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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Abecedário de uma arte popular






Abecedário de uma arte popular

José Nêumanne

O ABC é uma modalidade do repente (poesia popular sertaneja) e do cordel, sendo basicamente usado para celebrar feitos e heróis do povo, que ouve os desafios de viola ou lê os folhetos com romances vendidos nas feiras livres do sertão. É uma prática ancestral de celebrar o heroísmo a partir de senhas, ou palavras-chave, por ordem alfabética, de A a Z. Bráulio Tavares, que conhece bem as formas literárias populares do Nordeste (assim como da ficção científica), recorreu a esse modo para fazer uma abordagem original do universo no qual se apóiam dramas e romances de seu conterrâneo Ariano Suassuna. No ano da comemoração dos 80 anos do escritor paraibano (nascido no Palácio do Governo, em 1927, ano em que seu pai, João Suassuna, era presidente da Província, que sempre lhe serviu de cenário, mesmo tendo o autor se mudado para Pernambuco, em cuja capital, Recife, foi estudar, quando sua mãe ainda morava em Taperoá), ABC de Ariano Suassuna se destaca exatamente por isso.

Leitor apaixonado da poesia e do romance e espectador privilegiado do teatro de Suassuna, o escritor de Campina Grande aproveita a celebração da efeméride para revolver, de forma competente e agradável, todo o universo mítico no qual o literato pessoense ergueu seu marco, para usar outra expressão familiar aos interessados na poética popular nordestina: Marco Marciano, por sinal, é o título da canção de Lenine e Bráulio que mistura a epopéia sideral com a saga sertaneja. Bráulio recorreu a um expediente interessante para facilitar a leitura do abecedário pelo leitor urbano, desacostumado à fórmula. O primeiro verbete é Acauã, nome da fazenda onde Ariano passou os primeiros anos de sua infância, com o pai ainda vivo. A fazenda, em Souza, no sertão paraibano, é histórica, pois por lá passou Frei Caneca em ferros a caminho do Recife, onde liderara malograda revolta republicana contra o Primeiro Império, e teve sua decadência registrada nas imagens de um clássico do documentário brasileiro, O País de São Saruê (título inspirado num folheto de cordel), dirigido por outro paraibano, Vladimir Carvalho.

Descrita no verbete João Grilo, seu protagonista, a obra-prima de Ariano Suassuna, a comédia teatral O Auto da Compadecida, é, como ele mesmo gosta de apregoar em suas engraçadíssimas aulas-espetáculo, a fusão de três folhetos de cordel, que leu na infância. O mais celebrado de sua prosa de ficção, A Pedra do Reino, do qual Luiz Fernando de Carvalho adaptou uma microssérie para a televisão, levada ao ar em junho passado, justamente quando se comemorava o aniversário do autor do romance, também se inspira (mais que isso, se molda) em formas da narrativa popular, seja cantada por violeiros e rabequistas, seja impressa nos folhetos dos poetas de bancada. O título da tese da professora Elizabeth Marinheiro sobre o romance - A Intertextualidade das Formas Simples - remete exatamente a essa questão: trata-se de um texto de ficção construído sobre a intertextualidade, só que não das citações eruditas, como o termo complicado pode insinuar, mas, sim, das formas literárias que falam diretamente ao goto, ao gosto e ao conhecimento do povo. A forma original que Bráulio encontrou para celebrar seu ídolo foi falar das fontes em que ele bebeu para construir a obra pela qual ele se tornou conhecido e festejado no Brasil inteiro na programação do veículo popular por excelência da arte, da cultura, do entretenimento e da informação. Ao dissecar as origens dos textos nos quais o celebrado autor se inspirou, o exegeta aproveitou para trazer a lume a extraordinária riqueza da produção literária dos sertões. É conhecida da academia - e até mesmo do público leitor em geral - a militância de Ariano pela conservação das formas da cultura popular, de origem marcadamente ibérica, mas misturada com tradições indígenas e africanas. Infelizmente, contudo, só se conhece a releitura que ele tem feito, primeiro no teatro e depois na prosa de ficção, das obras seminais dessa cultura, que pode ser sepultada pela urbanização, pela tecnologia e, sobretudo, pela globalização. Bráulio faz, neste sentido, um trabalho exemplar, ao escavar, como um arqueólogo e expor à luz do dia obras de extraordinário valor, recriadas pelo engenho e pela arte de um escritor fora de série, ao qual, aliás, o autor do abecedário sempre rendeu suas homenagens, a ponto de se tornar um especialista - para tanto convidado para participar da redação do roteiro original da microssérie para a televisão.

O último verbete foi reservado para Zélia, a bela mulher com quem o feioso dramaturgo se casou e sua paixão pela vida afora.

Seja na forma adaptada da modalidade de viola e cordel, seja na escolha das palavras para encimarem o capítulo, permitindo uma abordagem linear da vida, paixão e influências do autor-tema, Bráulio traça um painel completo de um universo rico, colorido e profícuo. Didático, mas sedutor, seu estilo introduz o leitor num universo ancestral, que se torna novo a seus olhos ávidos de informação.

José Nêumanne, jornalista e escritor, é editorialista do Jornal da Tarde

ABC de Ariano Suassuna, Bráulio Tavares, José Olympio, 238 págs., R$ 28,50

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

HERMILO BORBA FILHO


FALAR DE HERMILO BORBA FILHO

POR MOBILE


FALAR DE HERMILO BORBA FILHO




FALAR DE HERMILO , SOBRE E SUA OBRA E AÇÕES É NOS DEBRUÇARMOS SOBRE UM INTELECTUAL RARO, DO BRASIL CONSTATANDO O SEU PODER INUSITADO COMO GESTOR E PRODUTOR CULTURAL QUE MUITAS VEZES, E QUASE SEMPRE, ESQUECIDO PELA MÍDIA EM GERAL E, MESMO, A PERNAMBUCANA.
HERMILO FOI UM HOMEM SÉRIO QUE NÃO SÓ ATUOU NO TEATRO,COM PASSAGENS POR ENCENAÇÕES MARCANTES EM RECIFE, NORDESTE EM GERAL, ASSIM COMO EM S PAULO, INCLUSIVE. TAMBÉM FOI EDITOR DA REVISTA VISÃO SP.
HERMILO DEU CONTRIBUIÇÕES INEFÁVEIS A LITERATURA, COM UAM OBRA FORTE,AO TEATRO,COM SUA PRODUÇÃO TEÓRICA E DRAMATÚRGICA,CONTRIBUIU COM O MUNDO EDITORIAL, LIVREIRO E DE REVISTAS, ASSIM COMO NA ÁREA DA MÚSICA.
PRECISAMOS REVER TODAS A S SUAS INTERVENÇÕES NO MUNDO DA CULTURA.
PAULO VASCONCELOS
EX-DIRETOR E FUNDADOR DA ESCOLA HERMILO BORBA FILHO -RECIFE PE; EX INTEGRANTE DO TEATRO HERMILO BORBA FILHO
EVELIN MONTEIRO CARVALHO- JORNALISTA E INTEGRANTE DO TEATRO HERMILO BORBA FILHO OLINDA PE 
Quarta- feira, 2 janeiro de 2008 edições anteriores

CADERNO 2


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Pensador original, renovou a cena artística no Recife
Hermilo fundiu identidade regional com o caráter universalista das vanguardas

Mariangela Alves de Lima

Estão quase sempre de acordo os historiadores da arte ao situar no fim dos anos 30 do século passado o marco inicial do modernismo teatral brasileiro. Até hoje faz-nos falta, contudo, um compêndio de intuito didático ligando os vários pontos geográficos em que o movimento teatral sincronizou-se e, inversamente, distinguindo as significativas diferenças regionais. No Estado de Pernambuco, uma hoste modernista numerosa e verdadeiramente genial - e aqui é preciso invocar a condescendência dos leitores para esse qualificativo anacrônico - começou no Recife uma renovação cultural, cujas irradiações ainda são sensíveis na linguagem da cena e no âmbito mais específico da dramaturgia televisiva. Hermilo Borba Filho (1917-1976) foi figura de proa da renovação artística da cena no Recife, mas foi também, além disso, autor de obras destinadas à difusão do conhecimento e pensador de um projeto estético onde se fundiram, de modo prático e teórico, a aparente dicotomia entre a identidade regional e a o ânimo universalista das vanguardas.

Em grande parte a gênese dessa síntese corporificada na ficção dramática está recontada em uma série de romances de formação enfeixada sob o título de Um Cavalheiro da Segunda Decadência. São livros de grande sucesso de estima que talvez ainda possam ser encontrados no Nordeste, mas que os leitores paulistanos amantes de literatura brasileira disputam a tapa nos sebos. Pode-se dizer o mesmo das preciosas contribuições historiográficas e ensaísticas em que o dramaturgo e o encenador abrem alas ao excelente (e nem por isso imparcial) professor. Para fundamentar sua prática como encenador e dramaturgo, para orientar os grupos e elencos com que trabalhou e, sobretudo, subsidiar a atividade didática informal e universitária, escreveu uma história do teatro tendo como perspectiva central a evolução do espetáculo.

Ângulo inovador entre nós nos anos 50 do século 20, uma vez que ainda estávamos em débito com a história da literatura dramática brasileira, a tese de Hermilo Borba Filho harmonizava as duas batidas pendulares da arte no seu Estado natal. Em Pernambuco, e também em outros Estados do Norte e Nordeste, os espetáculos populares, bem-sucedidos na medida em que seu público se renova há várias gerações, eram predominantemente cênicos e só 'literários' de modo secundário. Testemunhavam, portanto, o vigor da comunicação direta, da inteligência original do artista da cena, capaz de recriar e improvisar infinitamente as suas histórias. No contratempo dessa batida havia, e há ainda esse sintoma freqüente em culturas que preservam o fascínio pelo universo rural, um ímpeto metropolitano e universalista incitando à abertura para as novidades da vanguarda internacional.

Nas artes visuais, a contradição já estava resolvida havia duas décadas, mas, no teatro, a formulação aparece, primeiro insinuada e depois em diferentes graus de resolução, em uma seqüência de obras teóricas que se inicia com a História do Teatro, editada em 1950 pela Casa do Estudante do Brasil e ilustrada por Aloísio Magalhães, afina-se em Diálogos do Encenador, edição de 1964 pela Imprensa Universitária da Universidade do Recife e cristaliza-se nas páginas de Fisionomia e Espírito do Mamulengo. Este último título, publicado em 1966 na preciosa coleção Brasiliana, co-edição da Civilização Brasileira e da Edusp é, embora motivado pelo afeto localista, um trabalho exemplar de demonstração da plasticidade e do grau de abertura das formas espetaculares preservadas pela cultura iletrada.

Sem explicitar as referências às vanguardas européias que valorizaram a encenação e os atores situando-os em um patamar à altura da dramaturgia, o estudo dos mamulengos nordestinos destaca os procedimentos de composição da cena, as estruturas dramáticas, a vitalidade resultante da ênfase na potência icônica da personagem e, sobretudo, a independência de uma linguagem que se firma nas convenções puramente teatrais, sem ligar a mínima para a forma aparente do real. Esse 'realismo superior, porque poético' seria, na perspectiva do ensaio, um ponto de contato íntimo ou uma identificação metafísica entre o teatro contemporâneo e os espetáculos populares.

Porque estão, por circunstância de nascimento, livres da 'ilusão burguesa do teatro realista', as figuras e as tramas do mamulengo podem ser a fonte de inspiração para uma dramaturgia que vise o espetáculo antes da literatura. Móvel, abrigando-se em qualquer lugar onde haja público e misturando-se fisicamente a ele, mantendo uma relação dialógica que o obriga a atualizar-se, o diminuto teatro de mamulengo torna-se a antimetáfora da grandiosa cena italiana e do culto às obras-primas. É a articulação complexa e inteligente da arte popular, mais do que a preservação de uma arte arcaica, que interessa ao encenador e dramaturgo. E é o teórico sempre apaixonado pelo novo que conclui: 'Certos puristas do folclore abrem a boca escandalizados quando vêem, em qualquer divertimento popular, a intromissão de novos elementos. É uma besteira. Os artistas populares incorporam e absorvem qualquer fato novo que lhes fira a imaginação, sem que por isso abastardem sua arte. Vi, num mamulengo, uma figura de andarilho que carregava nas costas um saco - elemento próprio - e uma miniatura de garrafa de Coca-Cola.'

Para lembrar Hermilo Borba Filho
Parte da extensa obra do dramaturgo e teórico pernambucano chega ao público em novas edições

Beth Néspoli

Sem dúvida, entre intelectuais e gente de teatro, a importância do dramaturgo, escritor, diretor, professor e teórico Hermilo Borba Filho (1917-1976) é reconhecida em qualquer parte do Brasil. Porém, em Pernambuco, não só sua memória como sua obra se mantêm vivas e ao alcance de diferentes públicos. Ele foi o homenageado especial do 10º Festival Recife de Teatro Nacional e sua viúva, Leda Alves, subiu ao palco do Teatro Santa Isabel, em noite de abertura, para representá-lo.

No mesmo festival, que transcorreu entre os dias 7 e 19 de novembro e foi acompanhado pelo Estado, foi lançada oficialmente uma coletânea, em três volumes, com 12 peças do dramaturgo - Hermilo Borba Filho: Teatro Selecionado - em caprichada edição da Funarte, Fundação Nacional da Arte, ligada ao Ministério da Cultura. No palco, comovida, Leda Alves mostrou a condecoração da Ordem do Mérito Cultural, classe grã-cruz, homenagem póstuma ao homem de teatro por ela recebida na véspera das mãos do ministro da Cultura Gilberto Gil. 'Esta medalha pertence a todos nós. O teatro de Hermilo falava de sua gente, sua região, do Brasil.'

No saguão do Santa Isabel, teatro administrado por Leda Alves, é possível apreciar uma exposição com objetos pessoais, fotos do dramaturgo, antigas edições de suas obras ou de livros por ele traduzidos e imagens de sua região natal, a zona da mata do sul de Pernambuco, de onde pescou muitos dos tipos que iria retratar em contos realmente primorosos. Hermilo nasceu no Engenho Verde, município de Palmares. Em 1946, fundou com outros artistas e intelectuais, Ariano Suassuna entre eles, o Teatro do Estudante de Pernambuco. Atuou também em São Paulo, como diretor na companhia de Nydia Licia e Sérgio Cardoso, entre outras, e também escreveu para jornais como Última Hora e Correio Paulistano. Mas voltou para o Recife em 1958 e passou a exercer importante atividade intelectual na capital de seu Estado natal. Que parece jamais tê-lo esquecido.

Textos teóricos como Espetáculos Populares do Nordeste vêm sendo publicados pela Editora Massangana, da Fundação Joaquim Nabuco, e podem ser encontrados nas livrarias. Sem contar análises sobre sua obra, entre elas O Diálogo como Método: Cinco Reflexões sobre Hermilo Borba Filho, organizada por Lúcia Machado, que traz artigos de diferentes especialistas, editado pela Fundação de Cultura da Cidade do Recife. É possível comprar nas livrarias coletâneas de seus contos, como O Peixe, cuja linguagem tem pontuação e ritmo surpreendentes, e está publicado em Os Melhores Contos, Hermilo Borba Filho, também da Fundação Cultura.

Ainda na programação do festival, duas montagens foram criadas a partir de seus textos. Mucurana, o Peixe, espetáculo da Cia. Construtores de História dirigida por Carlos Carvalho, transpunha com as ferramentas do teatro épico o conto já citado. Em três sucintas páginas, o autor narra uma história de cruel exercício de poder, e também de poética resistência, entre o poderoso major e um pobre andarilho que ousa pescar um peixe em suas terras. O teatro épico é boa escolha para reproduzir o olhar crítico do autor e a trupe alcança esse objetivo em cenas como o almoço grotesco dos poderosos. Pena que o ritmo ralentado, pelo menos na sessão acompanhada pelo Estado, tenha impedido outra meta, a potencialização da contundência do embate desigual.

Uma das peças publicadas pela Funarte, O Bom Samaritano, também subiu ao palco no festival e, não por acaso, traz também um jogo entre opressor e oprimido. Escrita em 1965, em linguagem de cordel, conta a história de Manuel da Redenção, que foi colocado amarrado em praça pública como castigo exemplar. Dirigida por Samuel Santos - mesmo criador do ótimo espetáculo infantil O Amor do Galo pela Galinha d'Água -, a montagem nasceu dentro do projeto O Aprendiz em Cena, que une artistas iniciantes e consagrados. Iniciativa louvável, cujos resultados vão bem além da exibição de um espetáculo. Para quem não pode ir até Pernambuco conferir essa memória viva, vale ler a obra desse pensador, em grande parte reeditada graças ao apoio do poder público, é preciso reconhecer.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O ENCORE PUNK-ROCK DO MINIMALISMO


24 MAI - 26 AGO 2007


O ENCORE PUNK-ROCK DO MINIMALISMO

Partindo da definição paradoxal da Pós-Modernidade proposta por Lyotard, para quem “uma obra só pode tornar-se moderna se for, antes de mais, pós-moderna”, Thierry de Duve identifica e caracteriza as duas tendências fundamentais da criação e da crítica contemporâneas, polarizadas entre duas concepções da história – uma de inspiração hegeliana, a outra de orientação nietzschiana –, entre duas conceituações da estética – uma marxista, a outra barroca – e entre duas inscrições políticas – uma centrada nas determinações ideológicas (realista), a outra partidária da total autonomia da arte (idealista). A “arqueologia da modernidade” de Thierry de Duve desenterra assim os argumentos da ‹i›querela‹/i› que, desde as primeiras aflorações do modernismo (e das duas concepções da modernidade e da pós-modernidade) se tem mantido à superfície da criação e da historiografia contemporâneas. De um lado, as correntes pós-Habermas, que defendendo a proporcionalidade entre a função epistemológica e a probidade ética, vêem na arte “uma promessa de emancipação fiel ao ideal das Luzes” e “desesperam de ver essa promessa traída a cada dia”. Estes seriam, como acrescenta de Duve, os «protestantes», para os quais, sendo a arte um conceito crítico (significativo), todo o deleite estético determina uma decadência hedonista. De outro lado, as disposições pós-Baudrillard, que sustentando que a arte não é uma questão de verdade, mas se inscreve numa circularidade de simulacros e numa economia pulsional (fetichista), alimentam uma “paixão fria pelo objecto”. Estes seriam, por contraste, os «católicos», para os quais “a estética é tudo e a arte tudo menos um conceito”. É nesta oposição, não de antigos e modernos, mas entre uma reflexão e uma acção radicadas na história e um pensamento que se constrói fora do tempo, a partir de um ponto de vista que transcende a história, que Thierry de Duve reconhece dois paliativos e duas interpretações do paradoxo lyotardiano. Para os primeiros, o paradoxo de Lyotard reinscreve sem cessar o pós-moderno no moderno: a história da modernidade prossegue até hoje, mas como “repetição infeliz, utopia sem promessa, radicalidade gratuita”. Para os segundos, o paradoxo de Lyotard é entendido no sentido inverso e traduz uma reciclagem permanente do moderno no pós-moderno: a história da modernidade acabou, ou melhor, “tanto a história como a modernidade acabaram uma vez que nos encontramos na pós-história”.

É neste contexto, de acordo com estes parâmetros, que têm de ser avaliado o trabalho de Steven Parrino, na releitura que este propõe das vanguardas (tanto as do início como as de meados do século que assim as nomeou), conduzida através da já clássica transgressão das fronteiras disciplinares, da prática da apropriação e da citação e da junção entre a cultura pop e o modernismo mais erudito, mas também a “radicalidade” com que a crítica tem, unanimemente, classificado as suas propostas. Atendendo à urgência de desmontar a ideologia da vanguarda – no tom hegeliano com que esta conduziu a arte a um devir histórico, através da alienação que acompanha o progresso a caminho do projecto da sua destruição e desaparecimento –, é o próprio autor que reconhece que “a radicalidade vem do contexto e não necessariamente da forma” porque “as formas são radicais na memória, perpetuando o que foi radical antes por extensão da sua história”: é que “a vanguarda deixa um turbilhão e, movida por uma força maneirista, ela prossegue o seu avanço”. Mesmo na fuga, acrescenta Parrino, “olhamos para trás por cima do ombro e conduzimos uma aproximação à arte mais por intuição do que por estratégia” e “vista sob este ângulo, a arte é mais culto do que cultura”.

Um ano e meio depois da morte de Steven Parrino, significativamente vitimado por um acidente ao volante da sua Harley Davidson – mota cuja coloração standard preta e metalizada, usada pelo autor tanto em referencia à cultura Hot Rod, como enquanto elo de ligação da estética Hell’s Angels e da arte minimal, se tornaria no seu “emblema” de culto, signo arte-vida (ou se preferirmos, arte-morte, passe o humor negro que certamente não desagradaria a Parrino) – o Palais de Tokyo propõe um olhar perspectivado sobre o trabalho desenvolvido ao longo de quase 30 anos por este artista americano. Concebida como um tríptico, a exposição, “La Marque Noire / Steven Parrino Retrospective, Prospective” é composta por uma selecção de trabalhos realizados pelo autor entre 1981 e 2004; por “Before (Plus ou Moins)”, mostra composta por obras históricas das décadas de 1960/70, que constituem algumas das peças-chave na formação do universo estético de Parrino; e por “Bastard Creature”, releitura de duas exposições comissariadas por Parrino em 1999 e 2003.

Tendo dinamizado na cena nova-iorquina do início dos anos 80 um amplo regime de colaborações, cobrindo um campo diversificado que vai do minimalismo à tatuagem, passando pela música, pelo cinema experimental, pela banda desenhada e pelo design industrial, a prática artística de Steven Parrino desenvolve-se sobretudo na articulação de duas frentes, ensaiando estratégias de aproximação entre a “alta cultura” e a “cultura popular”. Por um lado, apropria-se das imagens produzidas pela contra-cultura americana do pós-guerra, reflectindo sobre a reemergência das sub-culturas “biker”, “no-wave” e “punk”. Por outro, usa essas imagens conotadas com uma certa ficção apocalíptica e um certo ideário satânico-porno-queer-motard em diálogo estreito com a vanguarda americana da segunda metade do século XX – particularmente com a obra de artistas como Andy Warhol, Vito Acconci, Robert Smithson, Frank Stella ou Donald Judd –, procurando explorar a pintura numa nova direcção “realista”, quando a morte da pintura parecia já um facto consumado. Deste modo, Steven Parrino (designado por alguns como o Dr. Frankenstein da pintura), vai somando transgressões de circunstância, mais ou menos folclóricas, mais ou menos pertinentes, que desembocam, simultaneamente, numa necrofilia pictórica, numa crença tardia na eficácia disruptiva da vanguarda e numa ideia de realismo coincidente, nos seus princípios e fins, com a objectividade minimalista. A cartilha de Steven Parrino fica assim a meio caminho entre o “protestantismo” e o “catolicismo”, entre o impulso destruidor e iconoclasta (porventura anarquista) e a estetização das ruínas (certamente romântica).

Os termos “radicalidade” e “realismo” definem-se em Parrino um em função do outro, como um pas de deux: do mesmo modo que a radicalidade é realista (no sentido físico do minimalismo), a acção do realismo deverá ser radical (no sentido metafísico da figuração). Redefinido depois de Courbet, o realismo, refere Parrino, “não trata mais de representar a realidade de um momento, mas de dar corpo a um objecto, num mundo real e num tempo real”. Se o projecto modernista consistiu na definição da arte pela sua redução progressiva às suas condições necessárias e suficientes, para que uma obra tenha sentido é necessário que resulte de uma posição justa quanto à sua materialidade, quanto à ideologia na qual é concebida e quanto à situação em que intervém. A reavaliação crítica da vanguarda e das suas potencialidades deverá, como o propõe Thierry de Duve, incidir assim numa tripla averiguação: do lado do significado, a auto-exaltação do sentido da arte deverá passar pela derisão; ao nível do significante, a auto-instituição das suas convenções formais deverá passar pela desmontagem; e, no que se refere ao referente, a auto-referência dos seus propósitos deverá passar pela traição. Manifestando uma “crença na estética” e a convicção de que a noção de vanguarda pode ainda ser operante no contexto contemporâneo, Steven Parrino furta-se no entanto a uma problematização aprofundada da questão, refugiando-se em expedientes vulgarmente associados ao pós-modernismo (entendido no seu sentido mais corrente): a obra é assim concebida como uma superfície de projecção e de associação livre.

A par dos trabalhos figurativos, constituídos essencialmente por desenho e colagem, explícitos quanto ao seu universo de referência (o já indicado bestiário fantástico de heróis e vilões da contra-cultura americana do pós-guerra), no que toca à arte erudita, as estratégias de apropriação, citação e comentário desenvolvidas por Parrino são variadas. A pesquisa pictórica de Parrino incide tanto numa radicalidade cromática (as telas são, na sua maioria, superfícies lisas, negras ou metalizadas) como morfológica (o autor desenvolve uma “obstrução formal” que desemboca na indiferenciação do espaço real e do espaço de representação, na exploração da tridimensionalidade da pintura, na redução à sua elementaridade mínima daquilo que pode ser identificado como a “violência” expressiva do expressionismo abstracto, agora convertida em acção destruidora. Entre alusões ao “Quadrado negro” de Malevich, ao vocabulário artístico de Daniel Buren, ao “conceito espacial” e incisuras sobre telas monocromáticas de Lucio Fontana, Parrino prossegue uma pesquisa estética na senda destes e doutros autores, prolongando assim o questionamento sobre os limites físicos do suporte pictórico (questão formulada de modo particular através do reenquadramento e plissagem das telas em grades convencionais, ocultando desse modo parte da superfície pintada e mostrando em contrapartida zonas por intervencionar), sobre a representação como obliteração, a série, a repetição, o original, a cópia, etc. O denominador comum de todas os trabalhos pode encontrar-se – como é sublimado tanto pelas obras em suporte vídeo como pelas experiências sonoras/musicais – na sobreposição de um ruído opacificante à pureza formal do minimalismo. Produzindo um distanciamento plástico (e porventura histórico) face a essas experiências, este é seguramente o aspecto mais pertinente da obra de Steven Parrino: o que confere alguma modernidade ao que de outro modo não passaria de uma frivolidade pós-moderna, se nos é permitido inverter os termos de Lyotard.

Tendo em conta a linha de programação do Palais de Tokyo, depois de “Cinq Milliards d’Années” e de “M Nouvelles du monde renversé”, exposições consagradas a testar respectivamente “a elasticidade e a oscilação da obra de arte”, “La Marque Noir” pretende agora “experimentar a sua resistência”. Se é certo que estes propósitos traduzem bem aquelas que continuam a ser as preocupações de alguma arte contemporânea, seja nomeadamente naquilo que continua a haver de moderno no decreto pós-moderno, seja na mesmidade autofágica da pescadinha-de-rabo-na-boca que continua a ser o binómio arte / antiarte, cumpre questionar a que práticas responde o epíteto da “radicalidade”. É que posicionando-se algures num ponto supra-determinado (na comodidade da n + 1.ª dimensão que caracteriza o cinismo teórico), tanto a “arqueologia da modernidade” (que para analisar o fenómeno artístico contemporâneo, propõe, no caso de Thierry de Duve, o ponto de vista de um “etnólogo marciano”), como a falsa audácia e abertura das instituições aparentemente mais “progressistas” (às quais competiria uma reflexão sobre o fenómeno artístico em “tempo real”) não respondem àquela que é a condição primeira e sine qua non da radicalidade: o enraizamento local e epocal, a radicação da acção não numa qualquer ideia de “globalização”, mas no aqui e no agora.


António Preto
http://artecapital.net/criticas.php?critica=125

sábado, 15 de dezembro de 2007

Breve Lançamento!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

“DIREITOS HUMANOS, SEGURANÇA PÚBLICA & COMUNICAÇÃO”Org. Rosana Martins; Maria Goretti Pedroso; Tabajara Novazzi Pinto
artigo:Paulo Vasconcelos (Anhembi Morumbi) e Edineide Maria (Coordenadora do Núcleo de Adoção e Estudos da Família da 2ª Vara da Infância e Juventude do Recife. Assessora do Projeto Saúde na Escola: Tempo de Crescer na Secretaria de Educação da Cidade do Recife e no Juizado da Infância e Juventude do Recife
Impresso: ACADEPOL
ISBN: 978-85-61034-00-9
Lançamento: Fevereiro/2008
Tiragem 5.000





APRESENTAÇÃO
Criado em 2005, o Núcleo de Audiovisual e Comunicação funciona como um setor de apoio às atividades desenvolvidas pelo Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública “Celso Vilhena Vieira”, da Academia de Polícia Dr. Coriolano Nogueira Cobra, campus capital.
O Núcleo Audiovisual e Comunicação é uma associação de apoio à pesquisa, composta por mestres e doutores da Escola de Comunicações e Artes de São Paulo, da Universidade de São Paulo em parceria com o GETS (Grupo de Estudos Técnicos de Segurança, Universidade de São Paulo).
Uma das características do NAC é o caráter interdisciplinar de suas pesquisas, as quais giram em torno das temáticas: cidadania, direitos humanos, segurança pública, cultura, linguagem e comunicação.
O NAC tem por finalidade englobar projetos de pesquisa, promover encontros de docentes e pesquisadores, conferências e cursos de extensão e atividades voltadas a emergência de novos processos autorais, de geração da informação e eventualmente de novos paradigmas e valores para a ciência, a comunicação, a estética e a educação. Para isso, conta com uma equipe de pesquisadores e auxiliares de pesquisa, com formação nas áreas de direito, sociologia, ciência política, antropologia, psicologia, estatística e comunicação.
O Núcleo de Audiovisual e Comunicação tem como principal missão, atender as principais necessidades de pesquisa, informação e divulgação das tecnologias informacionais/comunicacionais.

O Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública “Celso Vilhena Vieira” (CDHSP), encontra-se sediado nas dependências da Academia de Polícia “Dr. Coriolano Nogueira Cobra”, campus da Capital, desde 10 de dezembro de 1997, criado por iniciativa do então diretor Delegado de Polícia Tabajara Novazzi Pinto, que o idealizou com o apoio dos Advogados Hédio Silva Júnior, Flávia Piovesan,Valéria Pandjarjian e Guilherme de Almeida. Sua formalização oficial, contudo, deu-se somente após sete anos de intensas atividades acadêmicas, aos 13 de janeiro de 2005, através da portaria l5/2005, na gestão do diretor Delegado de Polícia Mauricio José Lemos Freire.
O Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública "Celso Vilhena Vieira" tem como principal missão: "Conscientizar o policial de sua condição de destinatário dos Direitos Humanos e aperfeiçoá-lo como guardião do exercício pleno da cidadania, valendo-se do Inquérito Policial - instrumento constitucional de garantia da sociedade”.
Para perseguir esta utopia, o CDHSP busca educar e conscientizar os alunos da Academia de Polícia da importância do respeito e proteção aos direitos humanos, desenvolvendo seminários, debates e pesquisas, organizando grupos de estudos e outras atividades educativas de ensino e assessoramento na área dos direitos humanos e segurança pública, passando pela melhoria das condições de trabalho da polícia e, principalmente, pelo processo de seleção e de formação dos quadros policiais. O objetivo geral do Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública “Celso Vilhena Vieira” é a humanização das ações da polícia por meio de cursos, debates, colóquios, cujo conteúdo volta-se para a garantia dos direitos humanos e o exercício pleno da cidadania.
O processo educativo do CDHSP oscila na articulação entre o público externo e interno da Academia de Polícia Civil, através do intercâmbio cultural e técnico e parcerias firmadas com órgãos governamentais e não governamentais, para o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre possíveis violações no campo dos direitos humanos cometidas por policiais civis e por quaisquer outros atores do tecido social.

O livro se inspirou originalmente na insatisfação com concepções de direitos humanos e segurança pública que nos pareceram excessivamente estreitas e que, predominando atualmente, resultam em análises que obscurecem suas amplas dimensões. Nossa vontade, então, é chamar a atenção a essa dinâmica, ressaltando a importância de apreender, e aprender, melhor as múltiplas imbricações entre a comunicação, os direitos humanos e a segurança pública.
Com esta publicação, acreditamos que surgirá um amplo espaço para troca de experiências entre renomados pesquisadores e profissionais de áreas afins, que estimulará o surgimento de novas configurações para pesquisa e atuação. Assim, objetivamos ampliar as discussões sobre as responsabilidades do policial civil nas suas dimensões social, cultural, política e ética.
Esta coletânea é uma idealização e realização do Núcleo de Audiovisual e Comunicação, Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública “Celso Vilhena Vieira” (órgão inserido na estrutura da Academia de Polícia “Dr. Coriolano Nogueira Cobra”) e GETS – Grupo de Estudos Técnicos de Segurança, Universidade de São Paulo

Rosana Martins
Goretti Pedroso
Tabajara Novazzi Pinto

(Organização)




M345d
Direitos humanos, Segurança Pública & Comunicação /
Rosana Martins, Maria Goretti Pedroso, Tabajara Novazzi
Pinto (org.)-- São Paulo: ACADEPOL, 2007.




1. Direitos humanos 2. Segurança 3. Educação 4. Cidadania 5. Cultura 6.Comunicação I. Título.



ISBN. 978-85-61034-00-9 CDU 342.7:351.75





“DIREITOS HUMANOS, SEGURANÇA PÚBLICA & COMUNICAÇÃO”

Org. Rosana Martins; Maria Goretti Pedroso; Tabajara Novazzi Pinto

Impresso: ACADEPOL
ISBN: 978-85-61034-00-9
Lançamento: Fevereiro/2008
Tiragem 5.000
autores:
Paolo Targioni (Università di Firense; Flávia Piovesan (Procuradora do Estado, Prof. PUC/SP e USP/Direito); Ronaldo Mathias (Belas Artes); Rosana Martins (Belas Artes); Paulo Vasconcelos (Anhembi Morumbi) e Edineide Maria (Coordenadora do Núcleo de Adoção e Estudos da Família da 2ª Vara da Infância e Juventude do Recife. Assessora do Projeto Saúde na Escola: Tempo de Crescer na Secretaria de Educação da Cidade do Recife e no Juizado da Infância e Juventude do Recife); Vera Lucia de Oliveira (Membro do FMDCA- Fórum Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente de São Bernardo do Campo) e Telma de Cássia Bertaçolli Demarchi (assistente social na Prefeitura de São Bernardo do Campo e Pedagoga); Stela Cunha (Profa. Universidade de Havana/Cuba); Ismar de Oliveira Soares (Prof. Dr. ECA/USP, diretor do Núcleo de Educação e Comunicação - NCE), Rosangela Malachias (ECA/USP)
Membros do GETS - Grupo de Estudos de Vigilância Pública-USP; Membros do Centro de Direitos Humanos e Segurança Pública "Celso Vilhena Vieira"; Sou da Paz, CETESB,
Lucilene Cury (ECA/USP); Marco Gargiulo (Università Siena/Itália); Maria Lourdes Motter (ECA/USP, in memorian); Massimo Canevacci (La Sapienza Roma), Maria Goretti Pedroso (Belas Artes); Maria Amália de Almeida Cunha (Profa. UFMG). Alunos do Unicentro Belas Artes de São Paulo, Departamento de Comunicação; Membros do CESeC - Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, Edmir Perrotti (ECA/USP)

Filme '3 Efes' estréia nesta sexta às 14h no Terra


Filme '3 Efes' estréia nesta sexta às 14h no Terra


Divulgação

O filme vai estrear simultaneamente no cinema, TV, Internet e DVD



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A partir das 14h desta sexta-feira, os internautas poderão assistir ao novo filme do gaúcho Carlos Gerbase, 3 Efes, na íntegra no Terra. A produção vai estrear simultaneamente no cinema, televisão a cabo (Canal Brasil), Internet (Terra) e DVD.
» Assista ao trailer
» Veja o making-of
» Veja fotos do filme
» Confira o cartaz

Os internautas terão acesso ao filme em streaming, que deixa download do arquivo mais leve e rápido. 3 Efes entra em cartaz simultaneamente nas salas digitais do sistema RAIN pelo País, onde fica por apenas sete dias.

Depois da estréia, os internautas poderão assistir ao longa a qualquer hora no Portal Terra. O filme estará disponível por tempo indeterminado no Terra em versão on demand (VOD). Com isso, o espectador pode escolher qual parte quer assistir. É possível adiantar e voltar trechos, bem como pausá-los.

História
3 Efes concentra-se em alguns dias na vida de poucos personagens cujas maiores necessidades explicam o título - comida, sexo e "fasma", palavra que vem do grego e tem a ver com a vida em sociedade.

A protagonista é Sissi (Cris Kessler), uma jovem universitária que trabalha no telemarketing para ajudar o pai viúvo e desempregado. Como nunca tem dinheiro, ela vive com fome. Uma amiga diz que está ganhando muito fazendo programas, e a moça começa a pensar nessa possibilidade para aumentar a renda.

Sua tia Martina (Carla Cassapo), cozinheira de mão cheia, também anda desgostosa com a vida. O marido Rogério (Leonardo Machado) mal tem tempo para ela, pois está cheio de problemas na agência de publicidade onde trabalha. A mulher, que faz pratos elaborados, começa a convidar um catador de papel (Paulo Rodrigues) para dividir a refeição. Da mesa para a cama é só um passo.

Rogério não sente muita fome, mas o sexo passa a ter um papel fundamental quando é obrigado a virar amante de sua chefe para garantir o emprego. Aos poucos, suas vidas vão se cruzando até chegar a um clímax, que conta com a participação de Julio Andrade, protagonista de Cão Sem Dono, de Beto Brant.

A Produção
O longa 3 Efes foi rodado em Porto Alegre durante apenas 20 dias, entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007. Carlos Gerbase trabalhou com uma equipe formada por universitários do curso de Cinema, que usaram uma câmera mini-DV e um kit de luz portátil nas gravações.

O elenco também é formado por novatos. A protagonista Cris Kessler e o papeleiro vivido por Paulo Rodrigues são estreantes. Outros atores já haviam trabalhado com o diretor antes. Ana Maria Mainieri atuou em Tolerância e Carla Cassapo, Leonardo Machado e Fábio Rangel fizeram pequenos papéis em Sal de Prata.


Redação Terra by
http://cinema.terra.com.br/interna/0,,OI2131878-EI1176,00.html

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Hollywood africana é a terceira maior indústria de cinema do mundo


Hollywood africana é a terceira maior indústria de cinema do mundo


Danilo Saraiva

Divulgação

Cena do documentário Welcome to Nollywood, de Jamie Meltzer



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Apesar das dificuldades econômicas, a Nigéria tornou-se o terceiro maior pólo cinematográfico do mundo - atrás apenas de Hollywood, nos Estados Unidos e de Bollywood, na Índia - com um faturamento de US$ 250 milhões ao ano.
» Veja as capas dos filmes
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A conquista surpreendente do país africano, que está entre os 30 mais pobres do mundo, recebeu o nome de Nollywood, um trocadilho com a famosa Hollywood criado pelos meios de comunicação locais.

Apesar de sua precariedade - os filmes são feitos com orçamentos baixíssimos - há algo a se aprender com Nollywood. Com a grande demanda, a Nigéria foi o primeiro país a aperfeiçoar as técnicas do cinema digital. A edição, por exemplo, é feita em computadores caseiros pelos mais de 300 cineastas que atuam em Lagos, com recursos de multimídia disponíveis em programas à venda em qualquer loja de informática no mundo.

Em freqüente ascensão, Nollywood tem dado resultados positivos: o país aprendeu a criar uma verdadeira onda de celebridades emergentes, mais conhecidas do que líderes políticos. Consegue, também, produzir cerca de 1200 filmes no período, números impressionantes se compararmos esses padrões a Hollywood, por exemplo, cuja marca recorde é 400 produções anuais.

A Nigéria só aprendeu a conquistar este espaço em 1992, quando o clássico Living in Bondage, do diretor Chris Obi Rapu, foi comercializado em camelôs e acabou vendendo mais de 750 mil cópias. A partir daí, usando o VHS, muitas produtoras resolveram fazer seus próprios filmes, que começaram tímidos e amadores, mas depois foram se mostrando verdadeiras receitas de sucesso.

Esse "destaque-relâmpago" da indústria motivou dois documentários recentes, This is Nollywood, dos diretores Franco Sacchi e Robert Caputo, e Welcome to Nollywood, do californiano Jamie Meltzer.

O primeiro acompanha os bastidores do filme nigeriano Check Point, encomendado por apenas US$ 20 mil por uma produtora local. Já Welcome to Nollywood mostra o dia-a-dia de três cineastas nigerianos, que têm que lutar contra o tempo para finalizar seus filmes com baixo orçamento.

Em entrevista ao Terra, Meltzer disse que o que mais fascina na indústria é a rapidez com que as produções são feitas. "Eu queria saber como eles conseguiam fazer filmes extremamente bem-sucedidos e fascinantes em um período de tempo tão pequeno, com poucos fundos e recursos."

Inspiração para a independência
A viagem de Meltzer ao continente africano trouxe alguns resultados positivos. Além de se deparar com um ramo completamente formado - e que cada vez mais se consolida como atividade básica -, ele também abriu espaço para que a própria Nollywood fosse vista. Como grande parte dos filmes são recusados em festivais internacionais, com seu documentário, Meltzer pôde mostrar um pouco do "fazer arte" nigeriano, levando muito desta atenção para o país.

"Eu aprendi com os diretores de Nollywood que praticamente tudo é possível, desde que você tenha coragem de fazer acontecer com o que tem em mãos. É com essas circunstâncias que eles se encontram, não existe nenhuma desculpa para não se fazer filmes", explica.

Diante dos pequenos períodos de tempo, ninguém envolvido na produção tem uma real preocupação com cenários, figurinos específicos ou locações externas. Tudo é feito, em grande parte, no improviso, o que não parece incomodar seus espectadores.

"A Nigéria, relativamente pobre, é o único país que conseguiu nos mostrar uma forma realmente moderna de cinema digital. Tudo isso soa como algo positivo e moderno em relação à África, um antídoto para o que grande parte da mídia mundial divulga, esses estereótipos, que parecem reais. A África não é um continente feito de vítimas e tragédias e não pode ser reduzida a isso", dispara Meltzer.


Redação Terra
http://cinema.terra.com.br/interna/0,,OI2074617-EI1176,00.html
by terra.

que é que isso!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1

Mecha de cabelo de John Lennon é arrematada por US$ 48 mil









Uma mecha de cabelo de John Lennon foi vendida hoje por 24 mil libras (US$ 48 mil) em um leilão de artigos dos Beatles realizado em Worthing (Inglaterra).
» Yoko Ono protesta no aniversário da morte de Lennon

O valor da mecha, arrematada por telefone por uma pessoa anônima na casa de leilões Gorringes, alcançou um preço oito vezes maior que o lance inicial, de 3 mil libras (US$ 6 mil).

A mecha pertencia a Betty Glasow, uma cabeleireira dos Beatles que colecionou durante anos objetos relacionados ao grupo.

O cabelo, cuidadosamente guardado em um exemplar de A Spaniard in the Works, o livro de poesia que Lennon publicou em 1965, é acompanhado de uma nota na qual se lê: "A Betty, muito amor e cabelo. De John Lennon".

A ex-cabeleireira, que agora tem mais de 70 anos, recebeu o presente ao cortar as famosas franjas usadas pelos membros da banda no filme Os Reis do Iê Iê Iê (1964), dirigido por Richard Lester.

"Betty cortou suas franjas durante um tempo e eles (o quarteto) se afeiçoaram bastante a ela", afirmou Francesca Collin, porta-voz da Gorringes.

"É espantoso que ainda haja tanto interesse pelos Beatles e o leilão demonstra que John Lennon ainda é um ícone", disse Collin, ao ressaltar a "autenticidade" da mecha do músico, que foi assassinado há 27 anos.

"Coleções deste tipo são raras e o cabelo em particular é realmente algo extraordinário para os colecionadores dos Beatles", acrescentou.

Recentemente aposentada, Betty Glasow descobriu algumas curiosidades sobre o cabelo de alguns integrantes dos Beatles, como George Harrison (1943-2001), que, aparentemente, tinha um couro cabeludo muito seco.


EFE

domingo, 18 de novembro de 2007

Dr. Pai de Santo by ISTO É



Dr. Pai de Santo
Em São Paulo, faculdade credenciada pelo Ministério da Educação irá formar a primeira turma de teólogos umbandistas este ano

RODRIGO CARDOSO



Não fosse pelo nome – Faculdade de Teologia Umbandista (FTU) –, a fachada da instituição de ensino, localizada em São Paulo, não seria motivo de estranheza. Do lado de dentro da portaria de entrada, o pátio arborizado, a biblioteca com três mil volumes e a lanchonete com café expresso – e do bom – também não fogem do padrão tradicional. É nas salas, porém, que a coisa começa a ganhar outros ares. Os cerca de 150 alunos assistem às aulas descalços – sapatos, tênis, mocassins e sandálias ficam enfileirados do lado de fora da porta. Entrar lá é como pisar em um terreiro, o ambiente sagrado da umbanda, a primeira religião surgida no Brasil, há 99 anos. Perto do quadro negro, um incenso queima enquanto o professor, de túnica, ensina ao lado de um atabaque encostado na parede. Há ainda, entre os corredores da faculdade, três altares e uma imagem de um caboclo, a entidade mais representativa da religião.

É desta faculdade que, no final do ano, sairão os primeiros cinqüenta teólogos umbandistas do País. O curso, com duração de quatro anos, é autorizado pelo Ministério da Educação (MEC) desde 2003. E a FTU, a única entre as 21 faculdades de teologia credenciadas pelo órgão federal fora da tradição judaico-cristã. Com caderno sobre a carteira e caneta em mãos, os alunos aprendem tudo sobre o processo ritualístico da religião, tanto no aspecto prático quanto no simbólico. Tocam agogô – a faculdade tem um acervo de quatro mil discos de músicas de umbanda, candomblé, capoeira e outras práticas – e preparam ervas para defumação, mas não só isso.


TRADIÇÃO “Quero entender os porquês e não só praticar”, diz o aluno Maurício Caldeira

Há aulas de filosofia, antropologia, arte, lógica, entre outras disciplinas. Ou seja, a grade curricular da FTU não visa à formação de pais e mães-de-santo, apesar de capacitar os universitários também para a função. Isso fica claro no vestibular, que segue o padrão de universidades tradicionais. Existem questões de conhecimento geral, matemática, química e física. E não há perguntas específicas sobre orixás ou entidades da religião. O MEC, para conceder a licença à FTU, avaliou a proposta pedagógica, as instalações e o currículo dos professores. “Não queremos que o profissional viva da umbanda, mas para a umbanda”, conta Roger Soares, um neurologista do Hospital Beneficência Portuguesa, mestre em educação pela USP e professor da FTU. “Queremos formar gente para aprender a umbanda, juntar os conhecimentos que estão dispersos e divulgá-la.”

É com esse intuito que Maurício Caldeira, formado em ciências contábeis, freqüentava a aula de hermenêutica (interpretação de livros sagrados) do quarto ano, na segunda-feira 12. “Não faço o curso com o objetivo profissional de ganhar dinheiro com o canudo nas mãos”, diz ele, de terno e gravata – e descalço. Com 30 anos, Maurício freqüenta um centro há dez e diz que compartilha no terreiro os ensinamentos da faculdade: “Quero dar sustentação ao que eu acredito. Não só praticar, mas entender os porquês.” No escritório de contabilidade onde ele trabalha, as pessoas, depois de um estranhamento inicial, já sabem que o colega não freqüenta a faculdade para se formar pai-de-santo profissional.


PÉ NO CHÃO Ao lado de um altar, alunos aprendem filosofia, antropologia e também a tocar instrumentos e preparar ervas para defumação
Ao todo, a FTU possui 150 alunos matriculados em quatro turmas. A mensalidade custa R$ 340. Todos os 15 professores possuem graduação em alguma faculdade convencional. Há, por exemplo, um livre-docente em engenharia de alimentos pela Unicamp e um professor de psiquiatria da USP lecionando na FTU – todos com ligações com a umbanda. Dos alunos, 99% são adeptos da religião. Criada no catolicismo e ex-seguidora do hinduísmo, Silvia Garrubo, 46 anos, é umbandista há dez anos. Formada em letras pela USP e coordenadora de um departamento no Instituto do Coração, em São Paulo, ela pensa, com o canudo em mãos, discutir políticas públicas e dar palestras.

Aprendo as várias linguagens desse grande guarda-chuva com várias hastes que é a umbada”, diz ela sobre a religião, que foi influenciada pelo espiritismo, catolicismo e por tradições africanas. Na semana passada, Silvia deu um grande passo para se tornar uma das primeiras teólogas umbandistas do País. Saiu-se muito bem no trabalho de análise crítica de livros umbandistas, apresentado por ela em uma sala, ao lado de um altar – e descalça.

JESUS TAMBÉM ENSINA
No começo do ano, a Faculdade de Teologia Evangélica (Fatev), em Curitiba, ganhou a chancela do MEC para o curso de teologia evangélica com ênfase em missão urbana. A instituição é setorizada e não ministra outro curso. Ela capacita os alunos, após quatro anos em sala de aula, a atuar como pastores, missionários e capelães. “Não queremos que o aluno seja um anônimo como acontece em grandes universidades, com cursos diversos”, explica Martim Weingaertner, diretor da Fatev. Segundo ele, há uma crise no modelo de trabalho da igreja, que se desestruturou quando o culto deixou de ser praticado, na sua maioria, na esfera rural e se instalou nas grandes cidades. É esta lacuna que a Fatev quer preencher.

Um dos desafios dos alunos, com o canudo na mão, será resgatar dependentes químicos, alcoólicos e pessoas em crise familiar para a vida em comunidade. De preferência, claro, sob os princípios evangélicos. Trinta e dois alunos entre 17 e 56 anos – apenas um católico – cursam o primeiro ano. A mensalidade custa R$ 530 e metade deles obteve bolsa. A instituição é fiadora de alunos que moram em repúblicas próximas a ela. “Quero desenvolver um trabalho missionário como diretor de acampamento”, diz Ruben Thibm, de 21 anos.

Miele vai lançar grife masculina


Miele vai lançar grife masculina ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br

Carlos Miele segue a pleno vapor. Em agosto, criou a Miele, segunda linha de sua grife, mais jovem e menos cara. Anteontem, inaugurou sua loja em Paris, na badalada rua Saint Honoré. Agora, anuncia o lançamento de uma linha de roupas para noivas, a Carlos Miele Bridal, e de uma grife para homens, a Miele Masculino (nome provisório), as duas para o primeiro trimestre de 2008.
"As grifes brasileiras para homens são muito voltadas para o próprio país. Quero fazer algo mais cosmopolita, internacional, com estilo sóbrio e modelagens modernas. Também vou usar tecidos sofisticados, o que é raro na confecção masculina brasileira", diz Miele.
O estilista tem mais novidades. Está inaugurando em Salvador, neste mês, a terceira loja Miele (as outras duas já estão nos shoppings Morumbi, em São Paulo, e Leblon, no Rio). Abre em dezembro a primeira franquia da mesma grife em Miami. E vai publicar no início de 2008, nas principais revistas do mundo, a sua primeira campanha publicitária mundial.
A estrela da campanha será Carol Trentini, e as fotos foram feitas por Michael Roberts, que é um dos diretores da revista "Vanity Fair". Roberts assina ainda as imagens e a edição do livro "Carlos Miele", um álbum sobre o designer e o estilo brasileiro que vai ser lançado em março próximo, em Paris.
A loja parisiense do estilista terá papel fundamental nos cálculos internacionais de Miele. Com dois andares e 230 m2, custou US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 2,6 milhões). É a segunda que ele abre fora do Brasil, depois da de Nova York. Ambas foram feitas pelo arquiteto Hani Rashid, premiado pelo projeto da loja americana e irmão do designer hype Karim Rashid -que fez o projeto gráfico da revista Moda, da Folha.
Os planos de Miele ainda não acabaram. Em 2008, ele quer expandir de 71 para 90 as lojas da M.Officer, da qual é o único dono e de onde vem a sua principal fonte de renda. "Sim, perdi a identidade da M.Officer nos últimos anos", reconhece ele. "Mas muito menos que as outras marcas brasileiras de jeanswear", rebate.
Ele quer concentrar sua atenção na M.Officer, que deixou meio de lado enquanto cuidava de sua carreira internacional. "Vou trazer padrões novos para a M.Officer. Quero prepará-la para a exportação, pois pretendo competir com as grandes corporações mundiais", afirma.
Trocando em miúdos: ele vai aproximar a M.Officer do sistema de produção das marcas "fast fashion". E aproveita para fazer um diagnóstico a respeito da crise do jeanswear fashion brasileiro: "As grifes nacionais preferiram vender as próprias marcas e descuidaram dos produtos. Mas, atualmente, as pessoas pensam muito antes de pagar caro por uma roupa. Não é só a força da marca que interessa, mas o preço justo pelo que você está oferecendo".
Para Miele, na moda, hoje, é preciso distinguir personalidade de tendência. A segunda virou sobretudo um assunto da indústria "fast fashion". "Se você quer só tendência, vai na Zara. Se quer personalidade e roupa de alto padrão, vai numa grife renomada, como a Dior". Na opinião do estilista, para se manter no mercado atual, uma grife tem que ter personalidade forte, "inclusive para não seguir tendências", ele diz.
Ambicioso e poderoso como poucos no mercado fashion brasileiro, Miele vai angariando pouco a pouco um renome mundial que nenhum estilista brasileiro conseguiu até agora.
No último desfile da grife Carlos Miele em Nova York, arrebanhou vários elogios, inclusive da influente crítica Suzy Menkes, do jornal "International Herald Tribune".
No meio da moda brasileira, apesar do seu sucesso comercial, ele tem fama de possuir uma personalidade polêmica e irascível. Há anos está rompido, inclusive, com o diretor da São Paulo Fashion Week, Paulo Borges. Mas Miele parece não dar a mínima para o que falam dele por aqui. "Estudei em nove colégios e fui convidado a sair de sete. Nunca me interessei em ser o sujeito que quer agradar aos outros", dispara.

by uol

O estilista paulistano Carlos Miele, 42 anos, elevou a moda brasileira a novos patamares – e promete continuar abrindo caminhos neste ano. Em 2003, ele passou a gestão da sua M.Officer para executivos contratados e inaugurou a primeira loja Carlos Miele em Nova York. O sucesso começou com o projeto arquitetônico, do egípcio Hani Rashid. O ambiente tornou-se uma das referências da arquitetura contemporânea da cidade e foi capa de importantes revistas de design de interiores em diversos países. Suas roupas, pontuadas pela convergência entre materiais modernos e artesanato popular, também conquistaram as americanas. Para 2007, os planos são de expansão. “Vou inaugurar uma loja na rue Saint Honoré, em Paris, e darei continuidade ao crescimento da M.Officer no Brasil”, planeja. O estilista também acaba de lançar uma marca, de estilo mais casual, a Miele by Carlos Miele. “Também quero abrir 20 lojas nas principais capitais do País e aumentar o atual número de 19 países para 30 países que vendem esta coleção”, prevê. Planos ousados? É esse mesmo o negócio dele. by isto é
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com VIVIAN WHITEMAN

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Índice by http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1611200720.htm

domingo, 11 de novembro de 2007

novo livro de George França!!!!!!!!!!!!!!!!! EU RECOMENDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!PAULO VASCONCELOS


O Design Instrucional na Educação a Distância R$30,00



Clique para ampliar
A moda de discutir todos os processos cognitivos à luz somente das interfaces tecnológicas nos faz desconhecer e desconsiderar as teorias subjacentes às práticas e à eficácia da aprendizagem on-line. Comentamos muito a respeito das múltiplas e, como pensam alguns teóricos, quase miraculosas qualidades da Educação a Distância (EaD). Os meios tecnológicos freqüentemente se tornam tão importantes que os conteúdos, os significados e a funcionalidade da aprendiza¬gem ficam quase esquecidos, tornando-se mera sombra ou nuvem passageira.

ISBN: 978-85-87293-42-8-8
Publicação: 2007
Formato: 14 x 21 cm
Numero de páginas: 112
Autor: George França
Preço: 30,00

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

EXPOSIÇÕES


EXPOSIÇÕES
Yoko Ono

Artista faz performance inédita no Municipal
Fabio Rigobelo

Diz a lenda pop que o motivo que levou John Lennon a querer conhecer Yoko Ono foi a experiência que o beatle teve ao "participar" de uma obra da artista, na qual o espectador tinha que subir uma escada para poder ler através de uma lupa o que estava escrito lá no alto. Lennon ficou satisfeito e estimulado ao ver que, lá em cima, estava escrita a palavra "sim", e nada mais. Passados mais de 40 anos, o desejo de Yoko continua o mesmo: "Espero que você se pegue sorrindo "ao participar de minhas obras"!", afirmou ela em entrevista aoGuia por e-mail.

O trabalho em questão, "Ceiling Painting", é um dos que estarão na mostra retrospectiva da carreira de Yoko Ono que o Centro Cultural Banco do Brasil inaugura no próximo dia 11. Antes disso, porém, a viúva de Lennon realiza uma performance inédita no Teatro Municipal, na quinta (dia 8).

"Uma Noite com Yoko", espetáculo criado especialmente para sua vinda a São Paulo, faz uso de projeções e música para abordar diferentes momentos de sua vida. Questionada sobre performers que admira hoje, a artista de 74 anos mostra um otimismo pleno, quase pueril. "Amo e admiro todos os artistas. Qualquer um que decide criar algo é um anjo", explica Yoko.

Esta será a segunda vez que a artista japonesa vem ao Brasil (a primeira foi em 1998, quando expôs em Brasília). Os eventos integram a programação do CCBB dedicada às comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, que acontece em 2008. Apesar de viver em Nova York desde os anos 60, Yoko faz questão de destacar: "Vou ao Japão uma vez por ano. É meu país. Meu coração."

Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, região central, tel. 3222-8698). 1.580 lugares. Qui.: 21h. Ingr.: R$ 60 a R$ 200 (p/ estudantes: R$ 30 a R$ 100). Ingr. p/ tel. 6846-6000.A D T

by uol

domingo, 4 de novembro de 2007

FERIA Y CARNAVAL. Los números detrás del evento literario:

FERIA Y CARNAVAL. Los números detrás del evento literario:
EL mall del libro

Macarena García G.
Brasil pone las bailarinas de carnaval, algunos escritores y espectáculos para todo público.

Los editores chilenos, la nota disidente. Por primera vez se unieron en una asociación que quiere otra feria para Chile. Desde los últimos stands, ofrecen un descuento del 19% y duras críticas contra los organizadores.



MACARENA GARCÍA G.

Una mulata vestida de carnaval con una corona de plumas verdes y amarillas invita a pasar. A la altura de las caderas abre su vestido y despliega un ruedo de páginas de libro. Sonríe bajo el título de "El Carnaval de la Cultura", dando la bienvenida a la vigésimo séptima Feria Internacional del Libro de Santiago.

Bajo ella pasan dos mujeres entradas en años que vienen a ver el show de la cantante de samba Elza Soares. Una explica a la otra que esta feria está dedicada a Brasil. Casi.

Brasil es el país invitado. En las ferias del libro del mundo se usa eso, invitar a un país a llevar a sus narradores a modo de plataforma de despegue de relaciones culturales bilaterales, y de aterrizaje a nuevos lectores. En Chile se hace desde hace cinco años y, conjugando esa difícil ecuación de intereses económicos, políticos y simpatías gremiales, la Cámara Chilena del Libro decidió invitar a los brasileños. Después les propusieron montar un carnaval.

"Brasil tiene una buena marca", confiesa Eduardo Castillo, presidente de la Cámara Chilena del Libro, institución a cargo de la feria. "Cuando dijimos que les invitábamos a ellos hubo alegría general, desde la Presidente de la República a todos. Porque uno asocia carnaval a Brasil y el carnaval es una fiesta popular".

Castillo dice que su objetivo es que la Feria Internacional del Libro de Santiago sea una fiesta popular. Por eso se instalaron en la antigua estación de trenes de Santiago donde la exhibición y venta de libros se acompaña de actividades en ocho salas. Y tal vez por eso también la presencia de Brasil repercute más por los músicos invitados que por esos escritores poco traducidos a nuestro idioma. En la Estación Mapocho hay muchos altavoces y parlantes desde los que se escapan ritmos de samba y bossa nova. En el stand de Brasil no se ven más de 10 libros en español, pero hay revistas de viaje y libros con fotografías.

El resto de la feria se asemeja a la de años anteriores. Con plazas de alfombra y árboles de madera, ahora pintados de azul y rematados con el logo del auspiciador oficial, "Chilectra", y anuncios sucesivos de actividades por altavoz. Se ven menos novedades en los stands (a excepción de Fondo de Cultura Económica, que apostó por traer otros sellos), y la tendencia pareciera ser apostar por vender muchos ejemplares de pocos títulos, antes de arriesgarse a terminar en las librerías de saldo. Y los saldos brillan por su ausencia; de hecho, hay stands que cobran más que las librerías. Pero, como bien dijo el viceministro de Cultura brasileño en la ceremonia de inauguración, éste es "el principal evento cultural de Chile". Un país que él dijo admirar por su "amor al libro y la lectura".

Feria, carnaval y fisura

En sus orígenes, los carnavales eran el desbande previo a la abstinencia de la cuaresma donde se invertían y mezclaban las clases sociales. Se borraba la fisura. Pero en la Feria Internacional del Libro de Santiago ésta está apareciendo. Por primera vez, el grueso de las editoriales nacionales se agrupó fuera de la Cámara del Libro y en confrontación con ella. "Nosotros creemos que la feria debe estar marcada por la calidad de la oferta cultural y no por el espectáculo", argumenta Marisol Vera, de Cuarto Propio. "La programación debiera estar centrada en debates, presentación de autores y nuevas líneas; en cultura, antes que en los aspectos básicamente comerciales".

Hace ya 7 años las editoriales chilenas -las que no pertenecen a los grandes conglomerados extranjeros- formaron una asociación paralela a la Cámara a la que ellos pertenecían y de la que muchos eran directores. Pero el año pasado se les pidió a esos directores que optaran por una u otra. Optaron ellos y otras 16 editoriales que se salieron de la Cámara para quedar bajo el alero de la Asociación de Editores de Chile (hoy integrada por 42 miembros). "El problema es que para participar en la feria nos cobran 77% más que a las editoriales y distribuidoras que son socias de la Cámara. Nos pareció exagerado y negociamos en bloque", explica Paulo Slachevsky de LOM. Su socia, Silvia Aguilera, completa: "Juntos conseguimos un descuento, porque dijimos que si no, no vendríamos y montaríamos un escándalo". Ahora ellos (con su descuento de 13,5% y sus stands de 10 metros cuadrados) están agrupados en el sector D, bajo esa carpa en la que se amplió el siempre insuficiente recinto ferial. Mandaron a hacer chapitas en las que se lee "D de diversidad" y unos afiches en los que anuncian que ése es territorio libre de IVA. "Es algo simbólico, porque no podemos dejar de cobrarlo, pero al menos podemos hacer descuentos de 19% en cada libro", explica Marisol Vera.

Las críticas no acaban allí. Aguilera y Slachevsky despliegan sobre la mesa el programa del evento y hacen ver que las actividades de la Asociación de Editores casi nunca califican para ser destacadas. "Nosotros haremos un acto importante en la Sala de las Artes donde caben 1.000 personas, mandamos fotos e información. Pero no. Lo que publicitan ese día (hoy) son dos relanzamientos de libros, algo que se supone está prohibido hacer en la feria". Eduardo Castro, "decano" de los editores chilenos, hoy a cargo de Universitaria y miembro de la asociación, propone: "Debiéramos trabajar juntos en organizar la feria. La Cámara, probablemente por celos, no quiere. Aunque cada vez somos más y probablemente después esto cambie".

Slachevsky va más allá. "Los stands de los más grandes son más baratos que los nuestros, muchísimo más baratos. Esto hace que para una editorial chica sea imposible lograr que sea rentable, pues debería vender más de cinco millones de libros".

En la Cámara cuesta conseguir explicaciones sobre las cifras. De partida, porque no entregan números. Eduardo Castillo dice que no sabe cuánto cuesta el stand más caro. Después dice que sabe, pero no se acuerda. Cuando se le pide que se aventure con un número para ir teniendo una idea, se encoge de hombros y larga: "Deben ser 3 millones de pesos o tres millones y medio". Y no. Son más de 7 millones (a la UF de anteayer, 7.138.000 pesos), al menos el doble de lo que cuesta el alquiler mensual de un local similar en un mall.

"Para nosotros lo importante es no perder plata", cuenta Marilén Wood, gerente de Ediciones B, una de las grandes que paga sobre los cinco millones de pesos por sus metros cuadrados. "Pero la feria no es un negocio, porque son altos los costos. Nosotros vamos porque no podemos no ir, hay una presencia que marcar". La contabilidad en Alfaguara indica que allí hacen el 1% de las transacciones anuales de la empresa. Y es que Santiago no es Frankfurt, pero tampoco Buenos Aires, ni Bogotá. La feria es, cuando más, la fiesta popular; nunca la plataforma de negocios.

La relación del libro con la industria nunca ha sido fácil y menos en el país de poetas. El tamaño del mercado, la baja lectoría y la eterna esperanza en esa suerte de paraíso que supondría la excepción tributaria hacen que el diálogo tenga tono de queja. Más alta, cuando pareciera que la Cámara no está trabajando para todos y que siempre sale de ésta con cifras azules. Castillo argumenta que lo de ellos no es lucrar, pero que necesitan sacar dividendos para financiar la actividad de esta organización gremial que organiza ferias del libro a lo largo de todo Chile.

Alejados de las estrellas

"Somos un mercado pequeño para los autores globales", reflexiona Pablo Simonetti, escritor chileno de éxito internacional y el más solicitado "firmador" de libros del recinto, al ser consultado por la baja presencia de figuras destacadas de la narrativa internacional. "Por lo común en Latinoamérica, los grandes del habla hispana van a Guadalajara, a Buenos Aires y, en contadas ocasiones, a Bogotá. Los europeos cruzan el Atlántico o los norteamericanos bajan del Río Grande muy rara vez. Si queremos tenerlos aquí, tendríamos que colgarnos de sus visitas a la Feria del Libro de Buenos Aires (cualquier autor de éstos vende al menos cinco veces más en Argentina que en Chile y tiene una tribuna más visible), u organizar un festival literario, como se hace en otras ciudades (el Festival en Cartagena de Indias o el Festival de Paratí en Brasil). Allí los autores dan recitales, se cobra entrada, no se venden libros y el Estado, en conjunto con las editoriales y los auspiciadores, financian lo que haga falta para traerlos. El énfasis estaría puesto en la celebración de la literatura y no, como ocurre en todas las ferias del libro del planeta, en el legítimo incentivo de las transacciones comerciales. ¿Podría esta feria adquirir un carácter híbrido feria-festival? Tal vez, pero habría que meterse la mano al bolsillo", resume Simonetti.

Por ahora seguirá siendo "la feria más antigua de Chile", como la describe Castillo.

Algunas recomendaciones de libros en la Feria

A decir verdad, esta versión de la Feria se ha mostrado bastante escasa en ofertas, quizá porque las grandes editoriales han estado liquidando antes de este "carnaval" de los libros. Con todo, siempre es posible encontrar cosas baratas, además de reediciones de libros que estaban descontinuados y otros que, sin ser estrictamente novedades, son lecturas atractivas. Aquí van algunas recomendaciones.

Biografía: Gitta Sereny "Albert Speer"

Editorial Vergara, $15.000

Reedición de la monumental biografía de Albert Speer, el arquitecto y luego Ministro de Armamento de Hitler, uno de sus más importantes hombres de confianza. Destacado jerarca nazi, fue uno de los pocos que manifestaron remordimiento y se declararon, de modo ambivalente, culpables. Juzgado en Nüremberg fue condenado a 20 años de prisión.

Oferta: Eduardo Gil Bera "Baroja o el miedo"

Editorial Península, $3.000

Partiendo de la base que todas las biografías existentes sobre Baroja daban por verdad lo que él mismo contaba en sus memorias, Gil Bera, en su documentadísimo y a la vez personal libro, se dedica a desarmar el mito del escritor destacando su principal característica: la cobardía.

Instantáneas: John Berger "Fotocopias"

Editorial Alfaguara, $9.900

Otra recopilación de los textos inclasificables (¿cuentos, ensayos, reflexiones?) del imprescindible John Berger. Presenta en este libro 29 momentos o encuentros o instantáneas, deteniéndose en los detalles (personas, animales, flores, objetos cotidianos) de lo que ve o de las historias que otros, durante sus viajes por Europa, le cuentan.

Ensayo: Walter Mignolo "La idea de América Latina"

Editorial Gedisa, $15.200

En la estela de los estudios poscoloniales, Walter Mignolo lleva a cabo una suerte de manifiesto sobre la idea de "latinidad", siguiéndola desde su nacimiento en Europa hasta hoy, pasando por su apropiación por la élite criolla de América del Sur y el Caribe hispano en el siglo XIX.

Entrevista a André Chermont de Lima

El agregado cultural de Brasil, país invitado a la Feria del Libro, invita a descubrir autores tan esenciales como Rubem Braga, Graciliano Ramos y Vinicius de Moraes.

-¿Qué clásicos recomendarías a quienes se sorprendieron con Machado de Assis?

Él es sin duda el escritor esencial para quien quiere conocer la literatura brasileña, aunque tenemos grandes poetas en el siglo XIX, como Gonçalves Dias y Castro Alves, quien hizo una importante contribución a favor del abolicionismo con su poema "Navio Negrero". Pero, como la música, nuestra literatura alcanzó su madurez a comienzos del siglo XX, con Graciliano Ramos y Guimarães Rosa en narrativa, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira y João Cabral de Mello Neto en poesía.

-¿Quiénes deberían tener mayor presencia en el mercado de habla hispana?

Vuelvo a Graciliano Ramos, dueño de una literatura áspera, directa y de una fuerza extraordinaria. También Nelson Rodrigues, nuestro mayor dramaturgo, un artista destacado, pero al mismo tiempo accesible. Muchas de sus piezas de teatro y cuentos han sido adaptados para la televisión y el cine. Y hay que destacar a Vinicius de Moraes, compositor mundialmente famoso, pero que nadie conoce como poeta.

-¿Cuál es el sitio que ocupa Jorge Amado en la literatura brasileña?

Es un escritor que despierta mucha simpatía. Sus libros publicados entre los años 30 y 60, como Tierras del Sin Fin y Gabriela, Clavo y Canela son bellos retratos de una Bahía carnavalesca, medio exótica, pero llena de injusticias. Creo que Amado se repitió un poco al final y las adaptaciones para la televisión agotaron, en parte, el interés del público. Otro escritor de Bahía, João Ubaldo Ribeiro, tiene un libro extraordinario, Viva el Pueblo Brasileño, publicado por Tusquets y disponible en la Feria del Libro. Algunos trechos de ese libro, como el que narra a los caníbales devorando a los holandeses en el siglo XVI, son inmejorables.

En Brasil no se discute que la crónica tiene calidad literaria. ¿Quiénes son las principales figuras?

A fines del siglo XIX y principios del XX, Lima Barreto escribía unas crónicas memorables. Más tarde fue el turno de Rubem Braga, quien vivió en Chile y escribió sobre su estadía acá. Nelson Rodrigues, a su vez, es el mayor cronista deportivo de Brasil. Sus páginas sobre fútbol son obras de alta calidad literaria.

EN CIFRAS

100 presentaciones de libros

760 sellos editoriales

Más de 60 invitados extranjeros de 15 países

300 actividades paralelas entre charlas, conciertos, debates, ciclos de cine y espectáculos infantiles

1.500.000 libros en exhibición

$ 1.000 la entrada de lunes a jueves

$ 2.000 viernes a domingo

230 mil visitantes espera la Cámara Chilena del Libro

150 expositores

15 expositores agrupados en la Asociación de Editores de Chile ofreciendo un 19% de descuento en cualquier compra

2 veces más pagan, proporcionalmente, los stands pequeños a los grandes

http://diario.elmercurio.com/2007/10/28/artes_y_letras/_portada/noticias/D2C00F8D-DCD3-41B1-A5EE-7E7406B0DE8B.htm?id={D2C00F8D-DCD3-41B1-A5EE-7E7406B0DE8B}

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O Brasil na Visualidade Popular João de Jesus Paes de Loureiro




"O Brasil na visualidade popular"



A exposição "O Brasil na Visualidade Popular" – exibida ao público durante o último trimestre de 2000 no Museu de Arte da Pampulha – "reúne objetos inusitados, produzidos neste último século pelo povo brasileiro. Com intenção artística ou não, eles nascem sempre movidos pelo desejo de celebrar o Brasil. Que Brasil? O Brasil de seu mito fundador de que fala Marilena Chauí: um conjunto de propriedades míticas, construídas ao longo de sua história e consolidadas pelo positivismo e pelo o ufanismo da virada do século 19 para o 20", explica o artista plástico e pesquisador, José Alberto Nemer, no texto de apresentação da mostra.
Nemer que assina a concepção e a curadoria da exposição, conclui: "O fato é que, através desses objetos, pode-se ver um outro Brasil, com o frescor que se reinventa todos os dias e com o humor de que precisamos sempre. São bandeiras, paisagens, santos e alvoradas. Mitos nacionais. São também, e sobretudo, as cores verde e amarela, que desde criança acreditamos representarem matas e ouro. Nessa celebração, não estará o povo rompendo a exclusão com a força da poesia?"
Registramos a exposição "O Brasil na Visualidade Popular" reproduzindo aqui o ensaio "Vitrais do Brasil", do professor João de Jesus Paes Loureiro.
Uma forma de se compreender a expressão estetizada que há na visualidade popular brasileira, na recriação plurissignificante dos símbolos nacionais, especialmente através de cores e formas, é segundo o conceito da estética do vitral. No vitral, a sua aparência estetizada vem atravessada por uma luz de outra significação que a ela se incorpora. O conjunto dessa expressão popular, principalmente nas efêmeras manifestações de plasticidade nos movimentos coletivos, como nos estádios de futebol, tornam-se imensos vitrais de sentimento estetizado de nação. São pedaços de cores, como nos vitrais, que vão compondo a trama cromática de verde, amarelo e azul, atravessada por essa luz simbólica. Essa luz, penetrando a transparência estética desses imensos vitrais nos estádios, nas manifestações públicas, nas feiras, na arte popular, pode ser entendida mesmo como o sentido da nacionalidade, que acentua a dimensão estética do estar juntos, propiciando uma forma de educação da sensibilidade para a imagem de nação. No entanto, cabe acentuar, desenvolveremos estas observações na linha da reflexão alegórica ou reflexão alegorizante, deixando o espírito em liberdade e enriquecido pelo devaneio. A compreensão das cores nacionais individuais e recriadas de forma estetizante será feita no sentido de valorizar essa expressão sensível e coletiva do estar em união. Como um vitral estético atravessado pela luz de um sentimento nacional. A atenção atraída, basicamente para a exterioridade do signo cromático, organizado na estrutura fragmentária mas pregnante de um vitral. Também como nos vitrais artísticos, esses vitrais da nacionalidade estão muito ligados a um sentido espiritual mais elevado (neste caso, do espírito da nacionalidade), que originaliza sua criação coletiva e espontânea. É a forma da comunicação ampla de uma mensagem de amor à pátria não autoritária com a qual os cidadãos se identificam, na sedutora forma estetizada de expressão. Oferecem uma espécie de mensagem pedagógica de nacionalidade amorosa para almas reunidas por esse desejo, através dessa luz atravessando a aparência essencializada dos vitrais. O que esses conjuntos cromáticos glorificam são valores de nacionalidade, de uma nacionalidade individuada, efervescente, amorosa de uma alma comum, sinal de orgulho, refúgio da confiança. Mais do que estar juntos é a intuição de um ser junto, ser um corpo só, um corpo místico patriótico, talvez. Ao contemplar essas imensas policromias da nacionalidade, o olhar, como numa catedral gótica, oscila entre a percepção, ora das cores congeladas em pedaços reunidos numa forma fragmentária, ora na luminosidade que as atravessa. É o que entendemos ser o mesmo sentido que se pode perceber nos vitrais da nacionalidade de que estamos tratando. Percebemos nesses conjuntos da visualidade popular – seja nas feiras, seja na arte naif, seja nos estádios de esportes, seja nas praias, seja no carnaval – de um lado, a pregnância colorida como um verdadeiro painel de arte pública; de outro, a significação nacionalizante que atravessa o conjunto cromático.
Essa unidade na diversidade que preside o vitral é, também, o santo graal buscado pela sociedade brasileira. O Brasil é uma nação constituída por nações, por uma infinidade de relações solidárias. Há um transbordamento afetivo, uma ostentação emocional, uma envergadura passional que instrui as relações entre os homens. A mestiçagem, a mobilidade social, a plasticidade do conjunto étnico contribuem para uma necessidade espontânea de se reconhecerem como unidade. É quando o sentido do religare, do être ensemble explode em festa, em futebol, em carnaval. Abrem-se os espaços à criação configuradora desses vitrais da nacionalidade, pela combinação formadora das cores nacionais, em grandes painéis dos estádios, nas feiras, no carnaval etc. São espaços privilegiados de reunião das diferenças e, por isso mesmo, ideais para que se manifeste a força do religare, do être ensemble, do ser em unidade que essa composição plástica coletiva parece revelar.
A solicitação estética intensifica-se numa espécie de cadeia de solidariedade, cujo resultado são esses vitrais de que estamos falando. A sensação de proximidade acentua-se e multiplica-se pelas transmissões da televisão. Todos partilham sensivelmente algo da nacionalidade nessa experiência que tem fundamentos estéticos e garante e celebra a coesão de um grupo. Não é simples exibição de símbolos nacionais para a guerra ou qualquer forma de luta. É uma forma gratuita, sem finalidade prática, sem a determinação específica de um fim. É somente o pleno acontecer de algo, como de um acaso. É o simples jogo no campo das aparências significantes, sem outra razão maior que a de celebrar a glória de estar juntos, reunidos na sedutora plasticidade gótica que vem atravessada por essa luz da utopia de uma pátria imensa.
O brasileiro expressa-se essencialmente pela emoção. A racionalidade tem lugar adquirido mas não é sua dominante. O sentimento é sua razão e a lógica articula-se através da aparência reveladora de sentido e não de um cauteloso processo intelectualizador. Não racionaliza. Exprime-se. Quer ser como uma forma de estar. Mostrar-se. Ser para outro. Provocar o reconhecimento. No campo temático do qual estamos tratando, quer exibir um sentimento de nacionalidade para o outro, por via emotiva de uma esteticidade em formas e cores. É portanto, um nacionalismo dialogal e de apelo, muito apropriado à expressão estética. Uma força de expressão. Um gesto. Teatraliza cromaticamente o seu nacionalismo, sua cidadania assumida, cotidianizando símbolos e emblemas. Não é um nacionalismo sob clausulas éticas ou morais. É uma nacionalidade em liberação estética. À lógica contrapõe o instinto, a intuição. Substitui o concreto pela metáfora. Ao invés de teorizações, o impulso criador. Ao pensamento normatizado contrapõe o corpo estetizado. Ao dogmático, a sensação e o sentimento. O imaginário adquire estatuto de realidade. Curte o entusiasmo e faz do maravilhamento uma condição cotidiana de existência. Revela uma sociedade que se encanta de si mesma. Um nacionalismo dionisíaco e barroco vivido plasticamente de uma forma coletiva, exteriorizada. Uma nacionalidade que se encaminha para a festa, não para a guerra. Um nacionalismo carnal, orgiástico, apropriado a uma sociedade onde a mestiçagem se legitima pela emoção e sensualidade. O cidadão assume a cidadania estética pela espontaneidade não-formal. No corpo. Na vestimenta. Na visualização cromática da sua alma. Ela mais do que mérito ou conquista, significa festa. Celebração identificadora de uma comunidade de gosto.
Vestir-se de algum símbolo, usar alguma definida máscara, desde os tempos mais remotos era e é como tornar-se como o representado e não um mero representante. Usar no corpo as cores da Pátria é ser a Pátria. Pintar no rosto a máscara verde-amarela-azul é ser o rosto da Pátria.
Mais do que um gesto tradicional equivalente, hoje, pintar-se com as cores da nacionalidade, reproduzir os seus ícones, é como ser a nação incorporada. Uma espécie de transubstanciação ou conversão semiótica em uma substância nova de sentido. È ser emocionalmente, a Pátria. O próprio cidadão tornar-se, ele mesmo, a Pátria simbolicamente incorporada, aparecendo em momentos em que o pensamento não consegue formular juízo, mas o desejo expressa o cidadão nacional numa explosão de sensualismo em liberdade. A fantasia assume o lugar da razão. O modo de expressão deixa de ser o da racionalidade para ser o da sensibilidade afluente, a flor da pele, no modo estético da comunicação concentrada no próprio signo visual e não em um discurso derivado. O signo é a própria linguagem codificada da alma. O interior transfigurado em exterior. Dá-se forma visível a um sentimento de união, de coletividade emocional brasileira. Uma ânsia de orgulho nacional civil que heroiciza o desportista, o artista popular, a própria população neles representada.
O interessante é que esses símbolos patrióticos, visuais, da Nação, arrancados de seu lugar, formal e cerimonial, investem-se de uma dignidade imprevista, não mais solitária mas solidária, sob esse impulso do être ensemble que o estético tem na sua dimensão societal ou societária. As cores e os símbolos (por exemplo, como as colunas do Palácio da Alvorada, em Brasília) são exaltados de maneira inusitada, investindo-se de significado luminoso. Adquirem, nesse deslocamento de local simbólico, uma dimensão inquietante que fascina e provoca estranhamento. Incorporam dois extremos, realismo e abstração. Extremos que também estão presentes em toda arte através dos tempos.
Percebe-se que esta forma exterior de expressão tem uma ressonância interior, um sentimento de necessidade espiritual do estar juntos como nação, que coincide exatamente com a reflexão de que estamos falando da estética de vitral (concreto e imaginário), se considerarmos a reunião dessas cores nacionais nas feiras, nos estádios, nas manifestações da cultura popular.

Nesses espaços – estádios de futebol, feiras culturais, festas, visualidades populares -, essas manifestações cromáticas dos signos nacionais podem ser vistos como instalações públicas (conjugando-se os conceitos de instalações e de arte pública). Não representam as manifestações cívicas clássicas de campos de batalha, nas lutas de fronteiras, nos campos de revolta. Essas instalações públicas, em que a criatividade organiza painéis cromáticos pelos quais transparece a luz de um sentimento de nacionalidade brasileira, acontecem nos campos de futebol, nos espetáculos de arte popular, nas praias, nos comícios. Uma forma de acontecer semelhante ao lúdico. A Bandeira do Brasil pode estar desenhada no rosto de estudantes ou na parte do bumbum não coberta pelo biquíni. Um lúdico social naturalmente espontâneo, mas não gratuito. Um gesto identitário formalizado como jogo, com graça e invenção.
A corrente social é religada num momento de prazer que, de imediato, assume uma taxinomia não marcada. Na sua simplicidade aparente esconde-se a complexidade fantástica das relações sociais e na expressão do individual convertido em comunhão. A importância da aparência revela-se nítida nesse cotidiano que bem poderia ser banal e cortejado pelo efêmero, pura excitação do supérfluo, banal repetição de algo já visto.
A corrente social é religada num momento de prazer que, de imediato, assume uma taxinomia não marcada. Na sua simplicidade aparente esconde-se a complexidade fantástica das relações sociais e na expressão do indivíduo convertido em comunhão. A importância da aparência revela-se nítida nesse cotidiano que bem poderia ser banal e cortejado pelo efêmero, pura excitação do supérfluo, banal repetição de algo já visto.




No entanto, esse ludismo social encarnado no cotidiano, ou cotidianizado, não acontece ali por acaso. Está sustentado por sua imanência, uma vez que é ludicamente que a sociedade se expressa. Esse jogo repete factualmente uma ordem social relativa, ao sentimento de nação e cidadania. É uma expressão efervescente de um estereótipo que se converte em arquétipo. É uma forma de consistência social que escapa à lógica do racional e do verdadeiro. Um gesto de alta significação, cuja importância é necessária que cada vez mais se reconheça e se compreenda. É uma retórica popular que faz circular um sentimento portador de idéias através desses símbolos e ícones nacionais reinventados ludicamente pelo sentimento convertido em forma. Estéticos, portanto. Algo semelhante a uma oratória visual cuja justificação está em uma poética ainda não formulada, em que se reúnem o concreto e o simbólico, o trivial e o fantástico, o monótono e o excepcional. Nota-se nessa visualidade popular nacional a retórica de um gesto social-humano de compensação da individualidade numa paixão visual insaciável.
A sociedade brasileira confere importância retórica à aparência na vida cotidiana. Daí para o jogo é um passo. Uma cidadania lúdica, cheia de excitação, intensidade e livre reprodução. Como a encarnação de um ludismo cotidiano transformado em expressão de uma sociedade que através dele se revela, diz de si, abre-se ao mundo, independente de um condicionamento normativo. A expressão mais simples pode adquirir a dimensão essencial de um desejo, de um querer ser. Essa pequena e delicada trama tecida de fios aparentemente insignificantes pode, ao acaso, a aranha do símbolo que, presa num ponto de tensão, passa a fazer convergir para ele todas as linhas de força dessa trama, conferindo uma ordem simbólica nascida por acasos de um acaso. De repente, o verde, o amarelo, o azul mais banais soltos na luz do dia-a-dia revelam-se como sendo o gesto de uma sociedade inteira em ação, em ato, em presença.
É uma retórica popular em funcionamento, quando a nacionalidade é incorporada e expressa na forma de um sentimento estético coletivo. Um gesto com a liberdade barroca de se mostrar identificador.
Com essa atitude de manifestação do sentimento de estar juntos na identidade de uma nação, os signos e ícones nacionais deixam de ser reverenciados e distantes, para se tornarem signos incorporados, vestidos, investidos de uma legitimidade pessoal, humana. São incorporados em um mesmo corpo místico nacional, pisando o mesmo chão, fantasiado de uma cidadania de sonho e desejo. São como instalações de arte pública, portanto, em que os cidadãos reunidos são suportes e símbolos de um acontecer estético da expressão da alma nacional. Uma espécie de uma epifania numinosa do eu brasileiro. Não é como enrolar-se na bandeira, quando ela se torna uma espécie de armadura que define no espaço singular o território de um país. É um tornar-se Brasil, pintar-se Brasil. Uma transubstanciação como nos rituais sagrados. Um manismo ancestral resgatado quando o representante é o próprio ser que ele representa. A imagem é a própria realidade, indistinta, singular, única. Um ser brasileiro que talvez seja diferente de ser nacionalista



Há uma gratuidade no uso das cores-ícones nacionais pela população. De certa maneira é uma forma de epifanização da alma de um eu brasileiro ostentado exteriormente na modalidade de uma cívica alegria. O estético como valor de sociedade, gesto de uma emoção compartilhada, a nacionalidade como expressão celebrante e não como celebração protocolar oficializada.
Ao investir-se das cores nacionais, num gesto incorporativo da nacionalidade, a dimensão ética converte-se em sinal estético, no qual a sensibilidade impera. Passagem do ético para o estético, conversão da aparência em essência. A imagem das cores – o verde, o amarelo, o azul – segue uma espécie de suspensão redobrada, isto é, percebe-se a substancialidade da coisa material e, ao mesmo tempo, o fenômeno da idealização. O fenômeno da representação acaba sendo a substancialidade da coisa, a imagem torna-se a realidade de um fenômeno. Os ícones sofrem uma metamorfose do em si de signos da nação em signos para nós, para nosso olhar. Uma conversão semiótica de signos nacionais em signos estéticos, embora remetam a nacionalidade. Como manifestação da aparência de ordem fenomênica, essas imagens fazem a emoção adquirir um sentido. A presença de uma ausência.
Essas imagens são o ponto de conexão entre as ordens do real e de uma aparência na qual a beleza repousa. Não são uma simples reprodução de realidade dada. São vias que levam a uma visão objetiva das coisas e da vida humana. São a revelação sensível de uma realidade interior, através da intensificação do real. Claro que, nas representações elas devem compor a unidade que configure uma forma em que as unidades componentes devam ser percebidas como separadas, dentro de uma coesão visual. Uma coesão visual geradora de equilíbrio e harmonia, contida em condições de fechamento, garantindo a pregnância da forma.
Entre o azul e o amarelo: o verde. O cálido. A esperança. O reino vegetal. O despertar das águas primordiais. O desabrochar da vida. Envolvente, tranqüilizante, refrescante, tonificante. Cintilação de esmeralda. A cor mais calma. O frescor do botão da primavera. O musgo do mofo. O verde submerso no destino.
O amarelo em fusão dos minérios. Raio de sol do olhar de um deus. Luz do ouro. Carruagem da juventude, do vigor, da eternidade divina. Cor do empírio. Cor da terra fértil. Cor das espigas maduras do verão. Cor divina e terrestre. Cor resplandecente na fogueira.
E a mais profunda das cores. O azul. O infinito do olhar. Perpétua fuga da cor. Transparência pura dos vitrais do infinito. Caminho do eterno. Mensagem do imaginário. Cor do pássaro da felicidade. A cor azul e mais que azul da terra azul.

VERDE-AMARELO-AZUL
BRASIL NA PONTA DA LÍNGUA DO PINCEL.
ALMA EXPOSTA DE UM PAÍS SONHADO
CORES DE UM VITRAL
DA OCULTA CATEDRAL QUE É UMA NAÇÃO
NA ALMA DO POVO


João de Jesus Paes Loureiro, poeta e ensaista, autor de "Cultura Amazônica, Uma Poética do Imaginário", é presidente do instituto de artes do Pará.

Fotografias de Eduardo Eckenfels - exceto a da bandeira no portão em Diamantina , que é de José Alberto Nemer - originalmente publicadas no catálogo da exposição "O Brasil na Visualidade Popular".