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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

A luta por outro futuro digital -Outras Palavras

 

Antonio Solano | Getty Images


Inteligência Artificial populariza-se… através das corporações. Este será o destino das tecnologias? É hora de propor redes comunitárias, fazer dos dados digitais um Comum e organizar trabalhadores da tecnologia. A batalha está só começando


OUTRASPALAVRAS

Publicado 14/02/2023 às 18:05 - Atualizado 14/02/2023 às 

Ben Tarnoff é escritor e cofundador da revista Logic. Autor de obras sobre trabalhadores de tecnologia e sua organização – como Voices from the Valley e The Making of the Tech Worker Movement, ele lançou recentemente seu novo livro Internet for the People: The Fight for Our Digital Future pela editora Verso.

Tarnoff conta a história da internet como uma história de privatização e propõe movimentos para desprivatizar a internet, que seja gerida pelas e para as pessoas. Em sua visão, as redes comunitárias e as cooperativas apresentam um papel nessa construção por uma outra internet.

Em conversa com Rafael Grohmann, ele fala sobre infraestruturas e materialidades da internet, metáforas para nomear as tecnologias, papel da imaginação para disputar futuros e propor alternativas, redes comunitárias, cooperativas, dados e organização de trabalhadores de tecnologia.

Qual é o papel das infraestruturas e materialidades na internet na qual vivemos hoje?

A internet é uma criação profundamente material. É composta de cabos de fibra ótica, data centers, computadores – coisas que você pode tocar, coisas que tiveram que ser construídas com peças, com essas peças feitas de materiais que foram escavados da terra. Abro o livro falando de um cabo submarino de fibra ótica chamado Marea que vai da Espanha à Virgínia, nos Estados Unidos. Quis abrir o livro com isso porque achei importante chamar a atenção para a materialidade da internet. Diria, no entanto, que acho que a materialidade da internet se tornou mais amplamente apreciada nos últimos anos. Certamente houve um período no tempo em que a ideia da internet como sendo desmaterializada, flutuando no espaço, mediada por metáforas como a nuvem, era bastante dominante nos círculos populares e acadêmicos. Considero muito da escrita na internet na década de 1990 muito influenciada pela percepção de uma falta ou perda de materialidade, enquanto acho que nos últimos anos passou a haver uma maior valorização de que a internet é feita de coisas que você pode tocar, coisas que têm uma composição física específica e uma origem física. Mas é preciso ter cuidado para não deixar o pêndulo balançar demais. Em certas pesquisas na área de STS (Science and Technology Studies), agora há provavelmente muita ênfase na materialidade, muita ênfase na infraestrutura. Isso acontece porque, em última análise, quando estamos falando sobre a internet ou computação de forma mais ampla, o hardware não importa tanto quanto o software, e você não pode realmente tocar no software. Toda essa materialidade estaria morta se não fosse animada por código.

Sobre as histórias da internet, o que há de errado com a história mainstream da internet e como reescrever a história da internet de outras maneiras?

Bem, eu não tenho certeza se existe uma história da internet mainstream. Acho que a maioria das pessoas sabe vagamente que a internet veio dos militares. Eles podem, se tiverem uma certa idade, ter memórias da internet dos anos 1990, ou possivelmente até antes, mas não há uma narrativa popular coerente sobre de onde vem a internet. Então, em certo sentido, meu livro não é uma tentativa de desafiar ou desbancar uma narrativa dominante. É dar às pessoas a narrativa pela primeira vez, o que na verdade é uma oportunidade maravilhosa porque você pode contar a história para leitores que não conhecem nenhuma versão da história. Você pode preencher alguns dos detalhes dos poucos elementos que eles podem conhecer para fornecer um contexto maior sobre como a internet surgiu da pesquisa militar dos Estados Unidos. Mas a história posterior da internet, e especificamente a privatização da internet, não está no radar da maioria das pessoas. E a história da privatização da internet também não é um assunto de muito interesse nos círculos acadêmicos.

Qual é o papel da imaginação em relação a disputar futuros e prototipar outros tipos de infraestruturas?

No livro, tentei defender o valor político e as perspectivas políticas da imaginação. Ao fazê-lo, baseio-me no trabalho de Angela Davis e outros pensadores abolicionistas nos Estados Unidos, que muitas vezes afirmam que falhas de imaginação levam a falhas práticas. Assim, de uma perspectiva abolicionista, o fracasso em imaginar um mundo além das prisões levou gerações de reformadores a reinventar a prisão de diferentes maneiras. Uma iteração atual é o chamado encarceramento digital (e-carceration), em que os indivíduos não estão mais encarcerados em um lugar físico, mas têm um dispositivo de monitoramento eletrônico preso a eles, e a lógica da prisão continua, mas a prisão agora é o mundo – a prisão foi virada do avesso. Eu tento transportar esses insights para o reino da internet e colocar a questão: que tipo de trabalho imaginativo pode ser necessário para realmente transformar a internet? Quando pensamos nas empresas e nos sistemas computacionais que atualmente controlam e organizam a internet como Google, Facebook, Comcast e outros, precisamos pensar em como poderíamos criar uma internet na qual não tenhamos simplesmente versões diferentes dessas entidades, mas entidades de um tipo inteiramente diferente. Então, seguindo o fio fornecido por Angela Davis, a questão não é simplesmente substituir o Facebook por um pseudo-Facebook – por um Facebook nacionalizado ou cooperativizado, digamos – mas por uma constelação de entidades que nos permitem conectar de uma maneira completamente diferente. Isso soa um pouco abstrato, mas acho importante ressaltar que a imaginação tem uma base material, ou seja, a imaginação como uma busca humana só pode acontecer se houver recursos provisionados para apoiar essa busca. No livro, faço algumas sugestões sobre como esse tipo de trabalho de imaginação coletiva e materialmente apoiada e incorporada pode se parecer. Isso não é sobre cada um de nós sentado sozinho em nossos quartos sonhando com uma nova internet. Em vez disso, trata-se de um processo que une as pessoas no espaço e lhes dá as coisas de que precisam para descobrir umas com as outras de que maneiras é uma internet que atenda melhor às suas necessidades.

Eu gostaria de retomar um ponto sobre as metáforas que usamos para pensar a internet e as tecnologias. E você coloca que “plataformas não existem”. O que você quer dizer com isso?

Antes de entrarmos na parte da plataforma, pode ser útil dar um passo atrás e falar brevemente sobre por que as metáforas são importantes. Isso nos traz de volta ao início de nossa conversa, à materialidade da internet. É claro, a internet é composta de coisas que você pode tocar, mas, como mencionei, o código do software, as instruções que os computadores estão executando, são, em última análise, o elemento mais importante, e isso não é algo que você pode tocar porque é o que é composto de, no nível mais fundamental, uma série de elétrons que estão sendo interpretados como zero ou um. Tudo na computação que é construído sobre esses elétrons é uma abstração. Abstrações são ferramentas que usamos para pensar em coisas que não podemos ver, coisas que não podemos tocar, coisas que não podemos perceber com nossos sentidos. Neste contexto, as abstrações não são simplesmente auxiliares para a compreensão, elas são a compreensão. Quando pensamos nos complexos sistemas computacionais desenvolvidos por Google, Facebook, Amazon e outros como plataformas, estamos entendendo a arquitetura, o papel, a composição, a economia política dessas entidades de maneiras muito particulares e que, em última análise, favorecem os interesses das grandes empresas de tecnologia. É por isso que me oponho ao termo. O termo plataforma evoca uma sensação de abertura, uma sensação de imparcialidade que funciona em benefício dessas empresas porque elas querem transmitir essa impressão. Mas, na verdade, como sabemos, essas empresas estão intimamente envolvidas na organização de nossa vida online. Elas realizam um tipo de soberania. Elas não são simplesmente plataformas nas quais as interações ocorrem. São arquiteturas que coordenam essas interações para propósitos específicos, acima de tudo com fins lucrativos.

Em seu livro, você coloca as redes comunitárias como uma alternativa a essas infraestruturas e imaginações. Quais são as redes comunitárias, suas potencialidades e também suas limitações?

Há variedades desse tipo de coisa em todo o mundo, mas nos Estados Unidos temos mais de 900 redes de banda larga de propriedade pública ou cooperativa. A maioria delas é de propriedade de um município, mas muitas são de propriedade e gerenciadas pelos próprios usuários, no caso de redes de propriedade cooperativa. Existem duas vantagens principais para as redes comunitárias sobre suas contrapartes corporativas. A primeira é que elas tendem a oferecer um serviço melhor a um custo menor do que os gigantes da banda larga aqui nos Estados Unidos, como a Comcast. A razão é bastante óbvia: essas organizações são capazes de investir em infraestrutura e priorizar necessidades sociais, como conectividade universal, em vez de canalizar dinheiro para as mãos de executivos e investidores. A segunda principal vantagem dessas redes comunitárias é que elas criam a possibilidade de codificar ou programar práticas democráticas em sua operação cotidiana. Assim, por exemplo, no caso das redes de propriedade cooperativa, estas são organizações geridas democraticamente. Os membros-proprietários votam em eleições regulares para decidir quem fará parte do conselho que administra a rede. As redes comunitárias dão às pessoas a oportunidade de participar das decisões que as afetam diretamente, decisões que pertencem a uma infraestrutura essencial de suas vidas, a internet. E no final das contas, acho que essa última qualidade de redes comunitárias é o que acho mais valioso, porque aponta o caminho para organizar uma internet em linhas muito diferentes. Há, como você apontou, limitações aqui. As redes comunitárias são organizações locais. A internet não é local. Ela existe em muitas escalas e intervenções nessas escalas também são necessárias. Há as redes mais profundas da Internet, os chamados backbones, que também precisam ser tratados. Mas como um conjunto existente de experimentos – e 900 não é um número pequeno – é um ponto de partida muito promissor para o que pode parecer desprivatizar os canais da internet e reorganizá-los para atender às necessidades humanas e não ao lucro privado.

Como você relaciona esta perspectiva sobre redes comunitárias com o cooperativismo de plataforma? E quais políticas públicas são necessárias para isso?

No livro, divido a internet em duas camadas, a camada inferior e a camada superior. Isso é uma redução, eu sei, mas é útil para meus propósitos. A camada inferior eu chamo de “canos”, a infraestrutura física da internet, o material que move os pacotes de um computador para outro. As redes comunitárias, a meu ver, são o caminho mais promissor para desprivatizar os canos, ou seja, criar uma internet onde as pessoas e não o lucro governem. Quando mudamos para a chamada camada de aplicativos da internet, para a camada em que a internet é experenciada, as estratégias de desprivatização tornam-se mais diversas e mais complexas porque este é um domínio da internet mais diversificado e mais complexo. O Facebook é muito mais complexo que a Comcast. O Facebook também é muito mais diferente da Amazon do que a Comcast da AT&T. Então, o que isso significa como uma questão de estratégia é que temos que nos adaptar ao novo terreno e desenvolver um conjunto de intervenções comparativamente complexas e diversas. Também não temos experimentos tão maduros nessa camada superior da internet. Não há um equivalente óbvio do modelo de rede comunitária nesta dimensão. O que temos, no entanto, são um punhado de comunidades interessantes, como a comunidade de cooperativismo de plataforma e a comunidade da web descentralizada, que estão desenvolvendo diferentes tipos de serviços online, que, apesar de suas inevitáveis ​​limitações, apontam o caminho para o que uma internet diferente na camada de aplicativos pode parecer. O cooperativismo de plataforma, como você sabe, é a tentativa de construir serviços online de propriedade cooperativa ou governados cooperativamente, e há vários experimentos interessantes nesse sentido em todo o mundo. A comunidade da web descentralizada é uma designação um pouco mais vaga, mas compreende projetos como o Mastodon, um projeto de software de código aberto que permite que as pessoas executem sites de mídias sociais independentes que podem ser gerenciados cooperativamente pelos próprios usuários e também para federar esses servidores para criar uma rede mais ampla. A desprivatização não é monolítica. Ela assume diferentes recursos e segue diferentes direções dependendo da camada da internet da qual estamos falando.

Qual é o papel dos dados nesses arranjos alternativos?

Temos que encontrar uma maneira coletiva de pensar sobre os dados. Os dados não têm nenhum valor em um nível individual. Seus dados como uma única pessoa não são particularmente interessantes, pelo menos na escala em que essas empresas tendem a operar. Seus dados só são interessantes quando são reunidos com muitos dados de outras pessoas e analisados ​​de forma agregada para obter certos insights em nível de população que podem ser usados ​​para ganhar dinheiro, como por meio de publicidade direcionada ou outros meios. As grandes empresas de tecnologia não pensam em dados de forma individualizada, pensam de forma coletiva. Então devemos pensar também de forma coletiva. E um dos problemas com as várias soluções políticas que foram buscadas principalmente na União Europeia, mas também em certa medida em todo o mundo, é que elas dependem de um modelo individualizado de propriedade de dados. A principal lei europeia de proteção de dados, a GDPR, fala sobre “titular de dados” que têm direito a certos direitos. Não é a maneira correta de pensar sobre isso conceitualmente. Também produz resultados práticos bastante decepcionantes. Um dos direitos garantidos pela GDPR é o direito de solicitar seus dados de uma empresa, para que você possa ver quais informações eles têm sobre você. Há algum valor limitado nisso, mas o que você não está obtendo lá é uma imagem real de como esses dados são monetizados. Você também não está recebendo nenhuma alternativa real de onde você poderia colocar esses dados. Se eu baixar um arquivo zip grande de meus dados de um site, mesmo que eu tenha conhecimento técnico para interpretá-lo, não terei nenhuma noção real de como esses dados interagem com os dados de outras pessoas para gerar o tipo de insights que podem ser monetizados e, crucialmente, não tenho nenhum outro lugar onde possa colocar esses dados. Não é como se eu pudesse retirar meus dados e conectá-los a outro lugar. Então, isso é um longo caminho para dizer que não podemos pensar em dados de forma individualista porque não é assim que as empresas pensam sobre isso. Precisamos de soluções coletivas e precisamos de soluções coletivas que criem espaço para alternativas não comerciais.

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

PAI DO REAL CRITICA JUROS ALTOS - 🔴 ICL NOTÍCIAS 2 - 13/FEVEREIRO ÀS 19H


Olha o REAL DO REAL,NO JURO ALTO, A MÍDIA ACORDOU OU.....
TEM BALÃO?
O ICL COMENTA...VEJA

O MAR SOU EU .....ADRIANE GARCIA

 

acervo da autora 
 
acervo da autora


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Nada diz o poeta senão apregoar uma falta e assim envergar um mundo, fabulando para ser real e assim pintando-o de cor de água, e deste modo eles: “trafegam a água, de cá para lá, de lá para cá, no constante de carregar o mundo”, como se assim possível fosse. Mas o que não pode o poeta, esse sujeito que mesmo delirante sobre a palavra assumidamente, diz com seu olho cego o que o cerca?

Adriane Garcia é um polvo, um dourado de nadadeiras amplas de Belo Horizonte/MG, formada em História, Teatro e Arte-educação. Colabora no site Escritoras Suicidas, Zona da Palavra e Literaturabr. Já publicou no Rascunho, Germina, Eutomia, Vox, Cult, Vida Secreta, Vossa Senhoria e no caderno Pensar do Jornal Estado de Minas. Em 2013 venceu o concurso nacional de literatura do Paraná, Helena Kolody, categoria poesia, com o livro “Fábulas para adulto perder o sono”, com segunda edição pela editora Confraria do Vento (2017). Em 2014, publicou “O nome do mundo”, pela editora Armazém da Cultura e em 2015, “Só, com peixes”, pela Confraria do Vento. Em 2016 participou da Coleção Leve um Livro, com “Embrulhado para viagem”. Tem online, pela Revista Vida Secreta, o e-book “Enlouquecer é ganhar mil pássaros”. Participa de diversas antologias. Foi curadora do Festival Literário Internacional de Belo Horizonte, 2017.

Pelo seu perfil vemos uma nadadeira entre pedras, sem linhas, mas como a mesma diz: com espinha, a espinha do poeta que fala entre as águas e mares de palavras e não importa a geolocalização, importa ser e para tanto dizer, e assim se faz, se erige numa coluna armada estilística e constrói essa coisa chamada literatura, ou melhor, a arte.

Não apodrecemos mais rápido pela ilusão, pela arte, por esta ressureição que essa coisa nos faz pulular, e assim Adriane é vasta, numa linha curva que perpassa a história, o teatro, a educação como arte educadora e fabula na letra e outras linguagens, o que para nós é de extremo ganho.

A loucura da poesia é assumir nossa carapaça de sujeitos desnorteados e nessa gagueira aliviar-se, ser, virar coisas como peixes, escada, língua de água, o transmutar-se em outros para olhar, ver, sentir, ser peixe, escada, língua etc. ver sendo e não sendo. Ou seja, ser útil sem rezar no desmanche dos objetos da religião do consumo, a literatura se presta a isto ao menos, e este é o maior dos capitais: ser dizendo, pensar, criar, sem a não verdadeira calda do humano que o capitalismo que nos afoga. Poesia é o desmantelo para crer. O peixe é meu, é seu, ponho no ombro, na esquina, na cédula e desdigo o falso real, ou melhor, o contradigo para poetar.
Só com peixes (2015), Adriane encontra a desculpa esmolambada e rica de ser e dizer do amor, do líquido, do concreto, até chegar a uma cauda poética, como aqui vemos:

Se o canto funcionasse/E o homem descesse a escada/Se o amor não se afogasse/Nem ficasse pintado de azul/Não seria a sereia rouca/Arrancando as escamas /Dacauda.
(2015, p.44)


Adriane Garcia faz rupturas indeléveis; na sua lírica, ela doma a palavra, tira seu pavio e o acende naquilo que digo ser uma poeisis desmedida e séria, desloca sentidos, faz piruetas, expatria o primeiro sentido do signo imprestável e o pinta de outras cores:

“Há dias uma ordem interior manda/Que ela vá ao aquário/Conversar com peixes/A sua língua de água/seu corpo lixa de areia (2015, p.450)
ou
a saudade do sal não se repara/Com a imersão difícil/Nesse oxigênio sujo”
(2015, p.69)

Mas fizemos uma palavra/palavra, em que podemos sentir um pouco mais a poeta, ou seja, cheirar seus sais de pensamentos e eis aqui alguns dos trechos:

Arte educadora, e como foi isso?

Eu já trabalhava como voluntária em escolas públicas, dando aulas de iniciação teatral para adolescentes. Ao mesmo tempo, concluía minha graduação em História, pela UFMG. Ficava muito dividida (mas talvez a palavra certa seja “complementada”) entre a História e o Teatro, e isso acabou definindo minha vontade de fazer pós-graduação em arte-educação. O mais interessante é que, no fim das contas (risos), eu acabei fazendo um trabalho de conclusão de curso ligado à desmemória da história da cidade.


A história, o teatro e o ensino da arte....

Exatamente. É para mim um trânsito, um trânsito complementar. Ensinar teatro para adolescentes da escola pública (fiquei cerca de 10 anos nesse trabalho), ou para deficientes visuais na escola pública (passei um ano trabalhando no Instituto São Rafael), era não só ensinar/aprender arte, mas saber o que socialmente, historicamente, significava contribuir de alguma forma para que a educação tivesse mais qualidade, mais diversidade, que a arte se estabelecesse como um direito, sempre. Ao mesmo tempo, aprender, ler história e ter contato com a dramaturgia permitiam não só que eu me tornasse cidadã mais consciente como, ao mesmo tempo, me tornasse mais capacitada como oficineira de teatro. É um trânsito com o qual eu me sinto privilegiada por poder exercer. Hoje, não pratico mais essas oficinas, mas faço esse trânsito por meio de leituras, e somo isso com a filosofia, com a literatura; principalmente com a poesia.

A poesia e o salpicar do humano...

A poesia me surpreende todos os dias. Quando conheço um poeta antigo que ainda não conhecia, a poesia me surpreende. Quando conheço um poeta novo, cujo poema move algo em mim, me surpreendo. Recentemente, fui curadora do FLIBH (juntamente com Francisco de Morais Mendes) e um dos saraus que se apresentaram foi o Sarau das Manas (coletivo de meninas adolescentes da região periférica de BH). Uma delas leu um poema autoral onde descrevia, de dentro, a vida de uma mulher presidiária. Eu me surpreendi. A poesia me surpreende porque acorda algo em mim, vive me acordando. A poesia me humaniza.

A Filosofia e teus preferidos

Nietzsche porque me fez ter medo de lê-lo. Ajudou-me numa desconstrução importante. Eu fui criada com coisas muito católicas, minha avó me levou a catecismo e, apesar de ser sempre questionadora, obviamente, coisas muito ruins ligadas ao Cristianismo estavam em mim. Ler Nietzsche me libertou de muitas coisas, me deu medo e depois coragem. Eu vi que pensar não era pecado (risos), que pecado nem existia.

Spinoza porque me enlouqueceu. Achei aquilo tudo muito destruidor, sabe? Muito parecido com outras concepções de universo e até de Deus. Tão mais aproximado do Budismo, ou do Hinduísmo, não cabia mais ali um deus à imagem e semelhança do homem. E a sua ideia dos afetos, eu achei aquilo tão parecido com a poesia, bebendo do mesmo mistério. Aliás, o próprio Spinoza me pareceu um personagem da poesia, imaginar que esse homem excomungado pela igreja judaica fazia lentes para se enxergar melhor. Pensar que ele faz isso até hoje.



A poesia e teus eleitos

Ah, meus eleitos. Primeiro Cecília, porque foi dela o primeiro livro de poesia que peguei na vida (Ou isto ou aquilo). Depois Drummond, ele esteve comigo por toda a minha adolescência e me acompanha para sempre, salvou-me de uma imensa solidão (eu não nasci numa família letrada, nem tínhamos livros, portanto não tinha muita escuta para o que eu descobria com a literatura ou para as indagações que surgiam dali. Até lia para minha mãe poemas dos livros que me emprestavam na biblioteca escolar, mas estava todo mundo muito ocupado, sobrevivendo e cuidando para que os filhos sobrevivessem às condições muito difíceis).

Mas eu poderia citar muitas e muitos poetas. Há várias e vários poetas contemporâneos que admiro hoje (vivos). E tem-me encantado bastante a poesia falada, a poesia que é feita pelos excluídos de nossa sociedade.




Poesia política e contemporaneidade-

Tem um poeta contemporâneo que eu creio que, de alguma forma, me influenciou muito recentemente. Há uns cinco anos que conheço sua poesia. É Alberto Lins Caldas, nascido em Gravatá, Pernambuco. Acho que foi Lins quem me chamou a atenção mais imediata para o fato de que é estranho uma poesia recatada e do lar em tempos como estes. A poesia de Lins é feita de beleza, mas sobretudo de combate. Alia um conhecimento histórico, filosófico imensos a um discurso rebelde, revolucionário. Lins escreve sem compaixão (e talvez por uma compaixão extrema). Essas coisas todas vão nos transformando, não é? Estar no mundo, sobretudo ouvir. Agora quero ouvir, quero ouvir o que não sei e de onde eu não sei. Quem tem feito uma poesia política vigorosa no país são os poetas anônimos, que moram nas periferias das tantas cidades. Em livros, tenho visto poetas muito boas tratando de temas urgentes, cito aqui (sempre fazendo injustiça, pois há mais) a poeta carioca Bruna Mitrano, que levanta questões sobre mulher, violência e aborto; a poeta mineira Lisa Alves, cujos poemas dialogam com a política no Brasil e no mundo; a poeta mineira Simone Teodoro também tem desenvolvido um trabalho muito bom em relação ao feminismo, à homofobia, aos excluídos da cidade, que vivem aparecendo em seus poemas; Simone de Andrade Neves acabou de escrever um “Missa do envio”, no qual olha para a festa do divino e trabalha, no presente, uma tradição rural mineira; Ricardo Aleixo lançou recentemente “O antiboi”, livro que discute política, racismo. Claro que não quero, com isso, dizer que não sinto um prazer imenso em ler poesia com outras temáticas, temáticas introspectivas, inclusive. Há tanta beleza e universalismo nisso, mas ultimamente, a poesia solidária tem me chamado mais atenção do que a solitária.

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Só com Adriane, com peixes,não , queremos mais, mais e mais caldos de sua poesia de uma mulher madura e que sabe tanger a lírica como um maestro de montanhas, mas podera, ela vem de lá, das cadeias de planaltos inclinados a peixe, mas como ela mesmo disse ao telefone avilta a fala dos cardumes.




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ANDRÉ RONCAGLIA - Inteligência Ltda. Podcast #724

domingo, 29 de janeiro de 2023

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)a Carta ao Povo Brasileiro BRASIL DE FATO

http://bit.ly/3WPkdJ8


O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou nessa sexta-feira (27) a Carta ao Povo Brasileiro, um documento com mensagens políticas e diretrizes aos ativistas para o ano de 2023. 

 O texto é a síntese dos debates ocorridos ao longo da semana em Luiziânia (GO) entre a coordenação do movimento, que completa 40 anos em 2024. Estiveram presentes delegações de 22 estados, brigadistas do MST que atuam em outros países e parlamentares. Depois de vencer nas urnas o fascismo, o MST afirma que as forças populares defendem um projeto de país que supere as agressões vistas nos últimos anos. "Precisamos derrotar as práticas do discurso de ódio, das fake news, o fundamentalismo, a intolerância religiosa e a manipulação das mentes." O MST reafirma seus compromissos de mobilização constante contra o fascismo, em defesa da reforma agrária, a produção de alimentos saudáveis e o enfrentamento ao agronegócio predatório, entre outros pontos. 



  Leia na íntegra a Carta aos Brasileiros
: Arrancamos nas ruas e nas urnas uma importante vitória para o povo brasileiro ao elegermos Lula presidente. Derrotamos os golpistas de 2016, o avanço da extrema direita, a tutela militar e o projeto fascista, que hegemonizou o Estado brasileiro nos últimos anos. Vencemos uma importante batalha, mas sabemos que a luta continua. Os desafios são grandes, pois vivemos uma grave crise do capitalismo, de dimensão econômica, política, social e ecológica, que coloca em risco toda a humanidade. Estamos diante de um cenário altamente destrutivo, derivado de um sistema de dominação e opressão múltipla: patriarcal, racista, capitalista e colonial, que concentra cada vez mais a riqueza e aprofunda a desigualdade social. No Brasil, a crise se aprofundou nos últimos anos, assumindo um caráter ainda mais violento, de feição fascista e orientação econômica ultraliberal. As consequências são trágicas e impactam de forma decisiva no conjunto da sociedade, ampliando as desigualdades, a partir da retirada de direitos sociais e da destruição ambiental. As forças populares, que deram a vitória a Lula – mulheres, negros, juventude, sujeitos LGBTI+, povos originários, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade – defendem um projeto popular de país, que enfrente a exploração, a opressão, a exclusão, a fome, a negação de direitos, a concentração de terra, a destruição ambiental e o envenenamento da natureza, dos alimentos, das águas e das pessoas. Superar essas violências no conjunto da classe trabalhadora será o ponto de partida para construção de um Brasil do tamanho dos nossos sonhos, como afirmou o presidente Lula em seu discurso de posse. Precisamos derrotar as práticas do discurso de ódio, das fake news, o fundamentalismo, a intolerância religiosa e a manipulação das mentes. 
 Diante destes desafios, a Coordenação Nacional do MST, reunida em Luziânia – GO, com seus mais de 450 delegados e delegadas, de todos os estados do Brasil, reafirma seus compromissos: 
. Impulsionar a participação popular na condução dos rumos do país, através da mobilização permanente e da continuidade da luta contra o fascismo no Brasil e no mundo; 

.Defender a Reforma Agrária Popular como indispensável para a produção de alimentos saudáveis e superação da fome; 

.Enfrentar o modelo do agronegócio, que concentra terras, destrói a natureza, promove o desmatamento e nos envenena com agrotóxicos. Esse modelo não paga impostos, produz apenas commodities e não alimenta o povo;

. Combater a crise climática, garantindo os direitos dos povos e da natureza, com medidas reais contra o desmatamento, a degradação e o aumento das emissões. Não à economia verde e suas falsas promessas! .

Denunciar e se mobilizar permanentemente contra todas as formas de violência, discriminação, racismo, misoginia, LGBTIfobia e intolerância religiosa, fomentadas pelo agrogolpismo e o bolsonarismo fascista;
.
 Acumular forças no próximo período, através da articulação entre as organizações populares do campo e da cidade, exercitando a solidariedade de classe e a unidade na luta, entendendo que sem organização, formação e mobilização popular não haverá nenhuma mudança verdadeira no país. 

Nos comprometemos a cultivar a solidariedade e a construir a necessária organização de nosso povo. Seguiremos no nosso Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis. Priorizaremos a luta pela educação do povo, nas campanhas de alfabetização e nos processos de formação política e de batalhas das ideias. Defendemos a soberania de todos os povos e condenamos os bloqueios econômicos, as bases militares, as guerras e as agressões imperialistas em todo mundo, que apenas garantem mercado para a indústria armamentista e provoca mortes.

 Nos juntaremos a todos que defendem os povos originários e exigimos a demarcação das terras quilombolas e indígenas, para que a tragédia que o povo Yanomami enfrenta, não se repita. A luta é nossa força! A organização é nosso chão e a sociedade justa, solidária e socialista é nosso caminho. 
 Viva a luta por Reforma Agrária Popular! Viva o direito legítimo dos povos em ocupar os latifúndios e romper as cercas da destruição. Seguiremos pisando ligeiro, rumo aos 40 anos do MST! Lutar, 

Construir Reforma Agrária Popular! 23 a 27 de janeiro de 2023 Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST Edição: Rodrigo Durão Coelho  http://bit.ly/3WPkdJ8

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

AMBRÓZIO & VASCONCELOS Gestão financeira tem como objetivo o gerenciamento dos recursos da empresa.

https://www.avfinance.com.br/ .... 

 Gestão financeira tem como objetivo o gerenciamento dos recursos da empresa. 

Ela é de extrema importância para apontar quais são as limitações de recursos, gastos, receita e oportunidade de investimentos. Para ter uma gestão financeira de qualidade, existe 7 pontos principais para se atentar, sendo eles: 

Organizar as contas; - Fluxo de caixa; - Classificar custos fixos e variáveis; - Realizar conciliação bancária; - Entender a diferença entre faturamento e lucro; - Utilizar plataforma para gestão; - Análise de resultados; 

Se deseja ter um maior controle financeiro da sua empresa e não sabe como, entre em contato agora mesmo com a Ambrózio & Vasconcelos Finance
 

 Vem pra nós e faremos sua empresa,negócio, comércio exitoso,oraganizado,vem...acesse nossos contatos... link acima  ou nosso  email:
 
Administradores:

ALDO AMBRÓZIO


LUIS F. VASCONCELOS
http://bit.ly/3DlySoM

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Lula decreta intervenção federal na segurança pública do DF POR METROPOLES

https://bit.ly/3IvFDYv Política Lula decreta intervenção federal na segurança pública do DF para conter bolsonaristas A medida assinada por Lula permite o uso das Forças Armadas para conter bolsonaristas que promovem vandalismo no Distrito Federal Mariana Costa Júlia Portela 08/01/2023 17:57, atualizado 08/01/2023 19:11 Lula - MetrópolesRafaela Felicciano/Metrópoles O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, na tarde deste domingo (8/1), uma intervenção federal na segurança pública do DF por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O objetivo é frear a depredação que manifestantes bolsonaristas promovem nos prédios dos Três Poderes. Ricardo Garcia Capelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça, comandará a operação de intervenção. A medida valerá, inicialmente, até o dia 31 de janeiro. A intervenção só afeta a área de segurança pública. Não há alteração nas outras atribuições de Ibaneis Rocha (MDB), que segue como governador do DF. O decreto assinado por Lula (leia mais abaixo) permite que as Forças Armadas atuem na capital federal para a retomada da ordem pública. Antes da medida ser decretada, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal acionou a Polícia Militar para conter os manifestantes, mas não obteve êxito. LEIA MAIS E COMPLETO-https://bit.ly/3IvFDYv

domingo, 1 de janeiro de 2023

LULA É PRESIDENTE- “Democracia para sempre”, destaca Lula em discurso no Congresso Nacional- POR VIOMUNDO*

01/01/2023 - 15h58 Discurso do presidente Lula no Congresso Nacional Íntegra do discurso lido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional Pela terceira vez compareço a este Congresso Nacional para agradecer ao povo brasileiro o voto de confiança que recebemos. Renovo o juramento de fidelidade à Constituição da República, junto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros que conosco vão trabalhar pelo Brasil. Se estamos aqui, hoje, é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos ao longo desta histórica campanha eleitoral. Foi a democracia a grande vitoriosa nesta eleição, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu; as mais violentas ameaças à liberdade do voto, a mais abjeta campanha de mentiras e de ódio tramada para manipular e constranger o eleitorado. Nunca os recursos do estado foram tão desvirtuados em proveito de um projeto autoritário de poder. Nunca a máquina pública foi tão desencaminhada dos controles republicanos. Nunca os eleitores foram tão constrangidos pelo poder econômico e por mentiras disseminadas em escala industrial. Apesar de tudo, a decisão das urnas prevaleceu, graças a um sistema eleitoral internacionalmente reconhecido por sua eficácia na captação e apuração dos votos. Foi fundamental a atitude corajosa do Poder Judiciário, especialmente do Tribunal Superior Eleitoral, para fazer prevalecer a verdade das urnas sobre a violência de seus detratores. Queridos amigos e amigas, Ao retornar a este plenário da Câmara dos Deputados, onde participei da Assembleia Constituinte de 1988, recordo com emoção os embates que travamos aqui, democraticamente, para inscrever na Constituição o mais amplo conjunto de direitos sociais, individuais e coletivos, em benefício da população e da soberania nacional. Vinte anos atrás, quando fui eleito presidente pela primeira vez, ao lado do companheiro vice-presidente José Alencar, iniciei o discurso de posse com a palavra “mudança”. A mudança que pretendíamos era simplesmente concretizar os preceitos constitucionais. A começar pelo direito à vida digna, sem fome, com acesso ao emprego, saúde e educação. Disse, naquela ocasião, que a missão de minha vida estaria cumprida quando cada brasileiro e brasileira pudesse fazer três refeições por dia. Ter de repetir este compromisso no dia de hoje – diante do avanço da miséria e do regresso da fome, que havíamos superado – é o mais grave sintoma da devastação que se impôs ao país nos anos recentes. Hoje, nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta Nação levantou, a partir de 1988, vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício de direitos e valores nacionais que vamos dirigir todos os nossos esforços. SENHORAS E SENHORES, Em 2002, dizíamos que a esperança tinha vencido o medo, no sentido de superar os temores diante da inédita eleição de um representante da classe trabalhadora para presidir os destinos do país. Em oito anos de governo deixamos claro que os temores eram infundados. Do contrário, não estaríamos aqui novamente. Apoie o VIOMUNDO Ficou demonstrado que um representante da classe trabalhadora podia, sim, dialogar com a sociedade para promover o crescimento econômico de forma sustentável e em benefício de todos, especialmente dos mais necessitados. Ficou demonstrado que era possível, sim, governar este país com a mais ampla participação social, incluindo os trabalhadores e os mais pobres no orçamento e nas decisões de governo. Ao longo desta campanha eleitoral vi a esperança brilhar nos olhos de um povo sofrido, em decorrência da destruição de políticas públicas que promoviam a cidadania, os direitos essenciais, a saúde e a educação. Vi o sonho de uma Pátria generosa, que ofereça oportunidades a seus filhos e filhas, em que a solidariedade ativa seja mais forte que o individualismo cego. O diagnóstico que recebemos do Gabinete de Transição de Governo é estarrecedor. Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, a Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública, a proteção às florestas, a assistência social. Desorganizaram a governança da economia, dos financiamentos públicos, do apoio às empresas, aos empreendedores e ao comércio externo. Dilapidaram as estatais e os bancos públicos; entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a estupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas. LEIA TODO TEXTO-https://bit.ly/3hZxtwM

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

PRESOS BOLSONARISTAS SUSPEITOS DE VANDALISMO EM BRASÍLIA - 🔴 ICL ENTREVI...

Obrigado, Pelé! por 247

Foi um gênio como jogador de futebol. O que não tem nada a ver com a pessoa. Nada tira dele tudo o que ele nos deu, tudo que ele deu ao futebol, diz Emir Sader Emir Sader Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros Por Emir Sader Quem teve a sorte de nascer nos anos 1940, teve o privilégio de ver toda a carreira do maior jogador de futebol de todos os tempos. Para quem não teve esse privilégio, parece um acontecimento entre outros na vida de alguém. Mas para quem gosta de futebol, foram vivências inesquecíveis na vida de alguém. Para quem viveu essa longa e maravilhosa carreira, não tem nenhuma dúvida que Pelé foi o melhor jogador de futebol de todos os tempos. Essas vivências começaram muito cedo na vida dele, tinha 15 anos, já maravilhava a todos no Santos. Era difícil jogar contra o time do Pelé, mesmo sendo torcedor do único time que dividia os campeonatos daqueles tempos - o Palmeiras, time para o qual torço. Não havia como não reconhecer as jogadas geniais do Pelé. Um jogador que, desde cedo, chutava com os dois pés com a mesma habilidade. Cabeceava muito alto, mesmo não tendo grande altura. Driblava como nenhum jogador o fazia. Fez gols geniais, driblando desde a defesa até o ataque e o gol. Para os brasileiros, logo tivemos a consagração, com a insuperável atuação dele na Copa da Suécia, moleque ainda de 17 anos, fazendo jogadas geniais, para qualquer jogador, de qualquer idade. Depois conduziu o Brasil a ganhar três campeonatos mundiais. Ele, o único jogador a ganhar três Copas do Mundo: as de 1958, 1962 e 1970. Felizmente estão aí as antologias das incomparáveis jogadas que ele fez, inventou, criou, recriou. Senão seria impossível contar a outras gerações as geniais jogadas dele. Pelé foi o jogador perfeito, por chutar com os dois pés com a mesma habilidade, por driblar para todos os lados, por lançar para outros, por fazer tabelinhas mágicas. Quase que reinventou o futebol. Nascemos e crescemos, por muitas gerações, acostumados a vê-lo, nos estádios e na televisão. No Brasil e encantando o mundo. Consegui resultados impossíveis com o seu Santos, derrotando os principais times do mundo, pela seleção brasileira, fazendo, naquele momento, do Brasil o país do futebol. Foi um gênio como jogador de futebol. O que não tem nada a ver com a pessoa. Nada tira dele tudo o que ele nos deu, tudo o que ele deu ao futebol. Recordando de ver seus jogos, com o outro gênio, o Garrincha, ou com o seu companheiro de tabelinhas, o Coutinho, ou revendo os filmes da sua carreira, lhe agradecemos por tudo o que ele fez por nós e pelo futebol. Obrigado, Pelé!
https://bit.ly/3G3w2Fx

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

O DONO DA BOLA-REVISTA CONTINENTE- RECIFE- PE



https://bit.ly/3hdI5Yc     Ilustração: Rafael Olinto


O DONO DA BOLA

TEXTO RONALDO CORREIA DE BRITO

07 DE DEZEMBRO DE 2022



Fui dono de uma bola de couro oficial. Alguém que desconhecia os meus talentos resolveu me dar esse presente de aniversário, quando eu era menino. O dono da bola é um cara de prestígio, joga todas as partidas e até escolhe o time. Fui exceção entre os moleques de rua, todos preferiam não brincar com a minha bola a permitir que eu jogasse com eles. Bullying? Nada disso, o motivo verdadeiro era eu ser muito ruim, não chutava, não driblava, fazia gol contra e cometia faltas nos companheiros de time.
Quando tinha sete anos levei uma bolada no olho direito, sofri lesão na córnea, que me acompanha até hoje. Minha mãe fez promessa com Santa Luzia para eu não perder a vista. Nunca paguei a promessa e acho que por isso tenho a visão complicada.
Terá sido culpa da mártir, a que arrancou os próprios olhos e foi decapitada por conta de sua fé em Cristo? Não, de jeito nenhum, o negligente fui eu mesmo. Mamãe prometeu comprar a imagem da santa milagrosa e preferi roubá-la no santuário de uma tia avó, também sofredora da vista. Depois do roubo, as más línguas falaram que a pobre velhinha ficou cega. Lá no alto do céu não consideraram a promessa quitada. Ainda sofro dos olhos e, na família, todos me julgam um ladrão de antiguidades.
Não sei se por conta da bolada ou do sacrilégio religioso, tornei-me um fracasso em assunto de futebol. Faltou-me vocação para a maior cultura do povo brasileiro. Naquele tempo ainda não se falava nerd, mas sempre fui um sujeitinho aferrado aos livros, à música, ao cinema, ao teatro, e gastava as horas estudando. Nunca me revelei nas brincadeiras de pião, bola de gude, pingue-pongue, barra bandeira, não aprendi a empinar pipa, nadava mal e não sabia montar os pangarés da fazenda dos tios e da avó. Para desgosto do pai tornei-me uma vergonha em qualquer modalidade de esporte.
O time de futebol da minha cidade se chamava Magarefe, os jogadores eram açougueiros e batiam bola aos domingos, num campo próximo à rua onde eu morava. No final da tarde, já escurecendo, eles retornavam das pelejas calçando chuteiras, sem as camisas dos ternos, suando e fedendo mal como as carnes podres que vendiam no açougue. Desfilavam pela calçada, feios e barulhentos, proferindo insultos e palavrões. O mal cheiro impregnou-se em minha memória e nunca consegui dissociá-lo do futebol.
Se busco compreender os meus entraves futebolísticos à luz da psicanálise, concluo que os devo aos sentidos da visão e do olfato. Eles foram agredidos pelos jogadores feios, sujos, barulhentos, grosseiros e malcheirosos. Trata-se de motivo bem mais relevante do que a cartilha de esquerda dos anos de ditadura militar, quando éramos instruídos a não torcer pela seleção brasileira, num evidente patrulhamento.
Vocês não imaginam o que sofri na Copa de 1970, morrendo de vontade de assistir aos jogos na tevê em preto e branco da vizinha, mas instruído a não cair na tentação fascista, pois o Mundial se tornara um instrumento de propaganda dos militares.
O futebol também se misturou com as coisas do céu, as rezas, as velas acesas e uma imagem em porcelana de Nossa Senhora Aparecida, que ganhei de uma tia na primeira comunhão. A padroeira do Brasil ocupava o seu lugar de honra em cima de um rádio Philips comprado pelo pai, quando ainda morávamos no sertão. Na euforia de um gol, a santa caiu do seu posto e espatifou-se em mil cacos. Pobrezinha.
Chegado aos 70 anos, resolvi os meus conflitos com o futebol, a bola e os Mundiais. As pessoas me cobravam ser um torcedor, morrer por um time, vestir verde e amarelo durante a Copa e assistir aos jogos enturmado, bebendo cerveja e roendo as unhas dos pés. Não torço por nenhuma seleção e não sofro ansiedade pelos resultados. Gosto de ouvir os fogos, os gritos, e me comovo com a euforia das pessoas. Participei com alguns argentinos de uma mesa sobre futebol, na Alemanha. Não abri a boca, só fiz rir.
Não cobro de ninguém que se comova assistindo ao filme turco Quatro gerações, um longa-metragem de duas horas e meia, que parece durar quinze minutos, tão emocionante ele é. Não alicio os amigos para o culto a Tarkovsky, um cineasta russo. Não tento os inimigos dos livros a lerem as dezenas de escritores que leio e releio num verdadeiro ato de fé. Alguém acredita que se possa perder o sono depois de ler o ensaio de Edmund Wilson sobre o simbolismo? Eu perdi.
Estamos quites torcedores brasileiros. Não cobro nada de vocês. Mas também não reclamem por eu ter dormido durante o tedioso jogo entre o Brasil e a Suíça, em que nem o Pombo Richarlison conseguiu me empolgar com seus arrulhos.

sábado, 10 de dezembro de 2022

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Pepe Escobar: o Brasil e o mundo multipolar em 2023 BRASIL 247


Um diagnóstico e perspectivas para o Brasil diAnte de um mundo multipolar.
OS BRICSPLUS E O BRASIL.
LULAR um líder da América Latina..
BRASIL TERÁ NOVO PROTAGONISMO MUNDIAL
Uma nova América para os Americanos do sul
BRAVO LEO E PEPE!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

PROTESTOS NA COPA22 QATAR -PORTAL T E R R A LGBTQIA+

 




Foto: Reuters/Matthew Childs

l1nq.com/rGdOD

PROTESTOS OCORRIDOS NA COPA,PELO NÃO MENOS Mario Ferri.
HÁ QUE CONSIDERARCONTRADIÇÕES ACERCA DO CONTEÚDO IDEOLÓGICO,
COMO: IRÃ E DA UCRÂNIA,ENTRE OUTROS. 
CONTUDO ESQUECERAM: FEMINICÍDIO-ECOLOGIA, -FOME  .
SÃO TANTOS QUE DIANTE DA DITADURA DO QATAR .DESTAQUE-SE A 

HOMOFOBIA HIPÓCRITA,DO QATAR,POIS LÁ EXISTE,E COMO  EXISTE.

POR BAIXO DOS PANOS. 
PODE NÃO SER  ADMITIDO, MAS NÃO HÁ NO MUNDO A 
AUSÊNCIA DA HOMOSEXUALIDADE E/OU MULTISEXUALIDADE-ISTO
 É  DO HUMANO E DOS VERTEBRADOS. NO FUTEBOL,ENTÃO 
PROLIFERA-SE.É ALGO TÃO NORMAL QUANTO A HETEROSEXUALIDADE
.AINDA TEMOS MUITO A APRENDER  P.VASCONCELOS

..........

Torcedor que invadiu gramado da 

Copa do Mundo também protestou em 

2014 e 2010

Mario Ferri, italiano que invadiu partida de Portugal x 

Uruguai com bandeira LGBTQIA+, tem experiência em

 manifestações do tipo



O italiano Mario Ferri, de 35 anos, ganhou visibilidade 
internacional nesta segunda-feira, 28, ao invadir o gramado da 
Copa do Mundo do Catar, na partida 
entre Portugal e Uruguai com uma bandeira em 
apoio à causa LGBTQIA+. Mas essa não é a 
primeira vez, nem a segunda, que o torcedor paralisa 
uma partida de futebol para se manifestar.

  • Na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, o italiano invadiu 

Fonte Nova, em Salvador. Na ocasião, Mario customizou
 sua camisa com as hashtags "salvem as crianças 
da favela" e "Ciro vive", fazendo menção a um torcedor
 italiano morto durante uma confusão antes da decisão 
da Copa Itália daquele mesmo ano.
Antes disso, em 2010, ele também chamou a atenção. 
No Mundial da África do Sul, ele paralisou o jogo 
durante a semifinal entre a Espanha e a Alemanha. 
Na ocasião, Ferri chegou a usar uma cadeira de rodas 
para ficar mais próximo do gramado e, assim, conseguir 
mais brecha para agir. Ele foi multado.

O jogo entra Bélgica e os Estados Unidos na Arena 
Ferri costuma agir além dos Mundiais que o italiano 
deixou seu recado e tem até um registro ao lado de 
Lionel Messi, de quando invadiu o gramado da 
Champions em jogo entre Barcelona e Manchester
 United. Além de burlar seguranças e usar o gramado 
como espaço de protesto, o italiano, conhecido como 
"Falco" também é apostador, influenciador e atleta. 
Em suas redes sociais, ele se considera um 
"pirata moderno" e compartilha parte de sua rotina -
 que inclui, ainda, ser "pai" de cabra.

No Catar

Neste ano, no ato batizado de "a última dança", 
o italiano Mario Ferri  usa uma bandeira com as cores 
do arco-íris e uma camisa com as frases "respeito 
pelas mulheres iranianas" e "salvem a Ucrânia". 
No Catar, a homossexualidade é considerada crime 
e o país também tem um longo histórico de 
violações dos direitos humanos.

Após a invasão, o homem foi contido pelos seguranças e jogou a bandeira 
no gramado. O item foi retirado doLocal e recolhido.Em suasuas 
redes sociais, nesta terça-feira, 29, ele compartilhou um 
manifesto sobre o ato, reafirmando suas mensagens sobre o Irã, 
a Ucrânia e as repressõesfrente à causa LGBTQIA+ na Copa do Mundo do Catar. 
Além disso, ele afirmou que não encarou nenhuma 
consequência legal. "Estou livre", garantiu.

A Copa no Catar vem sendo criticada devido à postura do 
país frente com relação às liberdades individuais. 
Como protesto, algumas seleções planejavam usar 
braçadeiras em apoio à comunidade LGBTQIA+, 
mas a iniciativa foi vetada pela Fifa, que ameaçou
 punir aqueles que protestassem.

Após muitas críticas, na semana passada a sede do 
torneio abandonou parte da postura restritiva. Com o 
início da segunda rodada da fase de grupos desde a
 sexta-feira, 25, torcedores que quiserem expressar
 apoio à comunidade LGBTQIA+ com camisetas, 
bandeiras e símbolos semelhantes não devem mais
 ser incomodados pelos seguranças. No gramado, 
entretanto, a braçadeira "One Love" continua sendo tabu. 
*Com informações de Lance


Fonte: Redação Terra  l1nq.com/rGdOD