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sábado, 29 de maio de 2010

Crónica de uma família à beira de um ataque de nervos


Crónica de uma família à beira de um ataque de nervos
por NUNO CARVALHOOntem


Terceira edição da Festa do Cinema Italiano apresenta hoje, como filme de encerramento, a mais recente obra de Ferzan Özpetek, numa sessão com a presença do realizador.

A condição dos homossexuais é um tema frequente na obra de Ferzan Özpetek, realizador italiano de origem turca, e abertamente gay, que se estreou na realização em 1997 com Il Bagno Turco. Uma temática que o autor volta a abordar no seu mais recente filme, Mine Vaganti (escolhido para encerrar a 3.ª edição da Festa do Cinema Italiano e a exibir hoje, pelas 21.30, no Cinema Monumental).
A oitava longa-metragem de Özpetek é uma comédia dramática centrada numa família italiana da alta burguesia em que cada membro oculta um segredo atrás de uma fachada de conveniências. O filme centra-se em Tommaso (Riccardo Scamarcio), um dos três filhos de um clã que detém uma fábrica de massas, que ao regressar a casa da família, depois de uma estada em Roma (onde os pais julgam que se prepara para dar continuidade ao negócio familiar, mas onde realmente faz estudos de literatura com vista a tornar-se escritor), se prepara para revelar o segredo que o atormenta - o facto de ser homossexual. Mas quando o seu irmão Antonio (Alessandro Preziosi), roubando- -lhe o momento em que se preparava para sair do armário, se declara gay perante toda a família, Tommaso vê-se obrigado a calar o seu segredo por temer pela saúde do pai (Ennio Fantastichini), que sofre um ataque cardíaco ao ouvir a inesperada revelação.
Özpetek e o argumentista Ivan Cotroneo voltam a abordar o tema da "saída do armário" neste filme que cruza a comédia de costumes com o melodrama sentimental para encenar em tom de suave farsa (fazendo um uso deliberado do estereótipo) a "tragédia" que representa para muitos pais de espírito conservador (e certamente egoísta) o facto de terem um filho gay. Num estilo acessível, Mine Vaganti retrata com humor, mas também com dureza, o absurdo e o erro dos que vêem como maldição aquilo que na verdade não o é.