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segunda-feira, 11 de maio de 2015

UM POETA NACIONAL -AINDA NÃO ADMIRADO COM FORÇA PELOS BRASILEIROS, DEMÉTRIOS GALVÃO





Demetrios Galvão Teresina (PI) é historiador e poeta. Publicou os livros Cavalo de Tróia (2001), Fractais Semióticos (2005), Insólito (2011), Bifurcações (2014) e o cd Um Pandemônio Léxico no Arquipélago Parabólico (2005). Participou do coletivo poético Academia Onírica e foi um dos editores do blog Poesia Tarja Preta (2010-2012) e da AO-Revista (2011-2012), além de ter participado da produção do cd Veículo q.s.p – Quantidade Suficiente Para (2010). Tem poemas publicados em diversos portais e revistas. Atualmente é um dos editores da revista Acrobata.   e-mail: demetrios.galvao@yahoo.com.br
Demetrios é um daqueles  intelectuais brasileiros pulsantes neste país ,com fibra de sujeito obstinado,firme e de um verso certeiro de lírica densa

1) Como é sua formação e quando começa tua produção poética? Teus poetas eleitos nacionais e internacionais?

Minha formação acadêmica/profissional é em história, sou professor universitário.

Minha produção poética, minhas primeiras experiências com a escrita se dá ainda antes da universidade no final da década de 1990.  Tudo inicia com minhas caminhadas pela cidade e com as descobertas que fiz nas bibliotecas públicas. Escrevo há uns 15 anos e tenho 4 livros publicados. No inicio produzi um fanzine de poesia chamado Sintezine e fiz diversos livretos. Sempre tive no meu horizonte a perspectiva do faça você mesmo.

O meu primeiro livro, Cavalo de Tróia (2001), é um trabalho em que a mensagem é mais forte que a linguagem em si, no caso, a poesia era só o meio. A escrita na época, estava engajada com questões sociais, protestos, movimento Anarco-punk e poesia marginal. Esse foi um livro completamente artesanal, que eu fiz em casa, com a ajuda do meu irmão, e vendia em shows de rock, na universidade e em encontros de estudantes.

Já no segundo, Fractais Semióticos (2005), estabeleço um diálogo muito direto com os escritos beats do Allen Ginsberg, do Ferlinghetti, do Carl Solomon, do Jonh Fante, bem como do Roberto Piva e Torquato Neto.  Aquelas coisas de viajar e escrever sobre a estrada, a liberdade da experimentação, a descoberta do mundo e etc. Nesse livro, começo a ter uma maior preocupação com a linguagem e com os processos de escrita. No período em que escrevi os poemas do Fractais Semióticos (2001 – 2002), conheci alguns poetas de Fortaleza (CE) e consolidei para mim, a ideia de ser poeta. Esse é um livro que tem poemas que vou levar para o resto da vida, pois há uma relação forte de poesia e experiência – experimentação.

O Insólito (2011) é um livro que consigo apurar um trabalho de deslocamentos, produzindo situações não habituais. Busco provocar no leitor a sensação de estranhamento, mexendo com as coisas que estão assentadas em lugares definidos. Nesse momento, me preocupo bem mais com a possibilidade de criar imagens a partir da linguagem poética, o que vai consolidar e marcar a minha poesia. Daqui em diante as imagens ganham o centro da minha escrita e o meu desejo se lança na tormenta do surrealismo, principalmente com as leituras que fiz do Murilo Mendes, Jorge de Lima, Claudio Willer, Floriano Martins, Afonso Henriques Neto, Breton e Vicente Huidobro. Insólito é um investimento poético-estético no onírico, penso o livro como um álbum de fotografias não convencionais, como uma série de pinturas que explodem.

O Bifurcações (2014) reafirma em mim e na minha poesia a força das imagens e a convicção no diálogo com o onírico e a imersão no surrealismo, a fuga da realidade óbvia e das situações dadas. Nesse livro, tive um violento encontro com Bylan Thomas e uma aproximação com alguns poetas da minha cidade, Rubervan Du Nascimento e Adriano Lobão. No percurso de criação me bifurquei diversas vezes e trouxe para a superfície dos textos um pouco do meu labirinto doméstico, do meu processo de se tornar pai e da relação que tenho com minhas criaturas encantadas. Nesse livro alterno momentos suaves com regiões mais tensas, formando uma geografia com acidentes planejados, mas que exige uma caminhada sem mapas. Não entrego nada de graça para o leitor. Nas andanças por minhas bifurcações aparecem os mestres Vicente Huidobro e António Ramos Rosa, que estão ali para dão algumas senhas para o leitor. No Bifurcações faço uso da poesia para esticar o mundo e criar possibilidades que a história não consegue alcançar. Possibilidades afetivas irmanadas no calor das palavras.

Atravessando a produção do livros, tem também as atividades que desenvolvi no coletivo Academia Onírica juntamente com alguns poetas e artistas de Teresina. Nesse grupo realizamos diversos encontros poéticos (saraus) e editamos um blog – poesia tarja preta, a AO-Revista (com duas edições) e um cd de poesia e música chamado veículo q.s.p – quantidade suficiente para. As atividades do coletivo duraram entre janeiro de 2010 e janeiro de 2012.

Hoje, edito uma revista chamada Acrobata que trata de literatura e audiovisual, juntamente com o poeta Thiago E e o pesquisador de cinema Aristides Oliveira. A revista se encontra na terceira edição e articula em suas páginas poesias, contos, ensaios, entrevista, tradução. A Acrobata é uma revista editada em Teresina, mas que tem colaboradores de diversas partes do Brasil e do mundo. Por ela já passaram: Augusto de Campos, Sérgio Cohn, Afonso Henriques neto, Ademir Assunção, Luís Serguilha, Marcelino Freire, Bruno Azevedo, Micheliny Verunschk, dentre outros.

2) Há alguma crítica á tua obra--quem......quantos livros?

Existe pouca coisa escrita sobre minha poesia. Penso que os 2 textos que tratam da minha poesia de uma forma bacana são as apresentações dos meus livros. A do Insólito, feita pelo poeta Rubervan Du Nascimento, e a do Bifurcações, feita pelo poeta Afonso Henriques Neto. Ainda não vi ninguém se interessando por escrever sobre meu trabalho.

3) Há alguma poesia inédita?-claro após este último-

Já tenho um conjunto de textos que começam a dar forma a um novo livro, que acredito não tradará a aparecer. No último ano a minha produção poética ficou bastante intensa e tem muita coisa que não entrou no Bifurcações.

4) Quem são teus poetas daí ?

Torquato Neto e Mário Faustino são os dois principais. Mas tenho uma relação muito próxima com a poesia do Rubervam Du Nascimento e também com os meus contemporâneos como o Thiago E, o Kilito Trindade e o Adriano Lobão. Também gosto muito de acompanhar os poetas mais novos e de saber o que estão escrevendo. Cito o Rodrigo M Leite e a Renata Flávia.