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domingo, 29 de janeiro de 2023

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)a Carta ao Povo Brasileiro BRASIL DE FATO

http://bit.ly/3WPkdJ8


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou nessa sexta-feira (27) a Carta ao Povo Brasileiro, um documento com mensagens políticas e diretrizes aos ativistas para o ano de 2023. 

 O texto é a síntese dos debates ocorridos ao longo da semana em Luiziânia (GO) entre a coordenação do movimento, que completa 40 anos em 2024. Estiveram presentes delegações de 22 estados, brigadistas do MST que atuam em outros países e parlamentares. Depois de vencer nas urnas o fascismo, o MST afirma que as forças populares defendem um projeto de país que supere as agressões vistas nos últimos anos. "Precisamos derrotar as práticas do discurso de ódio, das fake news, o fundamentalismo, a intolerância religiosa e a manipulação das mentes." O MST reafirma seus compromissos de mobilização constante contra o fascismo, em defesa da reforma agrária, a produção de alimentos saudáveis e o enfrentamento ao agronegócio predatório, entre outros pontos. 



  Leia na íntegra a Carta aos Brasileiros
: Arrancamos nas ruas e nas urnas uma importante vitória para o povo brasileiro ao elegermos Lula presidente. Derrotamos os golpistas de 2016, o avanço da extrema direita, a tutela militar e o projeto fascista, que hegemonizou o Estado brasileiro nos últimos anos. Vencemos uma importante batalha, mas sabemos que a luta continua. Os desafios são grandes, pois vivemos uma grave crise do capitalismo, de dimensão econômica, política, social e ecológica, que coloca em risco toda a humanidade. Estamos diante de um cenário altamente destrutivo, derivado de um sistema de dominação e opressão múltipla: patriarcal, racista, capitalista e colonial, que concentra cada vez mais a riqueza e aprofunda a desigualdade social. No Brasil, a crise se aprofundou nos últimos anos, assumindo um caráter ainda mais violento, de feição fascista e orientação econômica ultraliberal. As consequências são trágicas e impactam de forma decisiva no conjunto da sociedade, ampliando as desigualdades, a partir da retirada de direitos sociais e da destruição ambiental. As forças populares, que deram a vitória a Lula – mulheres, negros, juventude, sujeitos LGBTI+, povos originários, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade – defendem um projeto popular de país, que enfrente a exploração, a opressão, a exclusão, a fome, a negação de direitos, a concentração de terra, a destruição ambiental e o envenenamento da natureza, dos alimentos, das águas e das pessoas. Superar essas violências no conjunto da classe trabalhadora será o ponto de partida para construção de um Brasil do tamanho dos nossos sonhos, como afirmou o presidente Lula em seu discurso de posse. Precisamos derrotar as práticas do discurso de ódio, das fake news, o fundamentalismo, a intolerância religiosa e a manipulação das mentes. 
 Diante destes desafios, a Coordenação Nacional do MST, reunida em Luziânia – GO, com seus mais de 450 delegados e delegadas, de todos os estados do Brasil, reafirma seus compromissos: 
. Impulsionar a participação popular na condução dos rumos do país, através da mobilização permanente e da continuidade da luta contra o fascismo no Brasil e no mundo; 

.Defender a Reforma Agrária Popular como indispensável para a produção de alimentos saudáveis e superação da fome; 

.Enfrentar o modelo do agronegócio, que concentra terras, destrói a natureza, promove o desmatamento e nos envenena com agrotóxicos. Esse modelo não paga impostos, produz apenas commodities e não alimenta o povo;

. Combater a crise climática, garantindo os direitos dos povos e da natureza, com medidas reais contra o desmatamento, a degradação e o aumento das emissões. Não à economia verde e suas falsas promessas! .

Denunciar e se mobilizar permanentemente contra todas as formas de violência, discriminação, racismo, misoginia, LGBTIfobia e intolerância religiosa, fomentadas pelo agrogolpismo e o bolsonarismo fascista;
.
 Acumular forças no próximo período, através da articulação entre as organizações populares do campo e da cidade, exercitando a solidariedade de classe e a unidade na luta, entendendo que sem organização, formação e mobilização popular não haverá nenhuma mudança verdadeira no país. 

Nos comprometemos a cultivar a solidariedade e a construir a necessária organização de nosso povo. Seguiremos no nosso Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis. Priorizaremos a luta pela educação do povo, nas campanhas de alfabetização e nos processos de formação política e de batalhas das ideias. Defendemos a soberania de todos os povos e condenamos os bloqueios econômicos, as bases militares, as guerras e as agressões imperialistas em todo mundo, que apenas garantem mercado para a indústria armamentista e provoca mortes.

 Nos juntaremos a todos que defendem os povos originários e exigimos a demarcação das terras quilombolas e indígenas, para que a tragédia que o povo Yanomami enfrenta, não se repita. A luta é nossa força! A organização é nosso chão e a sociedade justa, solidária e socialista é nosso caminho. 
 Viva a luta por Reforma Agrária Popular! Viva o direito legítimo dos povos em ocupar os latifúndios e romper as cercas da destruição. Seguiremos pisando ligeiro, rumo aos 40 anos do MST! Lutar, 

Construir Reforma Agrária Popular! 23 a 27 de janeiro de 2023 Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST Edição: Rodrigo Durão Coelho  http://bit.ly/3WPkdJ8

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

AMBRÓZIO & VASCONCELOS Gestão financeira tem como objetivo o gerenciamento dos recursos da empresa.

https://www.avfinance.com.br/ .... 

 Gestão financeira tem como objetivo o gerenciamento dos recursos da empresa. 

Ela é de extrema importância para apontar quais são as limitações de recursos, gastos, receita e oportunidade de investimentos. Para ter uma gestão financeira de qualidade, existe 7 pontos principais para se atentar, sendo eles: 

Organizar as contas; - Fluxo de caixa; - Classificar custos fixos e variáveis; - Realizar conciliação bancária; - Entender a diferença entre faturamento e lucro; - Utilizar plataforma para gestão; - Análise de resultados; 

Se deseja ter um maior controle financeiro da sua empresa e não sabe como, entre em contato agora mesmo com a Ambrózio & Vasconcelos Finance
 

 Vem pra nós e faremos sua empresa,negócio, comércio exitoso,oraganizado,vem...acesse nossos contatos... link acima  ou nosso  email:
 
Administradores:

ALDO AMBRÓZIO


LUIS F. VASCONCELOS
http://bit.ly/3DlySoM

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Lula decreta intervenção federal na segurança pública do DF POR METROPOLES

https://bit.ly/3IvFDYv Política Lula decreta intervenção federal na segurança pública do DF para conter bolsonaristas A medida assinada por Lula permite o uso das Forças Armadas para conter bolsonaristas que promovem vandalismo no Distrito Federal Mariana Costa Júlia Portela 08/01/2023 17:57, atualizado 08/01/2023 19:11 Lula - MetrópolesRafaela Felicciano/Metrópoles O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, na tarde deste domingo (8/1), uma intervenção federal na segurança pública do DF por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O objetivo é frear a depredação que manifestantes bolsonaristas promovem nos prédios dos Três Poderes. Ricardo Garcia Capelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, comandará a operação de intervenção. A medida valerá, inicialmente, até o dia 31 de janeiro. A intervenção só afeta a área de segurança pública. Não há alteração nas outras atribuições de Ibaneis Rocha (MDB), que segue como governador do DF. O decreto assinado por Lula (leia mais abaixo) permite que as Forças Armadas atuem na capital federal para a retomada da ordem pública. Antes da medida ser decretada, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal acionou a Polícia Militar para conter os manifestantes, mas não obteve êxito. LEIA MAIS E COMPLETO-https://bit.ly/3IvFDYv

domingo, 1 de janeiro de 2023

LULA É PRESIDENTE- “Democracia para sempre”, destaca Lula em discurso no Congresso Nacional- POR VIOMUNDO*

01/01/2023 - 15h58 Discurso do presidente Lula no Congresso Nacional Íntegra do discurso lido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional Pela terceira vez compareço a este Congresso Nacional para agradecer ao povo brasileiro o voto de confiança que recebemos. Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão trabalhar pelo Brasil. Se estamos aqui, hoje, é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos ao longo desta histórica campanha eleitoral. Foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto, a mais abjeta campanha de mentiras e de ódio tramada para manipular e constranger o eleitorado. Nunca os recursos do estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder. Nunca a máquina pública foi tão desencaminhada dos controles republicanos. Nunca os eleitores foram tão constrangidos pelo poder econômico e por mentiras disseminadas em escala industrial. Apesar de tudo, a decisão das urnas prevaleceu, graças a um sistema eleitoral internacionalmente reconhecido por sua eficácia na captação e apuração dos votos. Foi fundamental a atitude corajosa do Poder Judiciário, especialmente do Tribunal Superior Eleitoral, para fazer prevalecer a verdade das urnas sobre a violência de seus detratores. Queridos amigos e amigas, Ao retornar a este plenário da Câmara dos Deputados, onde participei da Assembleia Constituinte de 1988, recordo com emoção os embates que travamos aqui, democraticamente, para inscrever na Constituição o mais amplo conjunto de direitos sociais, individuais e coletivos, em benefício da população e da soberania nacional. Vinte anos atrás, quando fui eleito presidente pela primeira vez, ao lado do companheiro vice-presidente José Alencar, iniciei o discurso de posse com a palavra “mudança”. A mudança que pretendíamos era simplesmente concretizar os preceitos constitucionais. A começar pelo direito à vida digna, sem fome, com acesso ao emprego, saúde e educação. Disse, naquela ocasião, que a missão de minha vida estaria cumprida quando cada brasileiro e brasileira pudesse fazer três refeições por dia. Ter de repetir este compromisso no dia de hoje – diante do avanço da miséria e do regresso da fome, que havíamos superado – é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes. Hoje, nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta Nação levantou, a partir de 1988, vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços. SENHORAS E SENHORES, Em 2002, dizíamos que a esperança tinha vencido o medo, no sentido de superar os temores diante da inédita eleição de um representante da classe trabalhadora para presidir os destinos do país. Em oito anos de governo deixamos claro que os temores eram infundados. Do contrário, não estaríamos aqui novamente. Apoie o VIOMUNDO Ficou demonstrado que um representante da classe trabalhadora podia, sim, dialogar com a sociedade para promover o crescimento econômico de forma sustentável e em benefício de todos, especialmente dos mais necessitados. Ficou demonstrado que era possível, sim, governar este país com a mais ampla participação social, incluindo os trabalhadores e os mais pobres no orçamento e nas decisões de governo. Ao longo desta campanha eleitoral vi a esperança brilhar nos olhos de um povo sofrido, em decorrência da destruição de políticas públicas que promoviam a cidadania, os direitos essenciais, a saúde e a educação. Vi o sonho de uma Pátria generosa, que ofereça oportunidades a seus filhos e filhas, em que a solidariedade ativa seja mais forte que o individualismo cego. O diagnóstico que recebemos do Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor. Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, a Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social. Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a estupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas. LEIA TODO TEXTO-https://bit.ly/3hZxtwM

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

PRESOS BOLSONARISTAS SUSPEITOS DE VANDALISMO EM BRASÍLIA - 🔴 ICL ENTREVI...

Obrigado, Pelé! por 247

Foi um gênio como jogador de futebol. O que não tem nada a ver com a pessoa. Nada tira dele tudo o que ele nos deu, tudo que ele deu ao futebol, diz Emir Sader Emir Sader Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros Por Emir Sader Quem teve a sorte de nascer nos anos 1940, teve o privilégio de ver toda a carreira do maior jogador de futebol de todos os tempos. Para quem não teve esse privilégio, parece um acontecimento entre outros na vida de alguém. Mas para quem gosta de futebol, foram vivências inesquecíveis na vida de alguém. Para quem viveu essa longa e maravilhosa carreira, não tem nenhuma dúvida que Pelé foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Essas vivências começaram muito cedo na vida dele, tinha 15 anos, já maravilhava a todos no Santos. Era difícil jogar contra o time do Pelé, mesmo sendo torcedor do único time que dividia os campeonatos daqueles tempos - o Palmeiras, time para o qual torço. Não havia como não reconhecer as jogadas geniais do Pelé. Um jogador que, desde cedo, chutava com os dois pés com a mesma habilidade. Cabeceava muito alto, mesmo não tendo grande altura. Driblava como nenhum jogador o fazia. Fez gols geniais, driblando desde a defesa até o ataque e o gol. Para os brasileiros, logo tivemos a consagração, com a insuperável atuação dele na Copa da Suécia, moleque ainda de 17 anos, fazendo jogadas geniais, para qualquer jogador, de qualquer idade. Depois conduziu o Brasil a ganhar três campeonatos mundiais. Ele, o único jogador a ganhar três Copas do Mundo: as de 1958, 1962 e 1970. Felizmente estão aí as antologias das incomparáveis jogadas que ele fez, inventou, criou, recriou. Senão seria impossível contar a outras gerações as geniais jogadas dele. Pelé foi o jogador perfeito, por chutar com os dois pés com a mesma habilidade, por driblar para todos os lados, por lançar para outros, por fazer tabelinhas mágicas. Quase que reinventou o futebol. Nascemos e crescemos, por muitas gerações, acostumados a vê-lo, nos estádios e na televisão. No Brasil e encantando o mundo. Consegui resultados impossíveis com o seu Santos, derrotando os principais times do mundo, pela seleção brasileira, fazendo, naquele momento, do Brasil o país do futebol. Foi um gênio como jogador de futebol. O que não tem nada a ver com a pessoa. Nada tira dele tudo o que ele nos deu, tudo o que ele deu ao futebol. Recordando de ver seus jogos, com o outro gênio, o Garrincha, ou com o seu companheiro de tabelinhas, o Coutinho, ou revendo os filmes da sua carreira, lhe agradecemos por tudo o que ele fez por nós e pelo futebol. Obrigado, Pelé!
https://bit.ly/3G3w2Fx

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

O DONO DA BOLA-REVISTA CONTINENTE- RECIFE- PE



https://bit.ly/3hdI5Yc     Ilustração: Rafael Olinto


O DONO DA BOLA

TEXTO RONALDO CORREIA DE BRITO

07 DE DEZEMBRO DE 2022



Fui dono de uma bola de couro oficial. Alguém que desconhecia os meus talentos resolveu me dar esse presente de aniversário, quando eu era menino. O dono da bola é um cara de prestígio, joga todas as partidas e até escolhe o time. Fui exceção entre os moleques de rua, todos preferiam não brincar com a minha bola a permitir que eu jogasse com eles. Bullying? Nada disso, o motivo verdadeiro era eu ser muito ruim, não chutava, não driblava, fazia gol contra e cometia faltas nos companheiros de time.
Quando tinha sete anos levei uma bolada no olho direito, sofri lesão na córnea, que me acompanha até hoje. Minha mãe fez promessa com Santa Luzia para eu não perder a vista. Nunca paguei a promessa e acho que por isso tenho a visão complicada.
Terá sido culpa da mártir, a que arrancou os próprios olhos e foi decapitada por conta de sua fé em Cristo? Não, de jeito nenhum, o negligente fui eu mesmo. Mamãe prometeu comprar a imagem da santa milagrosa e preferi roubá-la no santuário de uma tia avó, também sofredora da vista. Depois do roubo, as más línguas falaram que a pobre velhinha ficou cega. Lá no alto do céu não consideraram a promessa quitada. Ainda sofro dos olhos e, na família, todos me julgam um ladrão de antiguidades.
Não sei se por conta da bolada ou do sacrilégio religioso, tornei-me um fracasso em assunto de futebol. Faltou-me vocação para a maior cultura do povo brasileiro. Naquele tempo ainda não se falava nerd, mas sempre fui um sujeitinho aferrado aos livros, à música, ao cinema, ao teatro, e gastava as horas estudando. Nunca me revelei nas brincadeiras de pião, bola de gude, pingue-pongue, barra bandeira, não aprendi a empinar pipa, nadava mal e não sabia montar os pangarés da fazenda dos tios e da avó. Para desgosto do pai tornei-me uma vergonha em qualquer modalidade de esporte.
O time de futebol da minha cidade se chamava Magarefe, os jogadores eram açougueiros e batiam bola aos domingos, num campo próximo à rua onde eu morava. No final da tarde, já escurecendo, eles retornavam das pelejas calçando chuteiras, sem as camisas dos ternos, suando e fedendo mal como as carnes podres que vendiam no açougue. Desfilavam pela calçada, feios e barulhentos, proferindo insultos e palavrões. O mal cheiro impregnou-se em minha memória e nunca consegui dissociá-lo do futebol.
Se busco compreender os meus entraves futebolísticos à luz da psicanálise, concluo que os devo aos sentidos da visão e do olfato. Eles foram agredidos pelos jogadores feios, sujos, barulhentos, grosseiros e malcheirosos. Trata-se de motivo bem mais relevante do que a cartilha de esquerda dos anos de ditadura militar, quando éramos instruídos a não torcer pela seleção brasileira, num evidente patrulhamento.
Vocês não imaginam o que sofri na Copa de 1970, morrendo de vontade de assistir aos jogos na tevê em preto e branco da vizinha, mas instruído a não cair na tentação fascista, pois o Mundial se tornara um instrumento de propaganda dos militares.
O futebol também se misturou com as coisas do céu, as rezas, as velas acesas e uma imagem em porcelana de Nossa Senhora Aparecida, que ganhei de uma tia na primeira comunhão. A padroeira do Brasil ocupava o seu lugar de honra em cima de um rádio Philips comprado pelo pai, quando ainda morávamos no sertão. Na euforia de um gol, a santa caiu do seu posto e espatifou-se em mil cacos. Pobrezinha.
Chegado aos 70 anos, resolvi os meus conflitos com o futebol, a bola e os Mundiais. As pessoas me cobravam ser um torcedor, morrer por um time, vestir verde e amarelo durante a Copa e assistir aos jogos enturmado, bebendo cerveja e roendo as unhas dos pés. Não torço por nenhuma seleção e não sofro ansiedade pelos resultados. Gosto de ouvir os fogos, os gritos, e me comovo com a euforia das pessoas. Participei com alguns argentinos de uma mesa sobre futebol, na Alemanha. Não abri a boca, só fiz rir.
Não cobro de ninguém que se comova assistindo ao filme turco Quatro gerações, um longa-metragem de duas horas e meia, que parece durar quinze minutos, tão emocionante ele é. Não alicio os amigos para o culto a Tarkovsky, um cineasta russo. Não tento os inimigos dos livros a lerem as dezenas de escritores que leio e releio num verdadeiro ato de fé. Alguém acredita que se possa perder o sono depois de ler o ensaio de Edmund Wilson sobre o simbolismo? Eu perdi.
Estamos quites torcedores brasileiros. Não cobro nada de vocês. Mas também não reclamem por eu ter dormido durante o tedioso jogo entre o Brasil e a Suíça, em que nem o Pombo Richarlison conseguiu me empolgar com seus arrulhos.

sábado, 10 de dezembro de 2022

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Pepe Escobar: o Brasil e o mundo multipolar em 2023 BRASIL 247


Um diagnóstico e perspectivas para o Brasil diAnte de um mundo multipolar.
OS BRICSPLUS E O BRASIL.
LULAR um líder da América Latina..
BRASIL TERÁ NOVO PROTAGONISMO MUNDIAL
Uma nova América para os Americanos do sul
BRAVO LEO E PEPE!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

PROTESTOS NA COPA22 QATAR -PORTAL T E R R A LGBTQIA+

 




Foto: Reuters/Matthew Childs

l1nq.com/rGdOD

PROTESTOS OCORRIDOS NA COPA,PELO NÃO MENOS Mario Ferri.
HÁ QUE CONSIDERARCONTRADIÇÕES ACERCA DO CONTEÚDO IDEOLÓGICO,
COMO: IRÃ E DA UCRÂNIA,ENTRE OUTROS. 
CONTUDO ESQUECERAM: FEMINICÍDIO-ECOLOGIA, -FOME  .
SÃO TANTOS QUE DIANTE DA DITADURA DO QATAR .DESTAQUE-SE A 

HOMOFOBIA HIPÓCRITA,DO QATAR,POIS LÁ EXISTE,E COMO  EXISTE.

POR BAIXO DOS PANOS. 
PODE NÃO SER  ADMITIDO, MAS NÃO HÁ NO MUNDO A 
AUSÊNCIA DA HOMOSEXUALIDADE E/OU MULTISEXUALIDADE-ISTO
 É  DO HUMANO E DOS VERTEBRADOS. NO FUTEBOL,ENTÃO 
PROLIFERA-SE.É ALGO TÃO NORMAL QUANTO A HETEROSEXUALIDADE
.AINDA TEMOS MUITO A APRENDER  P.VASCONCELOS

..........

Torcedor que invadiu gramado da 

Copa do Mundo também protestou em 

2014 e 2010

Mario Ferri, italiano que invadiu partida de Portugal x 

Uruguai com bandeira LGBTQIA+, tem experiência em

 manifestações do tipo



O italiano Mario Ferri, de 35 anos, ganhou visibilidade 
internacional nesta segunda-feira, 28, ao invadir o gramado da 
Copa do Mundo do Catar, na partida 
entre Portugal e Uruguai com uma bandeira em 
apoio à causa LGBTQIA+. Mas essa não é a 
primeira vez, nem a segunda, que o torcedor paralisa 
uma partida de futebol para se manifestar.

  • Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, o italiano invadiu 

Fonte Nova, em Salvador. Na ocasião, Mario customizou
 sua camisa com as hashtags "salvem as crianças 
da favela" e "Ciro vive", fazendo menção a um torcedor
 italiano morto durante uma confusão antes da decisão 
da Copa Itália daquele mesmo ano.
Antes disso, em 2010, ele também chamou a atenção. 
No Mundial da África do Sul, ele paralisou o jogo 
durante a semifinal entre a Espanha e a Alemanha. 
Na ocasião, Ferri chegou a usar uma cadeira de rodas 
para ficar mais próximo do gramado e, assim, conseguir 
mais brecha para agir. Ele foi multado.

O jogo entra Bélgica e os Estados Unidos na Arena 
Ferri costuma agir além dos Mundiais que o italiano 
deixou seu recado e tem até um registro ao lado de 
Lionel Messi, de quando invadiu o gramado da 
Champions em jogo entre Barcelona e Manchester
 United. Além de burlar seguranças e usar o gramado 
como espaço de protesto, o italiano, conhecido como 
"Falco" também é apostador, influenciador e atleta. 
Em suas redes sociais, ele se considera um 
"pirata moderno" e compartilha parte de sua rotina -
 que inclui, ainda, ser "pai" de cabra.

No Catar

Neste ano, no ato batizado de "a última dança", 
o italiano Mario Ferri  usa uma bandeira com as cores 
do arco-íris e uma camisa com as frases "respeito 
pelas mulheres iranianas" e "salvem a Ucrânia". 
No Catar, a homossexualidade é considerada crime 
e o país também tem um longo histórico de 
violações dos direitos humanos.

Após a invasão, o homem foi contido pelos seguranças e jogou a bandeira 
no gramado. O item foi retirado doLocal e recolhido.Em suasuas 
redes sociais, nesta terça-feira, 29, ele compartilhou um 
manifesto sobre o ato, reafirmando suas mensagens sobre o Irã, 
a Ucrânia e as repressõesfrente à causa LGBTQIA+ na Copa do Mundo do Catar. 
Além disso, ele afirmou que não encarou nenhuma 
consequência legal. "Estou livre", garantiu.

A Copa no Catar vem sendo criticada devido à postura do 
país frente com relação às liberdades individuais. 
Como protesto, algumas seleções planejavam usar 
braçadeiras em apoio à comunidade LGBTQIA+, 
mas a iniciativa foi vetada pela Fifa, que ameaçou
 punir aqueles que protestassem.

Após muitas críticas, na semana passada a sede do 
torneio abandonou parte da postura restritiva. Com o 
início da segunda rodada da fase de grupos desde a
 sexta-feira, 25, torcedores que quiserem expressar
 apoio à comunidade LGBTQIA+ com camisetas, 
bandeiras e símbolos semelhantes não devem mais
 ser incomodados pelos seguranças. No gramado, 
entretanto, a braçadeira "One Love" continua sendo tabu. 
*Com informações de Lance


Fonte: Redação Terra  l1nq.com/rGdOD

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Grupo de igualdade racial pede visão antirracista -DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA 20.11.

 



Imagem: Jessica Michels


A PRESENTE MATÉRIA MIGRA DO GGN  VIDE l1nq.com/YPekb

Grupo de igualdade racial pede visão antirracista a outros grupos de trabalho

No dia da Consciência Negra, intelectuais pedem que luta seja vista em perspectiva ao se apresentar medidas para novo governo




Do Brasil de Fato

Grupo de transição de Igualdade Racial pede que todos GT’s adotem políticas antirracistas

Neste 20 de novembro, dia da Consciência Negra, o grupo temático (GT) de Igualdade Racial do governo de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou uma nota pedindo que os demais GT’s, independentemente da área, tenham em vista a luta antirracista no momento de formalizar as sugestões para as medidas do novo governo.

“Se há acordo de que o racismo é um fenômeno estrutural e que nos últimos anos ele recrudesceu em nosso país, como podemos construir políticas públicas antirracistas para além daquelas já previstas e que serão executadas na recriação do Ministério da Igualdade Racial?”, questiona o grupo de trabalho.

O GT é formado por Nilma Lino Gomes, ex-ministra de Igualdade Racial; Givânia Maria Silva, quilombola e doutora em sociologia; Douglas Belchior, fundador da educador e fundador da Uneafro; Thiago Tobias, advogado; Ieda Leal, do Movimento Negro Unificado (MNU); Martius das Chagas, secretário do Planejamento de Juiz de Fora; Preta Ferreira, liderança da Ocupação 9 de Julho e ativista do movimento de moradia; e Yuri Santos Jesus da Silva.

“Avançar em uma democracia antirracista significa que cada área da transição de governo, indaguem e olhem para si mesmos e para a situação de desigualdade racial e social existentes no Brasil e insiram o combate ao racismo nas políticas que serão formuladas pelos ministérios que representam”, conclui o texto.

O integrante do grupo, Douglas Belchior, nome cotado para assumir o futuro Ministério da Igualdade Racial, afirmou ao Brasil de Fato que “o governo Lula é depositado de muita esperança, temos muita confiança na liderança de Lula. Esse é um governo que será aberto ao diálogo com a sociedade civil, com o movimento negro e os movimentos de direitos humanos. Essa é uma tarefa coletiva, de reconstruir esse país e políticas públicas.”

O documento do GT ressalta outras reflexões para este momento de transição. “Se negros e negras somam 75% entre os mais pobres, como aponta o IBGE, toda e qualquer política de combate à pobreza e à fome terá de ser, obrigatoriamente, antirracista.“

Os membros do GT sinalizam caminhos que precisam ser adotados, por exemplo, a implementação de tratados e convenções que já existem, porém não se veem aplicados na prática. São citados a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação e Formas Correlatas de Intolerância, a Convenção 111 da OIT, a Constituição Federal e o Estatuto da Igualdade Racial.

Momento histórico

Antes de trazer as propostas, o texto do GT destaca como este 20 de novembro é diferente dos demais. O grupo elenca o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016 e o “desgoverno” de Jair Bolsonaro (PL) como fatores que causaram retrocesso no combate ao racismo no país.

“O povo brasileiro marginalizado que mais precisa de um Estado forte, a saber, a população pobre, negra, LGBTQIA+, as mulheres, os indígenas, os quilombolas e demais povos tradicionais, as pessoas com deficiência, as crianças e a juventude sofreram ainda mais com as mortes que poderiam ter sido evitadas durante a pandemia da Covid-19, com o desemprego, a violência e com o retorno do Brasil ao mapa da fome.”

O texto ressalta como neste período, entre o golpe de 2016 e a eleição deste ano, o Movimento Negro se manteve presente e liderou diversos protestos políticos. 

Destaca, também, que o atual momento, em que o país vive um governo de transição formado por mais de 200 pessoas, é um fato inédito e de suma importância.

“Os ventos da emancipação social e racial nesse momento político de construção de diagnóstico do país e indicação de pontos a serem considerados pelos futuros ministros e ministras são uma tarefa relevante da transição.”

Nelson Mandela

O texto finaliza citando o líder sul-africano Nelson Mandela, que presidiu o país na década de 1990 e faleceu em 2013. O GT destacou uma frase emblemática da liderança:

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.


domingo, 20 de novembro de 2022

Morre Hebe de Bonafini, a histórica presidenta das Mães da Praça de Maio, aos 93



A POLÍTICA É UMA FORMA DE VIVER, DE ENCARAR A VIDA, DE  ESTAR VIVO-

Hebe de Bonafini

ABRINDO- Uma mulher guerreira que buscou justiça ante os crimes  da ditadura Argentina. Uma tigresa, cuja poesia foi a ação política de denúncia de fascistas-torturadores e assassinos. Foi uma exitosa de conclamar o povo A POLÍTICA, aos seus direitos , a buscar seus entes desaparecidos/assassinados.Foi  uma líder mundial reconhecida,esteve no Brasil.O mundo é menor e frágil sem sua presença,apesar de sua idade era uma mulher atualizada e assim comprova a entrevista.ADIOS HEBE,PERO GRACIAS POR VIVIR CON NOSOSTROS.PAULO VASCONCELOS

ABAIVO MATÉRIA por - REVISTA FORUM-  l1nq.com/v6dWa

“Obrigada e até sempre", escreveu a vice presidenta Cristina Kirchner; "incansável lutadora pelos direitos humanos", escreveu o presidente Alberto Fernández


Escrito en GLOBAL el 

A presidenta das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, faleceu neste domingo aos 93 anos.

O governo argentino decretou três dias de luto em “homenagem a Hebe, à sua memória e à sua luta que estará sempre presente como guia nos momentos difíceis”.

O presidente Alberto Fernández, informou o Twitter da Casa Rosada, "se despede com profunda dor e respeito de Hebe de Bonafini, Mãe da Praça de Maio e incansável lutadora pelos direitos humanos". Veja:

"Querida Hebe, Mãe da Praça de Maio, símbolo mundial da luta pelos Direitos Humanos, orgulho da Argentina. Deus te chama no dia da Soberania Nacional... não deve ser coincidência. Simplesmente obrigada e sempre vinculada", escreveu a vice-presidenta, Cristina Fernández de Kirchner, como despedida:

JÁ PAG12 ASSIM ESTAMPOU:l1nq.com/NnZSM

La despedida de Estela de Carlotto a Hebe de Bonafini: “Personas así llenan la historia”  

La presidenta de Abuelas de Plaza de Mayo, Estela de Carlotto, recordó a Hebe de Bonafini como una gran luchadora. Por AM750, relató cómo se conocieron y afirmó que es un día de duelo para toda la Argentina.




La presidenta de Abuelas de Plaza de Mayo, Estela de Carlotto, despidió a Hebe de Bonafini, quien murió este domingo a los 93 años tras permanecer internada varios días en el Hospital Italiano de La Plata. En diálogo con AM750, aseguró que su voz y su temperamento van a quedar en la historia argentina. “Tuvimos diferencias, pero era una gran luchadora, es un día muy triste para todo el país”, sostuvo.

Es una enorme tristeza, sabemos que no somos eternas, pero compañeras de hace 46 años. Con dificultades. No deja nada que no sea su fuerza, la fuerza de Hebe, con errores como tenemos todas, caminó, hizo de esta necesidad de las mujeres, de las Madres y las Abuelas, de encontrar y saber dónde están y qué hicieron con ellos”, afirmó Estela de Carlotto en declaraciones a Deportivo 750, por AM750.

“No compartí muchas cosas, pero no significa que somos enemigos ni mucho menos, la lucha es la misma y el dolor es el mismo, es un día de duelo, seguramente la vamos a extrañar, porque personas así llenan la historia”, agregó la presidenta de Abuelas. “Su temperamento sembró mucho, la van a seguir quienes desde el cielo van a recibir sus reprimendas o sus halagos, hay que respetarla desde el dolor y el silencio”, puntualizó Estela.

En su recuerdo, Estela de Carlotto además relató cómo se conoció con Hebe de Bonafini. “Siempre fue una mujer fuerte, el dolor lo tenía por dentro, seguramente, como todas nosotras. La conocí porque cuando me transformé en una luchadora con las Abuelas, Chicha Mariani que había sufrido la primera pérdida y buscaba a su nietita y la seguimos buscando, vivía a unas cuadras de la casa de Hebe, estuvimos en su casa varias veces, compartiendo experiencias”, contó.

“La tarea de Abuelas se bifurcó porque no buscábamos de la misma manera que a los adultos. Ahí la conocí, me di cuenta que era una mujer fuerte, pero era una más, luego ella tomó el liderazgo. Son 45 años, la recuerdo como era, de proponer ideas, proponer a dónde ir y con quién hablar. Viajamos mucho por el exterior para tener ayuda, muchos organismos para que se supiera lo que pasaba en Argentina. Tengo muchos recuerdos de ella”, sintetizó.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

O Nordeste existe? RONALDO CORREIRA DE BRITO -- FLAGRA NO FACE




RONALDO CORREIRA DE BRITO -FOTO ACERVO PARTICULAR








Ronaldo Correia de Brito *

Rubens Figueiredo e eu participávamos de uma mesa sobre literatura brasileira, quando me fizeram a tradicional pergunta, essa que se tornou curricular para mim: você se considera um escritor regionalista? Rubens, nascido no Rio de Janeiro, pediu o microfone e afirmou ser um regionalista, jamais um universalista. Ele traduz e estuda literatura russa, sabe que apesar da divisão entre eslavófilos e europeizados, os escritores se preocupavam em criar para leitores da Rússia, pensando neles. Refletiam sobre o povo russo e chegavam às grandes questões do homem, sem veleidades universalistas.
No Brasil, desde o começo do século passado, havia um desejo de escrever semelhante a europeus e norte-americanos modernos. Gilberto Freyre e vários intelectuais criaram um movimento em oposição à Semana de Arte Moderna de 22, o Movimento Regionalista-modernista, de 1926. Da valorização da cultura regional, surgiu o romance de 30, com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Erico Verissimo, para citar apenas alguns nomes.
Assumidamente avesso aos resultados da Semana de 22, Graciliano Ramos achava que os modernistas brasileiros confundiam o ambiente literário do país com a Academia e traçavam linhas divisórias, mas arbitrárias, entre o bom e o mau, querendo destruir tudo que ficara para trás, condenando por “ignorância ou safadeza” muita coisa que merecia ser salva. Com desconcertante franqueza respondeu quando lhe perguntaram se era modernista: “Enquanto os rapazes de 22 promoviam seu movimentozinho, achava-me em Palmeira dos Índios, em pleno sertão alagoano, vendendo chita no balcão”. Se o regionalismo idealizado por Gilberto Freyre em reação aos modernistas ajudou a polemizar a cena literária brasileira, também acentuou uma linha divisória que já existia desde as capitanias hereditárias, agravou a tendência em separar a produção intelectual do Nordeste e Sudeste.
Desculpem essa digressão didática, mas necessito dela para responder a pergunta que me fazem. Considerem que existiram cânones do regionalismo e do romance de 30. Passados noventa anos, não se escreve mais com essa linguagem, a menos que seja um caso de anacronismo. Mas se vocês consideram ter nascido e morar numa região, e vivenciar a cultura local como regionalismo, eu me assumo regionalista. Na Feira de Frankfurt, em 2013, onde eu era o único escritor residente no Nordeste na comitiva do Brasil, fiquei feliz em estar ao lado de Guimarães Rosa num belo stand, apresentados como escritores regionalistas.
A questão é mais séria do que imaginam. O empenho de intelectuais e acadêmicos de diversas áreas – sociólogos, antropólogos, críticos literários – em folclorizar e subestimar o valor da produção cultural das regiões brasileiras, fora do eixo Sudeste, que detém o poder econômico e da informação, é bastante desleal e antigo. Cabe na análise das causas uma leitura política, por serem indissociáveis. Do Rio de Janeiro vieram os comandos que reprimiram a Revolução de 1817 e a Confederação do Equador, movimentos republicanos emancipatórios do Nordeste. Também do Sudeste chegaram as forças militares que esmagaram Canudos. De lá veio a orientação para bombardear o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, comunidade do interior do Ceará, no Crato, que sonhava com um novo modelo de sociedade.
Tratava-se de populações caboclas, descendentes de índios e escravos retomando o modelo dos quilombos e tribos. Somos mestiços de negros, índios, portugueses, judeus, sírios, libaneses, árabes, ciganos, holandeses e de muitos outros povos, falamos o mesmo idioma brasileiro, mas temos padrões culturais diferentes. Gilberto Freyre defendia nossa miscigenação, contrariando o que a ciência equivocada do século XIX e início do século XX condenava como degenerescência racial, o que levou muitas nações, inclusive o Brasil, ao delírio da eugenia.
Cometeram erros históricos ao nos interpretarem. Sendo do Rio de Janeiro, não havendo nascido no sertão de que trata em sua obra, Euclides da Cunha contribuiu para codificar o que lhe pareceu sertão, guiando a academia, leitores e gerações futuras a buscarem o modelo estabelecido por ele de semiárido habitado por bárbaros, sub-raça ameaçada de desaparecer.
Os Sertões, livro preconceituoso, supremacista, racista, cientificamente ultrapassado tornou-se a cartilha em que universidades e gerações de leitores formaram um imaginário de sertão e do homem sertanejo. O processo é semelhante ao dos orientalistas em relação ao Oriente. Da mesma maneira que o Oriente é corrigido e penalizado por estar fora dos limites da Europa e América do Norte, o sertão do Nordeste brasileiro sofreu por se encontrar fora dos limites da sociedade do Sudeste. Foi igualmente “sertanizado” por acadêmicos e cientistas.
Edward Said refere os dois aspectos do Oriente que o distinguem do Ocidente, na geografia imaginativa europeia: a Europa é poderosa e articulada; a Ásia é derrotada e distante. A China ainda não havia se tornado o que é hoje, é bom lembrar. Vale o mesmo para o Nordeste e o Sudeste? Perdemos o poder econômico e cultural, deixamos de estabelecer regras, desde a chegada de D. João VI e sua corte ao Rio de Janeiro. Já no século XVIII tentava-se controlar as migrações de sertanejos do “norte” para os sertões “paulistas”. Paulista não se referia apenas aos nascidos no Estado de São Paulo, mas a uma legião de bandeirantes, criadores de gado, grileiros de terras e mineradores, que ocupavam São Paulo, Goiás, Paraná e até territórios do Piauí. Portanto, esse “sudeste” já definia leis, espaços, conceitos, padrões e até o que nós, da banda de cá, podíamos ser e sonhar.
Não cabem aqui todas as questões suscitadas por essa pergunta. Nem sequer desenvolvi o tema do preconceito e do racismo, visceralmente ligado à nossa formação. Semelhante a Kafka eu também poderia ter assumido o não lugar, o não pertencimento, como muitos nordestinos fazem por sobrevivência. Mas isso seria impossível. Em tudo o que escrevo reafirmo minha geografia de nascimento, a origem, onde vivi no passado e onde escolhi morar no presente.


*Ronaldo Correia de Brito é escritor e médico, nasceu em Saboeiro, Ceará, em 2 de julho de 1951.

Foi escritor residente da Universidade de Berkley (Califórnia), participou de diversos eventos

internacionais, como a Feira do Livro de Bogotá, o Festival Internacional de Literatura de Buenos Aires, o Salon du Livre de Paris e a Feira do Livro de Frankfurt. Sua carreira artística envolve as mais diferentes linguagens, como literatura, teatro e música. São de sua autoria O baile do menino deus (teatro), Lua Cambará (disco), Faca (livro de contos), Galiléia (Prêmio São Paulo de Literatura), Estive lá fora (romance) e O amor das sombras (contos).