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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

A verdadeira questão é a seguinte: o trabalho não pode ser uma lei sem ser um direito.” Luciana Hidalgo

L.hidalgo-Liv.Travessa


Sempre atenta e de lanterna nos olhos, nas mãos e fogo no escrever aqui está Luciana Hidalgo no seu Facebook Captura:


Meu marido me mostra esse trecho de “Os miseráveis”, de Victor Hugo, que o faz pensar no Brasil atual. Concordo e penso na longa estrada civilizatória que ainda temos a percorrer.
“O sofrimento engendra a raiva, e enquanto as classes prósperas preferem não ver ou dormem, isto é, fecham os olhos, o rancor das classes infelizes acende seu archote num espírito qualquer, triste ou deformado, que sonha num canto e se põe a examinar a sociedade. O exame rancoroso é algo terrível!
A partir daí, se as desgraças da época assim permitirem, acontecem essas assustadoras comoções populares antigamente chamadas “jacqueries” e em comparação às quais as agitações puramente políticas parecem brincadeira de criança, pois deixam de se limitar à luta do oprimido contra o opressor para ser revolta do mal-estar contra o bem-estar. E tudo desmorona. (...)
Foi diante desse perigo, talvez iminente na Europa do final do século XVIII, que agiu a Revolução Francesa, esse imenso ato de probidade.
A Revolução Francesa, o ideal armado com o gládio, se ergueu e num mesmo movimento brusco fechou a porta do Mal e abriu a porta do Bem.
Realçou a questão, promulgou a verdade, afastou o miasma, saneou o século, coroou o povo.
Pode-se dizer que ela recriou o homem, dando-lhe uma segunda alma, o direito. (...) O sentimento do direito, uma vez desenvolvido, desenvolve o sentimento do dever. A lei de todos é a liberdade, que acaba onde começa a liberdade do outro, segundo a admirável definição de Robespierre. Desde 1789, o povo inteiro se dilata no indivíduo sublimado. (...)
Não nos cansemos de repetir, deve-se antes de tudo pensar nas multidões deserdadas e sofredoras, aliviá-las, aerá-las, esclarecê-las, amá-las, alagar-lhes magnificamente os horizontes, prodigar, sob todas as suas formas, a educação, oferecer o exemplo do trabalho, nunca o exemplo do ócio, amortecer o peso do fardo individual aumentando a noção de meta universal, limitar a pobreza sem limitar a riqueza, criar vastos campos de atividade pública e popular, ter, como Briarée, cem mãos a estender aos sobrecarregados e vulneráveis, empregar a força coletiva nesse grande dever de abrir ateliês para todos os braços, escolas para todas as aptidões, laboratórios para todas as inteligências, aumentar o salário, diminuir a labuta, contrabalançar o que se deve e o que se tem, quer dizer, proporcionar prazer ao esforço e satisfação à necessidade, resumindo, fazer com que parta do aparelho social, em prol dos que sofrem e dos que ignoram, maior esclarecimento e maior bem-estar. Isso, que as almas afins não esqueçam, é a primeira das obrigações fraternais; isso, que saibam os corações egoístas, é a primeira das necessidades políticas.
E tudo isso, sejamos claros, é apenas um início. A verdadeira questão é a seguinte: o trabalho não pode ser uma lei sem ser um direito.”