REDES

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

AMAZÔNIA -EnClave Política: Conversamos con Tarsicio Granizo

Solidariedade mundial pela Amazônia --Bolsonaro nem aí!

telesur

INDIFERENÇA CRIMINOSA DO SR.BOLSONARO
A TELESUR mostra em matéria e vídeo um dos maiores crimes ambientais do mundo.


Solidaridad mundial por incendios forestales en la Amazonía

Los Gobiernos de Bolivia y Paraguay se han unido para trabajar juntos en el combate efectivo de los incendios que afectan a sus respectivos territorios.
La destrucción generada por los incendios forestales que perjudican gran parte de la Amazonía desde hace dos semanas ha conmocionado al mundo por las grandes pérdidas para la biodiversidad y ante la indiferencia del Gobierno brasileño presidido por Jair Bolsonaro.
Sin embargo, el fuego que azota al "pulmón vegetal del mundo" no solo afecta a los bosques y comunidades originarias de Brasil, sino que la castástrofe se ha extendido a los territorios de Bolivia y Paraguay.
Los Gobiernos de estos dos países se han unido para trabajar juntos y así combatir de forma más efectiva los incendios registrados, los cuales han acabado con cientos de miles de hectáreas de bosque y cultivos.

Exclusivo: Entrevista de Lula à TV 247

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Entrevista de Lula à TV 247 HOJE 22.08 21HS

Entrevista de Lula à TV 247 será transmitida nesta quinta, 22.08 -às 21h   https://www.brasil247.com/

Ex-presidente falou nesta manhã aos jornalistas Paulo Moreira Leite, Mauro Lopes e Pepe Escobar sobre diversos temas; confira a íntegra da transmissão no canal da TV 247 no YouTube

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

AMAZÔNIA -AGONIA E MENTIRAS


O 247 -encurtador.com.br/lwIT4- por Por Lisandra Paraguassu mostra a farsa do presidente, coisa comum em seus procedimentos fakes, para eximir-se de sua irresponsabilidade e sandice crônica.O País, o continente desmorona, pessoas adoecem e a terra - o planeta entra em hecatombe, e assim assistiremos as mortes pelo mundo e de  nossos aborígenes defensores da terra e de nossos tesouros, sendo nossos índios  seus legítimos donos. Para onde vamos?



Bolsonaro acusagir ONGs de queimarem a Amazônia para atingir o governo

Jair Bolsonaro acusou as organizações não-governamentais de estarem por trás das queimadas na Amazônia por terem perdido recursos e estarem querendo atingi-lo. “O crime existe. Isso temos que fazer o possível para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil”, afirmou
Reuters - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que organizações não-governamentais podem estar por trás das queimadas na Amazônia por terem perdido recursos e estarem querendo atingi-lo.
Ele não apresentou evidências das alegações e, indagado se tinha provas do que afirmava, disse que não existem planos escritos nesses casos.
“O crime existe. Isso temos que fazer o possível para que não aumente, mas nós tiramos dinheiro de ONGs, 40% ia para ONGs. Não tem mais. De modo que esse pessoal está sentindo a falta do dinheiro. Então pode, não estou afirmando, ter ação criminosa desses ongueiros para chamar atenção contra minha pessoa, contra o governo do Brasil”, disse o presidente em entrevista ao sair do Palácio da Alvorada.
Em seguida, Bolsonaro afirmou que “tudo indica” que pessoas se preparam para ir à Amazônia filmar e então “tocaram fogo” na floresta.
Questionado se tinha provas ou indícios das acusações que fazia, o presidente afirmou que isso “não tem um plano escrito” e “não é assim que se faz”.
Desde o início deste ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora os focos de queimadas no país, já detectou mais de 72 mil pontos, especialmente nos Estados do Mato Grosso, Pará, Rondônia e Amazonas. O número é 83% maior que no mesmo período de 2018 —um ano atípico por ter sido muito úmido— e o maior dos últimos sete anos. 

HUMBERTO AK"ABAL "Não é que as pedras sejam mudas: apenas guardam silêncio".

HUMBERTO AK "ABAL por http://bit.ly/2HhDf7c



Carta maior faz a matéria abaixo - um poeta com demasiada consciência do hoje e amanhã,
Eduardo Carvalho teve igual sensibilidade na introdução da matéria e as perguntas.

Vale conferir: http://bit.ly/2HhDf7c

As pedras guardam o silêncio





“Neste país pequenino
tudo fica longe:
a comida,
as letras,
a roupa...”


Humberto Ak’abal nasceu em Momostenango, Totonicapán, na Guatemala, em 1952. Filho e neto de xamã de uma comunidade maia de idioma k’iché, herdou da família a espiritualidade, a tradição, o pensamento e a história de seus antepassados. Atualmente é um dos poetas guatemaltecos mais conhecidos na Europa e América Latina. Para que sua obra esteja ao alcance de todos, ele mesmo traduz seus poemas do k’iche’ para o espanhol. 

Em 1995 recebeu o diploma emeritissimum pela Faculdade de Humanidades da Universidade de San Carlos da Guatemala. Recebeu o Prêmio Internacional de Poesia Blaise Cendrars na Suíça em 1997 e o Prêmio Continental “Canto da América” da Unesco em 1998. Seus poemas têm sido publicados em revistas e jornais da Guatemala, América Central, México, Estados Unidos, Venezuela, Brasil, Colômbia, Espanha, França, Áustria, Suíça, Alemanha e Itália. Tem mais de 18 livros publicados no mundo todo, tendo sido traduzidos para inglês, francês, alemão, italiano, japonês, catalão, sueco e agora para o português, em “Tecedor de Palavras”, uma antologia bilíngüe em português e k’iche’, com 72 poemas selecionados por Affonso Romano de Sant’Anna, lançado no Brasil em novembro pela Editora Melhoramentos.

Um bandana rodeando a testa e a cabeleira, camisa colorida e um ar de xamã. Foi desta maneira que o poeta-índio da Guatemala, Humbero Ak’abal, fascinou Affonso Romano de Sant’Anna e outros poetas brasileiros, franceses, alemães etc. durante a Feira de Frankfurt de 2004 ao entoar seus poemas imitando animais, fazendo ruídos sugestivos com a boca e expondo teluricamente seus sentimentos e raízes milenares.

“Para lê-lo temos que mudar nossa perspectiva de recepção. Ele vem de outra tradição. Nada de Mallarmé, Baudelaire e outros ícones que marcaram tantos poetas ocidentais. É até um descanso encontrar um poeta com outra dicção, vindo de outra tradição, da poesia pré-colombiana, que confere seus sentimentos com os elementos da natureza e não da cultura”, afirma Sant’anna.

Rios, pássaros, flores compõem a referência anímica do poeta. Segundo Sant’anna, se alguém dissesse que a simplicidade desses versos lembra os haikais não estaria de todo longe da verdade, pois o Oriente e o Ocidente se encontram em sua simplificada complexidade. “O fato é que Humberto Ak’abal nos reensina a ver as coisas com palavras cotidianas. Às vezes surge um tom irônico e mordaz, mas em geral ressalta a delicadeza que lembra certas pinturas e desenhos primitivos.”

“Cruzei a ponte. Senti sede. Comecei a abrir um buraco com minhas mãos; a medida que tirava terra fui encontrando umidade; logo minhas mãos removeram a lama, até que finalmente me dei com uma nascente de água. O filete pareceu um vermezinho que movia-se entre a terra removida. Deixei descansar. A água turva começou a clarear, a lama foi se assentando no fundo do pequeno poço. Juntei minhas mãos, peguei a água e bebi.” Ak’abal conta que esse sonho marcou sua vida com a poesia, “ou melhor, acordou a poesia em mim. Andar, escavar, esperar. É exatamente o processo que me leva a escrever um poema. Buscar as palavras necessárias. E aquelas palavras desejadas são as mais cotidianas, as de uso comum. “

O silêncio das pedras
Em entrevista exclusiva à Carta Maior, Humberto Ak’Abal fala de sua origem xamânica e da tradição de seu povo, de sua língua, de sua poesia e da penúria em seu país, onde mais de 60% da população é analfabeta.

Carta Maior - O senhor é filho e neto de xamã de uma comunidade maia de idioma k’iché. Como se dá, hoje na Guatemala, a preservação da cultura de seus ancestrais?
Humberto Ak’abal - Depois da chegada dos espanhóis às nossas terras, há mais de 500 anos, começou a imposição de outras culturas através da religião e, obviamente, do idioma. Contudo, uma das forças de resistência tem sido a conservação das nossas línguas e, nelas, de toda uma cosmovisão. Apesar do tempo transcorrido, não conseguiram apagar os calendários da lua e do sol, o Calendário Cerimonial da lua consta de 260 dias e continua vigente ainda hoje em nossas comunidades, como era antes da chegada dos castelhanos; e o calendário solar, de 365 dias, também continua vigente e seu início e fim não coincide com a mesma data do calendário ocidental. Cada um destes calendários está ligado à espiritualidade, ao sacro-mitológico, que é a base das nossas culturas. Mas também é preciso acrescentar às formas de resistência a nossa forma tradicional de alimentação, cuja base central é o milho, e as vestimentas tradicionais, com caráter e brilho próprios. 

CM - Haroldo de Campos, um importante poeta e teórico da poesia no Brasil, diz que o senhor "pratica uma arte poética da contraconquista". O que acha desta afirmação?
HA - Meu saudoso amigo Haroldo de Campos lançou um olhar fundo dentro da minha poesia, porque, todo aquele que ler meu trabalho, ou que o escute da minha própria voz, descobrirá que o que faço é contemplar "os valores" da nossa vida cotidiana, aquilo que não morreu, aquilo que ainda respira sob a avalanche da invasão constante de alienações provenientes das culturas estrangeiras. Ou seja, em um sentido metafórico, Haroldo de Campos tem razão.

CM - Outro poeta brasileiro, Afonso Romano de Sant'anna, diz que a sua obra vem despida da tradição poética européia, e que, por isso, pode conferir seus sentimentos com os elementos da natureza e não da cultura. Tal distanciamento é algo intencional, é um rompimento ou realmente uma ausência de vínculos?
HA - Preciso dividir a minha resposta em três partes: 1 - A partir do momento em que a nossa comunicação é cibernética, isto descarta uma ausência de vínculos com o mundo ocidental, portanto tenho perfeita consciência daquilo que está ao meu redor e da evolução da humanidade. 2 - Não é intencional, porque isso apresentaria meu trabalho como algo forçado e isso seria equivalente a um comportamento hipócrita. 3 - Tenho dito e tenho afirmado que a minha formação, mesmo sendo autodidata, aconteceu de duas maneiras: pelo que mamei diretamente dos meus pais, dos meus avôs, do comportamento natural da minha gente no povoado onde nasci e onde continuo vivendo, do que obtenho com a minha língua originária k'iche' e o que tenho aprendido dos livros, porque a minha formação e meu conhecimento da literatura universal tem sido por meio dos livros. 

Por tudo isso, o caráter da minha poesia é natural, é honesto, apresento minha poesia como vivo e tenho vivido, ela é sustentada pelo que conheço e pelo que minha experiência tem me ensinado. Se esta poesia tem mesmo algum valor é o da sinceridade. Não tenho a pretensão de apresentar uma obra desvinculada do século XXI, e também não pretendo apresentar um trabalho como se eu vivesse em uma ilha.

CM - Como é possível a transcrição da poesia em sua língua paterna, o k'iché, para o espanhol?
HA - De sobra, é sabido que a poesia é uma das artes mais difíceis de traduzir de uma língua para outra e os problemas que são enfrentados com as línguas orientais, ao traduzi-las para as línguas ocidentais e vice-versa, são os mesmos problemas do k'iche' para o espanhol. No meu caso pessoal, devo dizer que o conhecimento que tenho do castelhano me permite jogar com o idioma na hora de autotraduzir-me, acho que sou dois poetas em uma só pessoa, porque faço a modelagem dos meus poemas nas duas línguas, mas essencialmente me preocupo de que o sentido do que digo em maya-k'iche seja mantido na hora de traduzir para o castelhano; não é nada fácil, mas acredito que consigo uma alta percentagem de fidelidade graças ao domínio dos dois idiomas.

CM - Gostaríamos de saber mais sobre seu país em termos de identidade cultural. Há impregnação da indústria cultural americana, ou a Guatemala resiste à dominação cultural?
HA - Não tem sido fácil manter nossas identidades porque, tristemente, na área rural chega primeiro aos nossos povos a televisão do que as escolas, o militarismo chega primeiro que os professores. A exploração e a injustiça, a perseguição dos povos indígenas têm feito com que ocorram êxodos de povos e de aldeias na tentativa de resguardar sua integridade física. Tudo isto, de um jeito ou de outro, tem provocado muito desgaste nos nossos valores. Contudo, apesar da repressão e da imposição de valores externos, ainda nos mantemos de pé, graças às nossas línguas e à força do sangue que nos remete constantemente aos nossos antepassados e a compreender que a única arma que temos contra a discriminação e contra o racismo é o sentimento de que pertencemos à terra e à irmandade que mantemos com a natureza.


LEIA  TODA  MATÉRIA EM:  http://bit.ly/2HhDf7c

terça-feira, 20 de agosto de 2019

AMAZÔNIA EM CHAMAS E BOLSONARO RIR


Wagner Moura no Chile e fala sobre ditadura no Brasil









http://bit.ly/33K8pO7


Chile sedia 15º Festival Internacional de Cinema de Santiago 18 a 25 de agosto-,com participações de vários países Latinos e não latinos.O Brasil estará representado por Wagner Moura com o seu filme "Marighella". O mesmo ator/diretor será homenageado.

"Depois de ver "Marighella" abrir a 15º Festival Internacional de Cinema de Santiago (Sanfic), o ator e diretor Wagner Moura concedeu entrevista coletiva nesta segunda-feira no Chile e disse que no Brasil há uma "guerra de narrativas" sobre a ditadura que governou o país entre 1964 e 1985.
Para o ator, que estreia na direção com "Marighella", há aqueles que querem contar o que ocorreu durante os anos de regime de exceção no Brasil, caso do próprio autor ao contar no filme o caso do escritor, político e guerrilheiro Carlos Marighella, e os que querem negar os fatos ocorridos sob o governo militar, caso do presidente Jair Bolsonaro."-EFE-

....vou começar a me intitular como “Joana das Cabras, a poeta da seca”. ONÇA VERUNSCHK

arquivo da autora M VERUNSCHK in facebook
seguindo seu estilo escrevo no mesmo, ela sempre exata como o sim ou recusa.
abaixo seu post do facebook




em 2003 eu publiquei meu primeiro livro, um livro de poesia chamado Geografia Íntima do Deserto. um livro com uma influência cabralina, é claro, mas com algo para além da influência. este livro, como a maioria aqui sabe, foi finalista de um prêmio importante e teve uma certa projeção nacional a partir daí. as matérias dos jornais da época realçaram esse fato cabralino a partir do belíssimo prefácio que João Alexandre Barbosa escreveu para o livro e isso se tornou como que um carimbo que justificasse a minha inclusão entre os outros nove finalistas do prêmio, grandes nomes como Augusto de Campos, Manoel de Barros, Chico Buarque de Holanda, Décio Pignatari, entre outros. 
era menos a minha poesia e mais Cabral quem ali estava, tenho essa noção. de lá pra cá são 9 livros publicados, livros de ficção entre eles, alguns finalistas de prêmios nacionais, um romance vencedor, mas vira e mexe preciso lidar com assessorias de comunicação de eventos que pararam naquele 2004 em que o Geografia Íntima do Deserto foi finalista. então generalizam: a poeta (quando não “a poetisa”) é influenciada por João Cabral de Melo Neto e usa metáforas que remetem ao deserto, à secura, à escassez. para alguns inclusive continuo sendo professora de História em Arcoverde. 
é muita preguiça, muita falta de orientação de como se pesquisa e muita falta de bom senso mesmo, já que basta pedir uma minibio atualizada. 
desde 2004 que, aproveitando o gancho de uma brincadeira de uma amiga ironizando essa tara sobre as metáforas do deserto, vira e mexe me intitulo “A poeta da seca”. em 2019 com essa fixação por Cabral vou começar a me intitular como “Joana das Cabras, a poeta da seca”.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Incêndios na Amazônia fizeram dia virar noite em São Paulo, diz meteorologista


Não se brinca com a natureza, estamos nos suicidando pouco a pouco, ver quem pode e quer, vejam resultado  dos incêndios na Amazônia por 247  http://bit.ly/2Zjg6rm

Incêndios na Amazônia fizeram dia virar noite em São Paulo, diz meteorologista

Por Marcelos Pinheiro
Paulistanos se depararam na tarde desta segunda-feira, 19, com “o dia virando noite”; fenômeno foi causado por nuvens cumulo nimbus carregadas, associadas a queimadas no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, cuja fumaça o vento trouxe para a capital paulista, diz o metereologista Marcelo Pinheiro
247 - Os moradores da cidade de São Paulo se depararam nesta segunda-feira, 19, com “o dia virando noite”, por volta das 15h30. O fenômeno, que viralizou nas redes sociais, tem relação com as queimadas realizadas nas regiões Centro Oeste e Norte do Brasil. 

Marielle Franco homenageada da Parada Gay no Canadá junto com os tambores de um Maracatu



O Mundo inteiro sabe do caso Marielle Franco.Defende-a mais que o Brasil.O desgoverno impera e somos zombados lá fora.Brasil um barril de pólvora, mas não explode.As pessoas estão anestesiadas.
O judiciário se omite, o executivo mais ainda.Queiroz desaparecido e não se localiza. As impunidades se alastram na saúde, educação, direitos humanos, Amazônia devastada e venda do patrimônio nacional.
Marielle  ficará como uma líder que marcará nossa história dos desmandos de um país sem justiça.
Precisamos fazer a revolução nas ruas, bairros, periferias e todo país.
Vídeos da correspondente  de Palavras dos Brasileiros Charlote Denzel

A absurda censura a Lygia Bojunga Nunes e sua Bolsa Amarela. -Leo Cunha ,flagra facebook







*foto arq do autor-face
Leonardo Antunes Cunha (Bocaiúva (MG),  1966) é um escritortradutor e jornalista brasileiro. Publicou mais de 60 livros infantis e juvenis, cinco livros de crônicas e diversas traduções. É graduado em Jornalismo e Publicidade (PUC-Minas), pós-graduado em Literatura Infantil (PUC-Minas), Mestre em Ciência da Informação e Doutor em Cinema (UFMG), com tese sobre os heróis cômicos nos filmes do cineasta francês Francis Veber. É professor universitário desde 1997, no curso de jornalismo Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH.
Leo Cunha ,autor de renome, faz  depoimento sério no seu facebook.Seu tom é justo e bem apontado.Lygia é dádiva, valeu Leo!

Leiam, confiram:
Daqui a alguns dias, em 26 de agosto, é o aniversário de Lygia Bojunga, e, antecipando a comemoração, queria agradecer a ela o presente dado a gerações de crianças que aprendem e aprenderam a gostar de ler ouvindo ou lendo suas obras. 
Presente a gerações de adolescentes que encontraram e encontram, em sua obra, emoções, questionamentos e reflexões que talvez não esperassem encontrar em um livro lido, muitas vezes, na escola. 
A inúmeros autores, como eu, que se deram conta de que era possível (e estimulante, e irresistível) escrever com tanta liberdade, ousadia, inteligência e coração, criar histórias e personagens tão criativos, autênticos, envolventes, mesmo estando no campo da sempre discriminada literatura infantil.
Sou possivelmente da primeira geração de leitores de Lygia: da primeira obra, Colegas, passando por Angélica, A Casa da Madrinha, Corda Bamba, O Sofá Estampado, meus colegas e eu fomos devorando, entusiasmados, cada livro que a autora publicava, e aguardando o próximo com ansiedade.
Suas personagens nos faziam, ao mesmo tempo, dar gargalhadas e refletir muito! O encontro improvável dos três animais amigos, a cegonha Angélica, que queria desnascer, para não falar mentira, ou Alexandre, saindo pelo mundo procurando a Madrinha, por exemplo.
Certamente, os valores que surgiam das tramas engenhosas e muito divertidas e das soluções pacificadoras são importantes e universais: a amizade, a procura da verdade, a compaixão, a superação das dores – grandes ou pequenas. 
Sobretudo, e em praticamente todas as obras, há, decorrente da narrativa (e sem lições de moral), a valorização da autenticidade, da busca pela identidade individual. 
Talvez isso apareça especialmente em A Bolsa Amarela, cuja protagonista/narradora é Raquel, a menina que procura esconder, na bolsa dada pela tia, seus maiores desejos, que têm a mania de engordar, quando a vida dela lhe nega compreensão. Os maiores desejos – ser menino, ser gente grande e ser escritora – muitas vezes, de tão gordos, ameaçam sair da bolsa – e é um trabalhão contê-los. 
Talvez, também, essa história fosse a maior unanimidade da minha turma: todos , meninas e meninos, se solidarizavam com Raquel, nas suas dificuldades familiares. Na família, frequentemente, levavam a melhor os mais velhos e o irmão... Meu filho André, que leu o livro mais de 30 anos depois de mim, também se encantou pela Raquel.
Por falar em André, o grande amigo de Raquel se chama exatamente André (não vou identificá-lo: vai que alguém ainda não leu o livro...) Contar esses pormenores da narrativa nem de longe apresenta a beleza da história e a busca de Raquel para encontrar seu caminho. 
Imaginar - como um vereador do interior de SP acabou de fazer - que essa história insufla a rebeldia ou a luta dos gêneros é errar por muito: é ter parado nas primeiras páginas da história (que pena!), ou ter feito uma leitura tão rasteira, tão simplista, que só resta convidar o vereador: releia, meu caro! Para o seu próprio bem e o das crianças de sua cidade!
Tive a sorte de, na escola e na família, poder conviver com a arte e com obras literárias - como as da Lygia - que nos convidavam a entender o mundo pela imaginação, pela fantasia (ainda que nem notássemos isso, na época) e mostrar a vida das personagens como um longo caminho a ser percorrido, com muito riso, com muitas emoções, mas também com perdas, e que esse caminho era cheio de atalhos, que as personagens podiam escolher, e que, com sensibilidade e generosidade, o melhor caminho se apresenta para cada um. 
Cada leitor vai se identificar mais com uma personagem ou com outra, mas, no fundo, a gente se solidariza com todas. Enxergar a tal “ideologia de gênero” na obra da Lygia é forçar a barra demais, é (isso sim) ideologizar o livro, é negar o que ele tem de plural, de sutil, de artístico, enfim! Só faltou gritar um patético “Nossa bolsa jamais será amarela!”
Em anos mais recentes, Lygia continuou escrevendo, e até dirigindo-se a leitores maiores, sem nunca perder a qualidade da narrativa, a rica construção das personagens, o gosto pela melhor oralidade. 
Por isso mesmo, a autora tem a obra espalhada pelo mundo, nas mais diversas línguas (inclusive catalão, norueguês, finlandês, sueco, alemão...), publicadas nos países que mais valorizam a literatura para crianças e jovens e mais cuidam da leitura como bem para todos. 
Por isso também, aqui e no exterior, ganhou os prêmios mais importantes da literatura para crianças e jovens, como o Jabuti, o (extinto) INL , o FNLIJ, o Hans Christian Andersen e o Astrid Lindgren. Aqui e lá fora, suas histórias são “radiofonizadas”, viram filme e teatro. Felizmente!
E, enviando um abraço carinhoso à Lygia, pelos seus 87 anos, fico esperando que a lucidez e a leitura mais sadia de educadores e especialistas em arte e literatura deixem sempre em circulação todas as suas obras, sem nenhum tipo de censura, para que novas gerações tenham o direito e a alegria de ler as que escolherem – possivelmente, todas!

PS: Para quem não viu ainda, está aí o link pra reportagem com o caso, no qual o vereador chama A Bolsa Amarela de “lixo ideológico” 😱