do nordestino-  paraíba- no seu Severino.

Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias...

 e mais  de onde vem o preconceito:

Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
algum roçado da cinza...

O poema é intacto -1954/55 e atual sempre, mas somos mais muito mais, saímos dos mangues e seca para outros recantos, mas com os mesmos coronéis, agora travestidos e cegos.

Nos desastres do seu governo, Previdência, políticas sociais,CLT etc..está inscrito no  poema, é só  querer ver-

que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

Mas hoje mudamos e pra melhor e é isto que eles não suportam.Somos uma região que hoje abastece o Brasil e o mundo-do gás, petróleo, e alimentos em terra seca ou inchada , molhada.

E para findar tomemos outro poeta- Ledo Ivo - poema-O alagoano-que dará outra resposta a esse senhor incapaz de conhecer poesia, que dirá o povo:

O nordeste espera um Cristo
que não morra numa cruz
como o menino Jesus
ou não seja esquartejado
como o Major Calabar
mas que, salvo pelo povo,
da sanha dos fariseus,
viva sempre ao nosso lado
rei e monarca do mundo
com  seu reinado de luz.
Que venha um deus -guerrilheiro
ser o nosso capitão,
corrigir as injustiças,libertar-nos da miséria
e fundar na nossa terra
A monarquia do pão



ESTÁ NOS DEIXANDO UMA LUZ A MAIS : AGNER HELLER 1929-2019

AGNER HELLER -por youtube

“A maldade mata, mas a razão leva a coisas mais terríveis”-por El País


Há uma avalanche de desaparecimento de grandes intelectuais, desta vez a húngara-filósofa-AGNES HELLER.-1929-2019.Crítica severa de Orban- Hungria-obra extensa e conhecida mundialmente, em especial no ocidente. Lúcida, loquaz, ocupou a cátedra em N.York sucedendo Hannah Arendt.El país ,entre outros, trás matéria abaixo.

http://bit.ly/2JJ2NMi

Ágnes Heller, em Budapeste em agosto de 2017. 


Era chocante o contraste entre o físico de Agnes Heller, a filósofa húngara morta nesta sexta-feira aos 90 anos, e a força do seu pensamento e da sua biografia. Miúda e só aparentemente frágil, sobreviveu ao Holocausto em Budapeste — metade do milhão de judeus assassinados em Auschwitz era húngara — e à repressão stalinista posterior à Segunda Guerra Mundial, que a obrigou a se exilar durante décadas. Nos Estados Unidos e na Austrália, porém, ela elaborou um pensamento baseado num profundo conhecimento da história, mas também da vida cotidiana, situado entre a filosofia e a sociologia, que conseguiu atravessar fronteiras para torná-la uma das pensadoras mais influentes da segunda metade do século XX.
Obras como O Cotidiano e a História (Paz e Terra), Historia y futuro ¿sobrevivirá la modernidad?El hombre del renacimientoCrítica de la ilustración e Para cambiar la vida são alguns dos títulos editados na Espanha, onde seu pensamento encontrou uma ampla difusão. Foi colaboradora habitual do EL PAÍS desde os anos oitenta e publicou seu último artigo neste jornal em abril passado, sobre o tema que mais a preocupava no momento: a guinada autoritária do primeiro-ministro húngaro Viktor Orban e o perigo que isso representava para a democracia na Europa. Como sobrevivente dos totalitarismos nazista e soviético, ela sabia perfeitamente quais podiam ser as consequências de ficar de braços cruzados ante um ataque contra as liberdades.
Heller considerava que a história não se repetiria e pensava que estávamos muito longe dos anos trinta. Ao mesmo tempo, porém, estava convencida de que a democracia corria perigo em alguns países da Europa, lembrando que o Estado de direito não se baseia apenas no voto. Também se preocupava com o ataque contra a razão por parte do extremismo islâmico e a ameaça que o nacionalismo representa para a União Europeia. Foi uma importante pensadora feminista. “É a única revolução que não considero problemática e é a maior do nosso tempo, porque não é uma mobilização contra um período histórico, e sim contra todos os períodos. A única totalmente positiva, talvez junto com o desenvolvimento dos direitos humanos.”
Este jornal a entrevistou em Budapeste no verão de 2017. Vivia num luminoso e desarrumado apartamento com uma vista impressionante para o Danúbio, repleto de livros e revistas sobre temas de todo tipo, que mostravam que sua enorme curiosidade intelectual nunca se apagou. A Academia Húngara de Ciências anunciou sua morte na noite desta sexta-feira, sem especificar a causa. Segundo o site húngaro 444.hu, ela faleceu enquanto nadava no lado Balaton, onde muitos cidadãos da Europa comunista passavam as férias. Curiosamente, foi ali que começou a ruir a Cortina de Ferro quando milhares de cidadãos da Alemanha Oriental que estavam na Hungria tiveram permissão para abandonar o país rumo ao Ocidente.
Heller não tinha problema algum para responder a perguntas sobre todo tipo de assunto, nem para recordar o Holocausto. Narrava a forma como sobreviveu à Shoá, quando os nazistas, apoiados pelos fascistas húngaros do Partido da Cruz Flechada, organizaram a deportação dos judeus de Budapeste a Auschwitz e depois o seu assassinato em massa na própria cidade, quando, ante a iminência da chegada dos soviéticos, os trens deixaram de sair. “Como todas as pessoas que conseguiram sair vivas daquilo, foi por acidente. Meu pai foi assassinado em Auschwitz, minha mãe e eu estivemos a ponto de morrer, mas de alguma forma nos livramos. Os fascistas húngaros mataram muitos judeus junto ao Danúbio, mas pararam antes de chegar à nossa casa. Também dispararam contra mim, mas, como sou baixa, o tiro passou por cima da minha cabeça. Em outro momento, nos colocaram numa fila. Soube que não devíamos ficar ali porque nos matariam, e conseguimos fugir. Mas tudo isso não foi sorte, e sim instinto.”
Após a Segunda Guerra Mundial, Agnes estudou e depois ensinou filosofia na chamada Escola de Budapeste, encabeçada pelo filósofo marxista Georg Lukács. Depois da invasão soviética de 1956, que reprimiu uma tentativa de libertação do regime comunista húngaro, Heller se tornou dissidente e acabou se exilando, primeiro como professora em Melbourne (Austrália) e depois na New School for Social Research de Nova York. Até o fim de seus dias, deu palestras e seminários pelo mundo todo.
Como outros filósofos pegos no turbilhão do século XX, Agnes Heller refletiu sobre o Iluminismo e sobre como se poderia ter passado da esperança despertada pela razão — noção que devia a pensadores da modernidade como Spinoza e Kant — aos horrores do totalitarismo. Foi marxista no início, mas logo se desvinculou de qualquer marco teórico que cerceasse sua vontade de buscar respostas.
Heller perdeu a confiança na razão, porque sem ela não poderiam ter construído os campos nazistas e soviéticos nem organizar a deportação de milhões de pessoas. Mas nunca perdeu a confiança no ser humano. Questionada sobre suas crenças, ela respondeu naquela entrevista: “Tenho que acreditar em algo? Talvez possa responder à sua pergunta. Acredito numa coisa: as pessoas boas existem, sempre existiram e sempre existirão. E sei quem são as boas pessoas.”

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Perdemos a Mulher que tirou de letra os equívocos do Socialismo- Morre a chilena -Marta Harnecker


foto por -http://bit.ly/2Y39fWj
MARTA HARNECKER 1937-2019

Poucos no Brasil, penso, conheceram sua obra, todavia se constituiu uma das mais firmes intelectuais latinas, conhecidas e respeitadas dentro e fora da América do Sul. Refiro-me: a MARTA HARNECKER.

Marta, chilena, psicóloga, socióloga, jornalista e educadora, compôs uma obra de esclarecimento do pensamento marxista e pós.Além disto ela faz a uma crítica da esquerda dentro dos fatos históricos da América Latina e Caribe.

Realizou um diagnóstico de nossa A.Latina,destacando sobretudo os equívocos do termo Comunista- Socialista, destrinchando na praxis as grandes diferenças do NOVO SOCIALISMO DO SÉCULO XXI. Escreveu mais de 80 obras.

Buscou uma radiografia  do novo século XXI- e os anteriores- examinando as tentativas e implementações deste novo Socialismo, que poucos entendem. Destaca os países como :Venezuela, Equador, Chile, Nicarágua, Bolívia e Brasil como arquitetos desta experiência nova socialista.

Marta foi atenta à historiografia e análise econômica/social e política, e da filosofia. Não escapa em suas análises detalhes, fatos para apurar sua radiografia. Aponta que somos nós Latinos os principais antagonistas ao Neoliberalismo nefasto.

Para ela somos também- A.do SUL E CARIBE , um grande laboratório deste novo Socialismo, como fomos e estamos no Neoliberalismo aterrador.

Com sua morte em 15 de junho 2019 ficamos mais pobres diante do pensamento de K. MARX e sua renovação.

Recomendo a obra abaixo em que a autora centra-se  na A.Latina e Caribe passando  a limpo com detalhes e clareza  os equívocos do termo Socialismo . Faz uma análise esmiuçada do rechaço do termo, pelos políticos profissionais  de direita-, a quem ela critica e mostra de modo claro o progressivismo do mesmo termo que nada tem a ver com o velho e tradicional nome e suas ligações com  outro termo -Comunismo. Assim ela tira os equívocos maldosos da carga negativa do que se propaga como Socialismo. Ainda em espanhol A  obra está disponível na Amazon Kindle. https://amzn.to/2JG3mX3. Há uma edição em português -papel, pela editora Expressão popular http://bit.ly/2JNf6Gb


Brasil de  Fato  fez uma matéria sobre a autora, vale ler. Paulo Vasconcelos



Marta Harnecker em 1978: educadora participou da "Via Chilena ao Socialismo" e atuou nos governos revolucionários de Cuba e da Venezuela / Reprodução

Morre, aos 82 anos, a educadora marxista chilena Marta Harnecker

Referência em pesquisas sobre a esquerda latino-americana, ela faleceu em decorrência de tumores no cérebro

Brasil de Fato | São Paulo (SP)
,
A jornalista, educadora marxista, socióloga e escritora chilena Marta Harnecker morreu aos 82 anos neste sábado (15), em decorrência de tumores no cérebro. Referência em pesquisas sobre a esquerda marxista, ela participou ativamente do governo de Salvador Allende, entre 1970 e 1973, colaborou durante décadas com movimentos populares no continente, e atuou como conselheira de Hugo Chávez, então presidente da Venezuela, entre 2002 e 2006. 
Harnecker é conhecida por seus mais de 80 livros publicados, alguns deles se tornaram manuais de formação política, desde os anos 1970, para o trabalho de base na América Latina e no mundo. Psicóloga, ela aprofundou sua formação no marxismo durante os anos que viveu em Paris, na década de 60, sob a orientação de Louis Althusser. Naquela época, registrou seus primeiros escritos teóricos marxistas, que foram reunidos em “Os conceitos elementares do materialismo histórico”, livro publicado em dezenas de países.
Confira abaixo a reportagem "Diálogo com Marta Harnecker: 45 anos do golpe no Chile e seus ensinamentos", de Vivian Fernandes, publicada no Brasil de Fato em 13 de setembro de 2018. O texto evidencia o olhar sensível da educadora sobre os desafios da América Latina:
"Faz 45 anos desde o dia em que um golpe derrubou um governo de esquerda da Presidência do Chile. Era um 11 de setembro, data que entrou para a história com a morte do presidente Salvador Allende e com o fim do mandato da Unidade Popular (1970-1973).
O golpe, com seus militares, adentrou no Palácio de la Moneda, em Santiago, onde Allende fez seu último discurso ao povo do país, que foi transmitido ao vivo pela Rádio Magallanes: ”Colocado em um trânsito histórico, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. (…) A história é nossa e a fazem os povos”.
Se o governo de Allende ficou marcado por políticas de distribuição de terras, organização dos trabalhadores, melhoria da qualidade de vida da população, nacionalização das riquezas do país, na chamada “Via Chilena ao Socialismo”; a ditadura que entrou, a do general Augusto Pinochet (1973-1990), deixou suas marcas pelas mortes, torturas, perseguição política e por ser a porta principal de entrada do neoliberalismo na América Latina.
Repórter de base e educadora popular, como gosta de ser nomeada, a chilena Marta Harnecker é uma memória viva destes anos de Unidade Popular. Em contato por e-mail com o Brasil de Fato, ela, que hoje vive no Canadá, nos brindou, primeiro, com uma mensagem que tem como saudação de despedida uma frase que nos toca o coração: “Um abraço cheio de sonhos e esperanças”.
Em tempos difíceis como os que vivemos no Brasil, uma simples frase, enviada por alguém que se admira por sua capacidade intelectual e compromisso político, nos conforta. Mais do que isso, é importante voltar ao passado para entender os processos que vivemos atualmente na América Latina. Os ataques a setores populares e a violência (ou o seu discurso), bem como a entrada (ou retorno) do neoliberalismo nos atingem agora e mantêm relação com processos anteriores.
Relembrar o golpe no Chile não é simplesmente lembrar de um momento, mas aprender com o passado, com seus ensinamentos e erros. E se isso vem de Marta, com sua vocação de educadora e com a simplicidade da linguagem de uma boa repórter popular, fica ainda mais interessante. Dividida em eixos, esta matéria do Brasil de Fato, cuja construção aconteceu em diálogo com Marta, vem de suas memórias e análises já publicadas, que nos remetem à sua raiz chilena e também aos anos que viveu e construiu os governos revolucionários de Cuba e da Venezuela.
“É preciso se aproximar do pensamento também por meio do coração”, diz Marta. E com isso te convidamos à leitura.
O trabalho de base no Chile socialista
Em 1968, Marta regressou ao Chile, depois de passar cinco anos estudando na França. Com suas raízes fincadas em seu passado como militante juvenil na Ação Católica Universitária, começa a militar no Partido Socialista em sua volta à pátria.
Dos anos cristãos iniciais, ela ainda guarda um ensinamento: “Eu sempre disse que existe algo em comum entre o cristianismo e o marxismo; e é que o cristianismo te orienta a amar as pessoas, e o marxismo te dá os instrumentos para que esse amor seja realidade; transforme as circunstâncias, transforme a sociedade, para que o amor possa ser real”.
Já no Partido Socialista, ela se dedicava ao trabalho de base, a partir da formação marxista que tinha, para debater liberdade, democracia, meios de produção, meios de consumo e para responder à campanha contra Allende, que o associava com a chegada de uma ditadura, de um totalitarismo. “Para dizer às pessoas que não vão tirar delas a geladeira, que não vão tirar seu carro, isso não tem nada a ver com o marxismo”, rememora Marta.
Uma de suas primeiras frentes de atuação foi produzir uma coleção de livros com uma linguagem simples voltada aos trabalhadores. “Esta tarefa me deixou apaixonada. Ver como se podia chegar até as pessoas com uma coisa fácil. Minha paixão é isso: como chegar com as ideias simples até as pessoas”. 
“Como, além disso, eu militava no Partido Socialista na época de Allende, nós fazíamos reuniões com camponeses e operários. Eu tinha antes uma experiência nas cátedras universitárias, e na cátedra universitária era uma discussão eterna”, relata. E complementa: “Os trabalhadores aprendiam para aplicar imediatamente, então eu me apaixonei por esse trabalho com esses setores”. 
O papel do jornalismo popular
Marta também fundou e dirigiu o jornal Chile Hoy, durante os anos de Unidade Popular – o que qualificou como “uma experiência muito linda” –, além de ter seguido com seu trabalho jornalístico em entrevistas como as que fazia com o povo e com figuras políticas importantes, como o presidente venezuelano Hugo Chávez.
Sobre Chile Hoy, ela recordou: “Era uma revista tipo tabloide e tinha duas ou três páginas de entrevista com algum personagem, então aí comecei a aprender a ser entrevistadora e descobri minha vocação jornalística, em meio a um processo revolucionário como era o chileno. Era um momento apaixonante, além do fato de que a revista tinha a característica de por em palavras simples estudos de intelectuais de esquerda que não chegavam até o povo”.
“E, fora isso, colocávamos o microfone ao alcance do povo, ou seja, íamos até os cordões industriais. Quando tinha greve em uma mina de cobre, ou de salitre, nós estávamos ali”, afirmou, reforçando que: “A verdade é que aprendi muito disponibilizando o microfone”.
Sobre a linha que seguiam no semanário, era o da leitura crítica, inclusive com críticas ao governo de Allende, principalmente as que vinham do povo. “Nosso critério era que, na revista, as críticas que existissem em relação ao processo, que as fizessem as pessoas. Muitas vezes, os jornalistas fazem críticas, em um sentido, é muito fácil criticar. Intelectualmente alguém sempre encontra coisas que são imperfeitas, mas é diferente quando um intelectual critica de quando o povo te diga como está sentindo os erros do processo”.
Respeitado pelo governo e pelos setores populares e sindicais, o jornal também o era pela oposição, por trazer informação de qualidade em suas páginas. “Permitimos que o jornalismo sirva para alertar, para divulgar o que há de bom e também mostrar o mal, e permitir que se corrija o processo. Isso é o que me apaixonou.”
A “Via Chilena ao Socialismo”
“Eu digo que o Chile de Allende foi um precursor no século XX do socialismo no século XXI, porque Allende foi o primeiro que tratou, por uma via pacífica, de ir construindo a nova sociedade”, afirma Marta Harnecker.
“Parece-me muito interessante como Allende apresentou a necessidade de repensar o socialismo, se este se dava pela via pacífica. Dizia que tinha que ser um socialismo ‘com vinho tinto e empanadas’, duas coisas tipicamente chilenas. Ou seja, um socialismo que se enraizasse nas nossas tradições. Allende entendeu muito bem que para fazer este trânsito da institucionalidade herdada, você tinha que ter a maioria do povo a seu favor, e não sei se a esquerda entendeu isso.”
Em seu livro “Um mundo a Construir”, Marta retoma alguns pontos desta análise: “É preciso ter presente que no início da década de 70 no Chile, com o triunfo do presidente Salvador Allende, apoiado pela coalizão de esquerda Unidade Popular, começou a se desenvolver a primeira experiência mundial de mudança em direção ao socialismo, diferente à da União Soviética, já que se realizava pela via institucional, experiência que foi rapidamente derrotada por meio de um golpe militar três anos depois. Se nossa geração aprendeu algo dessa derrota, foi que se queríamos uma transformação pacífica na direção desta meta, teriamos que repensar o projeto socialista tal como se havia aplicado até então no mundo, e que, portanto, era necessário elaborar outro projeto mais adequado à realidade chilena e a via pacífica de construí-lo. Isso era o que Allende parecia intuir ao usar sua folclórica metáfora de ‘socialismo com vinho tinto e empanadas’, que apontava à construção de uma sociedade socialista democrática enraizada nas tradições nacional-populares.”
Outro grande líder com quem Marta também trabalhou foi o venezuelano Hugo Chávez, de quem foi assessora, e, assim, ela é capaz de traçar algumas das diferenças entre os dois governos: “Chávez dizia: ‘Minha via é a via pacífica, mas diferente de Allende, em que era uma via pacífica desarmada, a minha é uma via pacífica armada’, e dizia isto não porque o povo estivesse armado em milícias, mas porque ele contava com o apoio militar.”
O golpe militar
Das contradições que emergem no governo da Unidade Popular, e que levam ao golpe militar, é possível pontuar algumas, como explica Marta Harnecker: “Muitos esqueceram que se havia conquistado o governo e não o poder; que os poderes Legislativo e Judiciário estavam nas mãos das forças opositoras; e que o pilar fundamental do Estado burguês: o Exército, se mantinha intacto, protegido pelo chamado Estatuto de Garantias Constitucionais”.
Por mais positivos que fossem os avanços do Governo Allende, uma das análises críticas que se faz é que os setores populares perdem sua força de organização, e “aparecem como meros espectadores e setores de apoio do processo.”
“Os Comitês de Unidade Popular, que haviam tido um extraordinário auge durante o período pré-eleitoral, em sua maioria desaparecem logo depois do triunfo [eleitoral]. Os partidos dedicam todos os seus quadros às novas tarefas do governo, abandonando de forma significativa seu trabalho no movimento popular”, defende Marta em um texto de balanço. Ainda assim, em zonas mapuches, estes povos originários promoveram mobilizações para recuperar suas terras ancestrais.
Como antecedentes do golpe, Marta Harnecker enumerou seis eixos da contraofensiva da extrema-direita no Chile. O primeiro era a busca em dividir a coalizão Unidade Popular, entre os “democráticos” e os “marxistas”, e para isolar os comunistas.
O segundo era o controle dos meios de comunicação: “A oposição controlava 70% da imprensa escrita e 115 das 155 rádios que existiam no país.”
A defesa da propriedade privada era o terceiro eixo da extrema-direita, utilizando de “mecanismos legais e meios de pressão para atrasar a formação da área de propriedade social”, afirma Marta.
Um quarto ponto tem a ver com a questão militar, com uma linha anti-Unidade Popular no interior das Forças Armadas. “O ponto central dessa campanha foi a denúncia da existência de grupos armados em detrimento das únicas forças armadas que deveriam existir no país. Isso dificultava enormemente qualquer tentativa de armar o povo para defender o governo popular”, analisa.
A conquista dos setores médios para uma ação contra o governo foi o quinto elemento de atuação da extrema-direita.
“Mas o objetivo fundamental, e que permitiria conquistar vários dos outros, quase poderíamos dizer que por acréscimo, foi provocar o fracasso econômico do governo popular”, como a corrida bancária, o contrabando de dólares, a paralisação de algumas indústrias, bem como o bloqueio das modificações da “injusta estrutura tributária” no Parlamento.
Ao mesmo tempo, promoviam derrotas no Congresso negando “os recursos orçamentários para levar adiante os planos do governo de caráter social: distribuição de leite, planos de saúde, de moradia e obras públicas.”
“Cada vez mais setores sociais da direita e seus aliados foram participando da política: em panelaços, manifestações de rua, paralisações de transporte, greves nas minas de cobre”, e faltava uma unidade dentro das forças governistas. 
Com a situação se agravando dia após dia, chega o 11 de setembro de 1973, data em que Allende anunciaria um plebiscito popular às 11 da manhã: “A essa hora, as balas reduziram ao silêncio o heroico e consequente mandatário chileno”.
*Fragmentos da entrevista com Marta Harnecker vieram, sob sua análise, de uma entrevista com a repórter Arleen Rodríguez, do programa radiofônico cubano “A la luz del recuerdo”; de seu livro “Um mundo a Construir”, lançado também em português pela Editora Expressão Popular; e o texto “Estudiar el pasado para construir el futuro”, de 2003.
Edição: Daniel Giovanaz
.........
LEIA TAMBÉM MATÉRIA SOBRE MARTA PELO MST: http://bit.ly/2Y39fWj e Carta Capital http://bit.ly/2LVNCAC

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Curso: Invenção e deslocamentos da libido: Agostinho, Freud e Foucault













Detalhes
Curso: Invenção e deslocamentos da libido: Agostinho, Freud e Foucault
Três encontros: 10, 17 e 24 de Agosto
Quando? Sábados, das 16h às 18h
Carga horária total: 6 horas.
Contribuição sugerida de 20 reais por encontro
Onde? Na Taperona (Av. São Luís, 187, 2º andar, loja 30)
Com: Aldo Ambrózio
Mais informações: cursos@taperatapera.com.br
OBJETIVO
"Vislumbrar e precisar os deslocamentos de sentido que o termo libido sofreu, quando de uma apreciação agostiniana que prescreveu a moral sexual dos membros da Igreja Católica, quando esta se tornou uma religião de Estado, e sua reutilização, pelo avesso, pela Psicanálise de matriz freudiana quando da fundação desta modalidade de pensamento e prática clínica em fins do Século XIX e início do Século XX."
"O termo libido encontra um deslocamento importante, quando observamos sua utilização na construção de uma moral sexual religiosa no período em que a Igreja Católica se torna uma religião de Estado, e, alguns séculos depois, quando é reinscrita no pensamento e prática clínica da Psicanálise de Matriz freudiana. Freud, ao construir os alicerces de uma discursividade fundamental para o pensamento moderno, apreendeu este conceito, clínico para a psicanálise, de uma maneira diversa do uso religioso. O que era sinônimo de queda, danação e motivo para a purificação, se torna, na verve freudiana, sinônimo de vida e de forja, tanto do Eu quanto dos objetos que compõe o mundo moderno que, a princípio, deveria ser dessacralizado."
DESTINADO A
Intelectuais em geral e todos aqueles que têm em Foucault e na Psicanálise instigadores da produção do seu pensamento.
CONTEÚDO
1. Sexualidade, Libido, Formação do Eu e processos de Projeção e Identificação.
2. Deslocamentos do conceito de Libido e possibilidades de travessia do Édipo ou do Fantasma: do apego ao amor.
SOBRE
Professor Dr. Aldo Ambrózio.
Pós-doutorando em História Cultural no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Doutor em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Membro acadêmico do Departamento de Formação em Psicanálise do Instituto SEDES Sapientiae. Professor de Psicologia Social e da Educação no Departamento de Ciências Sociais e da Educação (DCHE) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
BIBLIOGRAFIA
BUTLER, Judith. A vida psíquica do poder, cap. 3. “Sujeição, resistência, ressignificação, entre Freud e Foucault”. Belo Horizonte: Autêntica, 2019
FOUCAULT, M. Histoire de la Sexualité. Vol. IV. Les Aveux de la Chair, cap. “La
libidinization du sexe”. Paris: Galloimard, 2018
______“Sexualidade e Solidão” (online)
FREUD, Sigmund (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In: Obras completas de Sigmund Freud. Tradução de Paulo Cesar de Sousa. v. 6. São Paulo: Companhia das Letras,
2016.
_________. (1914). Introdução ao narcisismo. In: Obras completas de Sigmund Freud. Tradução de Paulo Cesar de Sousa. v.12. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
_________. (1915). As pulsões e seus destinos. In: Obras incompletas de Sigmund Freud. Tradução de Pedro Heliodoro Tavares. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

É preciso sair às ruas imediatamente contra os ataques à Educação e o roubo da aposentadoria e pelo Fora Bolsonaro e pela Liberdade de Lula.





A cada dia vamos descendo abismo abaixo e o povo anestesiado, inerte. Ou Fazemos uma revolução ou cairemos 50 anos, ou melhor voltamos 50 anos atrás. A COISA É SÉRIA!

AGORA É A UNIVERSIDADE E COM ISTO A PESQUISA, OU SEJA FICAREMOS SEM CIÊNCIA, SEM ENSINO E PÓS!

PRECISAMOS SAIR ÀS RUAS , OU DESAPARECEMOS.
O DIÁRIO DA CAUSA OPERÁRIA NOS ALERTA E PEDE  NA SUA MATERIA ABAIXO:



http://bit.ly/30CtnMK

Fora! Bolsonaro quer cobrar mensalidades em universidades federais

No dia 18 de julho, o Ministério da Educação (MEC), atualmente comandado pelos golpistas que derrubaram Dilma Rousseff e preparam a ascensão do bolsonarismo, irá se reunir com os reitores das universidades federais para apresentar o programa “Future-se”. Segundo  secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Arnaldo Barbosa de Lima Júnior, o programa teria como objetivo “fortalecer a autonomia financeira das universidades e dos institutos federais”. No entanto, o “Future-se” deverá ser mais um duríssimo ataque contra a população.
O que o MEC pretende implementar, com o programa “Future-se” é o pagamento de mensalidades em universidades federais. Segundo planejam os golpjstas, as universidades públicas deixarão de ser administradas sob o regime jurídico de direito público, fazendo com que seja viabilizada uma política de cobrança de mensalidade para cursos que hoje são gratuitos.
Embora a cobrança de mensalidades nas universidades federais seja um crime de enormes proporções, a criação de um programa como o “Future-se” não causa nenhuma supresa. Afinal, desde 2016, o regime político brasileiro está sob o controle dos maiores picaretas do mundo, o imperialismo e seus capachos. Os capitalistas estão dispostos a fazer qualquer coisa para que seus cofres permaneçam intactos, mesmo após a nova etapa de crise em que o capitalismo entrou. Não há freio moral algum: a palavra de ordem da burguesia é saquear todas as riquezas de todos os povos do planeta e destruir suas condições de vida.
Para impedir que as universidades públicas cobrem mensalidades e que o governo Bolsonaro continue atacando toda a população, é necessário mobilizar os trabalhadores e a juventude para lutar contra todos os golpistas. É preciso sair às ruas imediatamente contra os ataques à Educação e o roubo da aposentadoria e pelo Fora Bolsonaro e pela Liberdade de Lula.

sexta-feira, 12 de julho de 2019

DESABAFO --A POESIA NÃO DÁ NADA A NINGUÉM –FLAGRA FACE











Rubens Jardim
 flagra FACEBOOK