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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Sou corintiano, católico, brasileiro e, sobretudo, presidente do País. Como poderia não ser otimista? Luiz Inácio Lula da Silva

......Sou corintiano, católico, brasileiro e, sobretudo, presidente do País. Como poderia não ser otimista?
Luiz Inácio Lula da Silva

A Bola  gira, e gira,rola, e não faz gol, e faz, a pelota, gira os pés deslocam, e vai vai  vai  ao gozo, dos brasileiros , dos latinos e do mundo. O circo é armado e o futebol faz politica, economia, medicina, direito comunicação e delírio
Futebol, sempre religião esperança. sempre como falaram N.Rodrigues, e C. Drummond
Dizia Nelson:
“Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos...
Já Drummond disse:
Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia, futebol se joga na rua, futebol se joga na alma"
O futebol é canção que chuta corações do Brasil,   nos intermunicipais interestaduais ,Libertadores, Mundiais ou A copa.
A copa é o bicho, é a vez do Brasil, dos, casebres, desempregados, capitalistas, analfabetos, mas todos juntos vamos pra frente ..Brasil, estádios se proliferam , cidades mudam,  canteiros em quase  todas as  capitais. Sai ministro entra ministro, sai presidente de CBF, prefeito e o Itaquerão ,majestade que  dá status a bairro,  a  prefeito e time  de São Paulo.
A bola não escapa, e vem e vai e vem e chuta, meio de campo,  sai Pele, Maradona , entra Messi, Neymar e o peixe está vivo .
Ele é nossa  marca e nosso fetiche, nossa violência, nossa intolerância, mas é a grande histeria masculina /feminina deste pais.

2013.

AS AVARIAS por Paulo Caja

Goollllllll do Brasiiiiilllllzilllllllll

Sete para Brasil  2  para a Alemanha...
Entra em campo o Psicanalista de Felipão, o cumprimenta, felicita-o e sai discreto.
Eu vou falar com ele, mas logo ao chegar perto ele me diz...desejo é desejo e me dá uma garrafa de vinho branco e eu caio...e...



Acordo ainda encharcado de bebida, sonho e sonhos, baba e ressaca, caio ao lado da cama mas logo levanto, tomo banho, lavo-me com nojo, mas a espuma dilui quase tudo... e vou à padaria, lavar o estômago também, felizmente nunca tive dores causadas por ele.Ainda bem. Desço...

Desço pelo elevador, cumprimento Elias e, em seguida, vou saindo, quando ele me chama e diz:
"E a bandeira?"
"O quê?"
"A bandeira de ontem!"
"De ontem, como assim?"
"Uai, a que o senhor veio enrolado nela e que tava e tá toda rasgada..."
De repente, meu software faz o devido protocolo digital e atento para o fato:
"Ah tá, Elias, pego na volta...falou."

Foda! esqueci o celular não volto, só assim esqueço os Faces, WhatsApp, o merda do Viber, google plus e a caceta, Anita, Angela, Fernando e toda turma do trabalho, do bar e da...

Caminho caidaço como um irritado com a vida, incomoda-me o cheiro da rua, as bancas de revistas, a avenida que se diz paulista, a azia dos bancos, o fedô dos carros... o resto dos bares,  o coma dos postes, o engano do café... a desconfiança de ser.
Não me interessa Maracanã, Arena Pernambuco, Holanda, Argentina, Alemanha, nem Paris, Tóquio, Itaquera e o Braz!  Muito menos...

Quero esquecer, mas não posso, foram sete, sete pedradas, sete avarias, de ontem, do jogo, e agora seu Elias me relembra, porra. Deixo pra lá...chego na padaria, cumprimento Lúcia, que vai logo dizendo "E aí, Melhorou das pedradas?". Rio, um riso chocho e peço o de sempre, uma média. Pedro me cumprimenta com o tradicional "Como vai corintiano!" e rio enviesado.Ele me entrega o café e o pão na chapa, tomo o  primeiro gole e logo vejo o adesivo da bandeira do Brasil, na xícara, tomo susto!

Entram Guto e a mulher, Silas e seu amigo Tito e logo me perguntam "E aí santista, melhorou?" Rio, com cheiro de garras de gato bravo, saio da padaria e vou pra rua comemorar o esquecimento, porra, afinal, é feriado nessa cidade de bandeirantes fajutos...Revolução Constitucionalista do além de 1932.

A rua tá lívida, não há um pedaço  de gato, e, olha, são 10 horas da manhã, a cidade está com cara de fuinha, ando solto e tento respirar uma paulista despoluída, como se possível fosse.Insisto e caminho, indo sentido bairro do Paraíso, como se lá de fato fosse o tal prometido.

Caminho com passos de bicho velho, arqueando quase como as pessoas que trafegam parecem estar. Finjo, finjo de mim de todo contexto e pergunto-me o que está ocorrendo! que drama é este que tenta me tomar e tomar a muitos, acho que está havendo dramática demasiada.

Meu fôlego é baixo, renitente, ontem 7 pedradas fizeram avarias no meu corpo, foi cigarro, fumo, cerveja ,pinga, fritas, gols e o caralho. Continuo a caminhar, duas senhoras passam por mim e ouço-as comentar "foi vergonhoso, nem deus perdoa isso, que dirá nós, pobres mortais". Fujo, fujo reto, não quero  isso, nem ver, nem ouvir nada sobre as 7 avarias, chega...o ônibus me espreita na esquina e quase bato de frente, atravesso a rua e caio. Caio feio em cima de dois chapéus rasgados com emblemas da bandeira nacional levanto, chuto os chapéus para o largo da calçada e entro no Bar do Açaí. Melhor assim, e logo na entrada vejo bandeiras do Brasil que caem como unhas do teto, mas o que isso, tá virando pesadelo...que que isso, sô!

Peço uma água à garçonete e volto-me de costas ao balcão... sinto um frio e cólica na barriga, preciso ir urgente ao sanitário... tem que ser já ...dirijo-me ao lugar certo e lá despejo as avarias, o desconsolo, a merda, a cagada do futebol, da copa, da culpa da inconsciência, da negligência e da estupidez de sermos fanáticos e neuróticos, mentirosos patriotas.

Mijo, em seguida, em cima da água podre da cidade, que esquece da crise paulistana e que ninguém entrou em nóia, e não sente avarias, mas a porra dessa copa me detona mais que a dengue que assola essa cidade, mais que a poluição que nos entope de rinite, mais que a porra do metrô, carai...tá fodão, vou pra casa me enrolar nos meus panos e esquecer... esquecer o quê mesmo? O QUÊ...?

Ponho os óculos escuros e escondo-me de mim, da neurose que contamina meu povo e a mim.
Dois senhores de seus setenta anos entram, pedem água de côco, e comentam a carestia, o preço do côco, a falta d'água e o desejo de sair do país se ainda tivessem tempo, eles riem, muito tem ululam conversa aprumada e os invejo, enquanto isso dois mano chegam berrando e pedem uma cerveja, o atendente explica que a lanchonete não trabalha com bebidas industrializadas nem com álcool, eles gritam berram e culpam a Fifa.
Saio, já me sentindo melhor da ressaca e de bem com o mundo.
Chego em casa, seu Elias não está mais na portaria, já saiu, graças a deus! Subo à jato com uma leve desconfiança de que vou ter a inauguração de dores de estômago... ai, ai, ai! eu quero minha mãe... porra, que dor!
Entro, tomo dois grandes copos de água, e me vem à cabeça: Davi, Thiago e  Neymar, grito, urro e me mando tomar no cu, caralho que é isso...
Abro o quarto, fico na janela e olho a cidade. No alto vejo a Cantareira. Epa, pera! Desliga, pula! Mas em seguida me aparece  o  grafite do muro ao lado do prédio e me chama atenção: "nem a VW não faz um gol ...". Não, não, eu não acredito! O iPhone está tomado, derretido de mensagens, tilintam uma a uma, tento olhar, não creio...é tudo o jogo de ontem!
Não posso e não devo ligar a tv...não, não, não, entendeu? Pra ser feliz, melhor não, mas pode-se ser feliz...com Felipão, FIFA e Aécio, o preço da gasolina, o medo de ficar desempregado e Hulk ganhando fortuna, mesmo com a bunda que lhe impede de correr...Não, não...
E agora...deito feito menino e não choro, apenas encolho-me, arrepolhando-me.

Amanhã será quinta e tudo volta...melhor tomar o leite derramado quente e tentar fechar os olhos, pegar o pano e esquecer. Afinal, Putin vai explorar petróleo em Cuba, e vai começar uma nova copa, a eleitoral... Não, não, não ...

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Morre Donizete Galvão,poeta mineiro. 1955-2014- ..Ao cavaleiro desencarnado, com sua égua de gás hélio, recomendo ouro, prata e chumbo Recomendações..D.Galvão
Donizete era um homem de uma lupa para com a palavra, tinha seus ângulos para com a vida que fazia entortar a palavra e assim o verso. Um grande poeta de estirpe rara. Nasceu Borda da Mata (MG), 1955, foi cedo leitor da poesia , como dos poetas mineiros, como Carlos Drummond de Andrade Henriqueta Murilo Mendes entre outros tantos que ele costumava debulhar em conversas. Veio para São Paulo em 1975, Concluiu jornalismo, trabalhou como redator de publicidade na Editora Abril.. A poesia surge em sua vida pelo ofício de ver e sentir e logo em 1988, aos trinta e três anos, publica seu primeiro livro :Azul Navalha,prêmio Apca, e indicado para o Jabuti.Depois disso volta a ser indicado ao mesmo prêmio jabuti em 1997 com A carne e o Tempo.Participou de Antologias Brasileiras e Internacionais como Anthologie de La Poésie Brésilienne (Editions Chandeigne).1998. Publicou também dois livros infantis ("Mania de bicho" e "O sapo apaixonado"), além de "As faces do rio" (1991) Deixa uma dezena de livros, afora escrituras prontas. Sergio Castro Pinto,simbolo da poesia paraibana,falou a Brasileiros e dissse-“morre Donizete, mas sua poesia persiste, seu eu lírico é avantajado e continua dando voz as coisas inanimadas. Nos falou também o poeta Franscisco de Assis Lima,Cearense, radicado em Sao Paulo…há um vácuo na poesia soprada sobre as coisas, vai Donizete,mas fica teu recado de assoprador de versos. E em flash faz o poema inédito para Galvão…"Morte que te quero morta/vida que te quero viva, bem viva, no meu portal,pois, se a morte é uma só/o morto é cada qual".Assis Lima

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

INDICADORES SOCIAIS E REALIDADE ..por Selma Vasconcelos..aqui reproduzido

Os indicadores relativos à qualidade de vida da população do Maranhão, referidos pela governadora Roseana Sarney em recente artigo, publicado na Folha de São Paulo, são de fazer inveja a qualquer dos estados do Norte e |Nordeste. Não condizem com a situação socio-economica conhecida para a maioria da população daquele estado.O PIB do Maranhão é o 16º do ranking nacional havendo crescido 10.3% em 2011 eqto a média para o país foi de 2.7%. È ou não invejável esta situação? Outro indice que causa surpresa é a renda per capita referida pela governadora como sendo de R$ 7.852.71. O que se pode concluir deste ultimo dado é que a disparidade entre pobres e ricos é de tal ordem que estes ultimos alavancam muito para cima a renda distribuida para toda população. Saindo pelo ladrão a situação de penuria, e desumanidade geradora da violencia dentro dos presídios daaquele estado não há como tentar tapar o sol com a peneira ....
Um novo Mário de Andrade da cultura Brasileira – Agenor Vasconcelos Neto Lançamento Nacional – A Música das Cachoeiras Paulo Vasconcelos Morgana Dantas - Manaus- AM Em São Francisco, comunidade da Venezuela Agenor Vasconcelos Neto, apesar de ser um filósofo, UFAM, mestre na mesma área, trabalha com a cabeça de um antropólogo. Deixou Recife, cedo, foi para Roraima, de lá para o Amazonas, onde discutiu em seu mestrado a ritualística do Índio do Amazonas, tema de relevância Nacional. Mas isto não bastou, músico de qualidade, cria banda com outros mais - Alaíde Negão - conhecida no Norte do país, mas com apresentações em São Paulo e submete seu projeto A música das Cachoeiras ao Edital Nacional do Natura Musical. A proposta decorre de suas reflexões acerca da expedição do antropólogo alemão Koch-Grünberg nos anos de 1903 a 1913, nas comunidades do Alto Rio Negro e do Monte Roraima. A partir daí o jovem pesquisador, já comparado ao novo Mário de Andrade, na imprensa carioca, quando esteve lá, vai a campo e inicia sua pesquisa e coleta. O livro-CD, resultado deste resgate de campo, tem 3 horas e 40 minutos de música, entre as 79 faixas. Com isto, é possivel sentir um pouco a viagem através de fotos e depoimentos, músicas coletadas, nas 35 páginas da obra. Mas isto é apenas o primeiro pulo e extroversão de parte de todo material, diz Vasconcelos a Revista Brasileiros. “Apenas mil cópias estão à venda. O restante será distribuído em bibliotecas, escolas públicas e entre comunidades que participaram… Haverá um website, cujo endereço será divulgado em breve, em que se disponibilizará todo o conteúdo do projeto para download gratuito, ocasião do lançamento oficial no dia 6 de dezembro, na Estação Cultural Arte – Manaus - AM. Perguntado, ainda, pela Brasileiros se considerava-se um novo Mário de Andrade, diz ele “… que é isso!!!! (e ri) não gosto de comparacões, Mário foi um grande pesquisador da cultura do nosso Norte e Nordeste e até do estado de São Paulo, mas não tenho interesse literário, como ele teve, destacadamente na sua obra geral , agora as Incursões Iconográficas de Mário foi um projeto político, da Secretaria de Cultura de São Paulo, inicialmente, numa dimensão muito maior que a nossa ,na Música das Cachoeiras. Essa história de novo Mário, até agradeço a comparação, mas não aceito, uma coisa é uma coisa, eu sou outra, outro momento da história do Brasil e de nossa região Norte, o que temos de comum, (diz Agenor rindo) é o gosto e peso valor da cultura nacional”

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A consciência Negra de Selma Vasconcelos e o grito de Zumbi !!!!!!!

A Barriga acolhia De Zumbi a fortaleza Duas mil braças craveiras A cada uma torneiras Por estrepes protegidas. Por um extremo- paulistas (Domingos Jorge Velho) por outro, pernambucano (Bernardo Vierira de Melo) encurralaram Palmares ... A morte em troca ao libambo! Gritou o rei do Macaco Muda com silêncio Irmã escura da noite Desaba a nação palmarina Para a liberdade do abismo...( Massacre in Zumbi dos Palamares)
Nas comemorações do dia Consciência Negra, incrível- nao feriado em Pernambuco,a ecritora premiada nacionalmente Selma Vasconcelos, paraibana radicada em Recife, poeta de bengala forte,com inúmeras obras-ensaios,crônicas poesias, faz leitura poética em sua casa do seu livro Zumbi dos Palmares reunindo amigos: intelectuais brasileiros e africanos .Seu livro vai para terceira edicão com prêmios varios. Sempre inquieta e na caça das pegadas da rebeldía, como é a própria escritora, sai em defesa das minorias. Aparece então o seu terceiro livro cujo foco é resistência negra Zumbi dos Palmares que dá título à obra.

Selma sai ao mato aos quilombolas, aposta na sua negritude ascendente e com suor e folego pesquisa sobre o Quilombo de Palmares, o livro– é inédito enquanto poesia fazendo história, diz ela, de modo forte é a "história transfigurada em poesia".
 Na suas narrativas Selma perpassa outros gêneros, trabalha com grandes nomes da poética nacional e de Pernambuco João Cabral de Melo Neto, Nos últimos oito anos, foi obsesiva na pesquisa sobre o homem" João Cabral de Melo Neto, diz a poeta"movida pelo sentimento de que devo resgatar para Pernambuco a memória do poeta que fez desta terra a referencia de toda sua obra , considerada uma das mais importantes da literatura mundial.



domingo, 11 de agosto de 2013

MARILENA CHAUÍ ...A LUCIDEZ PERMANENTE. in Entrevista – Cult 133

Trabalhei com a filósofa, e professora Marilena de Souza Chauí, na gestão de Luiza Erundina, então secretária da Cultura, eu no Centro Cultural São Paulo,onde tive oportunidade de conhecê-la mais de perto, como administradora .Pulso forte e determinada ás vezes entendida como carrasca, rss, mas sua administração teve seus brilhos diante de um emaranhado burocrático e de forças políticas. Como professora fui testemunha de sua aura eloquente, presente em alguns dos seus cursos, professora brilhante, de didática exemplar. Contestada por uns como fisiológica,dentro de algumas raias, divisões do PT, o que não aceito. Algum tempo ausente da Mídia, por dissensões, ou por oportunismo da própria mídia em cravar entendimentos sobre ela, que não corresponde a realidade, ela volta, aos poucos a falar. Marilena, tem uma clareza política, que a ilumina como um cérebro que vinga a Filosofia brasileira, e a faz uma mulher lúcida e de amplitude do pensamento nas esferas da política, e mostra-nos o terror da mídia, frente a uma sociedade que ainda vaga dispersa de compreensão de si e do todo. Mostra-nos a filósofa, o político e sua dimensões várias, na articulação do poder e na suas estâncias de articulação do sujeito e do estado. Não presa a docência, ela pula os muros diversos para opinar dizer, contestar,os fatos políticos sociais, e mesmo a apontar as contradições dentro da Academia a que pertence, como extensão do poder do estado, na linha do saber e tratamento das formulações de políticas públicas educacionais. Na última Cult de Agosto, Marilena mais uma vez faz um arresto dos últimos acontecimentos - Manifestações pelo país e destrinça a seu modo,o que acho vibrante,tais fatos, apontando as relações do povo, classe média, de quem é crítica ferrenha, e aponta o aproveitamento da política, nos diversos partidos face a essa classe em ascensão. Revela a fotografia do Neoiberalismo em nosso país, e a fragilidade de compreensão da política institucional por essa fala que está nas ruas, revelando a classe média que não compreende tais fatos e a cumplicidade do poder. . Fala da organização das manifestações, dissecando sua estruturas possíveis, a que se dar amostra, e revela a não compreensão do poder por tais gritos e como os trata. Destaca a baboseira do referedum e elege o plebiscito como medida democrática e como instrumento da mesma. Vale a pena conferir e pensar.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O Carnaval sem Cajú

Diferente de muitas Capitais Aracaju é paraíso aos avessos a folia.É cianinha de vestidos antigos, nao amarelados pelo polimento do areial e seus intestinos brancos que os oma. Sua terra, seu mar já são folias, seu povo bebe na cachaça do mar, do ar, e na brejeirice de maior qualidade cosmopolita que ela ostenta, esquecida da grande mídia.Não importa,melhor sua cama limpa de lençóis avantajados A cidade é um trançado de rios, mares, lagoas, e coqueiros e caranguejos. Seu planejamento litorâneo é faca amolada de cegar as vistas, que se mistura entre areial e mar. A fala é de uma brasilidade estupenda, misturado ao nordeste todo, mesmo com o um encontro desmarcado com Salvador, que tenta ostentar um imperialismo econômico e cultural, mas Sergipe resiste em fôlego de cajus,de águas marinhas de cocos e de seu petróleo que explode. Seus rios fazem maternidades para a fauna marinha e fluvial, é de uma tessitura de crochê requintado e luxo da natureza. Lá é terra de rei, rainhas e súditos e o mar os acoberta com pedras salinas encrostadas sobre as túnicas. As lagostas , pargos, dourados, pitus são como vegetais em fôlego de algodoais, que estancam ainda com rendas de velhas e novas mulheres que as tecem. Seus cajus dão perfume que as grandes perfumarias do mundo invejam, e o sol não traga apenas acaricia Difícil não amar Aracaju E concluo com um fragmento de um poeta da terra Mário Jorge CUIDADO SILÊNCIOS SOLTOS. ....de que estranhos esgotos vem a lama onde habitam tão belos caranguejos? de que tamanhos sóis nasce essa luz que ofusca os olhos de minh´alma? ah! se eu soubesse diria e esperava o eco e saberia o silêncio que dorme nas palavras..(.http://bit.ly/X7ObHa)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Rubem Braga..A Crônica, o tempo e o pó

O tempo é como pó, voa expande-se transforma-se, metamorfoseia-se e vira um material sem nome e agrega-se a outro.Assim é a Crônica, um tempo , um passo, um flagrante, uma foto sem a deliquência da imagem.Ela é palavra, sim pintada de um tempo, pegando as faíscas do pó, do tal tempo e deste modo ela tenta dizer no pintado da letra, da frase,das metáforas etc. O cronista é um desses bruxos de lentes,por vezes quebradas, outras vezes limpas, limpíssimas, um poeta égua, que relincha, cheira, catuca e assim vai encerando com as letras o tempo deste pó que nos recobre. Filósofo, letrista, cantor, uivador, fotógrafo sem lentes , so com a caixa vazia de um lambe lambe,mas que tenta no seu galope ver, sentir o cheiro de pedras, a dureza da água, ou o teto do céu.Louco, sim louco por querer dizer as vezes o que não se pode dizer, desta feita é um cantor mudo, mas balbucia, num carinho, ou numa sacanagem, numa putaria ,mas com as elegancias das putas santas, como Madalena, Ophelia,Maria, ou José, Antonio.Todos somos um pouco de cronistas e putos por inventarmos a carne da palavra e o prazer de dizer e engolir entornar o tempo nas letras,no teto do texto, ou no seu chão e paredes e claro, sob e sobre seus pos. Para sentir o cheiro de um cronista, como diz a fala do meu povo-APENSEI-com o pensar- num homem por nome RUBEM BRAGA, um louco de juízo acertado pelos ponteiros do olho. Vejam só: . . . .
Despedida
E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perda da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor para os amantes pensar que a última vez que se encontraram se amaram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação. Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito. E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho? Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo. ..................................................................................... Diria,pois que o cronista alonga o tempo redizendo-o para desperdir-se de um instante que não tem círculo é só pó e letra.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Em RECIFE

A cidade caminha com os homens, como as pedras com o vento, como o sistema de planetas. Recife, como dizia meu amigo Orlei Mesquita,pernambucano, é uma mulher , sempre molhada, rasa e viva. A cidade e seu tempo toma nervos mais densos, o que nao sei se é bom, e é um centro cosmopolita. Os recifenses tomam hábitos novos de megalopóle e uma nova poesia lhe envolve e fica surda, como o tempo que não escuta tudo.Os ventos usam novas próteses e já nao canta como dantes.A cidade é uma mulher de dentes afiados, como a mulher de Placidus.Recife, tem novas violas e seu tônus é elétrico. Não se escuta os trens e bondes, nem ondas rasas do Capirabibe.Suas praças não mais se sentam, nem tem cheiros de águas, nem de doce do homem do algodão doce.Tem cheiro de azedo de restos de Macdonaldes,podre como os que criaram, e gosma de Colas derramadas. A cidade continua esguia carregando sua história no bolso, calada quieta e assim indo entra ela em mais um ano. Recife continua com seus arrecifes gastos pelo empurra-empurra das águas de pedra liquída,mas que liquida seus ares de praias e assim sendo, ela gasta seus dentes dizimando suas areias- engolidas pelas águas, mas há ainda esperança mesmo num ano, que diz como tal, nessa contagem quase inútil dos ponteiros. O que importa é ela é viva como os mortos calados, colados,mas amalgamado em pátios que se diz progresso, mas não como sua rua do mesmo nome. Persistem as bruxas- musas como Luzilás-linda, e os sopros poéticos de Cabral,Bandeira,Maria do Carmo.B Campelo,Lourdes Horta, Angelos, etc...Recife ainda respira forte para novo aporte de um novo calendário amassado em sua política .

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

POESIA Mensagem a Rubem Braga

Os doces montes cônicos de feno (Decassílabo solto num postal de Rubem Braga, da Itália.) A meu amigo Rubem Braga Digam que vou, que vamos bem: só não tenho é coragem de escrever Mas digam-lhe. Digam-lhe que é Natal, que os sinos Estão batendo, e estamos no Cavalão: o Menino vai nascer Entre as lágrimas do tempo. Digam-lhe que os tempos estão duros Falta água, falta carne, falta às vezes o ar: há uma angústia Mas fora isso vai-se vivendo. Digam-lhe que é verão no Rio E apesar de hoje estar chovendo, amanhã certamente o céu se abrirá de azul Sobre as meninas de maiô. Digam-lhe que Cachoeiro continua no mapa E há meninas de maiô, altas e baixas, louras e morochas E mesmo negras, muito engraçadinhas. Digam-lhe, entretanto Que a falta de dignidade é considerável, e as perspectivas pobres Mas sempre há algumas, poucas. Tirante isso, vai tudo bem No Vermelhinho. Digam-lhe que a menina da Caixa Continua impassível, mas Caloca acha que ela está melhorando Digam-lhe que o Ceschiatti continua tomando chope, e eu também Malgrado uma avitaminose B e o fígado ligeiramente inchado. Digam-lhe que o tédio às vezes é mortal; respira-se com a mais extrema Dificuldade; bate-se, e ninguém responde. Sem embargo Digam-lhe que as mulheres continuam passando no alto de seus saltos, e a moda das saias curtas E das mangas japonesas dão-lhes um novo interesse: ficam muito provocantes. O diabo é de manhã, quando se sai para o trabalho, dá uma tristeza, a rotina: para a tarde melhora. Oh, digam a ele, digam a ele, a meu amigo Rubem Braga Correspondente de guerra, 250 FEB, atualmente em algum lugar da Itália Que ainda há auroras apesar de tudo, e o esporro das cigarras Na claridade matinal. Digam-lhe que o mar no Leblon Porquanto se encontre eventualmente cocô boiando, devido aos despejos Continua a lavar todos os males. Digam-lhe, aliás Que há cocô boiando por aí tudo, mas que em não havendo marola A gente se agüenta. Digam-lhe que escrevi uma carta terna Contra os escritores mineiros: ele ia gostar. Digam-lhe Que outro dia vi Elza-Simpatia-é-quase-Amor. Foi para os Estados Unidos E riu muito de eu lhe dizer que ela ia fazer falta à paisagem carioca Seu riso me deu vontade de beber: a tarde Ficou tensa e luminosa. Digam-lhe que outro dia, na Rua Larga Vi um menino em coma de fome (coma de fome soa esquisito, parece Que havendo coma não devia haver fome: mas havia). Mas em compensação estive depois com o Aníbal Que embora não dê para alimentar ninguém, é um amigo. Digam-lhe que o Carlos Drummond tem escrito ótimos poemas, mas eu larguei o Suplemento. Digam-lhe que está com cara de que vai haver muita miséria-de-fim-de-ano Há, de um modo geral, uma acentuada tendência para se beber e uma ânsia Nas pessoas de se estrafegarem. Digam-lhe que o Compadre está na insulina Mas que a Comadre está linda. Digam-lhe que de quando em vez o Miranda passa E ri com ar de astúcia. Digam-lhe, oh, não se esqueçam de dizer A meu amigo Rubem Braga, que comi camarões no Antero Ovas na Cabaça e vatapá na Furna, e que tomei plenty coquinho Digam-lhe também que o Werneck prossegue enamorado, está no tempo De caju e abacaxi, e nas ruas Já se perfumam os jasmineiros. Digam-lhe que têm havido Poucos crimes passionais em proporção ao grande número de paixões À solta. Digam-lhe especialmente Do azul da tarde carioca, recortado Entre o Ministério da Educação e a ABI. Não creio que haja igual Mesmo em Capri. Digam-lhe porém que muito o invejamos Tati e eu, e as saudades são grandes, e eu seria muito feliz De poder estar um pouco a seu lado, fardado de segundo-sargento. Oh Digam a meu amigo Rubem Braga Que às vezes me sinto calhorda mas reajo, tenho tido meus maus momentos Mas reajo. Digam-lhe que continuo aquele modesto lutador Porém batata. Que estou perfeitamente esclarecido E é bem capaz de nos revermos na Europa. Digam-lhe, discretamente, Que isso seria uma alegria boa demais: que se ele Não mandar buscar Zorinha e Roberto antes, que certamente Os levaremos conosco, que quero muito Vê-lo em Paris, em Roma, em Bucareste. Digam, oh digam A meu amigo Rubem Braga que é pena estar chovendo aqui Neste dia tão cheio de memórias. Mas Que beberemos à sua saúde, e ele há de estar entre nós O bravo Capitão Braga, seguramente o maior cronista do Brasil Grave em seu gorro de campanha, suas sobrancelhas e seu bigode circunflexos Terno em seus olhos de pescador de fundo Feroz em seu focinho de lobo solitário Delicado em suas mãos e no seu modo de falar ao telefone E brindaremos à sua figura, à sua poesia única, à sua revolta, e ao seu cavalheirismo Para que lá, entre as velhas paredes renascentes e os doces montes cônicos de feno Lá onde a cobra está fumando o seu moderado cigarro brasileiro Ele seja feliz também, e forte, e se lembre com saudades Do Rio, de nós todos e ai! de mim. Rubem Braga (Cachoeiro de Itapemirim, ES, 1913 - Rio de Janeiro, RJ, 1990) foi jornalista e escritor. Clarice Lispector certa vez o definiu como "o inventor da crônica", gênero no qual ele foi um mestre absoluto. Seu primeiro livro, O Conde e o Passarinho, foi publicado em 1936. Como jornalista, exerceu as funções de repórter, redator, editorialista e cronista em jornais e revistas do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, quando escreveu o livro Com a FEB na Itália (1945). Fundou com Fernando Sabino e Otto Lara Resende, em 1968, a célebre editora Sabiá. Grande amigo de Vinicius de Moraes, Rubem Braga escreveu a orelha da primeira edição de sua Antologia poética (Rio de Janeiro: A Noite, 1954).* *O texto de R. B. encontra-se integralmente transcrito na nota da Antologia.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Carlos Fuentes 1928-2012























Carlos Fuentes é um espigão de concreto armado dentro da Literatura Mundial, especialmente, no mundo Ocidental, e nem se fala dentro da América Latina.
Com um visão ampliada da função do escritor dento da massa social, Fuentes deu a literatura a forma combativa de pensar dizer e propor.
Sua ficção é um trabalho de repensar a nós humanos e nosso papel neste mundo que não foge do político jamais, coisa que por vezes não queremos entender.
Fuentes é um marco no desenvolvimento de nossa Literatura Latino Americana,apontando para valores nossos que são universais, mas que convivem com os embates do poder e,claro, da política.
Sua obra extensa é um retrato do México, mas que nao deixa de ter um cenário comum aos viventes de todo o planeta.Seu estilo é de poesia depurada, humana e densa que nos faz pensar bastante sobre o que somos, o que queremos e para onde vamos.
Sua história familiar, como tantas, abatidas por tragédia, não o arrefeceu na sua produção, ao contrário, deu-lhe fôlego para tocar em assuntos difíceis mundiais, como é o caso das drogas.
Jamais negou seu posicionamento político de esquerda, e atacou até àqueles a quem ele tinha como eleitos.
Aos não amigos e detentores do poder foi crítico, severo e voraz, que o diga Bush e Sarkozy.Afor,a tantos politicos do próprio México
Calos Fuentes aparece literatura “Os dias mascarados”-contos (1954).
“A morte de Artêmio Cruz" (1962), deu-lhe fama e ele se apresenta como um escritor que conhece a história de seu país e suas dores.
Seu conjunto de obras é vasto, passando pelo conto romance e ensaios, afora conferências, que depois tornaram-se textos importantes , como aquele em que trata de Machado de Assis e sua relações com Cervantes-publicado pelo Caderno MAIS DA FOLHA DE SÃO PAULO.
Amigo de Nélida Pinon, a quem sempre se fazia presente, Carlos tinha um olhar para o Brasil, onde o mesmo morou muito criança- aos 2 anos-, sem jamais esquecer em sua memória a cidade do Rio de Janeiro- onde sentiu o Brasil.
Fuentes será eterno, espero, para que aprendamos mais e mergulhemos no seu vasto oceano de ensinamentos.
A literatura, penso eu inspirado por ele, é para viver, mesmo que se tenha que morrer!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A VIRADA POLÍTICA (cultural) DE SP -PANIS ÉT. CIRCUS populum

O que se quer com a virada cultural senhores políticos?
A que serve esse pão e circo?
Aos borbotões a massa se atropela,se esmaga,morre,acidenta-se para correr atrás do pão ,galinhada,etc
Por trás do espetáculo,há o cortejo marqueteiro político,eles , os senhores políticos, até comparecem e fogem de imediato como o diabo da Cruz.
A massa é necessária,mas enoja-os,seu cheiro não combina com seu tônus de cútis.
E haja,e sempre, panis etv circus para a plebe faminta.
Que o diga KASSAB ,ALDA E SERRA e outros ocultos nessa caminhada de barrabas.
PANIS CIRCUS E VOTUM.

A VIRADA DO ALÉM DOS ALÉNS EM SAMPA

A Virada Cultural em São Paulo sempre acontece e é preciso entender seu caráter, acima de tudo, político,num marketing pesado para prefeitos e governadores candidatos. É dinheiro e fôlego para montar esse mega evento coberto ou encoberto de seus propósitos políticos para com a massa . Políticos comparecem e fogem rapidinho, mas deixam seu recado e marca.Enquanto isto um projeto cultural permanente entre bairros e periferia não existe.E a brava massa que ávida e enganada se desloca entre os palcos políticos sem saber de antemão que muita coisa está por trás.Ao mesmo tempo a mídia em seus telejornais ,rádio e meio impresso dão-lhe espaço e consolidam o propósito do pão e circo para o povo.Assim foi em Roma e sempre será aqui.Pergunta: que critérios elegeram artistas e convidados?Houve equilíbrio de valores de caches?Fico aqui.

terça-feira, 24 de abril de 2012

SEBASTIÃO NERY D PE

Paris – O pai, africano, foi brigar no Vietnam como soldado francês. Acabou a guerra, voltou, o filho nasceu em Paris e foi ser motorista de táxi. Um cidadão francês negro. Tinha pavor de Sarkozy, o candidato da direita à Presidência da República nas eleições de abril de 2007 aqui na França (segundo turno em maio), quando me contou sua história, trazendo-me do aeroporto para o hotel. Pôs uma música de Gal Costa “em homenagem ao Brasil” e continuou seu discurso: – “Sou um cidadão francês igual a Sarkozy. Filho de pai africano e mãe francesa. Ele é filho de pai húngaro e mãe grega judia. Mas, se ele pudesse, eu seria expulso da França como “imigrante” só porque sou negro. Ele é um racista. Tem horror de negro, de árabe, de muçulmano, de latino americano. Se for presidente, primeiro vai querer proibir novos imigrantes de entrarem aqui. Depois, vai querer mandar embora os que já estão aqui”.

terça-feira, 3 de abril de 2012

M E L.. D A .. P A L A V R A: A BAIA DE TEUS OLHOS - Paulo Tave PB

M E L.. D A .. P A L A V R A: A BAIA DE TEUS OLHOS - Paulo Tave PB: Para Amália Vas Na baia de teus olhos cercam-se escamas e fecham-se todas as bordas O tempo da vida secou tua água U...

Filhos... Melhor tê-los? ...Edineide Silva

Edineide Silva

Coordenadora do Núcleo de Adoção e Estudos da Família
2ª Vara da Infância e Juventude do Recife


Filhos... Melhor tê-los?
A notícia da morte trágica do Bispo Robson Cavalcanti e de sua esposa Miriam Cavalcanti deixou a muitos atônitos pela perda de pessoas significativas no mundo cristão e político. Mais ainda atônitos ao saberem que o filho do casal, Eduardo, era o autor dos homicídios. Rapaz jovem, com educação formal, mas devastado pelo consumo de drogas. Além das perdas irreparáveis, muitos também ficaram estupefatos pela associação imediata da mídia com a condição de filho adotivo de Eduardo. As manchetes eram claras: Filho adotivo mata pais. A ênfase na condição de adotivo estava mais que explícita, trazendo consigo a indignação de muitos com a facilidade com que esta condição estava atrelada a uma conduta homicida. Pessoas se rebelaram contra essa linha de raciocínio fácil e superficial de que filhos biológicos não cometem crime contra seus pais, não são agressivos, nem desrespeitosos, pois se assim o fossem, as manchetes estampariam: Filho biológico mata mãe ou Filho de sangue se volta contra seus pais. Tal perspectiva midiática nunca foi produzida, pelo menos na história do Brasil.
Espanta-nos encontrar acusações fáceis quando um filho adotivo mata seus pais e de imediato, a justificativa de que cuidar dos “filhos de outros” é sempre desastroso. Entretanto, crimes contra familiares, irmãos e pais não são ações contemporâneas do ser humano. Encontraremos Caim contra seu irmão Abel, o parricídio nos Irmãos Karamázov de forma magistral, e na atualidade, a mídia cotidiana, às vezes em programas sensacionalistas ou populescos, a exploração e exposição desta temática de forma mais corriqueira.
Estamos lidando com um vasto universo de representações sociais sobre família, infância, filiação e com estereótipos que constroem preconceitos difíceis de serem rompidos e modificados. Ao sabor das novidades ou tragédias do cotidiano encontraremos no senso comum ou nos formadores de opinião, a assunção da adoção como uma atitude que traz um significado singular e positivo para aqueles que constroem sua família com crianças e adolescentes não advindos de sua linhagem biológica e, que nem por isso, lhes falta algo ou se torna uma filiação de segunda categoria. Os exemplos inesgotáveis traduzem a felicidade daqueles que encontram na construção da maternidade e paternidade um caminho para oferecerem a uma criança, o que eles têm de melhor: a necessidade de dar amor a alguém e vislumbrar a possibilidade de oferecer as condições para que esse alguém se torne “decente”, um sujeito de valor. Não é isso que todos os pais e mães dizem querer para seus filhos?
O poeta diz: Filhos...filhos? Melhor não tê-los. Mas se não os temos, como sabê-lo? Comem botão, noites insone, “chupam gilete”, “tomam shampoo”, “quantas consultas”, “banho de mar: engolem água...” Filhos, melhor não tê-los! Eles nos tiram do centro dos nossos desejos mais egoístas, do nosso espelho, do tempo dedicado só a nós. Eles serão ingratos e nos abandonarão na velhice. É certo!
Encontramos afirmações do quanto de loucura há naqueles que desejam ter filhos ou até mais de um, denunciando sem saber, o quanto se perde ao se ganhar filhos.
Mas, e a maciez dos cabelos deles? O cheiro de sua pele? “Que coisa louca que coisa linda que os filhos são!” Eles se parecem conosco, serão melhores que nós, com eles poderemos rivalizar, com eles seremos longevos, eternos. O que perdemos voltamos a ganhar? Ou será que durante todo o tempo tentamos não perder?
Questionar ter filhos é da condição humana, eles nos descentram, nos atingem no âmago do nosso narcisismo. O imperativo de amá-los também traz consigo o imperativo de odiá-los.
Questionar como lidaremos com nossos limites, como grandes crianças que sofrem ao dividir o brinquedo ou que o mundo continua a girar com ou sem a nossa presença, é uma tarefa humana extremamente dolorosa. Não somos o centro do universo, não somos os maiorais na terra, nem tão poucos donos na nossa própria casa. Somos seres racionais, mas com desejos que não controlamos e que deveremos abrir mão ou até encontrar caminhos para eles que causem menos danos para nós e para os outros.
Questionar ou priorizar ter filho adotivo ou biológico é apenas uma massa cinzenta ou uma cortina de fumaça para o que está por trás: Queremos ter filhos? Suportaremos não ser mais o centro? Como eles lidarão com a questão dos limites da lei, da interdição. Qual a relação disto com o modo que lidamos com as interdições? Poderemos encontrar no amor dedicado a eles uma forma de nos reerguer? Eis a questão!

Millor

http://blogdetec.blogfolha.uol.com.br/2012/03/28/millor-e-a-tecnologia/









É necessário esquecer MILLÔR para que não sintamos TANTO sua falta (dos velhos anos 80 e 90) obretudo.
PIF PAF ,O CRUZEIRO,O PASQUIN E OS BONS TEMPOS DA VEJA.s
Tomemos Janio de Freitas:

Millôr, além de tudo o que criou, e criou de tudo, criou também um engano involuntário. A propósito dele mesmo, mas não o engano do nome. Milton de verdade, na certidão e por desejo paternal, Millôr por sargentada de um militar que cismou ser o t um segundo l e o traço do t um circunflexo no o: "É Millôr!". Miltinho até os 17 ou 18, Millôr para sempre.

O outro engano recaiu sobre nós. Acompanhou Millôr desde a primeira página do "Pif-Paf" no longínquo "O Cruzeiro" e agora se mostra com toda intensidade, nos jornais, nas TVs, nas conversas sobre "o humorista Millôr". Mas desengane-se: Millôr não era humorista.

Millôr foi um pensador. Brilhante e fertilíssimo pensador. Ilimitado nos temas e incessante no seu exercício de pensador.

O humor foi uma linguagem para o pensador. Uma das linguagens. Como a palavra, escrita ou vocalizada. Como o traço e as cores no desenho e na pintura, de uma riqueza de sentidos só comparável à preciosidade da criação estética. Como a elaboração cênica e verbal do autor de teatro. O humor foi a mais presente e perceptível linguagem de Millôr, mas linguagem do pensador.

Cada sentença e cada texto, cada pintura e cada peça, cada conversa de Millôr conteve, sempre, um significado ético, ou humanístico, ou crítico, e mais, mais -sempre o significado adicional, além do visível e do audível. E, no final, ali estava a razão de ser do escrito, do desenhado, do dito. E nada construído: nascido, simplesmente.

Pensador de hábitos inesperados. Quando Paulo Mendes Campos, Marco Aurélio Mattos e eu, o caçula aceito, chegávamos de manhã à praia, já Millôr havia feito ginástica em uma academia precursora e repetido corridas na areia. Encontros por anos e anos, cujas conversas não terminaram ainda: percorrem com frequência minha cabeça, em pedaços que esperavam continuação ou que são inesquecíveis. Eram três intelectuais gigantescos, a me injetar, sem querer, perplexidades e curiosidades, um dia porque alguém decidira ler Humboldt, no outro porque alguém descobrira uma sutileza ainda impercebida em certa passagem de Shakespeare, ou um pintor, um livro, muitos livros -tudo terminava em livros.

O último de nossos almoços regulares, que desde as dificuldades físicas de Millôr estavam transferidos para o seu estúdio, foi também o último seu com amigos. Naquele dia, ainda Luis Gravatá e Cora Rónai. Foi suave, mais longo do que o habitual por insistência do Millôr. No dia seguinte, de repente, Millôr iniciou longo período de vida quase toda em ausências.
Quando dirigiu a Casa Laura Alvim, Eliana Caruso fez uma edição fac similar da revista "Pif-Paf", que Millôr lançou depois de deixar "O Cruzeiro". Tiveram comigo a gentileza de me entregar o texto de apresentação. Terminei-o com uma frase mais ou menos assim: "Tive a sorte de conhecer um gênio".

Mais do que conhecer, a sorte me permitiu o convívio. Foi uma amizade de quase 60 anos, sem baixios, com intimidade bastante para as confidências nas aflições e em coisas pessoais, para solidariedade e confiança.

Minha gratidão, meu amigo Millôr.

Janio de Freitas (Folha de S. Paulo, sexta-feira, 30 de março de 2012)

A Noiva da Paulista

Lembro-me da Casa Madame Rosita, no fim da Av. Paulista, quase na esquina com a Haddock Lobo, anos 70. Era um casarão, de certa forma imponente, onde se trabalhava com moda feminina, num tempo em que a alta costura ainda estava chegando por aqui. Seu nome, de fato, era Rosa de Libman, uruguaia que aportou no Brasil em 1935. Naquele mesmo ano, inauguraria sua Maison, denominada Peleteria Americana, na Rua Barão de Itapetininga, em São Paulo. Seu foco eram artigos de pele, visons, mantas, raposas e zibelinas. Mme. Rosita trazia para cá as mais famosas peles do mundo, sendo responsável pela primeira griffe brasileira, podemos assim afirmar. Seu primeiro desfile profissional no país foi em 1944, uma verdadeira vanguardista da Alta Costura no Brasil!
Primeiro, sua loja foi no centro da cidade, quando a Barão de Itapetininga estava no auge. Após a decadência, ela instala-se no Conjunto Nacional da Av. Paulista, agora com o nome de Madame Rosita, num momento em que aquele projeto arquitetônico inflamava a cidade. Depois ela criaria a sua própria casa, no casarão da Paulista com a Haddock Lobo a que me refiro.
Do outro lado da avenida, havia a Sloper, casa que eu já conhecia no Recife, terceira maior cidade do país àquela época, após São Paulo e Rio. A Sloper foi uma espécie de Magazine Chic, frequentado pelas dondocas, onde encontravam-se luvas, lenços, echarpes finíssimas e bijuteria sofisticada, além de grandes marcas de cosméticos, entre as quais Helena Rubenstein, patrocinadora oficial do Miss Brasil, concurso de sucesso no fim dos anos 70 (mas havia, ainda, outra dezena de marcas!).
Bem, mas eu disse tudo isso para tentar descrever parte do cenário no qual se insere o tema deste texto: a noiva da Paulista! Vamos a ela.
Recordo-me, nos anos 70 para 80, da aparição, costumeira, às tardes, de uma mulher de seus sessenta e tantos anos, senão mais, que desfilava em frente à loja da Madame Rosita, trajando um vestido de noiva com uma grande cauda, um buquê de flores e, claro, um solidéu. Compenetrada, passeava, desfilava pela calçada como uma personagem de Godard: para mim, aquilo era cinema ao ar livre! Admirava-me a coragem e a forma compenetrada da tal mulher, louca, não sei; sei que, de coragem e poder de criação, sim! Era o tempo em que performance era loucura; hoje ganha-se dinheiro com as estátuas vivas, ou esculturas humanas... Bom!
Mas o que se passaria na cabeça da tal mulher? O que a levaria àquela atitude? A mim, trazia todo um imaginário cinematográfico, a imagem que nos alucina, só que estava bem ali, ao vivo e em cores e cheiro!
Certa vez, cheguei mais perto da tal figura e senti seu perfume, seu rosto de inteira fidelização ao personagem empunhado. Dava-me uma vontade de acompanhá-la com um traje equivalente, mas eu pensava que lhe roubaria a cena... Mas vontade eu tinha... Tinha sim: era a erupção, a exuberância, o crer no desejo e realizá-lo, postando, assim, parte de suas dobras de subjetividade, e, ao mesmo tempo, adornando a cidade. Talvez o fluxo das pessoas daquela avenida não a compreendesse, não a sentisse, mas que ela tinha público, tinha!
Essa mulher foi para mim, por incrível que pareça, a minha visão da Madame Rosita, já que nunca conheci a sua loja, tampouco ela, em pessoa.
A noiva era símbolo da decadência da pauliceia rica, enlouquecida, que não perdia a pose, que mantinha o charme e a sedução. Ela era o desencontro de tantos da cidade e, ao mesmo tempo, o encontro da fascinação em tempos de alta moda, para poucos. Ela zombava, era uma noiva solitária, silenciosa, sem seu par, mostrando que, mesmo assim (e apesar disso!), vivia como “noiva do além”.
A noiva da Paulista é a noiva sem casamento, como a avenida, que não casou, pela sua imponência, ficou só mais pomposa, deturpada, com a sua cauda já ultrapassada por outras caudas de outras noivas solas, das avenidas da cidade.
Hoje eu penso: mudou? Será que não existem noivas, noivos punks, agora com outra performance, mais brutal, com seus cenários de clubes da luta? Continua, agora, não mais Godard - Une femme est une femme (J. L. Godard, 1961) -, mas sim clubes das lutas de skinheads e punks... outros noivos...
E termino com Eduardo Gudin:
… Se a avenida / Exilou seus casarões / Quem reconstruiria / Nossas ilusões?/ Me lembrei / De contar pra você / Nessa canção / Que o amor conseguiu […] / Se os seus sonhos / Emigraram sem deixar / Nem pedra sobre pedra / Pra poder lembrar / Dou razão / É difícil hospedar / No coração / Sentimentos assim