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domingo, 29 de abril de 2018

A insubordinada Raquel Trindade uma força pernambucana em Embu- São Paulo




ttps://bit.ly/2vvIBs6
Biblioteca Comunitária Solano Trindade e Conselho de Defesa do direito do negro em Festival em homenagem a Solano Trindade em Embu das Artes - SP


Folguedos Populares Embu -Sp (https://bit.ly/2Jfku30)






Não conheci Solano Trindade - 1908-1974, pernambucano pai de Raquel Trindade,  mas a conheci quando do meu trabalho na Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo, anos 80, coordenando pesquisas na área de Cultura Popular, Centro Cultural SP.

Mulher de força, pungente, militarista do movimento negro.Em Embu das Artes, SP, fez sua morada e lá desenvolveu seus projetos culturais.Tornou a cidade um polo de cultura  multidiversificado  a cidade ganhou tônus,mais alegre e local de passeio aos fins de semana dos paulistanos,  da capital , brasileiros de outros estados e turistas de  outros países

Atraiu artistas de diversa linguagens, fez a cidade um centro de artes , não só do  teatro, que fundou com nome de seu pai, mas artes plásticas- e um locus de  ceramistas. Os ateliês  se proliferaram  e todo um entorno de turismo.

Na área do Teatro e tradições populares manteve as suas raízes  como as de Pernambuco, entre elas o maracatu, entre ouras, 

A matéria abaixo do Jornal Brasil de Fato -https://bit.ly/2HFsUDo -faz uma  retrospectiva merecida a essa mulher que ficará marcada pelo seu trabalho e militância. Parabéns Juliana Gonçalves pela matéria.Outras mídias não deram a atenção devida, lamentável

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A insubordinada Raquel Trindade: multiartista e matriarca morre aos 81 anos. Brasil de Fato ...https://bit.ly/2HFsUDo

Fundadora do Teatro Solano Trindade, em Embu, Raquel tinha um papel fundamental na promoção da cultura afro-brasileira

Brasil de Fato| São Paulo (SP)
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Rainha Kambinda, herdeira de Solano Trindade, faleceu no último dia 15 de abril / Renata Vuolo

A herdeira de Solano Trindade, a Rainha Kambinda, anunciou: "O principal é preservar a cultura popular. Meu pai já dizia que pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte. E tudo o que eu aprendi com meu pai, com meus avós, com os anciãos, eu passo para os meus filhos e netos e para o elenco do grupo que tem japonesa, negro, tem branco tem gente de todas as cores".
A frase de Raquel Trindade dita à cineasta Day Rodrigues em agosto de 2017 em um vídeo ainda inédito, dá o tom da grandiosidade de Dona Raquel. Conhecida também como Rainha Kambinda, em uma referência a nação africana Cabinda, reconhecida por ser matrilinear, Raquel foi uma multiplicadora da cultura popular, ícone da resiliência e liderança feminina.
Nascida em Recife, Pernambuco, em 10 de Agosto de 1936, foi criada no Rio de Janeiro e passou grande parte da sua vida na cidade de Embu das Artes, em São Paulo.
Foi filha do poeta do povo, Solano Trindade, e Maria Margarida da Trindade, coreógrafa e terapeuta ocupacional, de quem herdou o amor às danças populares e aprendeu sobre o maracatu, o jongo, o maculelê, entre outras expressões regionais.
Manoel Trindade, o neto, conta como ela gostava de se descrever. "Ela se descrevia sempre dessa forma: era ialorixá, artista plástica, coreógrafa, bailarina e assistente social. A avó ela esculpia, pintava, ensinava todas as danças, não era musicista, mas cantava", conta. 
A oralidade era uma das suas marcas registradas. De cabeça, sabia diversos contos africanos e cantigas de roda.
Dançarina, professora, escritora, rainha do maracatu, artista plástica, folclorista e coreógrafa, são muitas facetas que colocam o nome de Raquel Trindade na história da cultura e arte produzida pelo povo negro aqui no Brasil.
Porém, Renata Felinto dos Santos, artista visual, ressalta outra vertente de Kambinda. "Eu gostaria de destacar o papel da Raquel como mulher negra insubordinada as regras do seu tempo, porque muito jovem ela decide que ela vai dançar, vai ser artista e se casa. Mas essa postura insubordinada, essa mulher que não pode ser dominada, acho que é o mais fascinante quando observo Raquel", acrescenta.
Felinto, que também é professora adjunta de teoria da Arte da Universidade Regional do Cariri, no Ceará, destaca outros papéis de Raquel.  "Essas três vertentes da Raquel Trindade como pintora, coreógrafa, e gestora cultural e pesquisadora, eu leria também como professora, essas atuações muito importantes, não se excluem, mas sim se complementam, uma fortalece a outra", considera.
A professora relembra trajetória de Raquel em Embu das Artes como algo que solidificou o status do lugar como "cidade das artes", muito pelo seu trabalho de Raquel como gestora cultural dentro do Teatro Popular Solano Trindade. Ela também foi responsável pela fundação da Nação Kambinda de Maracatu. 
"O que eu penso do legado da minha avó, do que ela deixa de toda a história dela. Toda história difundida da cultura popular nordestina, se deve a esse trabalho da minha avó super insistente de pesquisar danças e aprender danças com a bisavó Margarida, de buscar os próprios conhecimento, da leitura dela, o quanto ela lia o tempo todo para conhecer um pouco mais sobre África e cultura popular", relembra o neto.
Raquel se colocava, segundo ele, como ponte e, independente de ter titulações, é respeitada como uma grande pensadora. Prova disso é que lecionou em desde lugares periféricos do Brasil até universidades como a Unicamp e a Unifesp.
Assim, foi responsável por levar a cultura popular à academia, enquanto educava filhos e auxiliava na educação de netos e netas. "Eu acho que o legado é esse: mulheres negras não nos cabem em nenhum dos rótulo que nos deram, nenhum dos lugares que nos reservaram, é preciso criar novos lugares e acho que Raquel conseguiu criar um novo lugar", ressalta Felinto.
No dia 16 de abril, um cortejo formado por amigos e familiares marcou a passagem da rainha Kambinda. Tudo ao som do jongo e maracatu, sentido de uma vida combativa e insubordinada.