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sábado, 25 de agosto de 2018

Cada ser pode ser...o meio ou instrumento que auxilie um outro - Capturas do Face Elton L.L.Souza


Manoel de Barros



...A poesia não existe para comunicar, mas para comungar. 
A palavra é o nascedouro que acaba compondo a gente...
Manoel de Barros 

....O verdadeiro charme das pessoas é aquele em que elas perdem as estribeiras, é quando elas não sabem muito bem em que ponto estão. Não que elas desmoronem, pois são pessoas que não desmoronam. Mas, se não captar aquela pequena raiz, o pequeno grão de loucura da pessoa, não pode amá-la. Não pode amá-la. É aquele lado em que a pessoa está completamente... Aliás, todos nós somos um pouco dementes. Se não captar o ponto de demência de alguém... Ele pode assustar, mas, a mim, fico feliz de constatar que o ponto de demência de alguém é a fonte de seu charme.Trecho de entrevista dada por Gilles Deleuze à Claire Parnet, em 1988.


Sempre está no meu olhar as palavras do Filósofo, Poeta Elton Luiz L. de Souza. Neste seu texto, abaixo, vejo o seu perfume spinozano e deleuziano. 

Em tempos como os de hoje o texto  dele é da hora mesmo!!!. É uma aula- um assovio para nos polir, nos fortalecer, para os bons encontros, sobretudo, em tempos de encontros políticos.

O texto é poético, ( conjugando metáforas claras) afinal  os filósofos nos quais  ele se perfuma foram poetas/filósofos ( e olha um bem distante do outro-no tempo-Spinoza e Deleuze )

Afora isto, Elton pertence a casa dos marimbondos poéticos, não 
só pelo mel que destila , mas pelo trabalho de pensar e aludir ao outro sempre.
Paulo Vasconcelos




Elton Luiz Leite de Souza

O sol não existe com a finalidade de fazer a planta crescer, porém a planta cresce ao compor-se com o sol. A planta não existe com a finalidade de nos alimentar, porém nos alimentamos cultivando as plantas. 
Nenhum ser existe para ser a finalidade do outro. Cada ser pode ser, no entanto, o meio ou instrumento que auxilie um outro ser a afirmar aquilo que ele já é. Basta o sol ser o sol, tal como ele é, para ele ser o que de melhor existe para a planta ser a planta. O mesmo vale para as pessoas: é sendo cada um o que já é que poderá ser para o outro um bom encontro . Também é cada um sendo o que já é que poderá ser para o outro um mau encontro. 
O bom encontro , inclusive, nunca é uma promessa, mas uma relação real nascida de cada um já ser o que é, e não da promessa de cada um virar, em palavras, outro. 

A diferença entre o bom e o mau encontro não está em cada ser singular , mas no que cada ser pode aumentar ou diminuir de si mesmo na relação com o outro. E isso que já somos não precisa ser do mesmo nível que o outro em termos de potência: o sol tem mais potência que a planta, porém a potência da planta somente é um “menos” quando comparada com a potência do sol. Nela mesma, a potência da planta é como toda potência, inclusive a nossa: aumentará se tiver um bom encontro, diminuirá se sofrer um mau encontro.

 Não é o outro ser o responsável exclusivo pelo bom ou mau encontro: nós também somos corresponsáveis pelos amores e alegrias que nos acontecem e mesmo dos ódios e tristezas que imaginamos vir apenas do outro. 

O sol não envia as flores que a planta fabrica, mas com a energia que o sol envia a planta fabrica flores. Uma pessoa não envia a amizade inteira à outra, é esta que a fabrica tornando-se da amizade parte, aumentando suas energias. 
Uma pessoa não envia o ódio inteiro à outra, é esta que o fabrica fazendo-se do ódio parte , diminuindo ela própria suas energias, enquanto potência de agir, sentir e pensar.