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quinta-feira, 14 de julho de 2011

O sonho americano já aconteceu?

Tiago Bartolomeu Costa IPSILON PT



Pela segunda vez em Portugal, os nova-iorquinos TEAM apresentam uma deambulação poética e desencantada pelos mitos americanos. Os que eles construíram e os que nós aceitámos
Quando encontrámos Rachel Chavkin, no início de Abril, em Nova Iorque, a directora artística do colectivo TEAM (Theater of the Emerging American Moment), que hoje chega à Culturgest para a estreia mundial de Mission Drift (até sábado), disse-nos que estava ainda "muito confusa sobre como pensar o que é realmente o mito americano". Perguntámos-lhe se era algo parecido, e tão indefinível como "a alma russa", que há séculos autores e filósofos procuram explicar. Rachel disse-nos que "a história dos Estados Unidos da América, às vezes, parece não nos pertencer".

Foi para perceberem o que são, mais do que de onde vêem, que os TEAM começaram a investigar. Chegaram a Las Vegas, ao fim da linha. Ao sonho americano? "Provavelmente", disse-nos então Rachel. "Há em Las Vegas algo de profundamente absurdo, e essa imagem mítica de que tudo é possível colou-se-nos à pele. Somos realmente assim: excessivos?"

Hoje, quem for à Culturgest, em Lisboa, vai poder ler no programa que, através dessa dúvida, a companhia começou a reconstruir uma hipótese de passado. Um passado de que, provavelmente, nunca quiseram saber, e um presente com o qual não se identificam: "O que é que distingue o capitalismo americano? Não consigo tirar da cabeça a imagem do mapa do nosso país. Somos tão grandes. Frederick Jackson Turner em The Significance of the Frontier in American History escreveu que a história do desenvolvimento da nação é a história de colonos que avançam cada vez mais para oeste, tornando-se assim menos europeus e mais americanos. Há nisto algo de simultaneamente doloroso e ousado."

Desejo de evasão

Rachel Chavkin diz que "os últimos dez anos foram essenciais para a América". Não se refere especificamente à imagem exterior que os anos Bush criaram na opinião pública, nem ao 11 de Setembro, embora vá dizendo que nunca mais foi igual em Nova Iorque. Fala do modo como "internamente fomos obrigados a pensar-nos". "Hoje já não sentimos tanta vergonha em sermos americanos, mas podemos envergonhar-nos com muitas coisas que fazemos." Rachel é também professora e é isso que vai encontrando nos discursos dos seus alunos de teatro. "Há um desejo de evasão, mas para onde?"

A peça, a segunda que a companhia apresenta em Portugal - em 2009 trouxeram Architecting, também na Culturgest - é uma reflexão sobre o território enquanto materialização da identidade americana, e o discurso - o das ruas, o estrangeiro, o político, o artístico - enquanto forma de expiação dos seus males. A começar pela economia. Se hoje se pode dizer que Mission Drift "ocupa o espaço entre o mito da fronteira e a realidade dos seus custos, que é a corrente subterrânea de grande parte da identidade americana, pelo que não é uma análise directa do colapso financeiro", em Abril Rachel Chavkin dizia-nos que "é preciso pensar o modo como a economia nos define". Estávamos em plena crise política. O Presidente Barack Obama ameaçava parar o Governo caso o Orçamento do Estado não fosse aprovado no Congresso. Nas ruas só se discutia isso. Rachel falava-nos de como um país pode parar. E de como, nesse caso, o teatro pode fazer muito pouco.

O método de trabalho do colectivo TEAM vive desse confronto com a realidade, e de um modelo de funcionamento que implica olhares demorados, contraditórios e uma responsabilização. As cenas que criam a partir dessas discussões demoram a encontrar o seu lugar na estrutura do espectáculo. E o texto vai passando pelos vários actores até encontrar o seu lugar certo. "É um método muito caótico para quem vê de fora, mas permite-nos aprofundar os temas que queremos tratar."

É isso que distingue o seu trabalho e, de certa forma, justifica que tenham encontrado mais apoios na Europa do que nos Estados Unidos, onde o sistema de apoios às artes é bastante mais complexo do que o conjunto dos sistemas europeus. "Sim, é verdade que temos sido muito bem recebidos na Europa. É como se percebessem o que queremos dizer." Esse desencanto, que transformam em canções como Burning Las Vegas (disponível no YouTube) ou em cínicas alegorias, como o casal protagonista, holandeses imigrantes que chegam a Nova Amesterdão (a actual Nova Iorque) e se propõem atravessar o país - e a história - em direcção ao Oeste.

Amargura no olhar

O que fazem, e como o fazem, traz uma amargura no olhar, um desencanto explícito, uma distância que parece recusar aquilo com que mais se identificam. E, ao longo desta viagem pelo capitalismo americano através de canções, ballet, tiros para todos os lados e muito luxo, o que descobrem é o que Rachel define como "a verdadeira alma americana: o vazio".

"Las Vegas é isso: como é que se pode construir um mundo no meio do deserto? Para dizer o quê? E para quem?", pergunta-se, sem, no entanto, recusar a ideia de que a espectacularidade "ilude muito coisa".

É isso que guardam, "porque é assim que nos vêem". "Um cruzamento entre a MTV e a avant-garde", escrevem no programa, numa altura em que a própria MTV é um mito e sobre a avant-garde não se sabe onde acaba ou começa.

"Somos o nosso próprio mito, a nossa própria missão, o nosso próprio destino", diz-nos Rachel, deixando que a entoação com que o diz possa parecer uma pergunta.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Especial - Ademir Assunção - Eu quero ser pluma na pele dos meu amigos

13 de julho de 2011
Por: Rodrigo Brandão
clique no título
Especial - Ademir Assunção - Eu quero ser pluma na pele dos meu amigos

Não se trata de título. São versos. Vêm do belíssimo Aqui Jazz o Poeta, do livro Zona Branca, do jornalista e, obviamente, poeta araraquarense Ademir Assunção. De modo que há controvérsias sobre ter nascido em Araraquara. O vagão... Nasceu vagando? Depois de trabalhar em uma série de veículos da chamada grande imprensa – Folha, Estadão, Veja (“o pior lugar em que já que trabalhei; revista manipuladora do caralho”) –, Ademir, companheiro de boemia de Paulo Leminski (de quem foi bastante amigo) e Itamar Assumpção, vaga hoje em São Paulo pelo mundo da poesia. Aliás, Aqui Jazz é flor no deserto. Versa sobre a alegria, quando o universo dos poetas, salvo exceções, rege-se por nostalgias, bucolismos e melancolia. “Sorrindo (como pôr-do-sol)”, canta outro trecho do poema. Origem? Pouco importa. “Só porque a alegria é um dom”. Ademir é filho ilustre. “Só porque ou sim ou não”.

Inspiração para livros vem do cheque, diz João Ubaldo na Flip


RETIRADO DO TERRA
Claudia Andrade
Direto de Paraty























O baiano João Ubaldo Ribeiro foi responsável por uma das mesas de debate mais divertidas da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) até agora. Em pouco mais de uma hora de evento, arrancou gargalhadas do público em diversos momentos ¿ incluindo alguns em que se perdia nas respostas ¿ e ouviu o tradicional "aaaah" de pesar quando o moderador anunciou o fim do bate-papo. Contou histórias, revelou preferências e foi extremamente franco sobre seu processo de criação. Em certo momento, admitiu que a origem dos livros está na encomenda feita pelos editores. "Cheque gera inspiração", afirmou.

Em seguida, passou a relatar como foi feito o convite para escrever A Casa dos Budas Ditosos. Disse que, inicialmente, foi chamado para escrever sobre a preguiça como pecado. "Eu disse: não faço. Fiquei ofendido. Só porque sou baiano?". Depois do episódio, pensou em escrever sobre a luxúria, o que acabou ocorrendo. "A fonte de inspiração chegou junto com o contrato. E eu, para não deixar a inspiração se esvair, endossei o cheque e depositei".

Sobre um de seus principais livros, Viva o Povo Brasileiro, negou ter tido a intenção de "reescrever a história do Brasil do ponto de vista do dominado", como muitos creem. Contou que a primeira motivação foi fazer um livro extenso, em resposta a um editor que lhe disse que escritores brasileiros só faziam "livrinhos para serem lidos na ponte aérea". "Eu gostaria de ter uma história mais bonita pra contar, mas a gênese do Viva o Povo Brasileiro foi fazer um livro grande para esfregar na cara do Pedro Paulo (Sena Madureira, então na Editora Nova Fronteira)", disse. "Não quis reescrever a história do Brasil. Quis escrever um romance bem escrito, caprichado e grosso", completou, lembrando que chegou a pesar os originais, segundo ele, com 6,7kg.

João Ubaldo afirmou que os rumos da história nem sempre seguem a ideia inicial. "É frequente que eu queira que um personagem morra e ele não morre, que ele case e ele não casa". E brincou sobre a curiosidade que algumas de suas narrativas despertam no público. "Sempre me perguntam como eu pude descrever tão bem uma cena de sexo entre dois homens (em O Sorriso do Lagarto). Passei a responder que eu treinava com amigos".

(Des)gosto por Guimarães Rosa
Questionado sobre a influência que teria tido de Guimarães Rosa, especialmente em Sargento Getúlio, João garantiu que "jamais tinha sequer chegado perto" de um livro de Guimarães Rosa na ocasião. E fez uma revelação: quando leu pela primeira vez um trabalho escritor carioca, não gostou. "Devo dizer que ele não está entre os autores de meu maior afeto. Não porque seja menor, secundário, mas porque não me fala nada".

Para demonstrar melhor esse sentimento, ele descreveu sua tentativa de ler Primeiras Estórias, de 1962. "Eu tenho um ódio mortal a essa palavra 'estórias'! Queria jogar fora imediatamente. Acabei abrindo em uma página qualquer que dizia: 'a viagem fora planejada no feliz'. Eu pensei, 'não dá'".

Depois de mais uma vez arrancar risadas do público, fez questão de deixar claro: "eu queria diferenciar minha idiossincrasia em relação a Guimarães Rosa da importância dele na literatura brasileira. Eu seria um desvairado se dissesse que ele não teve importância", concluiu.

terça-feira, 12 de julho de 2011

O RIO É A CIDADE!!!!




-imagem retirada do blog -http://bit.ly/nGPAs4 -















Como paraibucanosampista, digo: nasci na Paraíba, cresci em Recife e vivo em sampa a 30 anos, o Rio é a cidade linda, sua brasilidade é comovente!!!!!!!!!
É um vasto hibridismo cultural, de todas as partes do Brasil, sobretudo da Paraíba e Ceará, e de todos os paises do mundo.
A paisagem é bela, sempre.
Fazia sete -7_ anos que não ia ao Rio, foi um assombro.
Arte e Cultura, o povo batucando, as ruas limpas, na medida do possível, um metro alegre descontraído.
As UPPS funcionando.
Fiquei ao lado da favela Pavãozinho, o hotel é que foi decepcionante um tal de DUCASSE, na Sá Ferreira, mas relevei face a cidade e ao clima de minhas férias.
A livraria Travessa é um monumento Brasileiro, aconchegante variada e que põe a L. Cultura no solado.
O falar- o jeitinho simpático Carioca,a chatice engraçada das madames decadentes cariocas de Copa e seu óculos de baratas , enormes , maiores que elas e, os bares, botecos,o bolinho: de bacalhau supimpa, de aipim com charque, a caipirinha de lima, o jogar na calçada cartas, o lixeiro cantando, o apoio ao bombeiros pela população, enfim um monte de coisinhas que fazem o Rio algo estonteante, afora , claro seu verde e a água, paisagem dos Morros.

sábado, 9 de julho de 2011

Paraty e representante da Argentina

A argentina Pola Oloixarac em Paraty

Pola Oloixarac e valter hugo mãe debatem obras de ficção na Flip
Para escritora argentina, romances são espécie de 'laboratório' de ideias.
Livros devem ser sobre pessoas, 'o que há de melhor no mundo', diz

A argentina Pola Oloixarac e o angolano valter hugo mãe foram os protagonistas da segunda mesa desta sexta-feira (8) da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Mediado por Angel Gurria-Quintana, o bate-papo começou com a leitura de um trecho de "As teorias selvagens" pela própria autora.
"Gosto de pensar a cultura como um espaço em guerra. Uma guerra por significados, desejos, conhecimento. É isso o que me interessa. Quero abrir esse diálogo com esse tipo de substância contemporânea. Tinha a sensação de que, para entrar nesse diálogo, seria importante ter um tipo de imaginação política", comentou Pola sobre a obra.

A escritora Pola Oloixarac participa de mesa da Flip (Foto: Flavio Moraes/G1)
Ela conta que precisou romper com as tradições da literatura latino-americana para chegar à ideia principal de seu livro. "Precisei me isolar, pois esse tipo de literatura é muito rigorosa, segue uma linha muito certa, disciplinada e com um certo nível de militância. Queria me afastar disso".
Segundo ela, a escrita é uma espécie de "monstro", que lhe permite fazer tudo. "Me interssa o romance como um laboratório, um lugar que em que você pode pensar e brincar com as idéias, pois são elas que vão formar a escrita".
valter hugo mãe também leu trechos de seu livro "A máquina de fazer espanhóis" e também comentou seu processo criativo e sua relação com a cultura.
"Acredito que o escritor procura substituir com a literatura tudo aquilo que lhe falta. Não uso livros para reprouzir a minha vida, por exemplo. Não julgo que seja tão interessante assim para que vire um livro, um filme ou mesmo um festival inteiro de cinema. Não creio que eu seja um James Bond, com uma vida cheia de aventuras. Livros têm que ser sobre o que não tenho, o que não sou. Algo que percebemos de melhor no outro. E sobre as pessoas, que são o melhor do mundo", comentou.
O escritor angolano, que também é DJ e vocalista da banda de rock Governo, contou que reage não apenas aos livros que lê, mas também aos que escreve. "Perco um pouco a noção se é dia ou noite. Esqueço de comer, o que acaba sendo ótimo, porque emagreço. Fico muito dentro do livro. O escrever diverte, mas também conforta e faz bem", disse Mãe, que acrescentou: "É sempre o melhor tempo do meu ano e do meu próprio tempo".
Ao fim da mesa, o autor se emocionou e chorou ao ler um texto, com citações ao cantor e compositor, às novelas e às mulheres brasileiras, em que expressou sua relação de carinho e intimidade com a cultura brasileira. Foi aplaudido de pé pela plateia.
Postado por PAULO A C VASCONCELOS às 00:02

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