REDES

Mostrando postagens com marcador Lições para estripar um homem: estripa-se o seu nome em praça suja..Lula Livre ..Captura do Face. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Lições para estripar um homem: estripa-se o seu nome em praça suja..Lula Livre ..Captura do Face. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Lições para estripar um homem: estripa-se o seu nome em praça suja..Lula Livre ..Captura do Face



Carlos Moreira
"...última lição para estripar um homem:
verificar com exato cuidado
se a baleia não quer vomitá-lo
se não possui uma flauta de pedra
ou uma antiga lira afiada
que faça arrepiar a terra:
neste caso foi inútil estripá-lo:
multiplicado milpartido libertado
ele rompe a corrente do tempo
e atinge maior o outro lado:
inútil o sono da vila enquanto /canta o estripado! "
(Carlos Moreira)

Tomo  emprestado de Luciana Hidalgo  e afirmo  - "falar da vileza de forma fina". Ela  é  essa faca fina, afiada. Como boa jornalista e escritora, vai em cima do fato e mostra suas filigranas rompendo estereótipos e justapondo o preto, o branco. Sua faca lexical é precisa. Como boa pescadora com faca,  destaca no livro  Lula Livre -Lula Livro* - lançado em 13.08, Carlos Moreira, um jovem e largo poeta (e olha que há muitos outros poetas de  musculatura farta participando da mesma obra). Luciana também participa, leiam sua postagem no Facebook. Paulo Vasconcelos

Futuramente, numa antologia poética que dê conta dos tempos de hoje, esse poema de Carlos Moreira certamente aparecerá como síntese do linchamento de um homem (um ex-presidente) sem precedente na história do país. É próprio da poesia falar da vileza de forma fina, situando-a na linhagem evolutiva da humanidade e da palavra. Leiam. É um dos ótimos textos do “Lula Livre – Lula Livro”, que será lançado hoje às 20h no Teatro Oficina do genial Zé Celso de Martinez Corrêa, em São Paulo.(Luciana Hidalgo)

primeira lição para estripar um homem:
estripa-se o seu nome em praça suja
sua língua na lama sua sombra na sombra
em cada passo um golpe de medo
e no segredo que nunca houve
as larvas de milhões de segredos
segunda lição para estripar um homem:
para saber sua altura usar a régua do porco
a régua do rato a métrica do nojo
a balança do fogo: cada quilo valerá
menos que o outro e cada centímetro
um corpo a menos: a menos que o corpo
se jogue da ponte ou do porto
e poupe o inútil trabalho da vila
de matar um homem morto
terceira lição para estripar um homem:
não se estripa um homem só:
estripam-se os avós e netos
amigos silêncios e objetos
que cercam o homem a ser estripado
e tudo deverá caber no mesmo saco
um mundo inteiro reduzido
ao suposto fato de que tudo
retornará ao nada de que foi originado
quarta lição para estripar um homem:
estripa-se a palavra do homem
o dito o não dito o interdito
naquilo que sendo fala também cala
o que o torna homem: sua palavra
de homem que agora estripada
vale nada ou menos o que a pele
diria à faca: bem-vinda, senhora
sinta-se em casa
quinta lição para estripar um homem:
após estripado lança-se tudo
no fosso do fundo do calabouço
entre outros tantos estripados
carcaças de sonhos pedaços de loucos
para que até o fim dos tempos
de nenhum corredor possa brotar
o vivo reflexo de seus olhos
sexta lição para estripar um homem:
a vila inteira deverá lavar a praça
as ruas as casas as igrejas as estradas
e a própria vila deverá mergulhar
e manchar o rio com o vermelho
que escorrer de suas roupas pálidas
e queimá-las numa fogueira imensa
e caminharem nus e em silêncio
cada um em direção à cova de sua casa
última lição para estripar um homem:
verificar com exato cuidado
se a baleia não quer vomitá-lo
se não possui uma flauta de pedra
ou uma antiga lira afiada
que faça arrepiar a terra:
neste caso foi inútil estripá-lo:
multiplicado milpartido libertado
ele rompe a corrente do tempo
e atinge maior o outro lado:
inútil o sono da vila enquanto
canta o estripado

"Lula Livre - Lula Livro" foi lançado no Teatro Oficina, 13.08.18,num grande ato literário-político-teatral, com o selo de garantia do genial José Celso Martinez Corrêa. Que festa. Entrada gratuita. Todos convidados.
Organizado por Ademir Assunção e Marcelino Freire, o livro reúne autores de todas as regiões do Brasil. São eles:
ademir assunção * ademir demarchi * adriane garcia * afonso henriques neto * alberto lins caldas * aldir blanc * alice ruiz * andréa del fuego * antonio thadeu wojciechowski * artur gomes * augusto de campos * augusto guimaraens cavalcanti * beatriz azevedo * bernardo vilhena * binho * caco galhardo * carlos moreira * carlos rennó * celso borges * celso de alencar * chacal * chico buarque * chico césar * claudio daniel * diana junkes * douglas diegues * edmilson de almeida pereira * edvaldo santana * eltânia andré * eric nepomuceno * evandro affonso ferreira * fabio giorgio * fabrício marques * fernando abreu * ferréz * flávia helena * frei betto * gero camilo * gil jorge * glauco mattoso * jessé andarilho * joca reiners terron * jorge ialanji filholini * josely vianna baptista * jotabê medeiros * juvenal pereira * karen debértolis * laerte * lau siqueira * linaldo guedes * líria porto * lucas afonso * luciana hidalgo * luiz roberto guedes * manoel herzog * marcelino freire * márcia barbieri * márcia denser * maurício arruda mendonça * noemi jaffe * patrícia valim * paulinho assunção * paulo césar de carvalho * paulo de toledo * paulo lins * paulo moreira * paulo stocker * pedro carrano * raduan nassar * raimundo carrero * ricardo aleixo * ricardo silvestrin * roberta estrela d’alva * rodrigo garcia lopes * ronaldo cagiano * rubens jardim * sandro saraiva * sebastião nunes * seraphim pietroforte * sérgio fantini * sérgio vaz * sidney rocha * susanna busato * tarso de melo * teo adorno * vanderley mendonça * waldo motta * wellington soares * wilson alves bezerra * xico sá