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sexta-feira, 7 de junho de 2019

O que leem os Americanos de nossa literatura -BRASIL?



http://bit.ly/2wBC0Kq



Pesquisa informal acerca do que leem os americanos de nossa literatura, não me atemorizou. Eles basicamente não leem nada, salvo acadêmicos, universitários em pesquisa.

No geral nada leem, até porque os autores brasileiros que estão a frente aqui, no nosso mercado não estão traduzidos para o inglês.

Tomei 3 casos de brasileiros e um americano. o que ouvi foi alarmante.
1-Entre os quatro um é americano e o recebi em casa para uma estadia de  dois meses;.
2-O Segundo, um professor de Letras de umas das grande universidades Brasileiras Federais;
3-O Terceiro- um editor Brasileiro;
4-O quarto, um gerente de uma das grande livrarias de S.Paulo.
Afora isto, pautei-me por leituras de que tratam o assunto.




Antes de trazer flashes dos  depoimentos  ouvidos, quero passar a limpo algumas questões que são genéricas e que se incluem nos referidos depoimentos.

A grande dificuldade é que o Americano não lê português e até despreza a língua, refiro-me a uma classe média americana.Nem mesmo o espanhol cai em suas graças.Por outro lado a um desprezo, despreparo, por nossa realidade e portanto de nossa literatura.Sua leitura é influenciada pela mídia de baixa qualidade e seus gêneros de preferencia sao policiais, ficção e ou biografia.
Se compararmos entre nós da língua portuguesa e os da língua hispânica, esta última ganha em seus redutos universitários.

São raríssimas as livrarias especializadas na nossa língua, mesmo em Nova York ,neste sentido o Kindle-Amazon abre um pouco este caminho, mas não tem grandes fluxos.
Desta feita existem redutos ilhados das academias, ou pessoas que moraram no Brasil e conhecem um pouco da nossa literatura ,mas sem grandes volumes estatísticos. O americano olha para seu umbigo, no geral, da sua língua dai leem os anglosaxões.

Não há um programa de parte do Brasil para divulgação de nossa produção, coisa que eixste de parte do mundo espânico lá.

A web tem salvo alguns de nosso críticos, e aqui me incluo,, pois a visitação desde blog é em primeiro lugar, advinda dos EUA, depois Brasil. Quero crer que sao migrantes daqui e em estando lá  querem manter uma atualização.

Em que pese nosso mundo editorial aqui ser monopolizado pelas industria editorial americana, entre outras, ele exploram aqui ,mas nao se interessam em traduzir para o inglês, até porque não há interesse de um público lá.
Bom partamos para expor partes os depoentes:

1-Bom o primeiro um americano de 37 anos, engenheiro, radicado no Basil ha 3 anos, fala que seu interesse em ler é mais para biografia, como  deleite,  engenheiro e interessou-se pela biografia de Lula, mas não se interessa por ficção , aliás diz ele" isto é comum entre nós, lá nos estados unidos."Nao temos empatia com a língua, eu particularmente , diz ele: acho o modo brasileiro de se expressar belo, diferente de nós. Desconhecemos um Brasil múltiplo e cheio de novidades.Todavia não temos habito de leitura tão intenso, a não ser os pockets e muito do cinema,comic e quadrinhos, coisas de bobeira, como vocês dizem.A nossa classe media é idiotizada inteiramente, sobretudo do interior e de alguns estados.Nova York  é uma ilha, difere de tudo do nosso país.Eu não compreendo porque tantos brasileiros são fascinados pelo nosso país, claro, tem algo que nos chama atenção, a arquitetura, a pseudo liberdade, as tecnologias, e afinal é um centro econômico forte, mas em declínio.E sei que temos grandes nomes  na literatura, no jornalismo, mas há um exagero, sinto isto"

2-O segundo, professor de letras ,43anos-UFPB ja residente nos EUA, nos fala: "se há uma falta de interresse de nós brasileiro, alunos que vem fazer letras, imagine você um americano se interessando por nossa literatura, é raríssimo. Temos alunos em Mestrado e Doutorado que focam -nos mas quase sempre se fixam nos clássicos, como Machado, Joao Guimarães, Clarice Lispector,Jorge Amado,  quanto a poesia eles não se aproximam muito, até porque a linguagem é mais fechada, digamos assim, mas há exceções foi o caso de um que veio estudar Drummond e até Orides Fontela, coisa que me deixou boquiaberto, mas são raridades e chegaram a tal por professores do Brasil em passagem pelos EUA.Nossa literatura já esteve melhor, isto também vai da política e liderança governamental e sua exposição externa.Também acho que as rede Sociais, retiram o estimulo a leitura, no geral.Decoram-se titulo e resumos, é o um mundo do simulacro.Minha experiencia lá nos EUA , foi um apredizado, mas realmente eles nao tem interesse por nossa produção, a população de classe média, é outro mundo.Muitos vinham fazer meu curso por curiosidade e muitos desistiam, segundo eles o idiomaé o entrave. A língua é política e nós não temos poder no entrelaçamento geopolitico econômico,linguístico.; os latinos nos Eua tem maior interesse."


3-O terceiro, um editor - de uma pequena editora,38- SP. anos é mais cético e nos fala: "  se nós não lemos nosso idioma eles muito menos e não temos bons tradutores as pencas nos Estados Unidos.Salvo Exceções, caso de Bejamim Moser, por exemplo.Neste sentido os canadenses tem mais empatia por nossa literatura que os americanos.Por outro o lado não temos um programa de incentivo a tradução de nossas obras e difusão em salões de livros lá.Isto faz falta e como faz.Há também pessoas que bancam a sua tradução mas é  difícil difundir dentro dos Eua, não é fácil. Os livros digitais como da kindle, ou google, tem feito algo para a literatura, mas não basta, há que ter uma política de divulgação, difusão, eventos, exposição do autor, palestras, debates e claro sua qualidade.Há um modismo de autores qe passeiam pelo mundo e  escrevem suas memórias, ms não estou certo que isto deu um impulso de venda.Não creio.Outra coisa há destacar é a estilística da literatura americana que difere bastante da nossa, e na tradução há que ser mestre, um batuta"


4-O quarto- o gerente de livraria- Este nos coloca :56 anos -SP " a procura por livros técnicos é boa ou razoável em inglês, aqui, mas a procura na aérea de ficção e poemas é quase nula por estrangeiros, salvo estudantes bolsistas aqui.Os americanos são um povo profundamente distinto de nós, refiro-me a  classe media, eles são manipulados inteiramente por uma mídia ignorante e a única salvação deles é a universidade-lá. Não há estimulo  ao conhecimento do nosso mundo literário, por incrível que pareça.Eles se acham donos do mundo e só a literatura deles, os best-sellers  é o que há, e ainda mandam para ca traduzidos e vendem , vendem muito.Agora há professores daqui ou autores que sao convidados para visitarem suas universidade por um tempo, fazendo residência e isso fura um pouco o bloqueio de nossa literatura,mas nada tão expressivo.para vendas.As feiras internacionais por outro lado fazem alguma divulgação, tendo por trás algumas editoras deles- dos EUA, quando sentem que podem vender bem por lá. O livro é mercadoria com outra qualquer, não se engane.Por isto há um trabalho editorial que vai desde a capa, titulo, cor, diagramação etc, para eles isso é fundamental.Claro isto muda de pais para pais, sobretudo em capa, cor e volume, sim isto mesmo, grossura do exemplar, as vezes melhor divi-lo em dois que num só."



sábado, 1 de junho de 2019

Família nordestina guardou séculos de romances medievais de mais de 700 anos na memória


A Literatura de Cordel é uma manifestação popular que se concentra no Nordeste, mas ja se espalhou pelo BRASIL. De origem ibérica, veio com os portugueses e espanhóis e aqui se fincaram.Seu valor é incalculável, pois narra  a história pelo outro lado, do povo.A nova história, Escola dos Anales -França-considera-a uma fonte preciosa para os estudos do contrapoder.Até o imperialismo dos EUA a considera, rouba ou compra seu acervos.
A Fundação Casa Rui Barbos, RJ Fundação Joaquim Nabuco-Recife, PE e IEB -SP, tem acervos consideráveis e a UFPB..
A BBC fez matéria considerável que abaixo publicamos. - https://bbc.in/2YYg2g -



https://bit.ly/2WF0a2e




















  • Família nordestina guardou séculos de romances medievais de mais de 700 anos na memória



    Ainda na infância, Benedita Maria do Nascimento, a caçula entre nove irmãs, aprendeu com o pai a arte de transformar cipó em cestas e balaios no sítio Oiteiros, em São Gonçalo do Amarante, região metropolitana de Natal, no Rio Grande do Norte.
    Enquanto tecia as peças artesanais, debaixo de um pé de manga, seu Atanásio Salustino cantava o que aprendeu com os antepassados. Benedita escutava atenta. "Dom Jorge eu ouvi dizer que tu tavas pra casar. É verdade, Juliana, eu vim te desenganar. Esperai, Rei Dom Jorge, que eu vou lá no meu reinado, vou ver um copo de vinho que eu pra ti tenho guardado".
    Benedita não sabia, mas as canções que ouvia de seu pai e guardava na memória eram romances ibéricos, histórias de conquistas que eram contadas e cantadas na era medieval. Herança trazida para o Brasil nas caravelas pelos colonizadores europeus.
    "Chegou por livros e chegou na memória", é o que conta Maria Emília Monteiro Porto, professora de História Moderna e História do Brasil Colonial da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Segundo ela, o povo ibérico tinha um tradição de romances muito específica e particular, em razão da ocupação da região pelos árabes.
    "Essa ocupação acontece entre o século 7 e só vai acabar no século 15, em 1453, e isso também provoca toda essa história de luta e heroísmo que vai ser a base desses romances, dessas histórias que são contadas. Inclusive, muitos temas do nosso cancioneiro nordestino vão lidar com essa briga entre mouros e cristãos".
    Mas essa ideia de cantar as aventuras é ainda anterior à Idade Média. Remete ao mundo antigo. "Seja nas histórias de Heródoto, mas sobretudo Homero na Ilíada e na Odisseia. Ele (Homero) é um cantador. Exatamente um modelo do cantador que nós temos hoje, tanto aqui no Nordeste, quanto nos séculos 10, 11, 12, 13, 14, 15 na Europa", diz Monteiro Porto.

    Mantendo o conhecimento vivo

    Pelo menos até o século 15 a escrita circulava muito pouco. A ideia de cantar as histórias surgiu exatamente para manter o conhecimento vivo, geração após geração. "Os romances terminam com uma certa combinação pra ajudar o cantador a sempre recordar. A rima ajuda a memorização", diz a professora.


    Atanásio Salustino
    Image captionBenedita e Militana aprenderam a cantar romances com seu pai | Foto: Arquivo Pessoal

    Foi dessa forma que as canções medievais se difundiram no Brasil. "Tem sempre um que sabe ler, que conta ou canta, e outro que memoriza e vai repetindo", explica Monteiro Porto. Como aconteceu com a romanceira Benedita, que reproduz hoje o que ouvia o pai cantar.
    Durante décadas, esse saber ficou na escuridão do anonimato. Até que, segundo conta Benedita, há quase trinta anos foi convidada a dividir suas memórias com estudiosos, participar de debates sobre cultura popular e apresentar-se em eventos culturais. Integrante de uma família patriarcal, não teve a autorização do marido para alçar voo. Por ciúmes, ela confidencia que ele indicou a irmã para ir em seu lugar.
    Benedita permaneceu desconhecida. Mas, aos 76 anos, nunca esqueceu as canções que embalaram sua infância. Parte do que entoa tem traços da cultura medieval como Juliana e Dom Jorge, outro tanto são canções romanceadas do Nordeste brasileiro, cantares que reúnem diversos gêneros como as toadas de boi, modinhas e cantos de romaria e cordel, como As quatro órfãs de Portugal, do paraibano João Melchiades Ferreira, poeta do século 19.


    Livros
    Image captionTradição de cantar histórias se enraizou no Nordeste | Foto: Arquivo Pessoal

    É um romance longo que Benedita canta na íntegra. "Na cidade de Lisboa, havia uma união de quatro donzelas órfãs, sem pai, sem mãe, sem irmãos. Servia a moça mais velha como mãe de criação".
    Em uma hora de entrevista para a BBC Brasil, Benedita canta vários romances. Muitas vezes, porém, o olhar parece se perder no tempo. É o mal de Alzheimer que se avizinha. Nenhum dos 11 filhos que teve, como também nenhum neto, se interessou em aprender os romances cantados pela romanceira.

    Irmã famosa



    Militana
    Image captionMilitana fez shows pelo país como a 'maior romanceira' do Brasil | Foto: Arquivo Pessoal

    Felizmente, graças às pesquisas realizadas pelo folclorista potiguar Deífilo Gurgel, que morreu em 2012, todo esse conhecimento foi gravado e está preservado na voz de Militana Salustino do Nascimento, a irmã de Benedita, que também tinha um acervo considerável e uma memória privilegiada. Ela ganhou fama, notoriedade e ficou conhecida como a maior romanceira do Brasil.
    Em 2005, chegou a receber das mãos de Luís Inácio Lula da Silva, então presidente da República, a Ordem do Mérito Cultural, comenda máxima da cultura brasileira. Para o padre André Martins Melo, historiador que acompanhou de perto os passos de Militana, a comenda foi um marco. "Mudou o interesse das universidades em fazer um estudo sobre o luso-brasileiro, de conhecer historicamente", conta Martins Melo.
    Militana morreu em 2010. Já a última guardiã de uma família que manteve viva a cultura mouro-ibérica, passa boa parte do dia deitada numa rede no alpendre da casa que mora recordando histórias galantes de amores, aventuras e tragédias.
    "Todo o saber de Militana é o mesmo de Benedita. Ela canta o que cantava Dona Militana e o pai: histórias luso-brasileiras. De amor, de poder, de grandes brigas, de cristão com os mouros e assim por diante", diz o padre André.

    Invasão estrangeira



    Livros
    Image captionRomances ibéricos chegaram ao país com os colonizadores | Foto: Arquivo Pessoal

    Durante 15 anos Deífilo Gurgel estudou profundamente sobre o romanceiro no Rio Grande do Norte. Foi ele que descobriu o cantador de romances Atanásio Salustino, pai de Benedita e Militana. As pesquisas de Deífilo no Rio Grande do Norte resultaram em dois livros: O Romanceiro de Alcaçuz, publicado na década de 1990, e Romanceiro Potiguar, lançado em 2012, dois meses depois de sua morte.
    No total, o folclorista coletou 300 romances, alguns deles inéditos no Brasil. "As primeiras questões da oralidade ibérica, os primeiros registros, as primeiras cantigas, vieram pra cá. Se o Rio Grande do Norte não é o maior está entre os maiores, sem dúvida alguma", pontua Alexandre Gurgel, jornalista e pesquisador, filho de Deífilo Gurgel.
    Gurgel aponta a necessidade de dar continuidade aos estudos sobre o tema, sobretudo porque os detentores mais antigos desse conhecimento estão morrendo. "Vários já se foram e a gente vê uma invasão cada vez mais forte de culturas estrangeiras no nosso país e as novas gerações sem entenderem as suas raízes".
    "Eu tenho medo de perguntar na minha sala de aula quem conhece Militana e ninguém conhecer. Me assusta a ideia", revela a professora universitária da UFRN. Ela defende que escolas e universidades explorem mais o tema de forma pedagógica.
    Maria Emília reconhece, entretanto, que, em termos de cultura de massa, esse não é o tema, nem a música, que despertam interesse, já que são vistos como "mais sofisticados", embora tenham origem na cultura popular.
    "Você falar de uma romanceira é mais ou menos como você falar: você escutou Brahms hoje? (Johannes Brahms, compositor alemão do século 19) Tá no campo da erudição, sendo popular, e deveria ser mais difundido nas escolas e na pesquisa também."

    quinta-feira, 30 de maio de 2019

    AULA NAS RUAS -POVO FORTEMENTE AMADO- PROFESSORES -ALUNOS-BRASILEIROS

    foto Orlando Maneschy

    Largo da Batata, SP, dia 30 de maio (Foto: Wellington Valsechi/TV Globo)

    Face Ana Oliveira


    Renasce a garra estudantil do país, e com isto há uma aula de política  e  engajamento dentro do Brasil.(30.05.2019.)

    O tiro saiu  pra trás. O tirano despreparado e sua trupe incompetente proporcionou uma aula gigantesca ao povo Brasileiro de participação popular.

    Democracia não é apenas voto, é participação, é estar , ser cidadão.

    Os ataques  brutos, ferozes ao povo desde a educação, previdência, SUS, afora toda uma postura retrograda , fez com que  uma grande camada popular despertasse de um sono anestésico, propiciado pela ausência de uma educação permanente, como assim nos  dizia Paulo Freire.

    As mídias, laçaram o povo na dormência; a WEB, pelas redes sociais fingiu uma participação da informação e comunicação.

    As falsas rede sociais, que de laço social pouco tem, bestificaram a população , coisa já defendida por muitos autores, como Eco, Baudrillard, Breton e Florestan Fernandes.

    Não temos união Latina, assim não damos as mãos ao nossos  irmãos de nossa América do Sul ferida vilipendiada, mal sabemos o nome de todos os estados do Brasil e suas fronteiras.

    Hoje, dia 30.05  o estudantes  e o povo em geral, grande parte, vieram às ruas para dizer NÃO, estamos em aula séria e competente com a voz do povo, dos estudantes e intelectuais.

    Não foram apenas as grandes capitais - dos estados que foram às ruas, como: SP, RJ, Minas, Pernambuco,Bahia, Rgs e muito mais, foram vilas, campesinos pelas entranhas do Brasil.

    Esse som se prolifera pelo mundo, ecoa , os canais de tv mesmo  conservadores retratam o fato.
    Mas destaque-se as mídias progressivas na Web  como: TELESUR, HISPANTV, RT que destacam o nosso grito de fortemente amados e armados de garra  do corpo.

    quarta-feira, 29 de maio de 2019

    Há três modelos de educação: a Academia, o Liceu e os Jardins.

    Conosco sempre: Elton L.L. Souza que arranja devidamente o pensamento sempre ao lado da Filosofia  e nos fornece um pensar largo e libertador nos tempos de orgia da desordem, quase caos, senão o próprio CAOS. Capturamos do seu Facebook:








    Há três modelos de educação: a Academia, o Liceu e os Jardins. Foi Platão quem inventou a Academia. Na porta da Academia Platão afixou a seguinte placa: “Só pode entrar aqui quem for geômetra”. Assim, na Academia de Platão somente eram ensinadas coisas exatas: fórmulas, dogmas, gramáticas . Os poetas eram proibidos de entrar lá. Já o Liceu é obra de Aristóteles. Este queria mostrar que há ordem não apenas na matemática, a ordem também existe na própria natureza. 
    Para provar isso
    , Aristóteles recolhia flores de uma mesma espécie e dizia: “apesar de cada indivíduo ser diferente, todos nasceram de um mesmo molde : tudo o que existe se explica por uma Identidade-Padrão". Quando um aluno mais curioso ia explorar o mundo e aparecia com uma flor diferente, uma flor única e rara, Aristóteles mandava jogar a flor fora, alegando que a diferença é um erro da natureza que nos afasta da Razão.
     Foi Epicuro que aprendeu a fazer dos jardins salas de aula: como espaço aberto à natureza multivariada. E as flores diferentes que a Razão homogeneizante desprezava , Epicuro as acolhia em seu jardim, as plantava e regava. Ao invés de tabuada e gramática, cantos e cores. No lugar de moral e cívica, ética e artes . Não apenas a alma dizia “presente” na hora da chamada, também dizia “presente” o corpo, com a vida intensificada. 
    A ideia de “jardim” sobreviveu ao tempo e às perseguições , e sua semente ainda vive nos nossos “jardins de infância”. Havia algo da infância nos jardins de Epicuro, como (re)invenção de um devir-criança , feito a “não velhez” do poeta Manoel de Barros . 
    Hoje, a academia se tornou sinônimo de universidade, isso é fato. Os fascistas querem que nela se ensinem apenas cartilhas e tabuadas, ordens exatas que adestrem para o “mercado”. A universidade é composta de bibliotecas , laboratórios , refeitórios, isto é, coisas físicas, e mais os educadores e estudantes, a sua parte viva. Quando educadores e estudantes se unem para proteger e intensificar essa vida, mostrando ao povo que o saber ali produzido também faz parte de sua vida, a universidade então sai dos muros da academia, ganha praças e ruas, e se torna novamente Jardim de Epicuro: conhecimento unido à vida.


    terça-feira, 28 de maio de 2019

    Foi assim: após aprender a contar de zero a dez, descobri que o zero nem sempre é zero, isto é , nada.


    por pixabay

    CAPTURA DO FACEBOOK
    Nada mais a dizer quando Elton escreve, é certeiro, sem vírgulas,sem ponto,vai direto ao alvo!

    Elton Luiz Leite de Souza
    Quando eu era bem criança, antes mesmo de saber ler e escrever , fiz uma rica descoberta que não cabe no que ensinam cartilhas e tabuadas: aprendi que se podia brincar também com o pensamento. Foi assim: após aprender a contar de zero a dez, descobri que o zero nem sempre é zero, isto é , nada. 
    Ele é nada quando é visto sozinho, isolado, como se fosse um ego ensimesmado. Mas se engana quem acha que o zero é só isso. Pois quando o zero é colocado para fazer companhia ao 1, e este aceita a companhia do zero, o 1 vira 10. Como pode o zero fazer o mero 1 se tornar dez “uns”, isto é, dez unidades dele mesmo? E essa interrogação levava a outras: colocando dois zeros , o 1 cresce ainda mais, sem deixar de ser 1, mas ao mesmo tempo já não sendo : ele se torna 100! Colocando mais um zero, nasce o 1.000! 
    Descobri então que o zero não é um “nada”, a não ser que se o reduza a isso. Mas se a gente coloca o zero na companhia de outro número dele diferente, do encontro nascem outros números, como se dentro dele existissem potencialidades que a gente só conhece quando ele “desabre” ( “desabrir” é prática que nos ensina o poeta Manoel de Barros) . 
    O zero precisa do 1 para se saber mais do que zero. É a diferença, o outro, que o enriquece. Quando o zero conhece a si próprio, ele vê então o que ele é de verdade: não um nada , mas um “ovo”, uma realidade cheia de potencialidades. 
    Depois de fazer essa descoberta, ainda bem criança, sempre que alguém perguntava minha idade eu respondia: “Tenho mais de 1.000 anos!”, e os adultos riam achando que eu não sabia contar os anos. Mas na verdade eu queria dizer , brincando, que o pensar faz a alma aumentar em mil seu tamanho. 
    Depois aprendi com poetas e filósofos libertários que o pensar só é autêntico quando faz a gente agir para sair do ovo . E quanto mais gente sair ( mil, milhares, milhões...) , mas difícil fica para o poder nos reduzir a nada.
    "A zeroidade é o plano de imanência do pensamento" (Deleuze)

    ( imagem: livros como escudos, lápis como lanças. Foto compartilhada da página A Casa de Vidro)

    sábado, 25 de maio de 2019

    Dilma no Encontro de Assinantes em Porto Alegre (25.5.19) - Parte 2

    Glenn Greenwald entrevista Lula: entrevista completa

    Professor é demitido após trabalhar texto sobre tortura na ditadura militar

    foto por diário da informação



    Estamos em época de perseguição desorientada. A docência tornou-se um estorvo pela vigilância, que não é ideológica apenas,  é aos diferentes. 
    Passei por isto na Ditadura Militar em Pernambuco-Recife, onde provas iam parar no quarto exército e éramos chamados a explicar questões.
    Repete-se agora de forma ampla tendo a família como delatora. Aonde vamos chegar ? Queremos negar a história e a consciência de um processo vivido com perdas terríveis: exílios, torturas e perseguições?
    Não podemos, temos que resistir!
    RESISTIR COM FORÇA NAS RUAS!!!!

    MINHA TOTAL SOLIDARIEDADE AO COLEGA -Willian Meister!!!!!

    ABAIXO RECORTO MATÉRIA DA CARTA EDUCAÇÃO-http://bit.ly/2JWpIny QUE FAZ A DENÚNCIA, LEIAM:




    SC: Professor é demitido após trabalhar texto -sobre tortura na ditadura militar
    O docente foi denunciado por um pai de aluno e a Secretaria de Educação de Itapema decidiu por desligá-lo da escola

    Willian Meister por http://bit.ly/2JWpIny


    O professor de educação física Willian Meister foi demitido da escola Escola Municipal de Educação Básica Oswaldo dos Reis, de Itapema, Santa Catarina, após trabalhar um texto poético sobre o período da ditadura militar com seus estudantes.

    O caso aconteceu próximo ao 1 de abril, data que este ano marcou os 55 anos do golpe militar ocorrido em 1964, e levou à instauração da ditadura. O professor reservou parte de algumas aulas para ler e debater com as turmas do sétimo e nono anos o texto “Canção para Paulo (A Stuart Angel)”, de Alex Polari, que narra a tortura sofrida por Stuart, filho da estilista Zuzu Angel, morto durante o período ditatorial. O professor explicou que a atividade de leitura era prevista no cronograma escolar.

    “Na introdução da aula, eu falei um pouco sobre a ditadura, os impactos que o movimento teve na reformulação da educação e também da Educação Física, que se tornou desportivista no período, ou seja, serviu aos militares como uma ferramenta  de contenção dos corpos, de aplicação de uma moral comportamental”, explicou o docente. Ele garante que a atividade rendeu a participação e debate dos estudantes e que a escola tinha conhecimento sobre o material utilizado.
    Dias após a atividade, o professor foi advertido pela diretor da escola, Emílio César da Silva, que também é presidente do Conselho Municipal de Educação de Itapema. A justificativa para a advertência foi o que pai de um dos estudantes do sétimo ano procurou o gabinete da prefeita Nilza Simas (PSD) para reclamar do texto utilizado, por ‘ser pesado e conter palavrões’. O familiar foi encaminhado à Secretaria de Educação, que, por sua vez, cobrou que a escola chamasse o professor para uma conversa, e  emitisse um relatório para ser entregue ao reclamante.

    Meister conta que, diante a situação, conversou novamente com os estudantes. “Narrei o que estava acontecendo e disse que estava aberto ao diálogo, que caso algum deles ou familiar quisessem conversar sobre o meu trabalho, era só me procurar. Entendo que não houve uma ilegalidade, um questionamento técnico pedagógico sobre a minha prática, mas uma crítica, e ela poderia ser feita diretamente a mim”, contou o professor.
    Após a atitude, no entanto, a situação se agravou. Admitido em caráter temporário pela rede, Meister não teve o seu contrato renovado no fim do mês de abril, situação que, segundo ele, foi anunciada pelo diretor da seguinte forma: “procure o RH da prefeitura, seu contrato não será renovado e você não trabalha mais aqui”.

    Discordância política ideológica

    Segundo o professor, o caso acerca do texto não foi o único enfrentado por ele na escola, que garante ter sofrido perseguição política ideológica e ter sido visto como adversário político dentro da instituição – em 2016, Meister se candidatou a prefeito de Itapema pelo PSOL e fez oposição à chapa da atual prefeita, apoiadora de Bolsonaro.
    O professor entrou com uma representação no Ministério Público, que prevê crime de improbidade administrativa, devido a um esforço burocrático por parte da gestão escolar de afastar o professor da instituição – a escola produziu registros de outras práticas do professor, sem que ele tivesse conhecimento. A ação também alega ofensa ao princípios da legalidade e impessoalidade, além de assédio moral.
    A defesa reitera o pedido para que o Ministério Público de Santa Catarina abra um inquérito civil para analisar a conduta dos envolvidos no caso e para que o professor seja reinserido no serviço público.
    “Quero voltar a trabalhar em sala de aula por uma questão de dignidade, do meu compromisso social e profissional. Sou vítima de uma injustiça, de uma ilegalidade. Sobretudo nesses tempos de ataque a educação, é importante registrar esse ato de resistência como professor, com relação a arbitrariedade, autoritarismo e censura. É fundamental que os professores denunciem situações como essa. Não vão destruir a educação crítica do Brasil por uma perspectiva politica ideológica”, criticou.

    Repúdio

    A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) publicou uma nota de repúdio no dia 14 de maio em relação á demissão sumária do professor, “ato que representou o ápice de um movimento intenso de perseguição política e ideológica“, grafou.
    O texto coloca que, casos como este, “ficam, infelizmente, cada vez mais comuns e corriqueiros nos tempos em que vivemos, forjando um caldo de perseguição política e ideológica dentro das escolas brasileiras”.
    “Estamos todos/as atentos/as aos desdobramentos desse caso e não nos furtaremos em reverberar nacional e internacionalmente essa atitude vergonhosa de gestores públicos de um município que não honram a área que deveriam gerir. Essa espécie de gente, que não entende nada de educação, não deveria assumir funções dessa natureza e lutaremos para que nunca mais o faça”, finaliza a nota.
    A reportagem procurou a Secretaria de Educação de Itapema para comentar o caso, mas não recebeu respostas até o fechamento da reportagem.