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quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Ainda é possível resgatar a internet? Será? por Outras Palavras




http://bit.ly/2AUNLOb
Abrindo
O Surgimento da internet - 1969-no Brasil 1988, a época foi visto como um milagre, uma revolução, muitos a saudaram como a grande democracia ,como "árvore do conhecimento-Pierre Levy". Vimos contraditos a ele  por Virillio, Baudrillard, P.Breeton e outros mais .Portanto na mesma época de eclosão já existiam críticas ao alvoroço dos otimistas.Hoje percebemos vários fundamentos destes críticos, aqui citados como verdadeiros. Como aqueles, (Virillio, Baudrillard e Breton) diziam  a  revolução foi a estratégia motriz  do capitalismo e do neoliberalismo. Americanos não pregam prego em estopa ou sabão, assim como foi com o Rádio e a Tv. Agora precisamos perceber que por trás dela há as grandes corporações como Google, Facebook, Twitter, Amazon ,Microsoft, Apple que a travestiu  e manipulou-nos. 
O panopticom de Jeremy Bentham fincou-se, foi realizado, eclodiu o  grande irmão que a tudo vigia e cobra, administra, controla e não entra no viés da democracia.Houve a anestesia pelo novo. Na verdade há uma grande ditadura do capital , do perverso em nome do ágil,  moderno e facilitador de condutas, do tempo e da expansão dos tempos ou sobretempos.Não creio em saídas para este mito tão facilmente , não acredito em democracias virtuais, se já não há no real. Haveremos de padecer muito para um saída  próximo ao que ainda chamamos de democracia.O mundo ainda não entrou na internet, morre-se de fome e bala, que o  diga América Latina, Oriente Médio, Ásia e Africa e até mesmo os EUA e Europa. Se antes, da internet a palavra - para uso  da informação e comunicação sempre foi cruel para  simular a realidade textual/ discursiva, com a web o perverso chegou aos extremos , juntaram-se palavra e  imagem.  A cumplicidade foi perfeita.O custo é alto, o real foi desmantelado - simulacrado , o colonialismo é grande e o mercado das grandes corporações  e elites revestiu-nos criou uma segunda pele pelo modus virtual . Como trocarmos esta pele ? Outras palavras , com sua matéria nos ajuda , talvez  a pensar Paulo Vasconcelos
Abaixo materia de Outras Palavras  http://bit.ly/2AUNLOb


Ainda é possível resgatar a internet?

Da anarquia à ditadura: corporações aproveitaram-se do “espírito livre” da rede para exercer seu poder econômico e impor “capitalismo de vigilância” e manipulação política. Diante do inferno, surge a ideia de regras democráticas




Ensaio de Paul Starr
Em apenas duas décadas, as tecnologias digitais e a internet passaram do sonho excitante de uma nova era revolucionária à encarnação do medo de um mundo que deu muito errado. A revolução digital agora ameaça minar valores que deveria ter feito avançar – liberdade pessoal, democracia, conhecimento confiável e mesmo livre competição. A tecnologia não fez isso para nós sozinha, nem que tropeçamos distraidamente em um universo distópico alternativo. O regime tecnológico atual surgiu de escolhas perigosas, por ignorar lições do passado e permitir que o poder privado agisse sem regulamentação.
Esses problemas — monopólio, vigilância e desinformação — resumem o que deu errado e o que precisamos enfrentar, rever e corrigir se quisermos ter alguma esperança de recuperação da promessa das novas tecnologias.
O crescimento explosivo da economia digital nos anos 1990 e início dos anos 2000 parecia validar a ideia de que era melhor deixar os mercados por sua própria conta. A internet dessa era foi o maior triunfo do neoliberalismo. Depois que o governo norte-americano financiou avanços chave, e em seguida abriu a rede para o desenvolvimento comercial, a inovação digital e o empreendedorismo criaram novos meios online de trocas, novas riquezas e novas comunidades. Mas essa economia digital agora parece completamente diferente, com o crescimento das plataformas monopolizadoras. Amazon, Facebook, Google, Apple e Microsoft controlam ecossistemas inteiros do mundo digital, dominando os principais pontos de convergência de comércio e notícias.
Assim como a internet dos primórdios alimentou a ilusão de que era inerentemente apoiadora da competição, também espalhou a ilusão de que era intrinsecamente protetora da autonomia pessoal. Afinal, ninguém obrigava você a revelar sua verdadeira identidade online. Contudo, o mundo digital de hoje fez com que fosse possível o sistema de vigilância mais abrangente que já existiu. Aparelhos em rede rastreiam cada movimento e comunicação que fazemos. Uma nova forma de empreendimento emergiu do que Shoshana Zuboff chama de “capitalismo da vigilância”, ao passo que o Google, Facebook e outras empresas varrem dados sobre nossas vidas, preferências, personalidades e emoções “para práticas comerciais ocultas de extração, predição e vendas”.
A realidade acabou sendo menos graciosa. A economia digital destruiu o modelo de negócios tradicional do jornalismo, e resultou em um declínio dramático dos jornais profissionais. E como Google e Facebook dominam a publicidade digital, não surgiu nenhum outro modelo alternativo capaz de financiar as mesmas capacidades de comunicação, particularmente a níveis regional e local. Enquanto isso, plataformas de redes sociais substituíram os velhos detentores da mídia de massa, moldando a exposição do público às notícias e ao debate a partir de seus algoritmos. Agora, esses algoritmos – que estão por exemplo na linha do tempo do Facebook, no sistema de buscas da Google, nos mecanismos de recomendação do YouTube e nos assuntos do momento do Twitter – influenciam quais conteúdos e pontos de vista ganham visibilidade entre os usuários. Ao invés de promover um debate público melhor informado, no entanto, as redes sociais tornaram-se poderosos vetores de desinformação, polarização e ódio.
Como chegamos na crise atual e o que podemos fazer com ela tornaram-se perguntas urgentemente políticas.

A virada neoliberal

O crescimento da internet e da economia digital é uma história paradigmática da tecnologia estadunidense a partir da Guerra Fria. A revolução digital começou sob a égide do Estado, moveu-se para o mercado, e agora tornou-se um emblema de tudo que pode dar errado, quando os atores dominantes do mercado não são limitados pela lei.
Dos anos 1940 ao início dos 1970, o governo norte-americano financiou e guiou grande parte do desenvolvimento de computadores e comunicação eletrônica, principalmente via Departamento de Defesa. Foi lá dentro que um escritório, chamado Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, fundou e supervisionou a ARPANET, precurssora da internet.
Nos meados do século XX, os Estados Unidos também regularam extensivamente as telecomunicações. Embora a AT&T tivesse um monopólio efetivo, políticas regulatórias restringiam tarifas telefônicas, promoviam serviço universal e barravam a discriminação, exigindo que as empresas telecom agissem como veículos públicos. Devido ao tratamento dado aos investimento de capital, o sistema regulatório deu à AT&T um incentivo para que dedicasse amplos fundos à pesquisa. Seu braço para esta atividade, chamado Bell Labs, produziu uma extraordinária variedade de avanços, incluindo as redes de dados, o transístor, o laser e a telefonia celular. Os avanços da Bell estavam sujeitos ao licenciamento compulsório, o que significava que estavam disponíveis para que outros construíssem inovações a partir deles.
Graças a essa economia mista, as indústrias de computadores e telecomunicações nos EUA desenvolveram enorme liderança sobre seus equivalentes em outros países. Foi o motivo da dianteira e da vantagem comparativa do país em inovação digital. Mais tarde, criou-se o mito de que gênios individuais, que trabalhavam em suas garagens, nos trouxeram computadores e a internet. Mas seu trabalho não teria sido possível sem os investimentos e avanços técnicos que o governo e a indústria de telecomunicações regulada já haviam dado.
Não obstante, o regime regulatório das empresas de telecomunicação teve uma desvantagem grave. Deu à AT&T o poder de controlar cada aspecto da rede de telefones, incluindo quais aparelhos poderiam se conectar a ela. Como qualquer monopólio, a AT&T procurou proteger sua posição privilegiada. Depois que o Departamento de Defesa dos EUA recebeu, em 1964, uma proposta de uma rede de comunicação similar à internet, um executivo da AT&T disse “Até parece que vamos permitir a criação de um competidor contra nós mesmos”. A lei, até aquele ponto, estava do lado desta empresa.
O envolvimento do governo norte-americano nos computadores e telecomunicações começou a declinar no final da década de 1970 e 1980, coincidindo com a virada neoliberal geral na política. Aqui uso o termo “neoliberal” especificamente para referir-me às ideias e políticas que buscam criar mercados e depender das forças do mercado. O arsenal neoliberal inclui medidas como a privatização, acordos de livre-comércio, desregulamentação, cortes de impostos e redução do investimento social. O que distingue o neoliberalismo do laissez-faire do século XIX é que ele foi erguido após um período de construção liberal e social democrática do Estado. Em linhas gerais, neoliberalismo deve sua origem filosófica a Friedrich Hayek e seu círculo, nos anos 1940, e emergiu como força política após Margaret Thatcher e Ronald Reagan, no final da década de 1970 e 1980.
Politicamente falando, no entanto, a desregulamentação difere de outras medidas orientadas ao mercado. Algumas formas de desregulamentação atraem apoio de liberais e progressistas proeminentes — incluindo o senador Ted Kennedy e Ralph Nader — pelo motivo de que as agências regulatórias foram capturadas pelas indústrias que elas deveriam regular, e já não serviam mais ao público. Limitar o poder da AT&T teve o feliz apoio de todo o espectro ideológico.
Embora o grande passo viesse apenas em 1984, quando um tribunal quebrou a AT&T, o governo norte-americano já tinha começado a afrouxar o monopólio do telefone àquela época. Em dois casos, em 1956 e 1968, autoridades norte-americanas reduziram o controle da AT&T sobre aparelhos que ligavam-se à rede de telefones. Esses passos desreguladores iniciais, combinados com o desenvolvimento subsequente de microcomputadores, abriram caminho para que, entre os anos 1970 e 1980, consumidores e empresas adquirissem modems (que permitiam que computadores conversassem entre si) e acesso discado aos primeirosbulletin boards online [redes rudimentárias e fechadas, anteriores à internet].
Por algum tempo, parecia que essas redes proprietárias — as “três grandes” eram CompuServe, o líder original nos anos 1980; America Online (AOL), que cresceu rapidamente na década de 1990; e Prodigy — dominariam os “serviços de informática”. Cada empresa tinha sua própria fonte de notícias, grupos de discussão, serviços de email e regras. Por exemplo: a AOL restringia seus fóruns ao máximo de 23 pessoas, efetivamente limitando o alcance de qualquer usuário individual. Naquele momento, não era de maneira alguma óbvio de que a internet – originalmente limitada ao uso governamental, mais tarde estendida às universidades e institutos de pesquisa – emergiria como a estrutura da comunicação eletrônica.
Mas a internet tinha uma arquitetura mais aberta, incluindo um princípio chamado “end-to-end” [“ponta-a-ponta”], que a diferenciava de outras redes. Como Lawrence Lessig explicou, em 2001, “Esse modelo regula onde a ‘inteligência’ em uma rede é colocada. Aconselha que a inteligência seja colocada nas aplicações” — ou seja, entre os usuários de qualquer fim da rede, e não no centro, com o administrador. Como resultado, diferente das redes proprietárias, a internet não precisava de permissão: convidava à inovação e a decentralizava.
Abrir a internet ao acesso mais amplo, incluindo o desenvolvimento comercial, era, então, simultaneamente um movimento em direção ao mercado e em oposição ao controle proprietário da própria rede. Foi isso que aconteceu na primeira metade da década de 1990, quando regras contra o uso comercial da internet eram derrubadas, o “backbone” [espinha dorsal] da rede foi privatizado e uma série de novas aplicações foi criada, incluindo a World Wide Web. Muitos desses novos softwares foram inclusive desenvolvidos em uma base não-proprietária, de código aberto, apesar de isso não refletir nenhum requerimento legal ou técnico (de fato, uma nova arquitetura de controle poderia ser construída sobre a internet – é o que as plataformas online farão mais tarde).
A política da internet nos anos 1990 era menos ideológica. Em 1992, quando Bill Clinton e Al Gore defendiam o desenvolvimento da chamada “superrodovia informacional”, estavam sinalizando uma mudança geracional. Como senador, Gore fez mais do que qualquer outro na política nacional para expandir a internet.
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