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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Merkel diz que a sociedade multicultural falhou na Alemanha 17.10.2010 - 11:43 Por Dulce Furtado

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A chanceler alemã, Angela Merkel, lançou nova acha para a fogueira do debate em curso no país sobre a imigração e islamismo, avaliando que a tentativa de criar uma sociedade multicultural na Alemanha “falhou redondamente”.
Merkel defendeu a importância de aprender alemão para melhor integraçãoMerkel defendeu a importância de aprender alemão para melhor integração (Tobias Schwarz/Reuters)

Num discurso feito perante a juventude partidária dos cristãos-democratas (CDU), Merkel defendeu veementemente na noite de ontem que o conceito de “multikulti” e a vivência harmoniosa “lado a lado” com pessoas oriundas de contextos culturais diferentes não está a funcionar no país, que possui uma vasta comunidade de quase quatro milhões de muçulmanos. E instou os imigrantes a “fazerem mais” para se integrarem na sociedade alemã.

Para a chanceler pouco foi “pedido” aos imigrantes no passado para que se verificasse essa maior integração, reiterando a ideia de que os imigrantes devem aprender alemão de maneira a terem melhores oportunidades de escolaridade e no mercado de trabalho.

O debate sobre a imigração na Alemanha tem estado ao rubro desde que, em Junho, o antigo director do Bundesbank e ex-deputado do Partido Social Democrata Thilo Sarrazin publicou um livro em que acusa os muçulmanos de “baixarem a inteligência” colectiva da sociedade alemã.

Sarrazin foi publicamente criticada pelas mais diferentes facções políticas no país e até afastado das suas funções no banco central, mas a popularidade do livro – mais de 650 mil cópias vendidas – dá conta de como as suas opiniões estão a ser ouvidas.

A sociedade alemã parece estar numa tendência crescente acentuada de xenofobia e anti-islamismo. Um estudo publicado quarta-feira, pela Fundação Friedrich Ebert (com ligações ao Partido Social Democrata, na oposição) revelou que um terço dos alemães defende a repatriação dos imigrantes e mais de metade – 58,4 por cento – manifesta-se favorável a restrições à prática do islão. Uma larga fatia de 55,4 por cento dos inquiridos neste estudo, realizado em Abril passado, disse “compreender que os árabes sejam vistos por algumas pessoas como sendo desagradáveis”.

Merkel tem vindo a tentar não hostilizar nenhum dos lados deste debate, argumentando fortemente a favor da mais profunda integração dos imigrantes na forma de vivência alemã, mas ao mesmo tempo instando os alemães a aceitarem que as mesquitas se tornaram parte da sua paisagem social e cultural.

Dentro da CDU a chanceler enfrenta cada vez maiores pressões para adoptar uma linha política mais dura na imigração, sobretudo nas franjas que não revelam predisposição a se adaptarem à sociedade alemã. E as declarações por ela feitas sábado à noite estão a ser vistas como uma tentativa de apaziguar aqueles que lhe criticam inaptidão para lidar com mão mais forte com os problemas da imigração no país.

sábado, 16 de outubro de 2010

Marilena Chaui 1: Serra é ameaça à democracia e aos direitos sociais




Após discurso político, conta de José de Abreu no Twitter é apagada

Após discurso político, conta de José de Abreu no Twitter é apagada

Poucas horas depois de usar o Twitter para declarar apoio a Dilma Rousseff (PT) e chamar José Serra (PSDB) de “fascista”, a conta do ator José de Abreu foi apagada.

Utilizando a TwitCam, um serviço de vídeo, o ator expôs suas opiniões sobre o quadro eleitoral por cerca de duas horas na noite de sexta-feira. Na manhã desta sábado, quem procurava pela conta de Abreu, @zebigorna, era informado que ela não existe.

O ator não deu explicações, até o momento, sobre o que ocorreu.

Abreu reuniu uma audiência de cerca de 10 mil pessoas durante sua conversa sobre política. Além das críticas a Serra, também chamou o seu candidato a vice, Índio da Costa, de “surfistinha do Rio de Janeiro”.

Defendeu a legalização da maconha, “como o Fernando Henrique”, e criticou “a onda conservadora que tomou de assalto o Brasil”. “Tenho 64 anos, cinco filhos e quatro netos. É incrível ver jovens tão reacionários, atrasados, e devem até fumar um baseadinho, ficar aqui me criticando. Hipocrisia é fogo.”

Diversos internautas perguntaram ao ator durante a transmissão se ele não estava bêbado. Abreu respondeu que estava bebendo uma cerveja apenas.

O ator também foi questionado sobre a Rede Globo. Observou que é funcionário da emissora há mais de 30 anos e que respeita a proibição de não aparecer na televisão fazendo campanha política. “Eu não estou na TV, estou no Twitter”, observou.

Abreu disse que está escalado para trabalhar na próxima novela das 9, “Insensato Coração”, de Gilberto Braga, com estreia prevista para janeiro. “A não ser que vocês liguem pra Globo reclamando que eu sou comunista fdp. Mas a Globo não vai fazer isso.”


MARILENA CHAUÍ E A LIBERDADE DE IMPRENSA

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Marilena Chauí e o 2º Turno das Eleições 2010-ATO PRO DILMA

Un camino espinoso para el futuro del libro


Ya se debate entre la industria tecnológica y la editorial. El Frankfurt Sparks apunta a que la industrias puedan juntarse.

Por Horacio Bilbao - hbilbao@clarin.com - Frankfurt. Enviado Especial

La invención del libro es como la de la rueda o la cuchara, perfecta, no se puede mejorar”. Así, parafraseando a Umberto Eco, Gottfierd Honnefelder –presidente de la Asociación Alemana de Editores y Libreros– arrancó su discurso de apertura en la Feria de Frankfurt. Una feria que desde la señalética y cartelería publicitaria contradice a Eco. Se le opone desde el marketing, con un espacio publicitario enorme dedicado al Frankfurt Sparks, el lugar para pensar el futuro de la industria editorial, que no es el de la cuchara. De esta manera, el mayor encuentro para la compraventa de derechos de autor, hace pie en la producción de contenidos y en el cruce de plataformas y formatos que ya se vive en los medios.

Otro negocio.

Un experimentado editor que lleva casi 40 años viniendo a Frankfurt emparenta este cambio con la llegada de los agentes literarios, con las charlas de catálogo que reemplazaron hace rato a las puramente literarias de los años 70. Los cócteles se vuelven cada vez más aburridos, aunque ahora se puede hablar de chiches nuevos casi todos los días. El omnipresente iPad y su rival de Amazon, el Kindle, tienen sólo en los pasillos de esta feria más de 25 dispositivos que les hacen competencia. De los tamaños y precios que se busque. Un lápiz gigante que lee en audio partituras, textos e imagenes. Una compañía que, por si no fuera suficiente con el cine y la tevé, ahora presenta sus libros en 3D (¡libros que llevan una cámara y una pantalla adosada!) y una batería de ofertas infantiles, como el “ebookincolor”, que una firma taiwanesa ofrece a los chicos amantes de los cuentos. Es para chicos de 3 a 8 años.

Con todo, la iniciativa Sparks habla más del futuro que del presente. Los números son claros. Según Juerguen Boos, el director de la feria, aquí hay 1900 stands, sobre 7000, que tienen algún producto tecnológico. Pero el mercado es muy pequeño. “Esperamos que el año que viene supere el 6 por ciento”, dice Caroline Vogel, quien con su escasamente literario título de project manager tiene la misión de guiar una visita de dos horas a través de los stands con gadgets , dispositivos móviles y compañías de software que se entremezclan con las editoriales en kilómetros y kilómetros de pasillos atestados de gente que viene a hacer negocios y no a comprar libros para leer. Una de las ofertas más recurrentes se relaciona con el iPad. Compañías de todo tipo y tamaño ofrecen a las editoriales aplicaciones, soporte técnico y hasta alojamiento en sus servidores para vender sus productos. Ipublish, una de las grandes, permite tener la cantidad de títulos que uno quiera, en el formato que sea y la plataforma que se elija, por un costo de 5 dólares mensuales por título.

Una alternativa o un socio para los nuevos medios de distribución electrónica, Apple Store, Android Market, Amazon, Barnes & Noble, Adobe, Google Edition...

Miguel Sobek, un desarrollador argentino que presentó en Frankfurt la versión digital del best seller El Gran Libro del Dragón , a la venta en todo el mundo en 5 idiomas a través del App Store de Apple, dice que los editores deben entender que todo cambiará muy rápido. “Los que se esfuercen e inviertan para reinventar el libro, den herramientas novedosas a los autores y usen inteligentemente las nuevas formas sociales de difusión, tendrán un lugar privilegiado”, sostiene Sobek. Y hacia eso apunta el Sparks, a que la industria editorial y la tecnológica puedan juntarse. Pero ese es un camino espinoso para algunos. Y lo dejó claro el titular de los editores alemanes. “Sería un escándalo que todo el saber del mundo quedara en manos de una empresa, que podría abrir y cerrar esa puerta del saber cuando quisiera”, dijo haciendo referencia a Google.

Pero claro, Google también está aquí, con un gran stand en la feria. Y por cierto, sus técnicos y especialistas tienen casi tantas citas como los editores y agentes literarios. Y dicen haber logrado 10 mil socios editoriales fuera de los Estados Unidos. Simon Morrison, al frente de la delegación que vino a Alemania, avisa que pronto saldrá el Google Edition y muestra que ellos están aquí trabajando con editores que se acercan a Google. El tema legal va por otro lado. Es obvio que todo cambia, pero la pelea es por quién llevará la batuta. ¿Las tecnológicas? ¿Las editoriales? Estas últimas ya no niegan el impulso del libro electrónico, pero quieren imponer el ritmo, llevar la batuta. Unos hablan de revolución y otros de ampliación de horizontes. Por suerte nadie ha dicho aquí que las historias se mueren, eso sí sería el Apocalipsis. Tal vez el mercado cambie de actores, pero ese nunca fue un problema para el lector.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O título é Carta Aberta, e traz meu texto seguido do texto de Maria Rita Khel + anexo com os principais feitos do governo Lula, comparados aos de FHC


Caros,

Este é o documento que estou disseminando via Internet. O título é Carta Aberta, e traz meu texto seguido do texto de Maria Rita Khel + anexo com os principais feitos do governo Lula, comparados aos de FHC.

O e-mail que vocês talvez tenham recebido, com o titulo “Desabafo”, foi um equívoco. A hora não está para desabafos. Podemos bem mais do que isso, face a este muro do PIG (Partido da Imprensa Golpista), supostamente intransponível, construído pela alma do pior de nossas elites.

Enviem, se puderem (e quiserem) para suas redes, pois a coisa está pra lá de braba.

Abs,

Suely



São Paulo, 7 de outubro de 2010

Caros,

Vale a pena ler o excelente e corajoso texto que Maria Rita Khel publicou em sua coluna no Estadão na véspera do primeiro turno (segue abaixo). Para os que não sabem, a publicação deste texto lhe valeu sua demissão do jornal. A censura ao exercício do pensamento que representa sua demissão (do tipo velhos métodos, não tão longínquos quanto gostaríamos), teve como objeto o simples fato de uma jornalista (diga-se de passagem, de alta respeitabilidade, também como intelectual e psicanalista) ter ousado expressar uma mínima parcela do que todos nós temos obrigação de pensar, face à situação perigosamente perversa que vem se apresentando nestas eleições.

Não podemos bobear de agora até o segundo turno (pelo menos). Estejamos alertas aos estragos provocados pelo monopólio da informação em nosso país (o tal PIG: partido da imprensa golpista), que expressa os interesses de apenas uma parcela mínima da população, profundamente bichada por uma irresponsabilidade e uma ignorância seculares. Um monopólio que convoca o que temos de mais reativo: a memória colonial e escravocrata inscrita em nossos corpos de classe média e elite brasileiras, amputada de sua dimensão de vida pública, intoxicada de preconceitos de classe e de raça, etc., etc. Sintomas de um narcisismo ancestral, que se aterroriza face à desestabilização de nossos contornos, que a pulsação da alteridade promove necessariamente em nossa subjetividade; um terror do qual temos a ilusão de nos proteger, ao projetá-lo sobre nossos (não tão) outros, co m nojo, ódio e desprezo (mesm o quando, no melhor dos casos, este sentimento se transveste da inofensiva e estéril bondade politicamente correta). São estes microfascismos que estão subindo à superfície midiática sem disfarce, sem o menor pudor e cada vez mais violentamente. O buraco de onde emergem estas forças reativas está bem mais embaixo do que o simples ódio ao PT ou à Dilma. Este é apenas sua atualização mais explícita no momento. E é isto o que nos deixa perplexos e, sobretudo, nos assusta.

Ativemos nosso senso de responsabilidade na construção da realidade (que nada mais é que nossa responsabilidade perante a vida), senso tão debilitado na história que nos constitui. Não podemos responsabilizar um candidato ou um partido pela corrupção que certos “elementos” do mesmo possam ter cometido, senão teríamos que responsabilizar todos aqueles que participam ou participaram do Estado brasileiro, desde a fundação da República (equívoco que funda a triste opinião, bastante comum em nosso país, de que todos os políticos são igualmente corruptos e oportunistas, e que a política não tem outro sentido, senão o de servir os interesses desta corja). É ridículo cairmos neste argumento da mídia, que explora a despolitização doentia de nosso país. Tampouco podemos decidir nosso voto em função de nossa simpatia ou antipatia por este ou aquele candi dato, mas sim em função de n ossa maior ou menor identificação com um projeto político e de nosso desejo de que este projeto se imponha na condução de nosso destino, a cada momento que nos é dada a possibilidade de escolha.

Não estou me referindo a projeto político no sentido de um puro blábláblá retórico e/ou ideológico, mas daquilo que, de fato, se traduz na ação de um partido, impulsionada pelo reconhecimento dos problemas reais de nosso país. Votarei na Dilma baseada naquilo que o governo regido pelo PT sob a presidência de Lula realizou neste 8 anos (segue, em anexo, uma lista mínima destas realizações, comparadas às do governo FHC, que circulou na internet antes do primeiro turno). Sabemos dos grandes avanços conquistados, seja por nossa própria participação direta ou indireta nas diferentes ações levadas nas áreas da educação, saúde, cultura, economia, etc., seja pela participação de amigos ou amigos de amigos (já que não temos quaisquer outros meios de informação). Foram muitas, mas muitas mesmo, as pessoas que vararam noites e mais noites, anos a fio, para fazer mover o mais que pudess em o estado de inércia patológica do pensamento no Brasil pós-ditadura, de modo a abrir espaços inéditos de exercício democrático, na reinvenção permanente de nossas existências individual e coletiva, em função do que a vida nos indica e nos exige, quando nos dispomos verdadeiramente a escutá-la.

Infelizmente, a grande maioria não tem acesso a estas informações, exatamente em razão do poder absoluto do tal PIG no Brasil (aliás, nesse aspecto, nosso país se distingue de quase todo o resto do planeta, a começar por nosso próprio continente). Muitos de nós nos angustiamos com esse monopólio descarado da informação que tem emporcalhado de microfascismos as páginas dos jornais e revistas e a tela das TVs, mas na hora H as forças reativas tendem a vencer em nós mesmos, talvez por nossa incapacidade de lidar com o que nos causa tamanho desconforto com a situação atual, um desconforto que, inclusive, traz à tona a memória do trauma da ditadura, que até hoje não conseguimos sequer começar a elaborar. É patético, por exemplo, deixarmos passar a operação sinistra do pior de nossas elites, via mídia, que transforma a resistência à ditadura em coisa de vagabundos, bandidos e assass inos (o que é mais espantoso ainda, quando esse tipo de argumento é usado para a campanha eleitoral de um candidato que tem um “passado de esquerda” e o reivindica como parte de seu show). Morro de vergonha.

Espero que se multipliquem, cada vez mais, as vozes que ousam manifestar-se contra esta situação, como vem ocorrendo pelo menos via internet, esta zona franca que escapa por todos os lados ao confinamento imposto pelo PIG.

Abs,

Suely Rolnik

xxx

Dois pesos...

02 de outubro de 2010 | 0h 00

Maria Rita Kehl - O Estado de S.Paulo

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.
Se o povão das chamadas classes D e E - os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil - tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por "uma prima" do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Famíli a. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.
Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do g ov erno. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da "esmolinha" é político e revela consciência de classe recém-adquirida.
O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por m e nos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de "acumulação primitiva de democracia".
Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.
Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, p arte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

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Marina morena, Marina voce se pintou... mas faça o favor...


Marina, morena Marina, você se pintou diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o grito da Terra e o grito dos pobres, como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as famiglias que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.

Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. Azul tucano. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a vitória da Marina. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

Marina, você faça tudo, mas faça o favor: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você tanto faz. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele.

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu.
Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.

Marilena Chauí tritura a mídia golpista

REPRODUZO DO BLOG DO MIRO CLIQUEM NO TÍTULO E LEIAM O ORIGINAL



Reproduzo entrevista concedida ao jornalista João Peres, publicada na Rede Brasil Atual:

Em entrevista exclusiva à Rede Brasil Atual, a professora de filosofia da USP aponta setores ruralistas e classe média urbana como focos de anti-Lula. Ela faz reiteradas críticas à ameaça à liberdade de expressão provocada pela concentração dos meios de comunicação.

Marilena Chauí pensa que a velha mídia está nos seus estertores. A filósofa e professora da Universidade de São Paulo (USP) entende que o surgimento da internet, o crescimento das alternativas e as atuais eleições delineiam o fim de um modelo.

A professora, que deixou de escrever e de falar para a velha mídia por não concordar com a postura de vários desses veículos, entende que a imprensa tem papel fundamental para a ausência de debate de temas-chave nas atuais eleições, alimentando questões que favorecem à candidatura de José Serra (PSDB).

Ela considera que não é possível falar de democracia quando se tem o poder da comunicação concentrado em poucas famílias, sem que a sociedade tenha a possibilidade de contestação. Após ato pró-Dilma Rousseff (PT), na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no centro da capital paulista, a filósofa manifestou à Rede Brasil Atual que os ruralistas e a classe média urbana são os setores que alimentam o ódio a Lula.

Marilena Chauí aponta, sempre em meio a muitos gestos e a uma fala enfática, que o presidente jamais será perdoado. O motivo? Combateu a desigualdade no país.

Acompanhe a seguir os principais trechos da entrevista:

O único ponto aparente de consenso entre os institutos de pesquisa é quanto à aprovação do governo Lula. Que grupos estão entre os 4% da população que consideram ruim ou péssimo o desempenho do presidente?

É um mistério para mim. Tudo que tenho ouvido, sobretudo no rádio, em entrevistas sobre os mais diversos temas, vai tudo muito bem. Os setores que eu imaginaria que diriam que o governo ruim não são. Surpreendentemente.

Mas há dois setores que são "pega pra capar". Um é evidentemente a agroindústria, mas é assim desde o primeiro governo Lula. Eles formam esse mundo ruralista que o DEM representa. Não são nem adversários, são inimigos. Inimigos de classe.

O segundo setor é a classe média urbana, que está apavorada com a diminuição da desigualdade social e que apostou todas suas fichas na ideia de ascensão social e de recusa de qualquer possibilidade de cair na classe trabalhadora. Ao ver o contrário, que a classe trabalhadora ascende socialmente e que há uma distribuição efetiva de renda, se apavorou porque perdeu seu próprio diferencial. E seu medo, que era de cair na classe trabalhadora, mudou. Foram invadidos pela classe trabalhadora.

Os trabalhadores têm reconquistado direitos e, com isso, setores do empresariado reclamam que há risco de perda de competitividade pelo mercado brasileiro.

Isso é uma conversa para a campanha eleitoral. É coisa da Folha, do Estadão, do Globo, da Veja, não é para levar a sério. E se você for lá e pedir para provar (que perderia competitividade), vão dizer que não falaram, que foi fruto das circunstâncias. Eles sabem que é uma piada isso que estão dizendo, não tem qualquer consistência.

A senhora passou por uma situação parecida à da psicanalista Maria Rita Kehl, agora dispensada pelo Estadão por ter elogiado o governo Lula...

Não foi parecida porque não fui demitida. Eu disse a eles que me recusava a escrever lá. Tanto no Estado quanto na Folha. Tomei a iniciativa de dizer a eles que não teriam minha colaboração.

Quando li o artigo da Maria Rita Kehl, pensei mesmo que poderia dar algum problema. Como é que o Estadão deixou o artigo sair? Era de se esperar que houvesse uma censura prévia.

Agora, se você tomar o que aconteceu nos últimos oito ou nove anos, vai ver que houve uma peneirada e uma parte das pessoas de esquerda simplesmente desistiu de qualquer relação com a mídia. Outras tiveram relação esporádica em momentos muito pontuais em que era preciso se expressar publicamente.

Houve, em um primeiro momento, um deslocamento das pessoas de esquerda para o Estadão, mas um deslocamento que não tinha como durar porque o jornal não tinha como abrigar esse tipo de pensamento.

Desapareceu para valer qualquer pretensão da mídia até mesmo de se oferecer sob uma perspectiva liberal. E sob uma perspectiva democrática. É formidável que no momento em que dizem que nós, do PT, ameaçamos a liberdade de imprensa, eles demitam a Maria Rita.

O que acho, com o segundo turno das eleições de Lula e as eleições da Dilma, é que há um estilo de mídia que está nos seus estertores. O fato de que haja internet e mídia alternativa que se espalha pelo Brasil inteiro muda completamente o padrão.

Passa-se de jornais que tinham função de noticiar para jornais que têm a função de opinar, o que é um contrassenso. A busca pela notícia faz com que não se vá mais em direção ao jornal, vá se buscar em outros lugares.

Em períodos eleitorais, tem sido recorrente a associação entre mídia e partidos políticos. Qual a implicação disso na tentativa de consolidação da democracia?

Isso é o que atrapalha a democracia do ponto de vista da liberdade do pensamento e de expressão. O que caracteriza uma sociedade democrática é o direito de produzir informação e de receber informação, de modo que possa circular, ser transformada. O que se tem é a ausência da informação, a manipulação da opinião e a mentira.

Acabo de ver em um site a resposta do Marco Aurélio Garcia (um dos coordenadores de campanha de Dilma) à manchete da Folha. Como é que a Folha dá manchete falando que Dilma vai tirar a questão do aborto do programa de governo se essa questão não está no programa? É dito qualquer coisa.

Desapareceu o compromisso mínimo com a verdade, o compromisso mínimo com a informação. É uma coisa de partido, puramente ideológica, perversa, de produção da mentira. Isso me lembra muito um ensaio que Hannah Arendt escreveu na época da Guerra do Vietnã. Ela comentava as mentiras que a TV, o rádio e os jornais apresentavam. Apresentavam a vitória no Vietnã, até o instante em que a mentira encontrou um limite tal nos próprios fatos que a verdade teve que aparecer. Ela chamou isso de crise da República, que é quando tem a mentira no lugar da informação. Ou seja, a desinformação. Isso não serve para a democracia.

O governo Lula teve, internamente, a convivência de polos opostos. Talvez tenha sido o primeiro a ter, por exemplo, Ministério de Desenvolvimento Agrário voltado a agricultura familiar e dialogando com o MST e o Ministério da Agricultura, voltado para o agronegócio. O governo e o presidente se saíram bem na tarefa de fazer opostos conviverem?

Sim. E isso é um talento peculiar que o presidente Lula tem, de ser um negociador nato. Como uma boa parte do trabalho do governo foi feita pela Casa Civil, podemos dizer que Dilma Rousseff tem a capacidade de fazer esse trânsito e essa negociação.

Mas como explicar as reações provocadas?

Duas coisas são muito importantes com relação ao atual governo. A primeira é que o governo Lula jamais será perdoado por ter enfrentado a questão da desigualdade social. Lula enfrentou a partir da própria figura dele. O fato de você ter um presidente operário, que tem o curso primário (Lula tem o ensino médio completo), significou a ruína da ideologia burguesa. Todos os critérios da ideologia burguesa para ocupar este posto (Presidência da República), que é ser da elite financeira, ter formação universitária, falar línguas estrangeiras, ter desempenho de gourmet... Enfim, foi descomposta uma série de atrativos que compõem a figura que a burguesia compôs para ocupar a Presidência. Ponto por ponto.

A burguesia brasileira e a classe média protofascista nunca vão perdoar isso ter acontecido. Imagine como eles se sentem. Houve (Nelson) Mandela, Lula, (Barack) Obama, (Hugo) Chávez. É muita coisa para a cabeça deles. É insuportável. É a sensação de fim de mundo.

Tudo que fosse possível fazer para destruir esse governo foi feito. Por que não caiu? Não caiu porque foi capaz de operar a negociação entre os polos contrários. Isso é uma novidade no caso do Brasil porque, normalmente, opera-se por exclusão. O que o governo fez foi operar por entendimento. E a possibilidade de corrigir uma coisa pela outra.

Agora, há milhares de problemas que o próximo governo vai ter de enfrentar. Não podemos cobrar de nós mesmos que façamos em oito ou em 16 anos o que não foi feito em 500. Mas quando se olha o que já foi feito, leva-se um susto. A redução da desigualdade, a inclusão no campo dos direitos de milhões de pessoas, o Luz para Todos, a casa (Minha Casa, Minha Vida), o Bolsa-Família, a (geração de empregos com) carteira assinada... É uma coisa nunca feita no Brasil.

A sra. faz uma avaliação muito positiva do governo. Por que essas medidas não ocorreram antes?

Alguém tinha de vir das classes trabalhadoras para dizer o que precisa fazer no Brasil. Os governos anteriores sequer levavam em conta que isso existia. O máximo que existia era o incômodo de ver essa gente pela rua, embaixo da ponte, fazendo greve, no ponto de ônibus, caindo pelas tabelas na condução pública. Era uma coisa assim que incomodava - (diziam:) "é meio feio, né? É antiestético". O máximo de reação que a presença de classes populares causava era por serem antiestéticos. É a primeira vez que essa classe foi levada a sério.

Eles vão estrebuchar, vão gritar, vão xingar. Vão pintar a saracura, como diria minha mãe. Mas é isso aí. Deixa pintar a saracura que nós ficamos em pé.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um mosaico cultural em construção


Documentário apresenta debate polifônico entre 100 realizadores da cultura brasileira


05/10/2010


Cristiano Navarro
da Redação




Na maioria das vezes, quem lê, ouve ou assiste não sabe o que está por trás de um produto cultural. Furando o pano dos cenários das artes, o documentário multimídia “Produção Cultural no Brasil” traz por meio de 100 entrevistas o pensamento e as ações de gestores, produtores, diretores, trabalhadores de bastidor e ativistas.

Os depoimentos sobre a cultura brasileira contemporânea têm seis minutos cada e estão sendo colocados em uma plataforma livre na internet:http://www.producaocultural.org.br.

Inezita Barroso from FLi Multimídia on Vimeo.



Publicado a partir de setembro, é possível interagir com o projeto em redes sociais – como Twitter, Orkut e Facebook –, dialogando com seus realizadores. O internauta pode ainda baixar as transcrições, fotos, vídeos e áudios das entrevistas para utilizar como desejar.

Em novembro, quando todos os 100 personagens estiverem incluídos na página, cinco livros serão editados e lançados com os 600 minutos de depoimentos completos. Os exemplares serão distribuídos para as bibliotecas nacionais e universitárias e, ao mesmo tempo, ficará integralmente disponível para download gratuito.

O projeto é realizado pela Casa da Cultura Digital, a Cinemateca Brasileira, a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC) e o Ministério da Cultura. Segundo Rodrigo Savazoni, da Casa de Cultura Digital, a idéia do “Produção Cultural” é ser um guia básico para todos que queiram trabalhar com cultura no Brasil, nas diferentes funções que o setor mobiliza.

Savazoni explica que, na escolha dos participantes, alguns critérios, sem muita rigidez, foram respeitados. “Os aspectos regionais, de ter gente de todos os cantos do país, foi algo que se buscou. Também questões étnico-raciais e de gênero foram respeitadas. Também procuramos trabalhar nomes de diferentes gerações, para produzir um mínimo de contraditório. O projeto é ecumênico. Tem gente que sente falta de um determinado tipo de representação, um ou outro nome importante não topou participar”.

Compondo um panorama diverso, o projeto envolveu figuras independentes, populares e de mercado, que vão de algumas mais conhecidas como o diretor do Teatro Oficina, José Celso Martinez, e o produtor musical, Nelson Motta, até o poeta fundador da Cooperifa, Sérgio Vaz, e o percussionista e dirigente do Maracatu Paiba de Ouro, Manoel Salustiano Filho.

No documentário, os pontos de vista são apresentados de lugares sociais distintos e apontam caminhos diferentes que, inclusive, se chocam. A polifonia e o formato não linear de leitura constroem um mosaico de opiniões sobre o papel do Estado junto à cultura, propriedade intelectual, formas de produção, entre outros temas. “Não existe democracia sem conflito, um aspecto fundamental para o avanço da sociedade. Mas a minha sensação é que estamos vivendo em um país que está aprendendo a conviver com a diversidade de opiniões, que quer dialogar, que quer encontrar soluções para seus desafios, sem reduzir toda e qualquer questão a uma visão maniqueísta”, comenta Savazoni.

Para além do que vai ao ar até novembro, a plataforma multimídia “Produção Cultural Brasileira” é um catálogo de consulta aberto que, por meio da participação do público, pode ser permanentemente construído com novas entrevistas. Ou, como destaca Savazoni, “a principal riqueza desse trabalho é o de apresentar as múltiplas vozes num plano comum, onde todos de alguma maneira nos encontramos”.

A seguir, alguns trechos extraídos dos depoimentos:


André Midani, executivo da indústria fonográfica


“Olha, eu vou te dizer, é muito difícil para falar de política cultural num país como o Brasil. Muitas vezes, eu acho que esse 'debate de política cultural' é uma grande injustiça com as classes menos favorecidas que não precisam de cultura, elas precisam de educação, elas precisam de hospital, elas precisam de coisas que posteriormente permitirão a eles o acesso a cultura.”


José Celso Martinez Corrêa, Diretor do Teatro Oficina


“A gente descobriu a geração de 68, que me fez a cabeça e o corpo – fez tudo, entendeu –, praticamente esta geração de 68, eu acho que foi muito sacrificada. Eu tinha 30 anos, os jovens tinham 20: eles foram massacrados porque eles não podiam mais fazer aquilo que eles tinham todo o talento para fazer.”


Sérgio Vaz, Poeta e fundador da Cooperifa

“Meu, a Cooperifa é um movimento cultural, não é um lugar, é um sentimento, é um lugar em que a gente construiu uma nova auto-estima para o bairro, para a gente. [...] Para nós, a Cooperifa é a nossa Primavera de Praga, é a nossa bossa nova, é a nossa tropicália, é uma coisa que está acontecendo em nossas vidas e é a primeira vez – e todo mundo que faz a coisa pela primeira vez é muito mais intenso.”

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um museu na Espanha está expondo brinquedos e bonecos pouco convencionais criados por artistas revolucionários, como Pablo Picasso e Paul Klee.

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Um museu na Espanha está expondo brinquedos e bonecos pouco convencionais criados por artistas revolucionários, como Pablo Picasso e Paul Klee.

A exposição "Los juguetes de las vanguardias" ("Os brinquedos da vanguarda") – em cartaz no Museu Picasso de Málaga – reúne mais de 200 obras e manuscritos de artistas que buscaram inspiração na arte moderna para criar brinquedos.

Segundo os curadores da exposição, muitos artistas foram influenciados pelas teorias de Sigmund Freud sobre a importância da infância no desenvolvimento psicológico dos indivíduos.

Para mostrar as relações entre arte e educação, os curadores reuniram bonecos, teatros em miniaturas, fantoches, jogos, móveis e livros criados por artistas renomados, como Pablo Picasso, Paul Klee, Joan Miró, Henri Cartier-Bresson, Alexander Rodchenko, Bruno Munari, El Lissitzky e Joaquín Torres-García.

A mostra é separada em duas seções. Uma contém brinquedos do final do século 19 e 20. A segunda mostra jogos criados apenas por artistas de movimentos de vanguarda, como Construtivismo, Funcionalismo e Futurismo.

A exposição estará em cartaz até o final de janeiro de 2011, no Museu Picasso de Málaga, na Espanha.

Chávez desafia a CNN para que entreviste os Cinco

REPRODUZDIO A PARTIR DO BLOG PRAXIS
O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez desafiou o canal de televisão CNN para dar uma demonstração de equanimidade entrevistando a quem eles qualificam de "terroristas", deixando de lado a manipulação imperial.
Eu desejaria ver a CNN entrevistando os Cinco heróis cubanos que eles chamam "terroristas" e que o império ianque os têm presos, disse o chefe de Estado durante um ato onde juramentou a um grupo de mulheres para que sejam defensoras do voto nas eleições parlamentares de 26 de setembro próximo, informou a imprensa presidencial.

Chávez, que na véspera censurou uma entrevista realizada pela jornalista Patricia Janiot — uma das principais apresentadoras da televisora norte-americana — ao terrorista Raúl Díaz Peña, foragido da justiça venezuelana, indicou que a apresentadora lhe solicitou através da rede social Twitter o direito a réplica ao vivo, acrescenta a agência PL.
"Eu desafio você para que entreviste um dos cubanos presos nos Estados Unidos. O assunto não é comigo, senhora Patricia, é com a dignidade de um povo", afirmou.

Embora a justiça venezuelana condenasse Díaz a nove anos de prisão por colocar bombas nas embaixadas da Espanha e Colômbia em 2003, Janiot apresentou o caso como um estudante que buscava refúgio nos EUA.

Original no Granma

domingo, 3 de outubro de 2010

Une presse très remontée contre Lula


POUR CURRIER INTERNATIONAL
DE RIO DE JANEIRO
Dans la dernière ligne droite de la campagne, le torchon brûle entre les grands journaux et le gouvernement. Ce phénomène s’est déjà produit lors de la réélection de Lula, en 2006, lorsque les classes moyennes aisées l’avaient lâché. Quatre grandes familles se partagent le contrôle des principaux médias : les Marinho, propriétaires du quotidien de Rio O Globo et de la toute-puissante Télé Globo ; les Mesquita de O Estado de São Paulo ; les Frias, de Folha de São Paulo ; et les Civita, de la maison d’édition Abril, éditeur du principal hebdomadaire, Veja. Ces grandes familles ne se sont jamais remises de l’élection de Lula, ce président peu instruit, venu d’un Etat pauvre et issu du syndicalisme.

Récemment, ces médias ont déclenché une campagne contre Dilma Rousseff, la candidate de Lula, dans l’espoir d’évincer de la présidence le Parti des travailleurs : on a donc pu lire beaucoup de bilans négatifs des années Lula et force articles sur les affaires de corruption qui ont émaillé les huit ans de gouvernance du PT. Il est vrai que le gouvernement lui-même a fourni des munitions à ses adversaires avec une succession de scandales : le plus célèbre d’entre eux, le “Mensalão”, en 2005, avait coûté son poste au Premier ministre, José Dirceu, alors candidat naturel à la succession.

Dilma Rousseff n’est pas encore élue qu’elle doit faire face à des accusations de trafic d’influence qui, le 16 septembre, ont conduit à la démission son bras droit, Erenice Guerra. La semaine dernière, on a vu dans les rues de São Paulo des manifestations “pour la défense de la démocratie”, mais aussi d’autres “contre les abus de la presse”.

Les relations de Lula avec la presse n’ont jamais été cordiales. En 2004, la présidence avait même menacé d’expulser le correspondant du New York Times, Larry Rohter, qui avait laissé entendre que Lula buvait trop 5 (voir aussi cet article écrit par Larry Rohter). A la veille de l’élection, le président continue de se plaindre de l’attitude hostile des médias à l’égard du PT, ce qui suscite des réactions indignées de ces médias. Beaucoup d’éditorialistes lui reprochent de trop se consacrer à la campagne de sa candidate, au détriment des affaires de l’Etat. La charge des journaux est parfois caricaturale. Ainsi, Folha de São Paulo, en septembre, n’a pas hésité à rendre Dilma Rousseff responsable de la perte de 1 milliard de dollars (voir la une de Folha de São Paulo ci-dessus) pour avoir mis trop de temps à changer une loi sur l’énergie qui avait été votée à la fin du mandat de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). Cependant, l’électorat n’est pas dupe : à la suite de cette affaire, des blagues ont massivement circulé sur Twitter, attribuant à Dilma Rousseff tous les maux de la planète. La presse semble d’ailleurs avoir perdu de son influence d’antan. Le fait que son lectorat se cantonne majoritairement à la région Sud-Est, la plus riche du pays, limite aujourd’hui son rayonnement. La société a désormais accès à l’information à travers des milliers d’ONG et d’associations, sans oublier le rôle essentiel d’Internet. Et les chaînes de télévision gratuites, qui restent de loin la plus importante source d’infos, ont adopté une certaine prudence dans leurs critiques du gouvernement : sans doute pour ne pas s’aliéner leurs publics naturels, composés des plus défavorisés et des classes moyennes inférieures, qui continuent d’aduler un président qui leur ressemble.

sábado, 2 de outubro de 2010

Alguém já conhecia essa? 1970.Vinícius e Toquinho.....

Alguém já conhecia essa? 1970.Vinícius e Toquinho voltam da Itália onde haviam acabado de inaugurar a parceria com o disco “A Arca de Noé”, fruto de um velho livro que o poetinha fizera para seu filho Pedro, quando este ainda era menino. Encontram o Brasil em pleno “milagre econômico”. A censura em alta, a Bossa em baixa. Opositores ao regime pagando com a liberdade e a vida o preço de seus ideais.
O poeta é visto como comunista pela cegueira militar e ultrapassado pela intelectualidade militante, que pejorativa e injustamente classifica sua música de easy music. No teatro Castro Alves, em Salvador, é apresentada ao Brasil a nova parceria. Vinícius está casado com a atriz baiana Gesse Gessy, uma das maiores paixões de sua vida, que o aproximaria do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Gantois.
Sentindo a angústia do companheiro, Gesse o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que significa “o pêlo do cu da mãe”. O mote anal e seu sentimento em relação aos homens de verde oliva inspiram o poeta.
Com Toquinho, Vinícius compõe a canção para apresentá-la no Teatro Castro Alves. Era a oportunidade de xingar os militares sem que eles compreendessem a ofensa. E o poeta ainda se divertia com tudo isso:
- “Te garanto que na Escola Superior de Guerra não tem um milico que saiba falar nagô”.

Fonte: Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

Tonga da Mironga do Cabuletê
Toquinho e Vinicius de Moraes

Eu caio de bossa eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa xingando em nagô
Você que ouve e não fala / Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala / Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
Você que lê e não sabe / Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe / Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Você que fuma e não traga / E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga / Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê