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segunda-feira, 26 de outubro de 2020

CHILE , VITÓRIA PLEBISCITO, NOVA CONSTITUIÇÃO- FORA ERA PINOCHET




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NODAL -AR NOS OFERECE A MATÉRIA ABAIXO:



Con la palabra “Renace” proyectada en las alturas: manifestantes repletan Plaza Baquedano ante eventual triunfo del Apruebo

Poco antes del cierre de las mesas, a las 20 horas de este domingo, un grupo in crescendo de manifestantes comenzó a llegar hasta la Plaza Baquedano para manifestarse y celebrar —anticipadamente— un eventual triunfo en la votación que decidirá si Chile escribe o no una nueva Constitución. A esta hora, con la emblemática plaza renombrada en nombre de la dignidad albergando a miles de personas, con la palabra “Renace” proyectada en lo alto de la Torre Telefónica, y una tendencia ya marcada, el Apruebo (77,26%) se impone por sobre el Rechazo (22,74%) con más de un 20% de las mesas escrutadas. Hace un año, en la misma fecha, en el mismo lugar, más de un millón 200 mil personas en Santiago y otras miles en regiones dieron la señal política más potente desde el NO. Y hoy, otra vez en masa, adherentes de la opción que lleva la delantera ya celebran el fin de la elección.

LEIA TODA MATÉRIA EM  https://www.nodal.am/2020/10/plebiscito-en-chile-masiva-concentracion-en-plaza-de-la-dignidad/

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

LUIS ARCE- MAS - NOVO PRESIDENTE DA BOLÍVIA



BRASIL 247






Sai primeira apuração das eleições na Bolívia. Luiz Arce está eleito novo presidente do país, com 52,4% dos votos! Carlos Mesa tem 31,5% e Camacho 14,1%. Viva o povo Boliviano, viva a democracia!


domingo, 18 de outubro de 2020

En Bolivia los resultados del voto rural se retrasan respecto a la zonas...MAS tem preferência

MAS, PARTIDO DE MORALES  E ACER TEM BONS RESULTADOS NA BOCA DE URNA E PRIMEIROS RESULTADOS COM POSSÍVEL VITÓRIA NO PRIMEIRO TURNO.ACOMPANHE PELA TELESUR https://www.telesurtv.net/seccion/programas/index.html

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

O Jogo e Piaget

 

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ABRINDO

A obra apresenta a construção teórica do jogo-brincar brinquedo-brincadeira. Contempla-se a historicidade da infância, seus conceitos, mutações e relativismos dentro de quadros multipolares. 

São levantadas as influências variadas de diversos campos epistêmicos afim de talhar para melhor discernimento e historicidade do lúdico na infância. Assim, o estudo classificatório do jogo, além da proposta de Jean Piaget, passa por outros autores, o que sublinha o ineditismo da obra, agregando as experiências semióticas de vários autores, incluso a de Jean Piaget de modo a estabelecer quadros comparativos, a exemplo de Vygotsky. 

No quadro semiótico, a validade se dá na contemplação de uma rede sígnica estruturada e estruturante da criança, permitindo entender este suporte a partir do desenvolvimento cognitivo e imaginário infantil e de sua comunicação lúdica face às estratégias do jogo. Portanto, o jogo é algo amplo que não se reduz a um lúdico apenas, mas o inclui. A obra é para iniciantes e iniciados que desejam desvendar a amplitude do jogo-lúdico-brinquedos e brincadeiras.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A cilada capitalista do eu único por Outras PALAVRAS

 

Lola López Mondéjar, entrevistada por Esther Peñas, no ctxt | Tradução: Simone Paz

Acrescento aqui o vídeo que não consta da matéria de OUTRAS PALAVRAS



A cilada capitalista do eu único

Ao propor que nossos desejos e vazios sejam saciados com objetos, sistema não alimenta apenas o consumismo, alerta psicanalista espanhola. Ele incita as ilusões narcísicas de identidade e busca da felicidade — das quais deveríamos fugir…


Das muitas questões que sustentam uma época, a da identidade pode ser uma das que mais nos permeiam, neste século. A miragem da invulnerabilidade, o pânico em reconhecermos a nossa frágil essência, a possibilidade de nos reivindicarmos a partir do erro, o medo de nos conhecermos, esse mesmo medo que qualquer tipo de compromisso desperta — mas sobretudo o afetivo e a questão da liberdade como condição possível… Conversamos sobre essas e outras questões com Lola López Mondéjar , psicanalista e escritora, além de destacada conversadora, com nuances e estímulos tão sensíveis quanto intelectuais.

Seu próximo ensaio, “Invulneráveis e invertebrados”, aborda a questão da subjetividade, um conceito que foi aprofundado desde Montaigne. Porém, de forma sutil, essa palavra vem sendo substituída por “identidade”, mas não é, de maneira alguma, a mesma coisa. Qual a diferença entre uma e outra?

A identidade é uma ficção de unidade necessária para a nossa sobrevivência, mas que deixa de lado a multiplicidade do nosso eu. Nosso cérebro procura um sentido e cobre as lacunas entre os fragmentos que nos compõem, com histórias que nos dão uma certa ilusão de sentido: uma identidade. A identidade é mimética, baseia-se nas identificações, na marca que os outros significantes nos deixam e no desejo triangular, como René Girard chamou a estrutura mimética do desejo: segundo ele, Emma Bovary quer amar como nos romances românticos que ela leu; Dom Quixote quer ser um cavaleiro andante movido pelos livros da cavalaria e pelo heroísmo de Amadís de Gaula.

Esse desejo é mimético porque existe um mediador entre nós e nossos objetos de desejo; queremos o mesmo que nossos modelos. Trata-se do que Lacan mais tarde expressou como “o desejo humano é o desejo do Outro”. Queremos o que eles nos propõem que queiramos. A publicidade e o capitalismo baseiam-se nessa natureza mimética do desejo, que propõe interminavelmente objetos, usando todos os tipos de modelos como mediadores. Subjetividade seria o oposto de identidade. Onde há identidade, a ilusão da unidade, não há exploração da multiplicidade, não há diálogo com as identificações que nos constituem. A subjetividade implica a criação de um eu que questiona as identificações anteriores e constrói outras em um processo dinâmico constante que só cessa com a morte. Digamos que quanto mais identidade, menos subjetividade.]

Leia toda matéria indo até o link: https://outraspalavras.net/crise-civilizatoria/a-cilada-capitalista-do-eu/

sábado, 12 de setembro de 2020

BRASIL -MOSTRA SUA CARA -CAMPANHA INTERNACIONAL CONTRA GOVERNO DO SR.BOLSONARO DIFUNDIDA NA EUROPA

 

A Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu aprovou moção que pede para a União Europeia impor mais exigências de proteção ao meio ambiente em suas importações – e o alvo é o Brasil de Bolsonaro e Mourão...brasil247

Hildegard Angel
Campanha internacional pede para que sejam cortados financiamentos internacionais para governo de Bozo #DefundBolsonaro
Citar Tweet
O BRASIL VIVE UMA GUERRA FRIA DE MENTIRAS
@DBonisen
·
Vídeo muito bonito e triste da campanha que vai ao ar hoje na Europa: Amazônia ou Bolsonaro, de que lado você está? A pressão vai ser externa! Por favor, envie para todos e peça igualmente para repassá-lo. É urgente !!!!!
Cara chorando muito
Cara chorando muito
Cara chorando muito

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

“É preciso transver o mundo.” (Manoel de Barros).





( imagem: “ A clarividência”, de Magritte)

Lámina René Magritte - La Clarividencia, 1936 - 70 x 50 cm. Obra surrealista (lecadeauartistique.com)
(Redimensionado texto e imagem por este blogueiro)

Anos atrás, após o fim de uma aula encerrando o semestre, uma aluna veio até mim e me entregou um papel com algo escrito, e disse: “Professor, tudo o que você disse no curso de Introdução à Filosofia acho que tem a ver com essa história.” A história era anônima; seu autor , um agente coletivo de enunciação . Interpreto aqui a história e acrescento perspectivas, mas a essência dela é o que segue.
Cinco doentes graves estavam numa enfermaria. A única comunicação da enfermaria com o mundo exterior era uma pequena janela. Perto dessa janela cabia apenas uma maca, na qual ficava um dos pacientes a narrar o mundo lá de fora, mundo este que os outros pacientes não podiam ver. “Daqui vejo o mar , até sinto sua brisa. Vocês também conseguem sentir?”, perguntava aos outros doentes. Apenas um dizia não conseguir sentir. Os que sentiam, recriavam um mar na alma e “horizontavam-se” . No dia seguinte, prosseguia o paciente-narrador: “Daqui posso ver e ouvir crianças brincando numa pracinha . Vocês também conseguem ouvi-las?” . O mesmo paciente que não conseguia sentir a brisa também não conseguia ouvir as crianças . Os outros conseguiam, e algo dentro deles brincava também e regenerava. Enfim, o paciente da janela passava o dia a transpor em palavras a vida , de tal modo que suas palavras viravam remédio para quem as ouvia: elas eram cura também.
Certo dia, porém , o paciente da janela emudeceu. Chamaram a enfermeira. Ela constatou, sem surpresa, que ele havia morrido. Só então os outros souberam que o homem da janela era o mais doente entre eles. Agora, cada um queria que a própria maca fosse colocada perto da janela, aquele lugar de abertura por onde entrava um ar , mas concordaram que para lá fosse o doente de sensibilidade embotada. Só lhe fizeram uma exigência: continuar as narrativas. “ Farei melhor que o poeta que aqui estava !”, gabou-se. Então, perto da janela ele foi instalado.
Quando ele olhou pela janela, porém, ficou mudo...Perguntaram : “o que houve!?” Resignado, disse: “em frente à janela não há mar, paisagem ou praça. Há apenas um muro cinza... Um espesso muro cinza”, repetiu. Ele só conseguia dizer a palavra mais sem vida que existe : aquela que apenas repete o que está dado. Pois era verdade: sempre houve aquele muro.
O muro cinza simboliza tudo aquilo que nos rouba a visão de horizontes, horizontes que nos estão fora e dentro, mesmo que ainda em esboço, virtualmente ( como o pássaro que Magritte libertou do ovo...). Há muros que a gente somente transpassa criando palavras cujo sentido abra linhas de fuga para a vida com força libertária mais potente do que as marretas.
“É preciso transver o mundo.” (Manoel de Barros).

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Literatura dos Arrabaldes: Rebeldia não engajada por OUTRAS PALAVRAS


Por Eleilson Leite, na coluna Literatura dos Arrabaldes


VALE A PENA LER, AVALIAR E TER CONCLUSÕES, SE ASSIM FOR POSSÍVEL.PAULO VASCONCELOS


Literatura dos Arrabaldes: Rebeldia não engajada-OUTRAS PALAVRAS                                               ( https://bit.ly/3iLrRAF)

Em três poetas da periferia, publicados na Era Lula, versos de quem labuta diariamente, mas extravasa as inquietações sem o formalismo literário — com bom-humor, xaveco e fino olhar para as opressões, mas sem os punhos erguidos

Publicado 14/08/2020 às 17:01 - Atualizado 14/08/2020 às 17:27 


Como fiz no artigo anterior, sigo analisando neste texto obras de autores publicadas no auge da literatura periférica que coincide com o segundo mandado do ex-presidente Lula, período em que a periferia teve uma redução da pobreza, embora não da desigualdade. Uma época de certa fartura e euforia na quebrada. Compartilho aqui a leitura de livros de três poetas da periferia da Zona Sul, nascidos nos anos 70 e frequentadores do Sarau da Cooperifa: Fuzzil (Levi de Souza); Casulo (Gilmar Ribeiro) e Lobão (Evandro).
Fuzzil publicou Um presente para o Gueto (2007). O livro do Casulo tem como título Dos olhos pra fora mora a liberdade (2009) e a obra do Lobão chama-se Fam da Rua (2010). Trata-se de literatura de trabalhador feita por quem está na labuta e encontra nos versos uma forma de extravasar suas inquietações e percepções da vida, porém, sem o formalismo literário classista.
Os autores não são operários de fábrica, trabalhadores de escritório ou funcionários públicos. São microempreendedores individuais, para usar uma terminologia burocrática. Fuzzil foi vendedor por muitos anos e continua exercendo o ofício, agora com sua própria confecção; Lobão faz bijuteria e as vende em feiras de artesanato e Casulo é dono de funilaria e exímio reparador de funilarias danificadas. Os três produzem uma poesia liberta de ditames de uma arte politizada e com isso criam sua própria estética e uma forma muito particular de discurso político. Na leitura conjunta das obras observei uma estrutura de sentimento1 que tem um impulso no incômodo com as injustiças, uma contensão que é a recusa da crítica ideologizada e um tom de rebeldia não engajada.
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Fuzzil

Um Presente Para O Gueto, publicado pela Edições Toró tem projeto gráfico e editorial totalmente fora do padrão. Os 61 poemas da obra estão dispostos em folhas separadamente, como se fosse um fichário e são acondicionadas num estojo de papel kraft, acompanhado de um giz branco. A concepção editorial é do editor da Toró, Allan da Rosa, e a capa e ilustrações são de South. Akins Kinté faz a apresentação que está publicada no final como se fosse um posfácio.
Levi de Souza nasceu em 1976 em São Paulo, cresceu no bairro do Capão Redondo. Foi manobrista, serralheiro, segurança, vendedor de água e refrigerante em porta de estádio até tornar-se rapper e educador em projetos sociais. Passou a frequentar o Sarau da Cooperifa por volta de 2005. Um Presente Para O Gueto, é seu primeiro livro. Posteriormente publicou mais três obras: Gaturra, em 2010 (Edições Elo da Corrente), Céu de Agosto, em 2013 e Um abrigo contra a Tempestade em 2017 (ambos com o selo da Academia Periférica das Letras). Ingressou no curso de Letras no ano em que lançou seu primeiro livro mas interrompeu os estudos.

Casulo

Gilmar Ribeiro nasceu na Bahia, em 1974, e se estabeleceu em São Paulo, em 1992. É funileiro e faz arte com sucata de automóveis. Frequentador assíduo da Cooperifa há 15 anos, Casulo participou do CD de 2006 lançado pelo Sarau. Dos Olhos Para Fora Mora A Liberdade foi publicado em 2009 com o apoio da ONG Ação Educativa e o carimbo da Cooperifa e segue sendo seu único livro, porém, a obra teve uma reedição em 2013, publicada pela Editora Filoczar acrescida de outros sete poemas. Nessa segunda edição, a poeta Maria Vilani fez um novo prefácio inspiradíssimo. Analiso aqui a primeira edição que reúne 107 textos entre poemas, prosa poética, crônicas, contos e vários aforismos. O livro tem formato 14 cm x 21 cm e 138 páginas. Sergio Vaz escreve uma orelha e na outra há um texto de apresentação do poeta. Há sete anos Casulo mantém o projeto Clamarte no Grajaú que tem um sarau mensal como uma das atividades. O recital é realizado na sua própria funilaria na qual expõe suas obras feitas em metal customizado.

Lobão

Evandro Lobão é hippie, produz e comercializa brincos, pulseiras e outros artesanatos que vende no Centro de São Paulo e no Litoral, especialmente em Ilha Bela. Morador do Capão Redondo, amigo de Ferréz, é frequentador do Sarau da Cooperifa há muitos anos. Sujeito carismático e despojado, atrai a simpatia de muita gente. Sua poesia despretensiosa é irônica e sarcástica seja qual for o tema abordado: uma mulher bonita ou a usura de um capitalista nefasto. Por essa razão, suas declamações geram muita gargalhada dos ouvintes e são sempre muito aguardadas no sarau. Em 2010, Lobão publicou Fam da Rua um pequeno livro com 20 poemas. Em formato de bolso (10 cm x 15 cm), projeto gráfico e diagramação simples, o livrinho teve edição sob responsabilidade do selo Círculo Contínuo. Essa obra continua sendo seu único livro publicado.

Um presente para o gueto

O livro é dedicado à memória do pai e da filha do autor. A dor da perda desses entes tão próximos justifica o traço melancólico presente em alguns de seus textos, fazendo-o destoar de Lobão e Casulo na forma, mas não no conteúdo. O tema da infância está presente em 11 poemas marcados pela indignação diante do abandono das crianças nas ruas e o saudosismo de uma infância feliz apesar da pobreza. A negritude e o ofício do poeta são outros dois temas recorrentes na obra.
Há um poema acróstico que serve de apresentação do poeta: “Feito/ Um/ Zangado que/ Zomba/ Inteligentemente do/ Labirinto”. Mas essa formulação poética não corresponde muito ao espírito de sua obra. Fuzzil não se mostra muito zangado, tampouco zomba das situações que aborda. São poemas simples, diretos, de fácil compreensão, como indicam os versos de Afoito: “Sigo em frente/Não sou louco/Sou poeta/Sou da rua/ Sou menino/ sou afoito/ sou Revel/ sou perigoso/ sou Fuzzil/ não fusível/sou eu/ que faço/ meu jogo. Aqui ele demonstra certa determinação e lucidez, elementos fundamentais de sua conduta como poeta e faz um trocadilho com a palavra fuzil e fusível, sugerindo que o primeiro tem poder de fogo, atira, ao passo que o segundo é apenas suporte para transmissão de energia elétrica.
Sobre o universo infantil, o poema Brincando de Giz é uma composição de tom lúdico: “Gosto de trovas/ infantis/ adoro brincar/ com giz/ risco a lousa/ faço arte/sou criança/sou feliz. Em História, Fuzzil relata sua infância pobre sem ressentimento: “Sei muito bem de minha história/O que fiz em outrora/As cabuladas de escola/rebeldia de menino/na garoa ou no sol ardente/empurrando meu carrinho/não de plástico, pequeno/falo de minha carrocinha. Já em Antonio, demonstra sua sensibilidade com as crianças abandonadas nas ruas: “Olha só quem vem ali/Descalço e sem camisa/ não é quem você pensou/é apenas um garoto de rua.
A negritude aparece com grande ênfase em dois poemas: De A a Z e Preto do Gueto. No primeiro, ele percorre o alfabeto catalogando palavras relacionadas ao negro: “Com A escrevo África/ Com B escrevo Bantos/ Com C escrevo Chibata/ Com D escrevo Dandara e assim por diante. O ofício do poeta está presente diretamente em dois poemas: Sou Eu e Poema. Neste último ele brinca: “Quando falam em poesia/ fico todo esfuziante, ressaltando o quanto o ato de fazer poesia é para ele estimulante.
Fuzzil destacou-se após a publicação desse livro que chamou a atenção tanto pela poesia quanto pelo projeto editorial. Vendeu rápido, esgotou e o poeta logo providenciou outro livro. Devido à projeção que adquiriu passou a frequentar outros saraus da cidade, tendo uma acolhida especial na zona noroeste junto aos saraus Elo da Corrente (Pirituba) e Poesia na Brasa (Brasilândia), embora tenha mantido residência na periferia da Zona Sul.

Dos olhos pra fora mora a liberdade

Casulo segue a tendência dos autores da Era Lula em termos de temática. Há pouquíssima referência à violência, às drogas e a outras mazelas que afligem a periferia. A própria palavra periferia aparece poucas vezes e de forma positiva quase sempre. Embora não esteja organizado por capítulos, os textos estão ordenados por assunto. O tema mais relevante é a natureza com cerca de 20 textos. As criações de inspiração amorosa aparecem também nesse autor com importante ênfase, seguindo a tendência dos demais autores masculinos com uma abordagem de reverência e exaltação à mulher.
Casulo também faz poemas satíricos com boa dose de escárnio, como Igualdade Absoluta, no qual divaga sobre a flatulência humana. A negritude e as desigualdades sociais completam o universo temático do autor que tem bom manejo das palavras, fazendo intenso uso de metáforas e trocadilhos, invertendo o sentido dos vocábulos, compondo textos fluentes de agradável leitura na maioria das vezes.
O primeiro bloco do livro aborda as relações afetivas entre homens e mulheres, pais e filhos, vida em família e amizade. Antes, porém, Casulo dedica dois textos ao ofício do poeta. Em um deles, O poeta e seu papel ecológico, afirma: “o mesmo texto indicado para as miopias cerebrais, que resulta em ignorância, age também nos corações como sensibilizador. Deve ser tragado pelos dedos, mas seu conteúdo vai direto para a cabeça. Seus efeitos colaterais são: exercício da cultura, sapiências, senso crítico…”.
Ao abordar o tema da família, o autor faz de sua vida pessoal um exemplo a ser seguido. Em textos próximos da crônica dá suas receitas de como ter uma família feliz: enaltece o casamento e a figura da “mãe guerreira” e progenitora como expressa no poema Dando a luz: “Quando a mãe contempla, beija com os olhos/ Pra cuidar da cria ela acorda cedo!/ Sempre madruga com o passaredo/ Assim como a lua tem fases e brilhos.
Quando o tema é relação homem e mulher, Casulo é irônico e assume o eu lírico de uma mulher no texto Minha mulher com papo de Amélia: “Não vale a pena viver trocando de marido, porque homem é tudo igual, só muda os documentos e o endereço… O meu, por exemplo: é homem até de baixo d´água! Por isso procuro dar uma assistência qualificada pra concorrência não criar asa”. Pelo título é possível deduzir que ele satiriza a abordagem da mulher submissa, porém o efeito é duvidoso e, talvez, só se efetive na entonação da leitura em voz alta, fazendo a caricatura. O autor aqui cai na armadilha de querer falar pela mulher, procedimento de alto risco de incidência machista.
Nos textos de humor e sarcasmo, Casulo abusa dos trocadilhos: “Pé-de-moleque quando cresce, deixa a bola de lado pra correr atrás dos rabos de saia empinando pipas com fio dental na areia da praia…”. A fim de discorrer sobre aspectos da fisiologia humana que iguala ricos e pobres, enxerga nos gases e nas fezes um denominador comum: “Os gases que soltamos são aromas do que comemos, para apodrecer dentro da gente se transformando em urina e excrementos. Todo animal, seja lá qual for é uma fábrica de estrumes. Perante à natureza, todos nós somos iguais, não importa o tamanho do seu tesouro, grande merda se você defeca numa privada de ouro”.
Mas é nos temas relativos à ecologia que Casulo apresenta suas composições mais elaboradas. Nessa temática ele tem dois textos que já são clássicos na Cooperifa. Um é Meu vizinho passarinheiro e o outro é TV Fábula. No primeiro, diz: “Meu vizinho passarinheiro, já sabia desde pequeno, que todas as outras espécies que ele trancafiava por curiosidade poderiam até ser alguns canários, mas nunca canalhas, para perder o direito de bem-te-ir e vir …”. Já no TV Fábula um papagaio repórter faz uma denúncia: “O tamanduá levantou a bandeira em defesa dos animais em extinção… Dizendo que as onças querem continuar vivas para que, futuramente, não sejam apenas pintadas!”.
E dessa forma Casulo articula seus pensamentos, críticas, denúncias, devaneios e delírios. De uma forma irônica, picaresca, um tanto traquinas atenuando assim uma tendência conservadora quando trata de mulher e família. Seu discurso não é ideologizado e é pouco politizado. Sua crítica social é intuitiva e se nutre de uma aguda sensibilidade para com o sofrimento humano e o descaso com a natureza. Consegue assim ser compreendido e sua mensagem acaba se expandindo com grande eficácia nos saraus e nos livros. “E ao me preocupar com os problemas do mundo, minha família fica imensa, mas meu coração há de crescer junto”. ....
Leia mais- toda matéria em  https://bit.ly/3iLrRAF