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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O pronunciamento que o presidente Lula faria em Davos

Lido pelo Chanceler Celso Amorim.

“Minhas senhoras e meus senhores,

Em primeiro lugar, agradeço o prêmio “Estadista Global” que vocês
estão me concedendo.

Nos últimos meses, tenho recebido alguns dos prêmios e títulos mais
importantes da minha vida.

Com toda sinceridade, sei que não é exatamente a mim que estão
premiando – mas ao Brasil e ao esforço do povo brasileiro. Isso me
deixa ainda mais feliz e honrado.

Recebo este prêmio, portanto, em nome do Brasil e do povo do meu país.
Este prêmio nos alegra, mas, especialmente, nos alerta para a grande
responsabilidade que temos.

Ele aumenta minha responsabilidade como governante, e a
responsabilidade do meu país como ator cada vez mais ativo e presente
no cenário mundial.
Tenho visto, em várias publicações internacionais, que o Brasil está
na moda. Permitam-me dizer que se trata de um termo simpático, porém
inapropriado.
O modismo é coisa fugaz, passageira. E o Brasil quer e será ator
permanente no cenário do novo mundo.

O Brasil, porém, não quer ser um destaque novo em um mundo velho. A
voz brasileira quer proclamar, em alto e bom som, que é possível
construir um mundo novo.

O Brasil quer ajudar a construir este novo mundo, que todos nós
sabemos, não apenas é possível,mas dramaticamente necessário, como
ficou claro, na recente crise financeira internacional – mesmo para os
que não gostam de mudanças.

Meus senhores e minhas senhoras,

O olhar do mundo hoje, para o Brasil, é muito diferente daquele, de
sete anos atrás, quando estive pela primeira vez em Davos.

Naquela época, sentíamos que o mundo nos olhava mais com dúvida do que
esperança. O mundo temia pelo futuro do Brasil, porque não sabia o
rumo exato que nosso país tomaria sob a liderança de um operário, sem
diploma universitário, nascido politicamente no seio da esquerda
sindical.

Meu olhar para o mundo, na época, era o contrário do que o mundo tinha
para o Brasil. Eu acreditava, que assim como o Brasil estava mudando,
o mundo também pudesse mudar.

No meu discurso de 2003, eu disse, aqui em Davos, que o Brasil iria
trabalhar para reduzir as disparidades econômicas e sociais,
aprofundar a democracia política, garantir as liberdades públicas e
promover, ativamente, os direitos humanos.

Iria, ao mesmo tempo, lutar para acabar sua dependência das
instituições internacionais de crédito e buscar uma inserção mais
ativa e soberana na comunidade das nações.
Frisei, entre outras coisas, a necessidade de construção de uma nova
ordem econômica internacional, mais justa e democrática.
E comentei que a construção desta nova ordem não seria apenas um ato
de generosidade, mas, principalmente, uma atitude de inteligência
política.

Ponderei ainda que a paz não era só um objetivo moral, mas um
imperativo de racionalidade. E que não bastava apenas proclamar os
valores do humanismo. Era necessário fazer com que eles prevalecessem,
verdadeiramente, nas relações entre os países e os povos.

Sete anos depois, eu posso olhar nos olhos de cada um de vocês – e,
mais que isso, nos olhos do meu povo – e dizer que o Brasil, mesmo com
todas as dificuldades, fez a sua parte. Fez o que prometeu.

Neste período, 31 milhões de brasileiros entraram na classe média e 20
milhões saíram do estágio de pobreza absoluta. Pagamos toda nossa
dívida externa e hoje, em lugar de sermos devedores, somos credores do
FMI.

Nossas reservas internacionais pularam de 38 bilhões para cerca de 240
bilhões de dólares. Temos fronteiras com 10 países e não nos
envolvemos em um só conflito com nossos vizinhos. Diminuímos,
consideravelmente, as agressões ao meio ambiente. Temos e estamos
consolidando uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, e
estamos caminhando para nos tornar a quinta economia mundial.

Posso dizer, com humildade e realismo, que ainda precisamos avançar
muito. Mas ninguém pode negar que o Brasil melhorou.

O fato é que Brasil não apenas venceu o desafio de crescer
economicamente e incluir socialmente, como provou, aos céticos, que a
melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza.

Historicamente, quase todos governantes brasileiros governaram apenas
para um terço da população. Para eles, o resto era peso, estorvo,
carga.

Falavam em arrumar a casa. Mas como é possível arrumar um país
deixando dois terços de sua população fora dos benefícios do progresso
e da civilização?

Alguma casa fica de pé, se o pai e a mãe relegam ao abandono os filhos
mais fracos, e concentram toda atenção nos filhos mais fortes e mais
bem aquinhoados pela sorte?

É claro que não. Uma casa assim será uma casa frágil, dividida pelo
ressentimento e pela insegurança, onde os irmãos se vêem como inimigos
e não como membros da mesma família.

Nós concluímos o contrário: que só havia sentido em governar, se fosse
governar para todos. E mostramos que aquilo que, tradicionalmente, era
considerado estorvo, era, na verdade, força, reserva, energia para
crescer.

Incorporar os mais fracos e os mais necessitados à economia e às
políticas públicas não era apenas algo moralmente correto. Era,
também, politicamente indispensável e economicamente acertado. Porque
só arrumam a casa, o pai e a mãe que olham para todos, não deixam que
os mais fortes esbulhem os mais fracos, nem aceitam que os mais fracos
conformem-se com a submissão e com a injustiça. Uma casa só é forte
quando é de todos – e nela todos encontram abrigo, oportunidades e
esperanças.

Por isso, apostamos na ampliação do mercado interno e no
aproveitamento de todas as nossas potencialidades. Hoje, há mais
Brasil para mais brasileiros. Com isso, fortalecemos a economia,
ampliamos a qualidade de vida do nosso povo, reforçamos a democracia,
aumentamos nossa auto-estima e amplificamos nossa voz no mundo.

Minhas senhoras e meus senhores,

O que aconteceu com o mundo nos últimos sete anos? Podemos dizer que o
mundo, igual ao Brasil, também melhorou?

Não faço esta pergunta com soberba. Nem para provocar comparações
vantajosas em favor do Brasil.

Faço esta pergunta com humildade, como cidadão do mundo, que tem sua
parcela de responsabilidade no que sucedeu – e no que possa vir a
suceder com a humanidade e com o nosso planeta.

Pergunto: podemos dizer que, nos últimos sete anos, o mundo caminhou
no rumo da diminuição das desigualdades, das guerras, dos conflitos,
das tragédias e da pobreza?
Podemos dizer que caminhou, mais vigorosamente, em direção a um modelo
de respeito ao ser humano e ao meio ambiente?

Podemos dizer que interrompeu a marcha da insensatez, que tantas vezes
parece nos encaminhar para o abismo social, para o abismo ambiental,
para o abismo político e para o abismo moral?

Posso imaginar a resposta sincera que sai do coração de cada um de
vocês, porque sinto a mesma perplexidade e a mesma frustração com o
mundo em que vivemos.

E nós todos, sem exceção, temos uma parcela de responsabilidade nisso tudo.

Nos últimos anos, continuamos sacudidos por guerras absurdas.
Continuamos destruindo o meio-ambiente. Continuamos assistindo, com
compaixão hipócrita, a miséria e a morte assumirem proporções
dantescas na África. Continuamos vendo, passivamente, aumentar os
campos de refugiados pelo mundo afora.

E vimos, com susto e medo, mas sem que a lição tenha sido corretamente
aprendida, para onde a especulação financeira pode nos levar.

Sim, porque continuam muitos dos terríveis efeitos da crise financeira
internacional, e não vemos nenhum sinal, mais concreto, de que esta
crise tenha servido para que repensássemos a ordem econômica mundial,
seus métodos, sua pobre ética e seus processos anacrônicos.

Pergunto: quantas crises serão necessárias para mudarmos de atitude?
Quantas hecatombes financeiras teremos condições de suportar até que
decidamos fazer o óbvio e o mais correto?

Quantos graus de aquecimento global, quanto degelo, quanto
desmatamento e desequilíbrios ecológicos serão necessários para que
tomemos a firme decisão de salvar o planeta?

Meus senhores e minhas senhoras,

Vendo os efeitos pavorosos da tragédia do Haiti, também pergunto:
quantos Haitis serão necessários para que deixemos de buscar remédios
tardios e soluções improvisadas, ao calor do remorso?

Todos nós sabemos que a tragédia do Haiti foi causada por dois tipos
de terremotos: o que sacudiu Porto Príncipe, no início deste mês, com
a força de 30 bombas atômicas, e o outro, lento e silencioso, que vem
corroendo suas entranhas há alguns séculos.

Para este outro terremoto, o mundo fechou os olhos e os ouvidos. Como
continua de olhos e ouvidos fechados para o terremoto silencioso que
destrói comunidades inteiras na África, na Ásia, na Europa Oriental e
nos países mais pobres das Américas.

Será necessário que o terremoto social traga seu epicentro para as
grandes metrópoles européias e norte-americanas para que possamos
tomar soluções mais definitivas?

Um antigo presidente brasileiro dizia, do alto de sua aristocrática
arrogância, que a questão social era uma questão de polícia.

Será que não é isso que, de forma sutil e sofisticada, muitos países
ricos dizem até hoje, quando perseguem, reprimem e discriminam os
imigrantes, quando insistem num jogo em que tantos perdem e só poucos
ganham?

Por que não fazermos um jogo em que todos possam ganhar, mesmo que em
quantidades diversas, mas que ninguém perca no essencial?

O que existe de impossível nisso? Por que não caminharmos nessa
direção, de forma consciente e deliberada e não empurrados por crises,
por guerras e por tragédias? Será que a humanidade só pode aprender
pelo caminho do sofrimento e do rugir de forças descontroladas?

Outro mundo e outro caminho são possíveis. Basta que queiramos. E
precisamos fazer isso enquanto é tempo.

Meus senhores e minhas senhoras,

Gostaria de repetir que a melhor política de desenvolvimento é o
combate à pobreza. Esta também é uma das melhores receitas para a paz.
E aprendemos, no ano passado, que é também um poderoso escudo contra
crise.

Esta lição que o Brasil aprendeu, vale para qualquer parte do mundo,
rica ou pobre.

Isso significa ampliar oportunidades, aumentar a produtividade,
ampliar mercado e fortalecer a economia. Isso significa mudar as
mentalidades e as relações. Isso significa criar fábricas de emprego e
de cidadania.

Só fomos bem sucedidos nessas tarefas porque recuperamos o papel do
Estado como indutor do desenvolvimento e não nos deixamos aprisionar
em armadilhas teóricas – ou políticas – equivocadas sobre o verdadeiro
papel do estado.

Nos últimos sete anos, o Brasil criou quase 12 milhões de empregos
formais. Em 2009, quando a maioria dos países viu diminuir os postos
de trabalhos, tivemos um saldo positivo de cerca de um milhão de novos
empregos.

O Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos
primeiros a sair. Por que? Porque tínhamos reorganizado a economia com
fundamentos sólidos, com base no crescimento, na estabilidade, na
produtividade, num sistema financeiro saudável, no acesso ao crédito e
na inclusão social.
E quando os efeitos da crise começaram a nos alcançar, reforçamos, sem
titubear, os fundamentos do nosso modelo e demos ênfase à ampliação do
crédito, à redução de impostos e ao estímulo do consumo.

Na crise ficou provado, mais uma vez, que são os pequenos que estão
construindo a economia de gigante do Brasil.

Este talvez seja o principal motivo do sucesso do Brasil: acreditar e
apoiar o povo, os mais fracos e os pequenos. Na verdade, não estamos
inventando a roda. Foi com esta força motriz que Roosevelt recuperou a
economia americana depois da grande crise de 1929. E foi com ela que o
Brasil venceu preventivamente a última crise internacional.

Mas, nos últimos sete anos, nunca agimos de forma improvisada. A gente
sabia para onde queria caminhar. Organizamos a economia sem bravatas e
sem sustos, mas com um foco muito claro: crescer com estabilidade e
com inclusão.

Implantamos o maior programa de transferência de renda do mundo, o
Bolsa Família, que hoje beneficia mais de 12 milhões de famílias. E
lançamos, ao mesmo tempo, o Programa de Aceleração do Crescimento, o
PAC, maior conjunto de obras simultâneas nas áreas de infra-estrutura
e logística da história do país, no qual já foram investidos 213
bilhões de dólares e que alcançará, no final do ano de 2010, um
montante de 343 bilhões.

Volto ao ponto central: estivemos sempre atentos às politicas
macro-econômicas, mas jamais nos limitamos às grandes linhas. Tivemos
a obsessão de destravar a máquina da economia, sempre olhando para os
mais necessitados, aumentando o poder de compra e o acesso ao crédito
da maioria dos brasileiros.

Criamos, por exemplo, grandes programas de infra-estrutura social
voltados exclusivamente para as camadas mais pobres. É o caso do
programa Luz para Todos, que levou energia elétrica, no campo, para 12
milhões de pessoas e se mostrou um grande propulsor de bem estar e um
forte ativador da economia.

Por exemplo: para levar energia elétrica a 2 milhões e 200 mil
residências rurais, utilizamos 906 mil quilômetros de cabo, o
suficiente para dar 21 voltas em torno do planeta Terra. Em
contrapartida, estas famílias que passaram a ter energia elétrica em
suas casas, compraram 1,5 milhão de televisores, 1,4 milhão de
geladeiras e quantidades enormes de outros equipamentos.

As diversas linhas de microcrédito que criamos, seja para a produção,
seja para o consumo, tiveram igualmente grande efeito multiplicador. E
ensinaram aos capitalistas brasileiros que não existe capitalismo sem
crédito.

Para que vocês tenham uma idéia, apenas com a modalidade de “crédito
consignado”, que tem como garantia o contracheque dos trabalhadores e
aposentados, chegamos a fazer girar na economia mais 100 bilhões de
reais por mês. As pessoas tomam empréstimos de 50 dólares, 80 dólares
para comprar roupas, material escolar, etc, e isto ajuda ativar
profundamente a economia.

Minhas senhoras e meus senhores,

Os desafios enfrentados, agora, pelo mundo são muito maiores do que os
enfrentados pelo Brasil.

Com mudanças de prioridades e rearranjos de modelos, o governo
brasileiro está conseguindo impor um novo ritmo de desenvolvimento ao
nosso país.

O mundo, porém, necessita de mudanças mais profundas e mais complexas.
E elas ficarão ainda mais difíceis quanto mais tempo deixarmos passar
e quanto mais oportunidades jogarmos fora.

O encontro do clima, em Copenhague, é um exemplo disso. Ali a
humanidade perdeu uma grande oportunidade de avançar, com rapidez, em
defesa do meio-ambiente.

Por isso cobramos que cheguemos com o espírito desarmado, no próximo
encontro, no México, e que encontremos saídas concretas para o grave
problema do aquecimento global.

A crise financeira também mostrou que é preciso uma mudança profunda
na ordem econômica, que privilegie a produção e não a especulação.

Um modelo, como todos sabem, onde o sistema financeiro esteja a
serviço do setor produtivo e onde haja regulações claras para evitar
riscos absurdos e excessivos.

Mas tudo isso são sintomas de uma crise mais profunda, e da
necessidade de o mundo encontrar um novo caminho, livre dos velhos
modelos e das velhas ideologias.

É hora de re-inventarmos o mundo e suas instituições. Por que ficarmos
atrelados a modelos gestados em tempos e realidades tão diversas das
que vivemos? O mundo tem que recuperar sua capacidade de criar e de
sonhar.

Não podemos retardar soluções que apontam para uma melhor governança
mundial, onde governos e nações trabalhem em favor de toda a
humanidade.

Precisamos de um novo papel para os governos. E digo que,
paradoxalmente, este novo papel é o mais antigo deles: é a recuperação
do papel de governar.

Nós fomos eleitos para governar e temos que governar. Mas temos que
governar com criatividade e justiça. E fazer isso já, antes que seja
tarde.

Não sou apocalíptico, nem estou anunciando o fim do mundo. Estou
lançando um brado de otimismo. E dizendo que, mais que nunca, temos
nossos destinos em nossas mãos.

E toda vez que mãos humanas misturam sonho, criatividade, amor,
coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir
um novo mundo e uma nova humanidade.

Muito obrigado.”

domingo, 31 de janeiro de 2010

O prefeito da cidade de São Paulo cada dia mostra-se incompetente

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, foi vaiado por moradores de um conjunto habitacional atingido pelas enchentes na região do Jardim Romano, no extremo leste da cidade de São Paulo, durante visita na manhã desta sexta-feira, -08.01.2010 ,na região. O local está alagado há um mês e a chuva de quinta-feira piorou a situação no bairro.by último segundo:
http://bit.ly/5QTns4




O prefeito da cidade de São Paulo ,cada dia, mostra-se incompetente para administrar uma cidade como S.Paulo
.As enchentes tem lhe valido este certificadoPor outro lado seu mentor e guarda-costas O Sr.Serra, tem lhe dado aulas inválidas, e ainda que ser o presidente da nação.
Como pode?
Fiquemos mais atentos o Jardim ROMANO é um descalabro, de desrespeito a condição humana.

LANÇAMENTO

sábado, 30 de janeiro de 2010

China diz que controlo da Net "não é restrição à liberdade"

Jornal de Notícias PT hoje
2010-01-25
Governo chinês defende que as suas leis sobre a Internet "não têm nada a ver com restrições à liberdade", rejeitando as recentes críticas da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.

"Diferentes países regulam a Internet de diferentes maneiras. Os regulamentos da China demonstraram adequar-se ás condições nacionais e estão de acordo com a prática da maioria dos países", disse um porta-voz do governo citado pela agência noticiosa oficial chinesa.

As leis chinesas "proíbem explicitamente a divulgação de informação que incite à subversão do poder de Estado, à violência e ao terrorismo ou que inclua conteúdos pornográficos".

"A China tem toda a legitimidade para tratar destes conteúdos ilegais e perniciosos. Isto não tem nada a ver com alegadas restrições à liberdade na Internet", acrescentou.

Na quinta-feira passada, ao discursar sobre a liberdade na Internet, Hillary Clinton disse que houve "um crescimento nas ameaças ao livre fluxo de informação" em 2009, nomeadamente na China. Egipto, Vietname e Uzbequistão.

A secretária de Estado norte-americana elogiou a atitude da Google, que ameaçou sair da China em sinal de protesto contra o controlo do governo e alegados ciber-ataques chineses.

No dia 12 de Janeiro passado, um vice-presidente da Google, David Drummond, disse que a empresa e pelo menos 20 outras firmas foram alvos de "sofisticados ciber-ataques", numa aparente tentativa de penetrar nas contas de email de activistas de direitos humanos espalhados pelo mundo.

"Estes ataques e a vigilância que eles evidenciam (...) levaram-nos a concluir que devemos rever a viabilidade das nossas operações comerciais na China", escreveu David Drummond no blogue oficial da empresa.

"Sites" como o You Tube e o Facebook estão bloqueados e quaisquer pesquisas no sobre os chamados "3T" (Tiananmen,Tibet e Taiwan) são também minuciosamente filtradas.

O número de chineses ligados à Internet atingiu os 384 milhões no final de 2009.

Segundo estatísticas oficiais, há 3,68 milhões de websites e mais de 200 milhões de blogues na China.

A própria Google lançou em 2006 um site em chinês, que detém cerca de 30 por cento do mercado local.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Universidades privadas, biopoder e Capitalismo Cognitivo (Rodrigo Gueron)



Assuntos: biopoder, capitalismo cognitivo, crítica, rodrigo gueron, universidade.
Rodrigo Guéron

Ao ler o resumo do que foi dito num seminário das atuais mantenedoras das universidades privadas brasileiras, tive vontade de escrever um pouco sobre o tema. Trata-se de uma lista draconiana de ações que as mantenedoras pretendem empreender, por um lado, na estrutura de suas próprias instituições/empresas e por outro, como ação política junto aos poderes do Estado. Algumas medidas já podem ser verificadas nas práticas nestas instituições: a redução ao mínimo de aulas práticas e usos de laboratórios e equipamentos; controle sobre a produção criativa dos estudantes; e arrocho salarial sobre os professores que, no caso de algumas instituições do estado do Rio, chega ao extremo do desrespeito explícito a direitos básicos: salários atrasados, FGTS não depositado, 13º salário não pago, e assim por diante.

Nesses seminários, as mantenedoras condenam a priori qualquer tipo de fiscalização e regulamentação do MEC, chamam de “ideológica” a preocupação dos Conselhos de Medicina com o nível dos cursos, não mostram qualquer disposição em investir em pesquisa e propõem uma série de mudanças nas instituições sem que estas tenham qualquer preocupação pedagógica e/ou acadêmica.

O objetivo dessas ações, como era de se esperar, é reduzir ao limite os custos de funcionamento, por um lado, e garantir o maior lucro possível, por outro. Mas, é preciso ter claro que essa operação só pode ser bem sucedida, do ponto de vista da ampliação do poder e do lucro dessas empresas, se for dirigida contra a capacidade produtiva e, sobretudo, o desejo produtivo, de professores, funcionários e alunos.

O que é ameaçador para as universidades privadas é exatamente a vontade dos alunos de terem aulas melhores, a aspiração por apoio à pesquisa e à criação, o surgimento de idéias, projetos, o desejo de desmembrar e superar os problemas, novas tecnologias, novos conceitos, expressões artísticas e formas de vida.

Em primeiro lugar, parece haver, em uma parcela das universidades privadas brasileiras, certa nostalgia do capitalismo industrial e do seu do modo de produção fordista, uma vez que seus donos não param de repetir que a universidade deve se submeter completamente ao que chamam abstratamente de “mercado”. Termo que aparece no discurso das mantenedoras como uma espécie de transcendente cultuado, numa mistificação espantosa para quem tem como tarefa administrar universidades. Ficaria assim estabelecido que a única função da universidade seria a de formar mão-de-obra para uma determinada forma de organização da produção tendo como horizonte possibilidades produtivas que estariam dadas de antemão. A vida universitária deveria, neste caso, se reduzir a uma preparação que seria quase como um “treinamento” (termo bastante recorrente) em função de um emprego pré-determinado, que estaria à espera do aluno “treinado” e/ou do “mais bem treinado”. Toda a atividade produtiva e toda a subjetividade de professores e alunos ficariam reduzidas a uma corrida de obstáculos por um diploma distintivo de superioridade social, e um posto de trabalho.

Por outro lado, como forma de poder, essas mantenedoras agem, de maneira bastante exemplar, da forma como o capitalismo contemporâneo opera. Não só porque lançam ações em bolsa, mas, sobretudo, porque funcionam como notáveis esquemas de controle e bloqueio do desejo de quem nelas trabalha e estuda. O próprio lema do “preocupemo-nos apenas com o mercado” é parte disso. Trata-se de uma espécie de terrorismo psicológico para capturar a subjetividade de estudantes e professores numa operação que não para de nos enclausurar em apenas uma forma de vida possível. As nossas potencialidades produtivas são assim esvaziadas, inclusive através do medo (de não encontrar um “lugar” no “mercado”), o que nos joga num processo de pura repetição e reprodução passiva.

Mas, esta contradição vai além, porque o caráter contemporâneo do capitalismo caracteriza-se exatamente por ser eminentemente cognitivo e afetivo, quer dizer, a produção de conhecimento, a produção tecnológica, mas também criativa, artística, plena de dimensão afetiva e virtual é, justamente, a que faz mover a economia.

Por isso, a idéia de que a universidade deva se sujeitar ao “mercado” acaba também esvaziando a capacidade produtiva desta mesma universidade. Pois, ao contrário, a universidade deve ser pensada como um dos pontos centrais da produção. A própria palavra “mercado” ficaria assim no seu devido lugar, qual seja, algo que só se forma como desdobramento do desejo e da ação produtiva das pessoas. Diferentemente do que se costuma dizer, a produção vem antes do mercado, sobretudo porque ele mesmo é produzido e não para de ser alterado, reinventado etc. Ou seja, mesmo do ponto de vista da compreensão mais banal do capitalismo – e para fazê-lo funcionar – o discurso dos donos de universidades privadas é insustentável: quando, supostamente, conseguirem adaptar, através de suas fórmulas draconianas, suas universidades ao “mercado”, este já seria outro.

O problema todo é que, na atual estrutura, para se tornar isso que as universidades deveriam ser, ou seja, produtivas e mesmo o centro da produção, seria necessário um investimento que as tornaria pouco rentáveis em uma bolsa de valores, da mesma maneira que a demanda social por casas nos Estados Unidos (que não deixou de existir mesmo com a derrocada do Estado de Bem-estar Social), tornou os bancos pouco rentáveis do ponto de vista do capital e das expectativas especulativas de lucro. Mas, obviamente este é um problema dos bancos e do poder, e não de quem desejou ter uma casa; o mesmo vale para a aspiração social de estar numa universidade.

É fundamental compreender que o caráter cognitivo do capitalismo, o esvaziamento do capitalismo industrial – e com isso da antiga classe operária – foi, em primeiro lugar o resultado das lutas sociais. A condição predominante de “trabalho morto”, a divisão hierárquica “trabalho intelectual x trabalho braçal” do ambiente disciplinar – muitas vezes militarizado – das fábricas, e a rigidez das disciplinas e da organização do ensino em função deste esquema, foram fatores que geraram as rebeliões de 68 e todas as novas formas de luta que atravessaram os anos de 1970. Em muitos países multidões passaram a ter acesso a universidade na mesma proporção que as melhorias das condições de vida da antiga classe operária fizeram com que ela aspirasse deixar o trabalho operário. Em 68, na França, Estados Unidos e Tchecoslováquia, muitos dos estudantes revoltosos eram filhos de operários e muitas das revoltas nas fábricas partiam de jovens. Depois de 68, a democratização do acesso ao ensino tornou-se ainda mais ampla. Assistimos então a uma luta para reunir trabalho e vida, desejo e produção. O neoliberalismo veio a seguir, como um projeto de poder do capital que se readapta e busca capturar, tanto quanto possível, as inovações. Neste momento, o capitalismo deixa de ser um “modo de produção” e passa a ser uma “produção de modos”: de modos de vida.

A princípio, esta democratização não chegou ao Brasil; mas a demanda por ela sim. Se o maior desejo era o de promover o reencontro entre trabalho e vida, produção e subjetividade – impossível na rigidez e hierarquia das fábricas – o capitalismo tratou de reestruturar suas formas de poder de modo a, por um lado, coordenar estratégias de produção de formas de vida e subjetividade; e, por outro, controlar e até interditar a produção de novas formas de vida. Em outras palavras, o capital precisa hoje, mais do que nunca, do desejo produtivo das pessoas; mas este desejo representa, também como nunca, um grande perigo para o capital.

É exatamente esta a situação no interior de nossas universidades privadas. Elas cresceram diante de uma demanda, um desejo social reprimido, por estar na universidade. Desta demanda dependem os lucros destas instituições/empresas; mas, quase tudo o que esta aspiração significa, do ponto de vista dos desejos e do desenvolvimento subjetivo dos que entram na universidade, é uma grande ameaça para elas. E são nestas brechas que devem se dar as lutas de professores, estudantes e funcionários em geral, na universidade hoje. Trata-se, em primeiro lugar, de lutar a partir dos territórios, dos locais de trabalho, que devem ser encarados por nós como comunidades produtivas..........

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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Morre o escritor J.D. Salinger, aos 91 anos, nos EUA



Morre o escritor J.D. Salinger, aos 91 anos, nos EUA

Autor do clássico 'O Apanhador no Campo de Centeio', vivia isolado em sua casa em New Hampshire

Teresa Ribeiro do estadao.com.br, com agências internacionais


Morre o escritor J.D. Salinger, autor de O Apanhador no Campo de Centeio, em New Hampshire. Tinha 91 anos. Era considerado a Greta Garbo da literatura americana e seu romance, mais do que um cult das letras universais, um emblema de uma geração.

Veja também:

lista Leia textos de Otto Maria Carpeaux (1958, Estado) e de Carlos Lacerda (1963, JT) sobre o romance

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O filho do escritor, em um comunicado divulgado pelo representante literário de Salinger, disse que ele morreu de causas naturais. Desde 1953 vivia isolado, por vontade própria, em sua casa em Cornish. Salinger sempre foi avesso a jornalistas, mantendo-se distante das entrevistas e fotos, como aqui no Brasil fazem os escritores brasileiros Rubem Fonseca e Dalton Trevisan.



"Gosto de escrever e asseguro a vocês que escrevo com regularidade", disse Salinger em uma breve entrevista com Baton Rouge Advocate em Luisiana, em 1980. "Mas escrevo para mim mesmo, por prazer. E quero ficar sozinho para escrever".



Salinger foi o autor de um dos maiores clássicos da literatura mundial, o romance O Apanhador no Campo de Centeio, com seu personagem principal marcando gerações com o tipo adolescente, rebelde e atormentado Holden Caulfield. Foi lançado em 1951, em plena Guerra Fria, mas fez sucesso por muitas décadas. O assassino de John Lennon, Mark David Chapman, carregava um exemplar no bolso e pediu um autógrafo do ex-Beatle nele, quando atirou contra Lennon diante do edifício onde morava, em Nova York, em 1980. Depois, disse que a explicação para o que tinha feito estava nas páginas de O Apanhador no Campo de Centeio.



Nascido em 1919, Salinger escrevia para adultos, mas jovens de todo o mundo se identificaram com os temas da alienação, inocência e fantasia de seu romance. Vendeu 65 milhões de exemplares.



Aqui no Brasil O Apanhador no Campo de Centeio é publicado com exclusividade pela Editora do Autor, que no ano passado lançou uma caixa com os três principais livros de Salinger. Além de sua obra-prima, incluia o volume de contos Nove Estórias (1953) e uma novela entitulada Franny & Zooey (1961), reunindo duas histórias publicadas na prestigiada revista New Yorker. A editora carioca fundada por Fernando Sabino (1923-2004), Rubem Braga (1913-1990) e comandada pelo sócio Walter Acosta, de 93 anos, lançou a primeira edição de O Apanhador aqui, em 1965. No ano passado surgiu no mercado uma sequência de seu clássico romance, 60 Years Later: Coming Through the Rye (60 anos mais tarde: passando pelo centeio), de um autor identificado como J.D. Califórnia. Salinger moveu uma ação na Justiça contra autor e editora.



Segundo o jornal The New York Times, muitos críticos gostam mais de Nove Estórias do que de O Apanhador..., como Philip Roth e John Updike, pela ácida crítica social de seus contos, mas especialmente sobre a arquitetura literária de suas histórias curtas, a chamada short story.



Jerome David Salinger nasceu em 1.º de janeiro de 1919, na cidade de Nova York. Seu pai era um importador de queijos e carnes judeu e sua mãe era cristã de origem irlandesa-escocesa; a família viveu por anos em Park Avenue. Como o personagem de seu romance, Holden, Salinger era um estudante com um histórico de problemas em várias escolas. Aos 15 anos, foi enviado para a Academia Militar de Valley Forge, onde escrevia durante à noite à luz de uma lanterna e com o tempo conseguiu seu diploma. Em 1940, publicou seu primeiro texto de ficção, The Young Folks, na revista Story.


leia mias no estadão http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,morre-o-escritor-jd-salinger--aos-91-anos--nos-eua,503117,0.htm

O trabalhador recifense é o que recebe o pior salário do país

O trabalhador recifense é o que recebe o pior salário do país. O dado foi divulgado, nesta quinta-feira (28), pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa revelou que o rendimento médio real da população ocupada na Região Metropolitana de Recife foi estimado em R$ 861,90, em dezembro de 2009, enquanto a média brasileira foi de R$ 1.344,90.

A pesquisa também mostrou que a situação do bolso do trabalhador da capital tem piorou no último mês do ano. Houve queda de 3,7% e de 8,0% no ano, sendo o menor de todas as Regiões Metropolitanas pesquisadas. No Brasil, o percentual foi menor (-0,9%) na comparação mensal e apresentou leve alta de 0,7% frente a dezembro de 2008.

Para o gerente do PME, Cimar Azeredo, o sinal amarelo está acesso para a economia do Recife. “Registrar uma queda de rendimento de 0,9% é comum nessa época do ano, por conta dos empregos temporários, mas não nessa monta como ocorreu no Recife”, atenta.

Segundo o pesquisador, nem mesmo os investimentos recém-chegados a Pernambuco foram suficientes para segurar a queda do poder de compra da população. “Os investimentos têm que ser mais fortes para surtirem efeito na pesquisa. Ganhar mal está atrelado ao poder de compra. O comércio, que funciona como uma válvula de escape para o consumo, não teve seu cliente cativo. É uma questão regional que está acontecendo na RMR”, observa.

Em pesquisas anteriores, os pesquisadores do IBGE identificaram que a economia do Recife ia mal por conta do baixo desempenho do setor do turismo. Agora, não há um diagnóstico preciso para justificar a situação. O que se sabe é que todos os grupamentos econômicos apresentaram problemas, sobretudo a construção, o comércio, a reparação de veículos automotores e de objetos pessoais e domésticos e comércio a varejo de combustíveis e dos serviços prestados à empresa, aluguéis, atividades imobiliárias e intermediação financeira.

Os assalariados, autônomos e empregados de empresas privadas foram os que pagaram a maior parte da fatura negativa no Recife. Na análise mensal, somente os militares ou funcionários públicos estatutários tiveram aumento no seu rendimento médio real (7,9%), enquanto os empregados com carteira de trabalho assinada, os empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado e os trabalhadores por conta própria apresentaram quedas de 0,5%, 9,3% e 16,4% respectivamente. Na análise anual, o rendimento médio real da população teve queda, tendo destaque os empregados por contra própria (13,9%) e os militares ou funcionários públicos estatutários (10,7%).

As capitais pesquisadas foram Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sociólogo Emir Sader acha que organizações deveriam deixar protagonismo para os movimentos sociais

Idealizador do Fórum defende papel secundário para ONGs

Jair Stangler, do estadao.com.br

Para Sader, são os movimentos, e não as ONGs, que levam as pessoas para as manifestações

Marcos de Paula/AE - 25/01/2010

Para Sader, são os movimentos, e não as ONGs, que levam as pessoas para as manifestações
PORTO ALEGRE - O sociólogo Emir Sader, professor aposentado da USP e um dos idealizadores do Fórum Social Mundial, expôs uma divisão entre os movimentos sociais e as organizações não-governamentais (ONGs). Ele conversou com jornalistas após participar de uma das mesas de discussões na manhã desta terça-feira, 26, em Porto Alegre.


"A particularidade do Fórum é ter movimentos sociais. As ONGs têm papel secundário, que é de ajudar os movimentos sociais a se organizar. Tem que abrir caminho. Mas não. O comitê organizador do FSM, essas pessoas que estão aí desde o início, são de oito organizações, e seis são ONGs! É tão sem representatividade que tem uma lá que é Abong, Associação Brasileira de ONGs. Usurpam o espaço dos movimentos. No início do FSM foi importante porque não havia espaço para os movimentos sociais. Mas agora eu acho que eles deveriam se retirar do primeiro plano e ajudar os movimentos sociais a protagonizarem", afirmou.



Sader disse apreciar a atitude de solidariedade das ONGs, mas criticou a limitação delas ao intercâmbio: "Então acabou o evento e vamos todos pra casa, enriquecidos ou não. Mas a realidade está pedindo outras propostas. Nós podemos estabelecer propostas consensuais, como a regulamentação do capital financeiro, a água como bem público. A vida das ONGs não está ruim, tem financiamento. Mas quantas pessoas as ONGs levam na marcha?", questiona.



Para ele, essa postura das ONGs acaba limitando a ação do Fórum. "Agora o Fórum tem de mostrar alternativas", afirma. "A denúncia vale, mas é para mostrar um diagnóstico. A denúncia da crise não foi acompanhada no FSM de Belém por alternativas, quem esteve lá não saiu armado. não quero que tenha uma, quero que tenham várias alternativas. Inclusive há uma coisa catastrofista: o neoliberalismo acabou. Não é verdade. A crise é oportunidade, mas oportunidade pra eles também. Estamos dando tempo e espaço pra eles se recomporem. Então eu acho que pra ser coerente com esse diagnóstico, que se revelou correto, o Fórum não deve ser apenas diagnóstico e intercâmbio. O fórum tem que ter alternativa. Qual é o Estado que queremos?"



O sociólogo cita a Bolívia como exemplo de "outro mundo possível". "Isso o FSM não toma conhecimento. Se não for o que está acontecendo na Bolívia, eu não sei que outro mundo é possível".



Sader criticou também que o Fórum ainda não tenha criado um canal de comunicação mais eficiente. "Nós não temos uma cadeia de televisão! Pela internet, que seja."



Governo Lula



"Eu preferia que Lula não fosse a Davos", diz Sader. Mas ele vem ao Fórum como o primeiro presidente que está levando a cabo uma política externa independente, um presidente que pela primeira vez reduziu a desigualdade no Brasil. O FHC esteve oito anos lá, com toda a imprensa a favor dele, o queridinho da mídia... Quebrou o País três vezes e tinha uma política externa subalterna aos EUA. O governo Lula em tudo é melhor. Por isso que a oposição não gosta da comparação. Não gostam do filme Lula, façam um filme do FHC..."



Ele classificou ainda como "simplistas" algumas afirmações sobre a preservação do meio ambiente. "Isto deveria estar no centro do Fórum: um modelo de desenvolvimento com sustentabilidade ecológica e social. O governo Lula não é nenhuma maravilha, mas diminui a desigualdade social. A discussão das políticas sociais deveria estar no centro do debate".
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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fotógrafos protestam contra abuso de lei antiterror

REINO UNIDO
Fotógrafos protestam contra abuso de lei antiterror

em 26/1/2010


Mais de dois mil fotógrafos participaram de uma manifestação na Trafalgar Square, em Londres, contra o uso abusivo de leis antiterrorismo para impedir que sejam tiradas fotografias de lugares públicos. Fotógrafos profissionais e amadores afirmam que costumam ser interceptados por policiais e questionados sob a seção 44 do Ato de Terrorismo de 2000. A lei permite que a polícia faça revistas sem a necessidade de ter havido algum ato ou comportamento suspeito. O protesto foi organizado por um grupo intitulado Sou um Fotógrafo, Não um Terrorista!.

Diversos incidentes no último ano geraram uma resposta crítica da mídia ao uso abusivo da lei antiterror. Em dezembro, um repórter do jornal Guardian foi parado pela polícia e revistado quando fotografava um famoso edifício no centro financeiro de Londres. Já um fotógrafo especializado em arquitetura foi interceptado quando tirava fotos de uma igreja reconstruída após o grande incêndio de 1666 por Sir Christopher Wren, um dos mais aclamados arquitetos britânicos. Um fotojornalista da BBC foi parado pela polícia quando fotografava a Catedral de St Paul. E um fotógrafo amador foi interrogado por dois policiais por fotografar luzes de Natal na cidade de Brighton.

No fim do ano, um memorando elaborado por Andy Trotter, subcomandante da Polícia Metropolitana, foi enviado a todas as forças policiais na Inglaterra e País de Gales alertando para o uso "confuso" das revistas com base no ato antiterror. "Policiais devem ser lembrados de que não é crime que um cidadão ou jornalista tire fotografias de um edifício público", dizia o documento, enfatizando que o simples uso de uma câmera não significa automaticamente que uma pessoa deva ser interceptada e revistada.

No início de janeiro, o tribunal Europeu de direitos humanos criticou o uso da seção 44 e ressaltou a falta de ferramentas adequadas de proteção legal e parlamentar contra abusos. Segundo os juízes, o fato de os policiais decidirem parar e revistar uma pessoa com base apenas em "intuição profissional" ou "desconfiança" provoca um "claro risco de arbitrariedade". Informações de David Batty [Guardian, 23/1/10]

Suspensão de TV provoca protestos pró e anti-governo na Venezuela

BY BBC BRASIL


Estudantes fizeram passeata até a sede da Conatel para protestar

A retirada do canal venezuelano RCTV do ar pela segunda vez em menos de três anos, no domingo, provocou fortes manifestações de opositores e simpatizantes do presidente Hugo Chávez em Caracas e outras cidades da Venezuela nesta segunda-feira.

Um jovem de 15 anos, que participava de uma manifestação pró-governo no Estado de Mérida, teria morrido ao ser atingido por disparos, segundo afirmou o ministro do Interior, Tareck El Aissami.

O governo suspendeu o sinal da RCTV e de outros seis canais internacionais na TV a cabo na madrugada de domingo, alegando que eles desrespeitaram as novas regras que determinavam a transmissão de cadeias nacionais e mudanças no conteúdo de publicidade.

A RCTV já havia deixado de operar como TV aberta em 2007, quando o governo venezuelano decidiu não renovar a licença. A emissora, então uma das mais populares do país, era acusada pelo governo de ter participado da conspiração que levou ao frustrado golpe de Estado contra Chávez em abril de 2002.

O governo venezuelano afirmou nesta segunda-feira que os canais que tiveram seus sinais suspensos poderão voltar ao ar se cumprirem com as condições oficiais.

Em Washington, o embaixador venezuelano para a Organização dos Estados Americanos (OEA), Roy Chaderton, rechaçou um comunicado da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que condenou neste fim de semana a suspensão da RCTV.

Para Chaderton, a CIDH tentou “comprazer uma vez mais os incuráveis golpistas, representantes da ditadura midiática venezuelana e da ultra-direita interamericana” com sua condenação à atitude do governo venezuelano.

'Atentado às liberdades'

Em Caracas, nesta segunda-feira, estudantes de diversas universidades fecharam várias avenidas desde a manhã, e no início da tarde se reuniram em uma praça do leste da cidade para dali seguir em passeata até a sede da Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações) para protestar contra a medida, classificada por eles como “um atentado às liberdades, especialmente à de expressão”.

Mas em frente à Conatel se reuniu também outro grupo de estudantes, simpatizantes do governo, com o objetivo de apoiar a decisão da Conatel. Para este grupo, a decisão “segue sem condições o Estado de Direito”.

Um cordão policial separava os dois grupos, antes de a manifestação opositora ser dissolvida com bombas de gás lacrimogêneo. Alguns estudantes teriam ficado feridos e acusam os simpatizantes do governo de lançar garrafas e pedras em sua direção.

No Estado de Anzoátegui, no leste do país, outro protesto estudantil também terminou com bombas de gás lacrimogêneo e disparos de balas de borracha.

No outro extremo do país, na cidade de Mérida, capital do Estado de mesmo nome, além do estudante cuja morte foi anunciada pelo governo, nove policiais também teriam ficado feridos.

Críticas

Diversos setores da sociedade venezuelana, como a Igreja Católica, se pronunciaram contra a medida que tirou a RCTV do ar pela segunda vez.

“Acompanhamos todas aquelas pessoas que tenham sido vítimas de perseguições por terem expressado seu pensamento ou ideologia”, disse o presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, monsenhor Ubaldo Santana.

Em um programa transmitido pela TV estatal Venezolana de Televisión, o diretor da Conatel, Diosdado Cabello, disse que o organismo está elaborando um regulamento para permitir que os canais afetados pela suspensão no domingo retornem ao ar, desde que cumpram algumas condições.

Entre as condições está a assinatura de um compromisso para transmitir as cadeias oficiais e outras exigências do governo por pelo menos quatro meses, período durante o qual a Conatel avaliaria novamente a programação para reconsiderar se os canais afetados transmitem programação nacional ou internacional – os canais considerados internacionais não precisariam seguir as normas.

“Que coincidência que de 105 canais que foram analisados, 104 cumprem com as normas e só um, a RCTV, está contra o que está estabelecido nas leis”, afirmou Cabello.

Até o momento, a posição da RCTV tem sido a de não negociar com o governo. A emissora espera pelo resultado de uma liminar pedida ao Supremo Tribunal de Justiça para que se respeite sua condição de canal internacional, o que o governo nega.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Portugal ilustrado: Investigadora estudou ilustração nacional feita entre 1910 e 1940

Portugal ilustrado
Investigadora estudou ilustração nacional feita entre 1910 e 1940
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1478598-by j noticias pt
ANA VITÓRIA
A ilustração foi o modo mais fácil para a entrada do modernismo em Portugal. A conclusão é da investigadora Theresa Lobo, que, ao longo de 20 anos, procedeu a um levantamento sobre ilustração portuguesa entre 1910 e 1940.

A obra, "Ilustração em Portugal - I", editada recentemente pelo IADE - Instituto de Artes Visuais Design e Marketin g-, faz parte de uma fase de um trabalho exaustivo e mais abrangente no tempo que a autora pretende efectuar.

Theresa Lobo, uma assumida apaixonada por ilustração e por cartazes (sobre este assunto, também já publicou um livro), mostra-se satisfeita com o resultado deste seu projecto.

"Esta é a primeira obra que se publica sobre o assunto. Até agora, não havia nada sistematizado sobre a matéria".

Para a investigadora, a ilustração portuguesa nas épocas a que se reporta o livro "representou uma clarificação de um tempo cultural". Sustenta Theresa Lobo que as ilustrações publicadas nas várias revistas da época "tinham um carácter essencialmente descritivo. Foi, com raras excepções, a celebração de narrativas, o pretexto de muitas e aleatórias ficções".

Uma nova estética

Na ausência de contrapartidas mais sólidas, os ilustradores portugueses recorreram muito aos magazines, aos jornais e aos cartazes. Estes suportes "eram imensos laboratórios, onde também realizaram as fórmulas de uma modernidade, que, dessa forma, penetrou lentamente na sociedade", refere a investigadora. Nesse sentido, " os magazines eram um campo de experimentação ideal para os novos ilustradores marcarem a sua estética".

Também na maior parte das publicações "o conteúdo literário era quase sempre medíocre e interessava pouco, com excepção do projecto integral da 'Contemporânea' (1922-1926), dirigida por José Pacheko, onde o melhor foi também o contributo dos artistas, como Jorge Barradas, Stuart de Carvalhais e Almada Negreiros e, obviamente, do surgimento da revista "Presença".

Afirmação expressionista

O aparecimento da "Presença", em 1927, "foi um factor relevante para o surgimento de novas oportunidades gráficas, não só ao nível da capa como no seu interior. Embora predominantemente literária, a "Presença" afirmava-se doutrinária de um modo abrangente".

O pintor e ilustrador Carlos Botelho criou páginas unificadas num único tema, sem uma ordem de leitura específica. "Durante 22 anos, estas páginas foram votadas a grandes variações de estilo - umas de um modernismo inventivo vanguardista, outras no regresso ao desenho pormenorizado naturalista e saturado", sublinha Theresa Lobo.

Para a investigadora, "a 'Presença' (1927-1940) desempenhou um papel importante na afirmação e divulgação de estética expressionista", sem nunca esquecer que nela escreveram nomes como José Régio, Gaspar Simões ou Adolfo Casais Monteiro.

Astronautas da Nasa escrevem no Twitter

Astronautas da Nasa escrevem no Twitter


Astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), poderão postar notícias no Twitter e ter acesso à internet direto do espaço graças uma nova tecnologia da Nasa. Nesta sexta-feira, o astronauta T.J. Creamer postou a primeira mensagem, que dizia: "Olá twitteruniverso! Estamos mandando notícias em tempo real do ISS -- é o primeiro tweet do espaço!".

O acesso é possível graças ao Crew Support LAN, que liga os computadores da estação espacial aos terminais da Nasa. Além de mandar notícias sobre a missão, os astronautas poderão trocar emails com a família, diminuindo a saudade e a sensação de isolamento comuns nas viagens espaciais.

Quem quiser acompanhar os astronautas pode acessar o site do Twitter e digitar Nasa_Astronauts.

Da Agência Globo

domingo, 24 de janeiro de 2010

Argentina: entre o governo e a governança

Por: Cesar Altamira
Tradução:
Leonardo Retamoso Palma
Lúcia Copetti Dalmaso


Uma primeira análise sobre as eleições nacionais para renovação de deputados e senadores realizada em junho de 2009 pode levar a interpretar o resultado como um voto de castigo ao governo kirchnerista, que perdeu a maioria parlamentar. Múltiplas razões podem explicar a derrota: o péssimo manejo do conflito com o setor agrário, que se estendeu de março até julho de 2008; questões de forma e estilo de governo (prepotência, soberba política e autoritarismo) que provocaram repúdio social; assim como os míseros resultados em termos de bem estar social do último ano e meio de gestão, que influenciaram uma parte importante da sociedade entediada diante da retórica oficial mentirosa – que falseia dados econômicos e sociais – que põe em dúvida os propósitos e princípios igualitários que o governo dizia e diz encarnar.

A derrota política põe em xeque a legitimidade do governo, fenômeno que se faz ainda mais contundente quando recordamos que esta crise se produz em um país onde o conflito social se resolve na rua, com métodos de ação direta em praças e rodovias. Trata-se de uma sociedade altamente politizada, onde a baixa institucionalidade deve ligar-se à crise da relação salarial fordista.
As eleições são também demonstrativas da crise da representatividade política, que tivera sua mais alta expressão no chamado laboratório político argentino das assembléias, que começou em finais de 2001 e se estendeu até 2002. Com, efeito os dados indicam uma abstenção total de 30% no âmbito nacional (valores nunca alcançados até agora), num país onde o voto é obrigatório e sua omissão é penalizada por lei.

A política kirchnerista com relação às organizações populares que antes lutaram contra o modelo neoliberal foi de tentar (ou fazer todo o possível para) capturá-las, quebrando as que resistiam à integração e ignorando as que se mostrassem não capturáveis e incorrigíveis. A orientação era domesticar as organizações sociais mais dinâmicas – aquelas que mais haviam se empenhado em enfrentar o comando do capital – buscando torná-las dependentes, subalternas e instrumentalizáveis. As promessas formuladas pelo kirchnerismo em seu primeiro governo, que buscava construir um novo movimento social e político, fez entrar em crise a imensa maioria dos movimentos que permaneceram após 2001. Contudo, já nas eleições parlamentares de 2005, tais promessas haviam ficado no esquecimento, o mesmo esquecimento que ajudaria a levar Cristina Fernández à presidência. Kirchner relançou o clássico andaime eleitoral do PJ (Partido Justicialista), em especial a máquina clientelista dos intendentes do conurbano bonaerense. Um aparato que os chamados “barões” da Grande Buenos Aires manejam e que se mantem praticamente inexpugnável desde 1983, controlando as obras públicas, compartilhando os negócios com a polícia e seus sócios do crime organizado, em uma região onde se encontram os maiores bolsões de pobreza e indigência do país. Resistem às políticas universais porque administram servindo-se de “punteros” como se fossem pontes clientelistas, a assistência social focalizada. Essa mudança de rumo fez com que numerosas organizações sociais se afastassem do espaço político oficial, passando a fazer oposição crítica ao governo.

O kirchnerismo, por sua vez, recorreu quase que de maneira permanente a uma lógica política assentada em leituras binárias (nós-eles, povo-antipovo, povo-oligarquia). São leituras que cobram uma interdependência, onde um pólo não existe sem o outro; neste sentido, o kirchnerismo mostrou-se um fiel continuador da tradição política peronista de instalar um grande relato nacional. Mas, este esquema de pensamento abrevia o caminho para uma perigosa redução da política, na medida em que desloca o conflito de toda disputa democrática. Não existem duas Argentinas (pelo contrário, são múltiplas e variadas Argentinas) e o pensamento binário está referenciado em épocas historicamente superadas. Finalmente, como arremate dessas políticas ambivalentes, Kirchner promoveu um infundado adiantamento das eleições – que estavam previstas por lei para outubro de 2009 – colocando-se à frente das listas de deputados da província de Buenos Aires e inventando as candidaturas “testemunhais”. Quer dizer, diante do temor de que os prefeitos – e até o governador e o vice-governador de Buenos Aires – arriscariam formar seu “próprio” partido, amarrou-os aos destinos do kirchnerismo.

Não considero acertado concluir, como fizeram intelectuais kirchneristas e importantes setores da intelectualidade argentina, que a direita neoliberal dos 90 triunfou nas ultimas eleições. Há que tomar nota do caudal de votos das grandes e médias cidades do interior do país, cujo conteúdo parece ter estado mais próximo a demandas democráticas do que de posições de direita. Em todo o caso, encontramo-nos frente a um voto não cativo, volátil, de uma sociedade feita multidão que expressa muito mais seus desejos de liberdade e autonomia do que adesão definitiva a políticas de direita. Trata-se, em todo o caso, de cidadãos que, não sendo golpistas “destituintes” (como seriam qualificados pelos intelectuais kirchneristas os que se opuseram às políticas oficiais com relação ao campo), nem articulando discursos emancipadores, demandam uma distribuição democrática do poder no país, enfrentando a desmedida concentração de poder do governo Kirchner. Trata-se de um sujeito social múltiplo e diverso que não se deixa alienar pelo poder concentrado.

Nosso desafio é tentar abaixo da superfície o que essas eleições expressam. As últimas eleições foram produzidas em um momento de tensões e disputas, um processo que teve início com o conflito com os produtores rurais em março de 2008 e foi alimentado pela concepção governista de uma disputa entre dois modelos antagônicos de crescimento: o do governo, com inclusão social; e o da oposição, com exclusão social. Este discurso binário entrou para funcionar como mecanismo de representação social e, simultaneamente, de deslegitimação política. Nos tempos que correm, o voto não dá mais conta de um conteúdo ideológico, transcendente diríamos, no sentido de que o eleitor já não se atrai por aquelas propostas de mudança revolucionária da sociedade, tão caras aos partidos da esquerda. Inclinamo-nos por fazer uma leitura dos votos com base nas singularidades e imanências, mais do que em “foras” e transcendências. São estas singularidades, que não devem ser confundidas com individualidades e individualismo, que dão sustentação a uma nova forma de democratização política em tempos de crise da representação, conferindo importância à idéia de governança com relação à de governo. Vejamos. Qualquer proposta de ampliação dos espaços democráticos em nossos dias não pode se furtar a uma crítica das definições tradicionais da esfera pública, da representação e, no limite, da política enquanto tal. A crise do sistema de representação afeta o dispositivo que deve assegurar a estabilidade do Estado e sua construção política, repercutindo de maneira direta sobre a soberania moderna, quer dizer, sobre a forma do mando político. Nesse contexto a clivagem entre Estado e sociedade tende inevitavelmente a se diluir. O desenvolvimento e a importância do processo de governança tem relação com esta crise, na medida em que tal processo, erigido sobre as ruínas da dita cisão, debilita o comando exercido de maneira direta sobre uma sociedade em rede, ao mesmo tempo em que evidencia a necessidade de controlar a potencialidade subjetiva e organizativa posta em jogo. Estamos diante de um processo molecular de produção de comando político que se contrapõe a um processo [anterior] de característica molar. Nesse sentido, Kirchner representa o velho em política; só é funcional a um manejo particular e concentrado do poder, puro governo disciplinar e zero governança, enquanto persistem em sujeitar-se a um tipo de aliança que persegue a constituição de inexistentes “burguesias nacionais”. Por outro lado, tudo indica que nos encontramos diante de uma diversidade de sujeitos sociais que já não reconhecem uma identidade. Sujeitos com necessidades diferentes que refletem heterogeneidades de tempos e de objetivos. Subjetividades heterogêneas. É precisamente esta nova geografia social que devemos tornar visível em nossa análise.

Devemos reconhecer que o capitalismo na Argentina, para além de suas especificidades, segue o rumo marcado pelo capitalismo no plano mundial, tendo entrado em uma nova etapa de desenvolvimento. Este resultado é um dado importantíssimo na hora de ensaiar uma análise crítica sobre a situação política nacional. O capitalismo de novo tipo – capitalismo cognitivo, onde a valorização se baseia no conhecimento e o trabalho derrubou as portas da fábrica para difundir-se na sociedade – abriu um novo cenário de confrontação social. Neste contexto, o confronto capital x trabalho adquire novas modalidades, ao mesmo tempo que emergem novos sujeitos políticos e sociais. Já não se trata daquele homogêneo proletariado fabril – que, mesmo que ainda exista, viu reduzido seu peso qualitativo e quantitativo – mas, em todo o caso, de uma heterogênea combinação de assalariados, alguns autônomos, informais e precários, outros dependentes e subordinados diretamente ao capital, quando não imigrantes, que modificou sensivelmente o mundo do trabalho, provocando sua substancial fragmentação enquanto faz surgir novas figuras laborais.

São essas novas condições do capitalismo pós-moderno que nossos intelectuais kirchneristas e não-kirchneristas resistem em aceitar, enquanto continuam vendo as novas condições políticas com os olhos do fordismo. Seguem pensando na renda (financeira e não-financeira) como um desvio parasitário do capitalismo, enquanto apostam na reconstrução de um estado de bem estar impossível de recuperar, na medida em que é a própria relação salarial fordista que entrou definitivamente em crise. Nem a acumulação capitalista pode se restringir aos marcos nacionais, com Estados capazes de desenvolver de maneira independente políticas de desenvolvimento; nem os sujeitos antagônicos que personificam o capital e o trabalho são os mesmos; tampouco os ganhos de produtividade podem ser medidos no marco do capitalismo de novo tipo. A crise da relação salarial mostra como todos os elementos dos acordos keynesianos estão hoje ausentes. Nesse contexto, fica inviável a tentativa do governo de recriar um novo pacto social de mãos dadas com o Conselho Econômico e Social gestor das grandes políticas nacionais. Nenhum New Deal é possível a não ser aquele que, emergindo dos próprios movimentos e das práticas institucionais autônomas, permita a reapropriação de um welfare de novo tipo, diferente do estatal que foi desmantelado e igualmente distante do existente de caráter privado.

Devemos ser capazes de trilhar o estreito caminho político que se abre entre a resistência e o apoio ao governo. Nem o kirchnerismo é o menemismo, nem percorremos processos similares ao venezuelano e/ou boliviano. Trata-se, neste aspecto, da construção de espaços de resistência política diferentes dos impulsionados durante o menemismo, porém resguardando autonomia e política própria. O ponto está precisamente na construção de uma alternativa crítica ao governo.

Fonte: http://www.revistaglobalbrasil.com.br/?p=22#more-22

Global entrevista Michael Hardt

Autor de “Império” e “Multidão”, junto com o filósofo Antonio Negri, Michael Hardt esteve em dezembro no Brasil, participando do Fórum Livre de Direito Autoral – o Domínio do Comum, evento organizado pela Escola de Comunicação da UFRJ e Rede Universidade Nômade. Em um dos intervalos do evento, alguns dos participantes da Rede Universidade Nômade conversaram com Hardt.

Na entrevista, ele coloca em evidência o fato de que as crises do capitalismo são resultado da força do poder constituinte da multidão e provoca cada um de nós a se colocar na disputa em relação ao que se produzirá a partir da crise atual.

Da mesma maneira, ao comentar sobre o significado das eleições de um negro – Obama – e de um operário – Lula – o autor e militante nos chama atenção para um elemento essencial: a eleição em si pouco significa sem a potência das mobilizações sociais.

Participaram da entrevista:

Gilvan Vilarim, Pedro Barbosa Mendes e Felipe Cavalcanti.

Tradução: Pedro Barbosa Mendes


Universidade Nômade – A primeira pergunta diz respeito à crise. Tomando-se a crise como um momento de indefinição no qual ainda não é possível perceber com clareza a dimensão dos deslocamentos ocorridos, como aproveitar o atual processo para construir uma possibilidade de abertura/ruptura, em sua opinião?

Michael Hardt – O primeiro ponto que eu gostaria de abordar sobre a relação entre crise e revolução começa com uma idéia básica, até certo ponto óbvia, que é a seguinte: a crise do capitalismo, na sua forma objetiva, não é necessariamente sinal de progresso. De fato, o capitalismo funciona através de crises, que são modos de reconcentração de riqueza. O livro de Naomi Klein, “The Shock Doctrine” (A Doutrina do Choque: a ascensão do capitalismo de desastre, Ed. Nova Fronteira), que sei ser conhecido no Brasil, é feito dessa hipótese principal: o capitalismo usa catástrofes, choques, crises econômicas, crises militares, e crises ambientais como meio de consolidar o controle do capital sobre o privado, como um mecanismo elaborado para a privatização. Às vezes, porém, é possível aproveitar essas oportunidades para uma abertura.

Acho que, para pensar deste modo, é útil pensar na crise por sua face subjetiva, ao invés da face objetiva. Em outros termos, quais são as demandas, os movimentos e as necessidades que trouxeram essa crise, as necessidades subjetivas sobre as quais trata esta crise? Deixe-me dar alguns exemplos históricos. Existe uma leitura relacionada à crise de 1929 nos EUA e o New Deal subseqüente, que diz que não foi apenas uma crise objetiva do capital, mas o resultado da pressão de trabalhadores industriais organizados, principalmente sindicatos. Foi a pressão dos trabalhadores que gerou aquela crise. De forma similar, nos anos 1970, a leitura é que a crise econômica, e o que se chamou então de crise fiscal do Estado, ou endividamento do Estado, foi o resultado do movimento dos trabalhadores, movimento dos estudantes, movimento feminista, etc. Esta era uma leitura daquele momento. Nesse sentido, a questão que eu colocaria é: como é que está isso hoje? Quais pressões e demandas subjetivas foram trazidas com esta crise? Qual é essa face subjetiva? E acho que é nesta base que poderíamos então dizer: quais são as possibilidades abertas pela crise para a revolução, ou ao menos para atividade progressista?

Parece-me que nos EUA esta crise foi trazida pelas demandas da multidão, da população do país, por formas de Welfare que foram tiradas. Havia estruturas de Welfare que eram mais ou menos garantidas por meio dos salários, como serviços sociais, acesso à moradia, à saúde, e montantes adequados de dinheiro para o consumo. No entanto, as políticas neoliberais dos últimos 20 anos nos EUA levaram-nas embora. O que temos então é um tipo de Welfare alternativo, que funciona, na verdade, por meio dos empréstimos para a moradia, dos cartões de crédito, e as pessoas desejando ter uma casa, um iPod, um computador etc. Isso tudo vem através desse mecanismo econômico extremamente perigoso de endividamento. Então, eu começaria mesmo por aí, perguntando quais foram as demandas que levaram a essa crise. E com base nessas demandas, poderia-se imaginar, talvez, o próximo passo que possa vir com a crise, caso haja um passo positivo. Bem, é um começo, ao menos. É uma questão grande!

UN – A segunda questão é mais simples. Que tipo de relação você estabeleceria entre a eleição de Barack Obama nos Estados Unidos e a de Lula no Brasil em termos de um aprofundamento da democracia?

MH – Deixe-me ver se eu entendi: Obama e a população dos EUA e a reeleição de Lula em termos de constituição do Comum, certo? Uma das coisas mais notáveis sobre a eleição de Obama foi a mobilização das pessoas para a campanha eleitoral. Foi mesmo um número enorme de pessoas que se envolveu no processo da eleição. De algum modo, elas foram atraídas, tragadas, de forma que isso resultou na reunião de todas as pessoas que tinham trabalhado em movimentos anti-globalização, movimentos “anti-sweatshop”, lutas contra o racismo etc. Tudo reunido neste processo.

A questão agora é saber o que vai acontecer com essa mobilização de pessoas que conseguiu eleger Obama. Em outras palavras, será que elas vão apenas dizer: “ok, agora nós vencemos e queremos ir para casa. Obama vai cuidar de nós”? Ou elas vão se transformar em algum tipo de movimento ou em vários movimentos que possam constantemente pressionar o governo de Barack Obama a tentar fazer, ao menos, o que prometeu? Em outras palavras ainda, acho que meu lema para isso seria: a melhor saída para os EUA é que os EUA se tornem como a América Latina, e desenvolvam uma dinâmica entre governos de esquerda e movimentos sociais.

Não a América Latina toda, talvez, mas de diferentes modos, Brasil, Bolívia, Uruguai, Equador e Venezuela. Todos eles possuem alguma forma de governo de esquerda e movimentos sociais que, às vezes, pressionam o governo e o impulsionam a fazer o que ele deve fazer. Essa me parece ser uma possibilidade do resultado desse processo eleitoral. Quero dizer, a maneira mais cínica de dizer isso, mas talvez a mais verdadeira, é que inevitavelmente aqueles que têm estado tão entusiasmados com Obama, e esse entusiasmo tem sido realmente notável, as pessoas têm depositado tantas esperanças e sonhos nisso que certamente eles serão desfeitos em breve.

A questão então passa a ser: o que acontecerá no primeiro momento dessa ruptura? E não digo isso porque Obama é uma pessoa má, mas porque ele terá limites objetivos sobre o que pode fazer como presidente. Um outro modo de colocar a questão é admitir que a única forma possível de Obama fazer o que diz que quer fazer, seria a pressão constante de grandes movimentos sociais, de séries desses movimentos sociais. A primeira marcha a Washington poderia ser sobre o Afeganistão, contra Obama, ou poderia ser sobre saúde, educação e de alguma forma apoiar Obama contra aqueles que se opõem a ele. É isto o que quero dizer quando insisto que o melhor futuro para os EUA é se tornar como a América Latina.

UN – E, por último, como você analisa a situação do Brasil hoje, seis anos após a eleição de Lula? Qual o significado dessa eleição em um país sem grande tradição de cidadania e qual a possibilidade do Brasil dar um salto rumo a uma democracia mais radical, mais comum?

MH – Não sei se consigo responder esta pergunta! Quero dizer, é sobre o Brasil! É verdade a noção de um salto para o futuro. E é verdade também que não há estágios de desenvolvimento, que algumas nações ou povos não estão à frente de outros em relação a esse processo. Freqüentemente parece haver certas seqüências de desenvolvimento que nós então rapidamente reconhecemos serem, de fato, o oposto do que pensávamos. Acho que é essa a idéia do salto.

Talvez seja uma coincidência o que acabei de dizer, mas tenho satisfação em repetir que a melhor coisa para os EUA é se tornar como a América Latina. Logo ela, que sofreu por tantas décadas ou séculos até com a idéia de que os EUA eram a imagem que ela deveria ter, ou pelo menos a imagem que deveria perseguir. E agora reconhecer a inversão disso! Essa parece ser a norma para mim agora.

De fato, deixe-me colocar de uma outra forma essa inversão. Quando você pensa em comunistas do início do século XX que iam a Paris, por exemplo. Quero dizer, pense em Mariategui, do Peru. Ele vai a Paris, aprende sobre o socialismo e retorna ao Peru para fundar o Partido Comunista Peruano. Na realidade, isso é exatamente o oposto do que fazem os jovens de hoje. Eles vêm de Barcelona, vêm de Nova York e vão para Chiapas, vão para Buenos Aires, vêm ao Brasil, aprendem sobre política, e então voltam para casa. E então formam comunidades separatistas no Texas, em Padova, etc. Essa inversão do treinamento revolucionário já existe, e até mesmo do treinamento político.

A juventude de esquerda já conhece essa forma há décadas! Seria bom agora que os governos operassem essa mesma inversão! O presidente dos EUA viria para o Brasil para aprender a governar e então voltaria para casa e agiria. É bom para os americanos operar essa inversão. É claro que não quero dizer, com isto, que tudo no Brasil é ótimo, mas é saudável pensar continuamente em termos desta inversão.

O Professor e o Louco, de Simon Winchester

Este livro me foi presenteado pelo amigo e Psicanalista Pernambucano: Carlos Santos.Obra densa,e que recomendo.




Lisboa: Temas e Debates, 2001, 242 págs., 16,62 €

"Oxford English Dictionary", conhecido por "OED", é um dos grandes feitos de sempre do mundo da cultura: 12 volumes imensos que definem 414 825 palavras (os maiores dicionários portugueses não chegam às 100 mil palavras), apresentando 1 827 306 citações de obras clássicas e outras que ilustram os significados das palavras definidas e traçam a sua história. A investigação e produção do OED demorou 69 anos (de 1878 a 1927), apesar de ter sido concebido em 1858, 20 anos antes de se ter encontrado a pessoa certa para levar a cabo esta ciclópica tarefa. E a pessoa certa foi James Murray, que trabalhou no dicionário até à sua morte como editor-chefe. A tarefa ciclópica de rastrear a história de todas as palavras da língua inglesa só pode conseguir-se lendo; e é preciso ler muito. Por esse motivo, os editores do "OED" acharam por bem pedir a colaboração do público no sentido de procurarem palavras em obras clássicas, com o objectivo não só de ilustrar os significados das mesmas, mas também de tentar encontrar a altura em que tais palavras foram pela primeira vez registadas por escrito. Um dos colaboradores mais importantes do "OED" foi W. C. Minor, um americano com uma história peculiar. É a história deste americano — mas também de Murray e do próprio OED — que Winchester nos apresenta de forma magistral nesta obra magnífica.
Minor era médico e um homem culto e dado às letras; a sua inteligência e competência permitiram-lhe subir rapidamente na hierarquia militar, onde servia como médico. Mas aquando da Guerra Civil Americana Minor começa a dar sinais de paranóia e acaba por ser reformado e internado num hospital psiquiátrico. Posteriormente, viaja pela Europa e estabelece-se na Inglaterra. Aí, vítima de uma das suas manias paranóicas, persegue um desconhecido e fulmina-o com um tiro de pistola, pensando que se trata de um dos personagens imaginários que o querem matar. Minor entrega-se à polícia na cena do crime e acaba por ser declarado louco; é então encerrado num hospital psiquiátrico dos arredores de Londres, onde irá passar praticamente o resto da sua vida. E é neste hospital que Minor irá estabelecer-se como um dos melhores lexicógrafos do mundo e um dos mais importantes colaboradores do OED (cujo nome surge nos agradecimentos da primeira e segunda edições).
Winchester conduz o leitor com graça e inteligência pelos meandros desta história. Dá-nos a conhecer um pouco da vida de Murray, um homem extraordinário que nunca tirou um curso superior por ser pobre, mas a quem Oxford concedeu um grau em função do seu brilhante trabalho no OED. E narra a brilhante história da concepção e produção do ciclópico OED. Mas o tema central da obra é a vida desventurada de Minor, vítima de delírios paranóicos, o que o levou não só ao homicídio já aludido, mas também a amputar o seu próprio pénis com uma frieza de cirurgião de guerra que ele efectivamente tinha sido. Um aspecto interessante da paranóia de Minor é o facto de ela estar relacionada com o seu enorme apetite sexual, o que me fez lembrar o caso dos "serial killers" ou assassinos patológicos (veja-se a crítica à obra The Last Victim). Compreende-se que Freud tenha tentado relacionar a repressão sexual com a loucura, dado os casos deste género; mas parece-me superficial pensar que a causa da loucura seja a repressão sexual. Minor, por exemplo, viveu durante muito tempo uma vida promíscua; e o mesmo acontece com os "serial killers". Aparentemente as coisas passam-se ao contrário: é porque estas pessoas são loucas que são incapazes de ter uma relação compensadora com a sua sexualidade.
"O Professor e o Louco" é uma obra tocante, empolgante e de leitura compulsiva. Recomendo-a vivamente a todos os bibliófilos e lexicógrafos, mas também a psicólogos interessados em casos de paranóia e aos leitores em geral interessados nestes temas.
Desidério Murcho

Educação reprovada

Educação reprovada
by ESTADÃO DE HOJE 24.01.2010
A educação brasileira continua sendo reprovada nos levantamentos comparativos dos organismos multilaterais e os estudantes do País continuam tendo desempenho vexatório nos testes internacionais de avaliação de conhecimento. O estudo mais recente foi preparado pela Unesco ? órgão da ONU para educação e cultura ? com dados de 2007. Elaborado por uma equipe independente, o estudo mostra que o Brasil tem a maior taxa de repetência das Américas no ensino fundamental. Ele está atrás até dos países mais pobres das Américas, como Bolívia, Paraguai, Equador e Honduras.

Por meio do relatório, a Unesco há dez anos monitora as tentativas de cerca de 160 países de atingir os objetivos do projeto Educação Para Todos. Os dados mostram que as metas fixadas para 2015 dificilmente serão atingidas, uma vez que 72 milhões de crianças no mundo inteiro ainda permaneciam fora da escola em 2007. No ritmo atual, serão 56 milhões em 2015. O relatório abrange apenas 128 países. Desse total, 62 países vêm apresentando um bom desempenho e 30 estão longe das metas e até regredindo, como a Venezuela.

O Brasil está em 88º lugar no ranking da Unesco. Ele se situa entre os 36 países da faixa intermediária ? aqueles que, apesar de terem investido na universalização do ensino fundamental para atingir as metas estabelecidas pela Unesco para 2015, ainda não conseguiram superar o desafio da melhoria de qualidade do ensino.

Segundo o relatório, o Brasil conseguiu nos últimos anos reduzir as taxas de analfabetismo e igualar o acesso à escola a meninos e meninas. No entanto, as taxas de evasão escolar e de reprovação do ensino fundamental permanecem preocupantes e o número de alunos que não conseguem chegar até a 5ª série vem aumentando. Foi por isso que o País perdeu pontos no ranking da Unesco. A taxa de matrícula caiu de 95,6%, no levantamento de 2005, para 93,5%, em 2007. E a chamada "taxa de sobrevivência na 5ª série" passou de 80,5% para 75,6%, no mesmo período.

Para a Unesco, há três fatores que influenciam o desempenho dos estudantes, estimulando-os a permanecer na escola até a conclusão dos cursos. O primeiro fator é a avaliação do aprendizado nas primeiras séries do ensino fundamental e a adoção de medidas de recuperação ou reforço para quem estiver abaixo das metas desejadas. O segundo fator é dotar as escolas de um mínimo de infraestrutura, com o objetivo de criar um ambiente escolar estimulante. E o terceiro fator é assegurar a oferta de um número consistente de horas em sala de aula, garantindo que pelo menos 80% delas sejam de aprendizagem efetiva.

Em nenhum desses fatores o Brasil vai bem. Na rede pública do ensino fundamental, por exemplo, a média é de apenas 4,5 horas de aula, quando, segundo os especialistas, seriam necessárias pelo menos 6 horas. Na rede pública de ensino médio, a média é de somente 4,3 horas diárias. Em São Paulo, a Prefeitura até hoje não eliminou o turno intermediário entre os períodos da manhã e da tarde ? o turno da fome, que oferece apenas 4 horas de aula por dia. Dos 195 mil estabelecimentos de ensino do País, 17,8 mil não contam com energia elétrica, 37% não possuem biblioteca e 10% ainda carecem de banheiro.

Para os especialistas, o governo investiu muito em avaliação, nos últimos anos, mas pouco na tentativa de elevar a qualidade do ensino público. Eles também afirmam que melhorar a qualidade da educação custa mais do que colocar a criança na escola. As autoridades educacionais alegaram que ainda não analisaram o relatório da Unesco, mas, informalmente, consideraram as conclusões "estranhas", uma vez que o ensino fundamental foi ampliado de 8 para 9 anos e que o Congresso já promulgou a emenda constitucional que prevê a obrigatoriedade do ensino dos 4 aos 17 anos ? antes era dos 6 aos 14.

Sejam quais forem as explicações do governo, o fato é que, num ano eleitoral, os candidatos à Presidência da República não podem desprezar o tema da educação, uma vez que a qualidade do ensino é decisiva para determinar a capacidade de crescimento do País.

sábado, 23 de janeiro de 2010

CRIANÇAS , RAPTO, ROUBO E COMÉRCIO




As crianças foram e são vítimas de todo processo de perversão no cotidiano mundial, e o fato a vai desde roubo de órgãos, morte para roubo de órgãos, passando pela exploração sexual, abandono, como a própria bíblia relata, passando por isto mesmo antes de cristo, e isto é atestado através de documentos e iconografia.

A criança enquanto ser não consegue se livrar dos atos criminosos e desrespeito à sua condição de ser humano, sujeito de direitos e de cidadania.

O adulto ,seja de classe alta ou média e baixa, explora a mesma, e isto na condição de ter laços parentais, ou não;

A pornografia infantil prolifera-se desde a fotografia e desenhos eprogride com a internet.

O adulto, muitas vezes exercendo seu laço perverso ou infantil manipula- a, é como se fora uma situação sem fim, mesmo com políticas e programas nacionais e internacionais de proteção.

A Unicef é uma piada, mas se mantém faceira como que atuando, mas tendo no seu interior políticas escabrosas, face ao dinheiro e cargos.

Mas o que é a Lei, como ela entra em eficácia ?A lei é algo abstrato e só entra em ação pela consciência do adulto, e isso de se dar pela educação pela educação permanente.


As Escolas e Universidades -públicas ou privadas -não discutem o fato, e elas não possuem uma política de esclarecimento e difusão do ECA-ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.

A escola quer pública ou privada , não possuem no seu interior: uma tarjeta,panfletos, cartazes afixados mostrando a que Conselho Tutear a mesma está submetida, por outro lado, os conselhos não visitam escolas e universidades exercendo seu papel de vigilante e educador.

Os transportes públicos não possuem nenhuma publicidade sobre o Eca, desde ônibus, metros , trens, setor de aviação etc...e isto é visto na não prioridade no tratamento de condução das crianças e adolescentes, desde a sua entrada no transporte a direitos de assentos.Vejo isso diariamente no metro trem e aviação,nesta última o único fato é o aviso de prioridade antes do embarque, ou seja na chamada para o embarque, e apenas isto.

A mídia em todas as suas versões e suportes não fazem o mesmo.

O ministério da Cidadania cala-se a esse respeito, como também o Judiciário e outros coligados ao Sujeito e cidadão.

A adoção é algo complicado no mundo e torna-se via de descalabro e muitas vezes de exploração.

Agora,vejamos o caso do Haiti, onde o rapto está sendo feito pelo mundo; brasileiros esquecem de nossas crianças e adotam os negros haitianos não lembrnado de nossas -crianças negras esquecidas- em depósitos- desde Febem - a A casa- em São Paulo e outras organizações que abrigam as mesmas pelo país.Mas talvez adotar o haitiano dê marketing social.

Um crime que cometemos com a consciência limpa, tendo o fato como algo normal e de caridade em adotar estrangeiras.

É preciso, entre outras coisas ressucitar a profissão de Educador de Rua, que existiu,pasme, no governo de Oreste Quércia-e São Paulo com apoio de estatais do governo estadual, por iniciativa de Alda Macro Antonio.
Paulo A C de Vasconcelos

UNIVERSIDADE DA MACONHA EUA

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Os pecados do Haiti

Por: Eduardo Galeano.

A democracia haitiana nasceu há um instante. No seu breve tempo de vida, esta criatura faminta e doentia não recebeu senão bofetadas. Era uma recém-nascida, nos dias de festa de 1991, quando foi assassinada pela quartelada do general Raoul Cedras. Três anos mais tarde, ressuscitou. Depois de haver posto e retirado tantos ditadores militares, os Estados Unidos retiraram e puseram o presidente Jean-Bertrand Aristide, que havia sido o primeiro governante eleito por voto popular em toda a história do Haiti e que tivera a louca ideia de querer um país menos injusto.

O voto e o veto
Para apagar as pegadas da participação estado-unidense na ditadura sangrenta do general Cedras, os fuzileiros navais levaram 160 mil páginas dos arquivos secretos. Aristide regressou acorrentado. Deram-lhe permissão para recuperar o governo, mas proibiram-lhe o poder. O seu sucessor, René Préval, obteve quase 90 por cento dos votos, mas mais poder do que Préval tem qualquer chefete de quarta categoria do Fundo Monetário ou do Banco Mundial, ainda que o povo haitiano não o tenha eleito nem sequer com um voto.

Mais do que o voto, pode o veto. Veto às reformas: cada vez que Préval, ou algum dos seus ministros, pede créditos internacionais para dar pão aos famintos, letras aos analfabetos ou terra aos camponeses, não recebe resposta, ou respondem ordenando-lhe:
– Recite a lição. E como o governo haitiano não acaba de aprender que é preciso desmantelar os poucos serviços públicos que restam, últimos pobres amparos para um dos povos mais desamparados do mundo, os professores dão o exame por perdido.

O álibi demográfico
Em fins do ano passado, quatro deputados alemães visitaram o Haiti. Mal chegaram, a miséria do povo feriu-lhes os olhos. Então o embaixador da Alemanha explicou-lhe, em Port-au-Prince, qual é o problema:
– Este é um país superpovoado, disse ele. A mulher haitiana sempre quer e o homem haitiano sempre pode.

E riu. Os deputados calaram-se. Nessa noite, um deles, Winfried Wolf, consultou os números. E comprovou que o Haiti é, com El Salvador, o país mais superpovoado das Américas, mas está tão superpovoado quanto a Alemanha: tem quase a mesma quantidade de habitantes por quilómetro quadrado.

Durante os seus dias no Haiti, o deputado Wolf não só foi golpeado pela miséria como também foi deslumbrado pela capacidade de beleza dos pintores populares. E chegou à conclusão de que o Haiti está superpovoado... de artistas.

Na realidade, o álibi demográfico é mais ou menos recente. Até há alguns anos, as potências ocidentais falavam mais claro.

A tradição racista
Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e governaram o país até 1934. Retiraram-se quando conseguiram os seus dois objectivos: cobrar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia vender plantações aos estrangeiros. Então Robert Lansing, secretário de Estado, justificou a longa e feroz ocupação militar explicando que a raça negra é incapaz de governar-se a si própria, que tem "uma tendência inerente à vida selvagem e uma incapacidade física de civilização". Um dos responsáveis da invasão, William Philips, havia incubado tempos antes a ideia sagaz: "Este é um povo inferior, incapaz de conservar a civilização que haviam deixado os franceses".

O Haiti fora a pérola da coroa, a colónia mais rica da França: uma grande plantação de açúcar, com mão-de-obra escrava. No Espírito das leis, Montesquieu havia explicado sem papas na língua: "O açúcar seria demasiado caro se os escravos não trabalhassem na sua produção. Os referidos escravos são negros desde os pés até à cabeça e têm o nariz tão achatado que é quase impossível deles ter pena. Torna-se impensável que Deus, que é um ser muito sábio, tenha posto uma alma, e sobretudo uma alma boa, num corpo inteiramente negro".

Em contrapartida, Deus havia posto um açoite na mão do capataz. Os escravos não se distinguiam pela sua vontade de trabalhar. Os negros eram escravos por natureza e vagos também por natureza, e a natureza, cúmplice da ordem social, era obra de Deus: o escravo devia servir o amo e o amo devia castigar o escravo, que não mostrava o menor entusiasmo na hora de cumprir com o desígnio divino. Karl von Linneo, contemporâneo de Montesquieu, havia retratado o negro com precisão científica: "Vagabundo, preguiçoso, negligente, indolente e de costumes dissolutos". Mais generosamente, outro contemporâneo, David Hume, havia comprovado que o negro "pode desenvolver certas habilidades humanas, tal como o papagaio que fala algumas palavras".

A humilhação imperdoável
Em 1803 os negros do Haiti deram uma tremenda sova nas tropas de Napoleão Bonaparte e a Europa jamais perdoou esta humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos haviam conquistado antes a sua independência, mas tinha meio milhão de escravos a trabalhar nas plantações de algodão e de tabaco. Jefferson, que era dono de escravos, dizia que todos os homens são iguais, mas também dizia que os negros foram, são e serão inferiores.

A bandeira dos homens livres levantou-se sobre as ruínas. A terra haitiana fora devastada pela monocultura do açúcar e arrasada pelas calamidades da guerra contra a França, e um terço da população havia caído no combate. Então começou o bloqueio. A nação recém nascida foi condenada à solidão. Ninguém lhe comprava, ninguém lhe vendia, ninguém a reconhecia.

O delito da dignidade
Nem sequer Simón Bolíver, que tão valente soube ser, teve a coragem de firmar o reconhecimento diplomático do país negro. Bolívar havia podido reiniciar a sua luta pela independência americana, quando a Espanha já o havia derrotado, graças ao apoio do Haiti. O governo haitiano havia-lhe entregue sete nave e muitas armas e soldados, com a única condição de que Bolívar libertasse os escravos, uma ideia que não havia ocorrido ao Libertador. Bolívar cumpriu com este compromisso, mas depois da sua vitória, quando já governava a Grande Colômbia, deu as costas ao país que o havia salvo. E quando convocou as nações americanas à reunião do Panamá, não convidou o Haiti mas convidou a Inglaterra.

Os Estados Unidos reconheceram o Haiti apenas sessenta anos depois do fim da guerra de independência, enquanto Etienne Serres, um génio francês da anatomia, descobria em Paris que os negros são primitivos porque têm pouca distância entre o umbigo e o pénis. Por essa altura, o Haiti já estava em mãos de ditaduras militares carniceiras, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa. A Europa havia imposto ao Haiti a obrigação de pagar à França uma indemnização gigantesca, a modo de perdã por haver cometido o delito da dignidade.

A história do assédio contra o Haiti, que nos nossos dias tem dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.

Fonte:http://resistir.info/galeano/haiti_18jan10.html

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Escuela": una realidad que escandaliza a Rusia

La serie Escuela, de la joven directora Valeria Gai Germanika, provoca un gran revuelo en la sociedad rusa. Esta realización se estrenó en la televisión de ese país por Pervyi Kanal la semana pasada, y casi inmediatamente provocó enérgicas reacciones. "Nadie había mostrado la vida en las aulas así antes de nosotros", sentencia el trailer de la ficción. Cosa que se cumplió ya en el primer capítulo, donde se abordaron temas urticantes como la violencia, la sexualidad, la pornografía en el mundo de los jóvenes. Las reacciones oficiales fueron particularmente fuertes y negativas, y su realizadora defendió el proyecto en tanto testimonio audiovisual de lo que ocurre en la realidad.
el pais uruguai

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Menos da metade dos jovens de 15 a 17 anos está cursando o ensino médio, etapa de ensino adequada para esta faixa etária, e apenas 13%

Brasília - Esses são alguns destaques da pesquisa Juventude e Políticas Sociais no Brasil, lançada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).


Estudantes de áreas metropolitanas ainda são maioria nas escolas do país Foto: Bruno Peres/CB/D.A Press - 6/10/09
O estudo aponta que houve avanços no acesso de jovens à educação. Em 2007, 82% dos jovens de 15 a 17 anos frequentavam a escola. O problema está no atraso para concluir os estudos: apenas 48% estava no ensino médio. Para o diretor de estudos e políticas sociais do instituto, Jorge Abrahão, a educação é vista pelos jovens como uma força positiva. "Os jovens entendem a educação como um caminho para melhorar a vida. Mas enfrentam - no processo de escolarização - problemas de desigualdades de oportunidades, aponta ele.

A cor, nível de renda e local onde mora interfere nas oportunidades de acesso. Em 2007, 57% dos brasileiros de 15 a 17 anos que residiam em áreas metropolitanas frequentavam o ensino médio, contra pouco menos de 31% no meio rural. Abrahão destaca que o jovem ainda se divide entre estudos e mercado de trabalho e os que conseguem frequentar a escola lidam com a baixa qualidade do ensino. "A escola está fundamentada em uma estrutura antiquada, pouco atraente para o jovem", diz.

No ensino superior, entre 1996 e 2007, a taxa de frequência líquida cresceu 123%. Mas o percentual de jovens entre os 18 e 24 anos com acesso a esta etapa ainda é apenas de 13% - muito abaixo da meta de 30% estipulada para 2011 no Plano Nacional de Educação (PNE). A renda é fator determinante para o acesso do brasileiro à universidade: a taxa de frequência dos que têm renda mensal per capita de cinco salários mínimos ou mais (55%) é dez vezes maior do que entre a população que ganha até meio salário mínimo (5%).

O estudo destaca que o Brasil ainda tem 1,5 milhão de analfabetos (15 a 29 anos). Segundo a pesquisa, a manutenção deste número em patamar elevado está relacionada àbaixa efetividade do ensino fundamental. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) de 2007, 44,8% das pessoas analfabetas com 15 anos ou mais já haviam frequentado a escola.

Desenvolvimento educacional no Brasil é pior que no Paraguai, Equador e Bolívia

O relatório Educação para Todos, divulgado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) mostra que a baixa qualidade do ensino nas escolas brasileiras ainda deixa milhares de crianças para trás e é diretamente responsável por manter o país na 88ª posição no Índice de Desenvolvimento Educacional (IDE), atrás de países mais pobres como Paraguai, Equador e Bolívia. Em 2000, mais de 160 países assinaram o compromisso Educação para Todos, que previa o cumprimento de seis metas incluindo a universalização do ensino fundamental, a redução da taxa de analfabetismo e a melhoria da qualidade do ensino. (Leia mais: Maioria dos jovens não cursa o ensino médio)

A Noruega lidera o ranking da Unesco. Ela e mais 60 países estão no grupo daqueles que já cumpriram ou estão perto de atingir todos os objetivos firmados no compromisso.

Ao analisar o cumprimento das quatro principais metas estabelecidas pela Unesco, constata-se que o Brasil tem um bom desempenho no que se refere à alfabetização, ao acesso ao ensino fundamental e à igualdade de gênero. Mas tem um baixo desempenho quando se analisa o percentual de alunos que conseguem passar do 5° ano do ensino fundamental.

O relatório aponta que o Brasil apresenta alta repetência e baixos índices de conclusão da educação básica. Na região da América Latina e Caribe, a taxa de repetência média para todas as séries do ensino fundamental é de 4,4%. Mas no Brasil, o índice é de 18, 7% - o maior de todos os países da região.

Da Agência Globo

Museo del Libro, en 2011-Argentina B Aires

La Nacion


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La presidenta Cristina Kirchner encabezó ayer la firma del convenio que, en los hechos, equivale a dar inicio a la construcción del Museo del Libro y la Galería de la Lengua, con una inversión que supera los 10 millones de pesos, en Avenida Las Heras, entre Agüero y Austria, dependiente de la Biblioteca Nacional. Se estima que será inaugurado durante el primer semestre de 2011.
La ceremonia tuvo lugar en la Biblioteca Nacional, cuyo director es Horacio González, luego de que la Presidenta recorrió el obrador y los actuales edificios que serán demolidos. El llamado Proyecto Las Heras consiste en la construcción de un edificio de tres pisos que albergará el museo y la galería. La concepción y el diseño del nuevo espacio estuvieron a cargo de Clorindo Testa, quien fue uno de los arquitectos de la actual Biblioteca Nacional.
Al acto concurrieron ayer los secretarios de Cultura, Jorge Coscia, y el de Obras Públicas, José López. El Ministerio de Planificación Federal aportará la partida para el nuevo museo, dentro de las obras programadas para el Bicentenario. Tendrá un plazo de 18 meses para su ejecución.
El Museo del Libro es un proyecto pedagógico y cultural que registrará la historia de las ediciones argentinas y latinoamericanas. También incluirá un área dedicada a la escritura. Y las exposiciones temporarias que hoy se hacen en la Biblioteca Nacional serán albergadas también en el nuevo museo. Es similar al Museo de la Lengua brasileño, ubicado en San Pablo, que ha cautivado al director de la Biblioteca.
Parte del tesoro de ese organismo también será exhibido en la nueva sede. Lo que está en discusión en el Comité de Expertos formado a tal efecto es si serán expuestos los incunables del acervo de la Biblioteca Nacional. Tampoco se han definido los contenidos de la Galería de la Lengua, prevista como un acopio de registros audiovisuales relativos al habla de los argentinos en distintos usos. Así lo expresaron fuentes de la Biblioteca.
También se ha previsto el traslado de la antigua imprenta, ubicada en el histórico edificio de la calle México 564, ex sede de la Biblioteca. Para el inicio de la obra será demolido el edificio actual, previa protección de los cuatro murales de Castagnino, Spilimbergo, Urruchúa y Colmeiro, trasladados desde Galerías Pacífico, y que se hallan hoy en el edificio de Avenida Las Heras que será demolido.
Susana Reinoso

"No se meta con nosotros", le dijo Chávez al presidente electo de Chile, Sebastián Piñera Piñera cuestionó, esta semana, "la forma en que se practica





"Póngase a gobernar Chile, haga lo que tiene que hacer", manifestó Chávez durante un acto público transmitido por la televisión.

El mandatario venezolano dijo que, en todo caso, Piñera "ya dijo una verdad, dijo que no estaba de acuerdo con la forma como se practica la democracia en Venezuela".

"Él es un empresario muy rico, es imposible que esté de acuerdo con una revolución socialista", complementó.

"Pero lo menos que tenemos que pedirle es respeto", añadió Chávez, quien señaló que su gobierno ha sido electo por "un pueblo soberano" tal como el que eligió a Piñera en Chile.

"Yo no tengo nada contra empresarios muy ricos (...) pero no es muy recomendable que un empresario así tan rico sea presidente de un país", comentó el presidente venezolano, matizando sin embargo que "el pueblo de Chile sabe lo que ha hecho".

Chávez enfatizó además que espera que Piñera "no pretenda convertir a Chile, nuestro hermano pueblo, en otra plataforma de ataque contra Venezuela".

Piñera, uno de los hombres de negocios más ricos de Chile con una fortuna valorada en 1.200 millones de dólares, fue electo el domingo y asumirá el mando en marzo, poniendo fin a 20 años de gobiernos de centro izquierda.

El lunes, Piñera admitió "profundas diferencias" con el gobierno de Chávez, explicando que éstas "tienen que ver en cómo se concibe y practica la democracia, la forma como concibe el modelo de desarrollo económico y muchas más".

Caracas (AFP)