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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Cancillería uruguaya convocó al embajador brasileño en Uruguay para que explicara declaraciones de Jair Bolsonaro-URGENTE-

CHILE FACES DA CONTRADIÇÃO :A ÁGUA E O ABACATE El aguacate - DW Documental


DRUMMOND DIA D COMEMORAÇÕES IMS

foto IMS
O Instituto Moreira Salles -SP - Av Paulista 2424 sediará hoje comemorações ao poeta Carlos Drummond de Andrade.
Hoje data de seu nascimento 31.10.1902, faria 117 anos.Faleceu a 17 de agosto de 1987.
Drummond está no Pantheon mundial dos grandes poetas cuja obra vibra ainda, lateja em nós brasileiros,digo sobretudo em algumas classes sociais,.
Para mim ele é vivo e se constitui uma pedra fundante das minhas raízes poéticas e creio que para muitos outros.
Sua poética soa entre a filosofia e  a política,seja na poesia ou prosa.
Seu verso é duro, por vezes, mas trás consigo um contradito como: o suave da água sobre a pedra,
O poeta renovou a poética brasileira com nova sonoridade  com músculos de um verso denso, maduro.
Desde cedo o seu verso assim se apresentou como se equilibrasse entre a pedra de Minas e água marinha do Rio.
Ler Drummond é entrar nas vísceras de um Brasil contraditório,de seu povo igualmente.
Suas palavras são bem amoladas, afia-se até  na liquidez do córrego mantendo a inquietação especulante do poeta buscador.
Verseja entre gritos, rosas e ou víceras inconformadas.
Buscou a si, ao homem o que daí resultou sua obra.
Precisamos, urge relermos o poeta.
Para lembrarmos :


RESÍDUO

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.

Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?
...
http://bit.ly/2N0DZAJ

A verdadeira questão é a seguinte: o trabalho não pode ser uma lei sem ser um direito.” Luciana Hidalgo

L.hidalgo-Liv.Travessa


Sempre atenta e de lanterna nos olhos, nas mãos e fogo no escrever aqui está Luciana Hidalgo no seu Facebook Captura:


Meu marido me mostra esse trecho de “Os miseráveis”, de Victor Hugo, que o faz pensar no Brasil atual. Concordo e penso na longa estrada civilizatória que ainda temos a percorrer.
“O sofrimento engendra a raiva, e enquanto as classes prósperas preferem não ver ou dormem, isto é, fecham os olhos, o rancor das classes infelizes acende seu archote num espírito qualquer, triste ou deformado, que sonha num canto e se põe a examinar a sociedade. O exame rancoroso é algo terrível!
A partir daí, se as desgraças da época assim permitirem, acontecem essas assustadoras comoções populares antigamente chamadas “jacqueries” e em comparação às quais as agitações puramente políticas parecem brincadeira de criança, pois deixam de se limitar à luta do oprimido contra o opressor para ser revolta do mal-estar contra o bem-estar. E tudo desmorona. (...)
Foi diante desse perigo, talvez iminente na Europa do final do século XVIII, que agiu a Revolução Francesa, esse imenso ato de probidade.
A Revolução Francesa, o ideal armado com o gládio, se ergueu e num mesmo movimento brusco fechou a porta do Mal e abriu a porta do Bem.
Realçou a questão, promulgou a verdade, afastou o miasma, saneou o século, coroou o povo.
Pode-se dizer que ela recriou o homem, dando-lhe uma segunda alma, o direito. (...) O sentimento do direito, uma vez desenvolvido, desenvolve o sentimento do dever. A lei de todos é a liberdade, que acaba onde começa a liberdade do outro, segundo a admirável definição de Robespierre. Desde 1789, o povo inteiro se dilata no indivíduo sublimado. (...)
Não nos cansemos de repetir, deve-se antes de tudo pensar nas multidões deserdadas e sofredoras, aliviá-las, aerá-las, esclarecê-las, amá-las, alagar-lhes magnificamente os horizontes, prodigar, sob todas as suas formas, a educação, oferecer o exemplo do trabalho, nunca o exemplo do ócio, amortecer o peso do fardo individual aumentando a noção de meta universal, limitar a pobreza sem limitar a riqueza, criar vastos campos de atividade pública e popular, ter, como Briarée, cem mãos a estender aos sobrecarregados e vulneráveis, empregar a força coletiva nesse grande dever de abrir ateliês para todos os braços, escolas para todas as aptidões, laboratórios para todas as inteligências, aumentar o salário, diminuir a labuta, contrabalançar o que se deve e o que se tem, quer dizer, proporcionar prazer ao esforço e satisfação à necessidade, resumindo, fazer com que parta do aparelho social, em prol dos que sofrem e dos que ignoram, maior esclarecimento e maior bem-estar. Isso, que as almas afins não esqueçam, é a primeira das obrigações fraternais; isso, que saibam os corações egoístas, é a primeira das necessidades políticas.
E tudo isso, sejamos claros, é apenas um início. A verdadeira questão é a seguinte: o trabalho não pode ser uma lei sem ser um direito.”

Alerta en Chile; ¿enfermedad que se contagiará a tod...Detrás de la Razón:

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

AMAZÔNIA E EL CHACO A lenta morte do Gran Chaco




O programa Cartas sobre la mesa nos oferta uma visão do El Chaco.RT
Pouco falamos do CHACO, falamos da Amazônia, mas sobre tal região não sabemos sobre ela.
Todavia o Agronegócio bem sabe e explora desmedidamente.Há um extrativismo, gado, e a soja,entre outros..
A maior parte,por volta de mais de 60%, está com a Argentina, depois Paraguai, BolÍvia e pequeno trecho do Brasil.Até mesmo na web temos pouco material acessível, apelamos a Wikipédia conforme trecho abaixo.



Wikipedia

" O Chaco ou Gran Chaco (do quéchua chaku, "território de caça") é uma das principais regiões geográficas da América do Sul. Possui aproximadamente 1 280 000 km2 e abrange partes dos territórios da BolíviaArgentinaParaguai e Brasil.
Caracteriza-se por muitos ecossistemas e climas distintos, que variam dos pampas a florestas e semiárido. As temperaturas oscilam entre -7 °C no inverno e 47 °C no verão. O regime de chuvas também é bem diversificado, indo de 400 milímetros ao ano na região oeste até atingir 1 600 milímetros já próximo a Assunção, no Paraguai.
O nome dessa região deriva do termo "chacu", que na língua quéchua significa variedade e diversidade de coisas animadas ou inanimadas que existem" 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chaco

130 Anos do Chorinho no Brasil" Opinião Pernambuco - "

Os assassinos de Marielle obstruíram covardemente seus passos.



ELTON L L SOUZA Arquivo do autor

Marielle Franco Geledés

Diante do estopim lançado pela mídia  ontem nada como reler o que diz
 Elton.l.L de Souza em seu Face:

A PORTA DE MARIELLE
No Museu da Maré há um espaço dedicado a Marielle Franco. Na exposição que leva seu nome, foi escolhido um objeto singular para nos fazer lembrar a vereadora: nada mais nada menos do que a porta do seu gabinete .Enquanto era parte de seu gabinete, a referida porta era muito diferente de uma porta habitual, pois Marielle costumava colar mensagens nela, além de sempre mantê-la aberta àqueles que vinham procurar por sua ajuda.

Pela ação de Marielle , aquela porta continha uma potencialidade de sentidos. E “potencialidade de sentidos” é o outro nome pelo qual atende a poesia enquanto prática de ressignificar as coisas e o mundo. Pois poesia não é só versos: poesia também é produção de sentidos que podem transformar uma simples porta em um agente coletivo de enunciação . Quando um objeto é parte da produção de sentidos, ele deixa de ser coisa inerte e se torna expressão de um mundo, ao mesmo tempo objetivo e subjetivo, tangível e intangível. Transportada então para o interior do Museu da Maré, aquela porta se tornou um símbolo-mensagem do próprio ser de Marielle: porta aberta, receptiva, como seu sorriso.

Não por acaso, na mitologia era sob uma porta aberta, espaço de travessias, que se manifestava Hermes, a divindade associada à comunicação das mensagens que requerem a prática da interpretação. Em grego, “interpretação” se escreve “hermenêutica”: “atividade relativa a Hermes”. Mensagem não é a mesma coisa que informação. “A capital do Brasil é Brasília”, “dois mais dois é igual a quatro”, tais coisas não são mensagens. Mensagem é tudo aquilo cujo sentido requer a atividade de interpretação: “A palavra abriu o roupão para mim: ela quer que eu a seja”, este verso de Manoel de Barros não é informação, é mensagem. “O homem é um animal político”, outra mensagem. Mensagem não é para se decorar ou reproduzir, mensagem é para despertar nosso pensar e nosso sentir para aprendermos a ler mais do que frases ou palavras, e assim lermos também o mundo. Nem sempre mensagens se vestem com palavras, às vezes as mensagens vêm inscritas nas coisas ou são as próprias coisas portando sentidos a serem interpretados. Enquanto objeto exposto , a porta de Marielle é mensagem que simboliza o sentido da travessia e da abertura ao outro, sobretudo ao outro que é marginalizado, injustiçado, explorado, perseguido.

Os Museus Casa são espaços que já foram residência, quase sempre palácios e mansões, em geral de gente oriunda da elite. O museu Casa de Rui Barbosa, por exemplo, foi a casa de verdade de Rui Barbosa. Mas pessoas do povo como Cartola, Nelson Sargento, Lima Barreto, Maria Carolina de Jesus, e tantos outros, não tiveram casa para ser patrimônio musealizado. A casa deles é a favela, a cultura popular, a resistência, a criatividade e a inventividade do povo que luta. A porta de Marielle é parte de uma casa assim: uma casa plural, aberta, heterogênea.
Os assassinos de Marielle obstruíram covardemente seus passos. Mas a porta que ela simboliza , enquanto abertura à justiça, à educação e à cultura, esta porta nós não podemos deixar fechar.
( artigo publicado originalmente no site Ateliê de Humanidades:
https://ateliedehumanidades.com/)

terça-feira, 29 de outubro de 2019

O QUE PENSA OS ARGENTINOS DE BOLSONARO

URGENTE: STF vai investigar envolvimento de Jair Bolsonaro na morte de Marielle Franco




Chile: nueva jornada de protestas y fuerte represión policial

.


POR TELESUR

Una nueva jornada de represión policial se vive en Chile por parte de los carabineros contra los diversos sectores sociales que desde hace varios días toman las calles en exigencia de un cambio de modelo de desarrollo para el país suramericano. teleSUR

El Frasco, medios sin cura: Ey, neoliberalismo… Chile em destaque



Sensacional....sempre.
CHILE É O FOCO DENTRO DO NEOLIBERALISMO.
Contudo entra como sempre os EEUUxVENEZUELA
Além disto: Equador
Do chile fala neto de Allende

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Sophia de Mello Breyner Andresen


Sophia de Mello Breyner Andresen por Prosa e Verso


...Exata é a recusa/E puro  é o nojo


Em tempos difíceis,como atravessamos agora, nada melhor que poetar, viajar sobre águas de uma das mais séria e amada poeta portuguesa -Sophia de Mello Breyner Andresen-1919-2004. Apreendi-a nos famosos Gabinetes de português e Leitura, na época em Recife. Sua obra é fascinante e de uma paisagem seca ,mas de demasiado humanismo.A revista Prosa e Verso- http://bit.ly/344b2cP, nos relembra a poeta inesquecível, o verso acima curto, que era uma das suas características, entre tantas, sempre assombrou-me e disse para mim o que não posso traduzir, só e apenas sentir- Exata é a recusa/E puro  é o nojo


Arte Poética II
A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é uma arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência nem uma estética nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta.
Pois a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens. Por isso o poema não fala de uma vida ideal mas sim de uma vida concreta: ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sombra dos muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas, respiração da noite, perfume da tília e do orégão.
É esta relação com o universo que define o poema como poema, como obra de criação poética. Quando há apenas relação com uma matéria há apenas artesanato.
É o artesanato que pede especialização, ciência, trabalho, tempo e uma estética. Todo o poeta, todo o artista é artesão de uma linguagem. Mas o artesanato das artes poéticas não nasce de si mesmo, isto é, da relação com uma matéria, como nas artes artesanais. O artesanato das artes poéticas nasce da própria poesia a qual está consubstancialmente unido. Se um poeta diz «obscuro», «amplo», «barco», «pedra» é porque estas palavras nomeiam a sua visão do mundo, a sua ligação com as coisas. Não foram palavras escolhidas esteticamente pela sua beleza, foram escolhidas pela sua realidade, pela sua necessidade, pelo seu poder poético de estabelecer uma aliança. E é da obstinação sem tréguas que a poesia exige que nasce o «obstinado rigor» do poema. O verso é denso, tenso como um arco, exactamente dito, porque os dias foram densos, tensos como arcos, exactamente vividos. O equilíbrio das palavras entre si é o equilíbrio dos momentos entre si.
E no quadro sensível do poema vejo para onde vou, reconheço o meu caminho, o meu reino, a minha vida.
– Sophia de Mello Breyner Andresen. Arte Poética II foi publicado pela primeira vez em 21 de Janeiro de 1963. © 2011 Biblioteca Nacional de Portugal.
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
– Sophia de Mello Breyner Andresen, do livro “Coral e Outros Poemas” [seleção e apresentação de Eucanaã Ferraz]. São Paulo: Companhia das Letras, 2018

DCM-Na Argentina, nosso correspondente -DCM-conta como repercutiram as ofensas de...

Isto sim é arte !Simplesmente fantástico !Valmir Régis Agrestina - PE


Algo além de Macri começa a cair






Por Luis Bruschtein, no Página 12 |Tradução: Ricardo Cavalcanti-Schiel

Outras Palavras replica matéria , de antes da eleição dos Fernandez mostrando, argumentando conforme matéria original de Pag12 da Argentina. Bolsonaro e o chanceler Araujo por sua vez já se irritam com os resultados de ontem com xingamentos ao povo Argentino que elegeu Fernandez.Já era de se esperar.Vide matéria em Bolsonaro insulta argentinos que pedem Lula Livre e democracia no Brasil e mais Chanceler Ernesto Araújo ataca decisão soberana do povo argentino: "forças do mal estão celebrando"

http://bit.ly/31Nq0Cx

Claro: os jornais e TVs tardarão a admitir. Mas a impotência e solidão do presidente, a contar os dias que lhe restam, expressa também a crise de um projeto. Logo chegará a vez do Brasil – e o FMI, agora mais desacreditado, pouco poderá fazer

Para o presidente argentino Mauricio Macri, o resultado das eleições primarias “abertas, simultâneas e obrigatórias” (PASO) explica a disparada do dólar e o vazio de poder. Não é novidade que os processos se deem ao contrário do modo como o presidente os conta. Porque as PASO evitaram a explosão social para a qual o país inapelavelmente se dirigia, impulsionado pela crise inflacionária e pelo vazio de poder produzido pelo próprio governo. À diferença de outras situações drásticas, desta vez surgiu nas PASO a confirmação de uma alternativa política, o que gerou a esperança de uma saída pacífica e aliviou a tensão.
O próprio candidato opositor Alberto Fernández sugeriu às organizações sociais que o melhor era não sair às ruas até dezembro, o que, diante do descalabro acelerado que está em marcha, – e ainda que o peçam tanto o candidato quanto os dirigentes desses movimentos – não é muito mais que a expressão de um desejo. No cenário que se conforma, os mais atingidos, lançados entre a espada e a parede, reagem de maneira espontânea ou escolhem a via mais rápida para achar comida.
Na sugestão de Alberto Fernández fica subentendida a desconfiança que o macrismo agora representa, pelo seu desprezo às regras do jogo e sua absoluta falta de escrúpulo republicano, em que pesem as contínuas declarações públicas que faz no sentido contrário. O temor difuso é que uma mobilização popular neste momento se converta na desculpa do governo para desatar uma feroz repressão, como tem sido seu hábito, gerando uma escalada de violência. Esse quadro serviria então para justificar uma manobra de adiamento de uma eleição que a maioria do governo já dá por perdida.
Uma especulação como essa fundamenta-se nos precedentes concretos que dizem respeito ao atual governo, que não hesitou em difamar e perseguir qualquer oposição mais decidida, digladiou-se com suas lideranças e com a imprensa mais crítica, ao mesmo tempo em que palavreava coisas como “diálogo”, “pluralismo” e “tolerância”.
No entanto, esse raciocínio não conseguiria explicar o que Macri faria se conseguisse postergar a eleição. Seu governo não tem mais recursos, não tem mais credibilidade ou respaldo. Os operadores econômicos e as centrais sindicais não o reconhecem como interlocutor e até o Fundo Monetário Internacional prefere conversar com Fernández.
A combinação perfeita de inflação e fuga de capitais foi posta em marcha há quatro anos, na mesma semana em que Macri assumiu, quando as Letras do Banco Central (Lebacs) [títulos de curto prazo] subiram dez pontos e se levantaram as restrições à compra de dólares [que a antecessora Cristina Kirchner havia instaurado em 2011]. Com a supressão imediata das restrições, com a dolarização das tarifas dos serviços, da gasolina e do transporte, o governo nunca mais pôde frear nem a inflação – que ascendeu ao dobro daquela que havia recebido –, nem especulação e a fuga de capitais.

Em meados do ano passado, o governo do Cambiemos [a frente eleitoral de Mauricio Macri] já tinha acabado e teria explodido nesse momento se não tivesse recebido a ajuda do FMI. Trata-se, assim, de uma máquina de inflação e fuga de capitais que se alimenta da dívida como combustível. O que está acontecendo agora deveria ter acontecido antes das PASO. O que elas acabaram carreando foi um alento de esperança e alívio diante da confusão e inépcia de um governo extrapolado pela crise.

Perdido na escala do macro, o governo não prestou a menor atenção aos efeitos da crise nos setores mais vulneráveis. As manifestações de alguns dos membros da bancada governista no debate que aprovou o Estado de Emergência Alimentar em 12 de setembro último confirmam seu grau de insensibilidade. “A fome é uma sensação que depende de quem a tenha” ― ouviu-se no recinto. Ou então que “os desempregados (que seriam os famintos) são apenas uma minoria na sociedade”. O secretario da Cultura, Pablo Avelluto, reclamou que falar de fome era fazer campanha eleitoral. E a inefável ministra de Segurança, Patricia Bullrich, deu sua contribuição: “quem tiver fome, que vá aos bandejões”.
Por fim, o Estado de Emergência Alimentar foi aprovado na Câmara, e nesta semana será discutido no Senado. Depois disso, será preciso regulamentá-lo, para então aplicar seus dispositivos. Trata-se de ampliar o apoio aos bandejões populares, à merenda escolar e a todos os demais programas relacionados à alimentação.
Não teria sido preciso a mobilização e a urgência no trâmite desse dispositivo, nem a ação do Legislativo, se o governo tivesse tomado, por conta própria, uma decisão tão obviamente indispensável. A prioridade é atenuar o drama humanitário, mas o que se promove, de quebra, é a estabilidade institucional. Fechado no seu classismo de garotos ricos, o governo sequer se dá conta de algo que poderia favorecê-lo.
As PASO não fizeram o dólar disparar, nem geraram vazio político. O que, sim, os produziu, tal como no conto, foi o efeito “o rei está nu”. Todo o castelo de propaganda e mentiras construído pela mídia e por jornalistas pró-governo – sobre o qual se assentava sua pretensa “superioridade moral” – desmoronou quando a crise acendeu a luz da realidade.
E isso teve um efeito de derrota moral e simbólica porque foi exatamente Cristina Kirchner, a mais difamada, insultada, perseguida e fustigada durante os quatro anos de governo macrista, a que desenhou o plano de voo maciçamente acolhido nas eleições. E por isso, ela terá um lugar destacado daqui para frente.
Tudo o que a mídia e os jornalistas disseram, tudo o que maquinaram os agentes do Judiciário foi, de repente, desprezado na cabine de votação. Sem essa fantasia, tudo o que restou para eles foi a imagem de uma turba de milionários medíocres que faziam grandes negócios enquanto o país era destruído.
No governo já reconhecem que estão de saída, resignados e contando os dias que faltam. Restam-lhes ainda alguns votos, mas já não têm mais hegemonia. Esses são votos silenciosos, envergonhados. As projeções os estimam em 35%, enquanto Alberto Fernández já passa dos 50%. Como ainda têm a obrigação de chegar a outubro, e depois se arrastar até dezembro, a estratégia de Cambiemos [a frente de Macri] tentará fazer com que a opositora Frente de Todos não alcance os 45%. Essa redução de diferença lhes permitiria passar para um segundo turno em que poderiam recolher mais alguns apoios.
Do outro lado, Alberto Fernández tentará passar dos 50 pontos, para gozar de um respaldo contundente que lhe permita vencer os primeiros meses e uma dura negociação com o FMI.
Os números ainda podem evoluir. Macri faz campanha sozinho. Na sexta-feira, ele tinha que inaugurar um trecho da estrada Pilar-Pergamino. Lá estava apenas Javier Martínez, o prefeito de Pergamino. Nicolás Ducoté, proeminente figura de Cambiemos na província [Estado] de Buenos Aires e prefeito de Pilar, ficou em cima do muro depois que circulou um vídeo em que alguns de seus correligionários mostravam como dividir a cédula de votação para poder voltar em Alberto Fernández.
A governadora, María Eugenia Vidal, tampouco apareceu. Preferiu se concentrar em Mar del Plata, onde seu candidato, Guillermo Montenegro, compete com Fernanda Raverta, da Frente de Todos [a frente opositora, liderada por Alberto Fernández]. Conforme seus colaboradores, a ideia de Vidal é, caso ganhe, converter Mar del Plata em um baluarte da Proposta Republicana (PRO) [o partido de Macri], de onde se poderia tentar reconstruir a força regional da frente Cambiemos.

Estamos vivendo possivelmente um momento de inversão da força do novo ciclo neoliberal da América do Sul. O opositor venezuelano Juan Guaidó, que Macri e os Estados Unidos reconheceram ilegalmente como presidente, apareceu em fotografias com traficantes colombianos. O jornal El Mercurio, do Chile, publicou uma matéria paga reivindicando o golpe de Pinochet, o que provocou una maré de manifestações de repúdio no país e em outros.

Em entrevista para o Página 12, Lula previu que as privatizações que Jair Bolsonaro, o piromaníaco da Amazônia, pretende realizar serão mais profundas que as de Carlos Menem na Argentina. “Vamos privatizar tudo, inclusive a Petrobrás” ― afirmou seu ministro da Fazenda, Paulo Guedes. Mas o governo de Bolsonaro, que se incendiou junto com a Amazônia, já não goza da mesma anuência internacional.
O novo ciclo neoliberal na América do Sul cede a ritmo acelerado, e não somente com Macri na Argentina. O mesmo acontece com Lenin Moreno no Equador, enquanto Rafael Correa recupera espaço. Parece ser um ciclo curto. Mas a destruição que deixará inclui presos políticos, dívidas calamitosas, destruição de riquezas irrecuperáveis e um rescaldo ideológico retrógrado e autoritário. O dano foi grande e a reconstrução não será fácil.

O capitalismo não morreu, apenas não está evoluindo. Pelo contrário, precisa urgentemente de elementos do socialismo,

Jean-Paul Fitoussi por WIKIPEDIA

A entrevista com JP Fitoussi mostra o caracol labiríntico que hoje vivemos nos oferece pista para pensarmos agora.leiam e ponderem.será?
http://bit.ly/2N9l31y

Em situações de risco, a intervenção do Estado é decisiva e a lição de Keynes é sempre atual. Como explica o economista Jean-Paul Fitoussi.Será
A entrevista é de Eugenio Occorsio, publicada por La Repubblica, 21-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
"O capitalismo não morreu, apenas não está evoluindo. Pelo contrário, precisa urgentemente de elementos do socialismo, a partir da consciência de que deve garantir uma maior proteção social. Caso contrário, corremos realmente o risco de uma revolução". Jean-Paul Fitoussi, nascido em 1942, guru da SciencesPo e há alguns anos professor na Universidade Luiss em Roma, durante muito tempo presidente da agência do Conseil d'analyse économique do Palais Matignon, passou a vida estudando as inter-relações entre a doutrina econômica dominante e a melhoria efetiva do bem-estar dos cidadãos. Ele acaba de publicar La neolingua dell'economia (A neolíngua da economia, em tradução livre, lançado em 3 de outubro na Itália pela Einaudi) dedicado aos aspectos deteriorantes do capitalismo.
E em 19 de novembro, está prevista a atualização do estudo "A medida errada de nossas vidas" resultado do trabalho da comissão "Beyond Gnp", que Fitoussi preside junto com Joseph Stiglitz na OCDE (os demais são Thomas PikettyEnrico Giovannini e Chiara Saraceno).

Eis a entrevista.

Professor, qual é o crime histórico do capitalismo que deve nos dar a sensação de estarmos sentados em um barril de pólvora?
Vou dar um exemplo. Há décadas o desemprego está entre nós, às vezes menor nas poucas ilhas de bem-estar, mas quase sempre de forma endêmica. E é como se a sociedade capitalista o tivesse assumido como um aspecto normal. É inevitável pensar que o desemprego seja funcional para a manutenção da estrutura capitalista; aliás, seja seu próprio motor: porque torna os trabalhadores menos fortes e de posse de menor poder de barganha do que os empresários, porque, ao manter baixa o nível dos salários aumenta aquele dos lucros e das rendas financeiras do produto nacional, porque penaliza a competitividade e, portanto, torna vulneráveis os países.
Quais são os perigos que se corre?
Banalmente os ataques da concorrência do exterior, mas depois o aumento das desigualdades, a expansão da pobreza, a deterioração da estrutura social e, portanto, da democracia. Nesse ponto, como eu disse, existe um risco concreto de revoltas internas que podem se tornar muito perigosas. O pior é que a história parece não ensinar nada. Sem ir muito longe, aqui na França tivemos a luta das banlieues, que produziam apenas melhorias marginais nas condições de vida das periferias, agora os coletes amarelos. Em relação aos quais, é verdade, Macron fez concessões, mas elas não são nada comparadas aos favores que ele fez aos ricos, desde a redução do imposto sobre a renda financeira às medidas sobre a herança e as casas de luxo. Em outros lugares a rebelião assume outras formas: a ultra-direita na Alemanha, o populismo na Itália, o BrexitTrump. Cada situação com suas armadilhas em termos de democracia e justiça social. O capitalismo ocidental está correndo o risco de perder o equilíbrio que o sustentava até hoje.
O último nome citado continua sendo o maior mistério: um bilionário se tornou o queridinho dos "trabalhadores" ..
Mas porque ele conseguiu convencê-los de que o perigo vinha dos imigrantes e da concorrência internacional desleal, como se os estadunidenses não protegessem sua indústria e sua agricultura. Nada mais absurdo. No entanto, olhando a história justamente nos Estados Unidos, encontramos o exemplo mais brilhante de solução para as crises, tanto aquela da década de 1930 quanto aquela recente das finanças. Uma intervenção maciça do estado resolveu os problemas, Keynes no estado puro.
O nome de Keynes reaparece o tempo todo, até mesmo entre os defensores do capitalismo liberal. Inadequadamente?
Certamente que sim, Je suis socialiste, não toquem em Keynes. Sua teoria era tão simples quanto vencedora: o estado deve intervir na economia quando os cidadãos estão em risco. Deve assumir cotas nas empresas, investir diretamente nas infraestrutura, assumir a responsabilidade nas situações mais desesperadas, melhorar e não acabar com as garantias sociais, os subsídios de desemprego, as certezas da proteção das aposentadorias por saúde. Chama-se política econômica. O capitalismo a médio prazo tira vantagem disso porque, no final, a estrutura do livre mercado é salvaguardada, mas passando através de fortes doses de socialismo.
Não para diminuir o nível da discussão histórica, mas as notícias nos fala de fortes controvérsias na Europa: esse intervencionismo estatal, do qual se sente a necessidade, deve passar pelo crivo de Bruxelas. Como fazer isso?

O Povo do Brasil tem dois companheiros certos agora - Argentina e Bolívia

EVO E FERNANDEZ Foto eju.tv
Hoje, domingo 27.10.19, o Brasil- de todos nós recebemos um presente com a vitória que nossos irmãos de Argentina  e Bolívia nos dão.Por outro lado, Lula recebe estas  vitórias- como um presente em seu aniversário- hoje, dos mesmos irmãos Latinos.
Na sua fala-hoje -Fernandez ao falar aos argentinos vociferou  Lula Libre  e os hermanos replicaram Lula Livre.Camisetas com a estampa de Lula balançaram nos braços dos argentinos.

A ascensão desses líderes fortalece a nós, implica em contra força a um governo fascista, retrógrado do Sr.Bolsonaro. Ao mesmo tempo entrega aos brasileiros, que fortaleceram os eleitores  bolsonarista, uma lição de amor, respeito aos valores Latinos.Passa na cara destes mesmos eleitores do fascismo bolsonarista o recado de amor, fraternidade e unidade latina.

Tenho certeza que estas vitórias implicarão com o refortalecimento  de nossas condutas políticas e com isto recomposição do Mercosul e Unasul.

O Brasil, desta feita, tem em sua volta países que impedirão acordos nefastos internacionais,como alguns formalizados pelo Sr.Presidente do país.Não haverá mais apoio destes dois países, e quiça breve do Uruguai, face o segundo turno

Não podemos esquecer outro presente que vem da Colômbia com a eleição de Claudia Lopez- da Alianza Verde, mesmo apenas como governadora de Bogotá, mas trata-se  de uma nova recomposição naquele país e que se refletirá na América Latina.

Haveremos de nos recompor,somos mais fortes e teremos que começar a rascunhar   uma NOVA HISTÓRIA.

Estou certo que também, muito breve,Chile e Equador se recomporão e estarão do nosso lado.Não esqueçamos que a Argentina é o segundo país mais forte de nossa América do Sul, agora somos maiores.

A Frente de Todos-Argentina  inclue-nos ,agora somos mais- desde México, Cuba , Bolívia,Venezuela e Nicarágua um novo tempo histórico, como assim mencionou Rafael Correia, estamos numa mudança de época, um cambio de epoca.

Estamos num tempo de esperança, num tempo de unidade Latina, para retocar nossos rostos ameríndios,rostos de amor ao outro.

Hoje começamos uma revolução, já iniciada com a Bolívia,seremos maiores, estou certo.
Tenho certeza  da frustração do Sr.Presidente do Brasil, estou certo de seu medo, e é para ter mesmo pois o povo não é surdo. O mercado também temerá,estou seguro disto.

Viva a nossa américa -América do Sul que se levanta e agora os braços são mais fortes e musculosos.

domingo, 27 de outubro de 2019

Colômbia o beijo da Vitória Claudia Lopez

Uruguai Eleições - Haverá segundo turno

Argentina Eleições


Do Irã- ‘Una victoria de Fernández se considera como un cambio para región’ noticias nos comentários -meus- sobre Brasil e comemorações




Uma visão de outra parte do mundo quanto a nós, América Latina e as
Eleições de hoje.A analista analisa como será governar o país num estado de caos.
Hispantv se esmera em trazer ao mundo Alejandra Loucau para nos dizer como ela
ver, de modo breve os resultados da Argentina. A seguir considerações sobre o Uruguai 
e a Frente Ampla por Jorge Mazzarovich. Ouçam e tirem conclusões. 
No Brasil, uruguaios e argentinos estão pelas ruas, bares a comemorar, seja na zona sul, norte e zona cultural como Vila Madalena-SP.Nos chega noticias também que  Cariocas , bem como Nordestinos do Ceará, ,Pernambuco e Bahia fazem o mesmo. Também nos chega notícias pelos amigos de Rondônia, Acre e Amapá, fazem o mesmo.


La victoria de Alberto Fernández en las elecciones presidenciales de Argentina significa un cambio tanto para el país como para la región, señala analista.
Así lo ha indicado este domingo la experta en temas internacionales Alejandra Loucau en una entrevista concedida a HispanTV, señalando que la mala situación económica en Argentina, cual rápidamente el Gobierno de Mauricio Macri llevó a todos los argentinos y ha recordado que en pocos años el presidente endeudó al país y llevó a más gente a la pobreza.
En otra parte de su entrevista, Loucau ha dicho que la negociación que planea Fernández, del partido Frente Amplio, es negociar sus propias condiciones que no imponga el Fondo Monetario Internacional (FMI) y EE.UU. los planes que deben seguir los argentinos ya que el pueblo puede decidir por el país.
El descontento social contra la gestión de Macri se ha extendido entre los argentinos, al responsabilizarle de haber socavado la economía, con medidas conflictivas como tarifazos en los servicios básicos y transporte, despidos masivos y la orientación general a los recortes y préstamos recibidos del FMI que han endeudado al país austral.

Colômbia. Claudia López é eleita prefeita da capital. A primeira mulher a ocupar o cargo

Claudia Lopez por Colombiafocus.com



Decisão importante nas eleições regionais da Colômbia. Claudia López é eleita prefeita da capital. A primeira mulher a ocupar o cargo também faz parte da comunidade LGBT
@giro latino

Diante de tanta convulsão social, perseguições ao povo do campo,alianças com EEUU, 
ameaçando Venezuela,no governo Duque, aliado a Bolsonaro, mesmo assim  colombianos 
elegem uma mulher forte de oposição e que busca um focus progressista.Ex-senadora 
pela Alianza Verde.Mulher que se veste de modo simples e fala com clareza.
Claudia tem uma responsabilidade grande,mas conta com o apoio popular,com destaque para 
os de origem campesinas e moram nas periferias da capital-Bogotá.
Felicitaciones desde Brasil por nos progressistas!


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Exigen en 80 ciudades del mundo la liberación de Lula da Silva em dia de seu aniversário 74 anos


Recuerdan argentinos a Néstor Kirchner a 9 años de su partida

Somos: Atualidades do mundo latino A. do Sul destaque Chile

Muitas pessoas se afirmam "indignadas"pelos rumos do STF

Capturas do facebook


*Roberto R da Silva
Belo depoimento,severo, claro,como sempre ele é.

Roberto Romano Da Silva
9 h
Muitas pessoas se afirmam "indignadas"pelos rumos do STF no caso da prisão logo após a segunda instância. Seu modo de falar faz de conta que não existiu nem existe no segundo grau do judiciário brasileiro um número enorme de magistrados cujo sentido de justiça não ultrapassa o usual nos donos de escravos. É cansativo discorrer sobre desembargadores que negam aos presos os direitos elementares, como o de não serem torturados. E decidem contra o réu, mesmo estando ele cheio de provas e razões, por puro e simples preconceito de classe. Até pouco tempo atrás os juízes eram os filhos de fazendeiros que mantinham escravos ou colonos semi escravizados, contra os quais tudo era válido em defesa da santíssima propriedade e família (dos proprietários, claro,pois as lições do "liberal"Locke nunca serão esquecidas). Não por acaso Maria Sylvia Carvalho Franco que descreveu a violência brasileira com tons terríveis, também publicou o ensaio "All the World was America", onde deixa claro que "homem"em sentido próprio para Locke e comparsas é o que tem propriedade. O resto é "besta fera"que deve ser morto ou disciplinado. Tal é a ideologia dos liberais brasileiros que deram nascimento a gerações e gerações de juízes.
Além disso, após duas ditaduras onde os ditos juízes assumiam como natural que o Estado nada precisava provar, quando alegava culpabilidade dos acusados, mas o réus tinham obrigação (sobretudo na tortura) de provar a sua inocência, o que é contrário a todo o direito, dos gregos aos romanos e, pasmem, até mesmo para a "Santa Inquisição". As duas ditaduras torceram a ideia do direito de tal modo que hoje gerações de "juristas" pensam o torto : para eles, cabe ao acusado provar sua inocência, não ao Estado a sua culpa.
Além disso, nunca existiu aqui a prática da responsabilidade dos funcionários governamentais, sobretudo a dos juízes. É próprio do Antigo Regime o sistema que vige até hoje entre nós: o juiz prevaricador é....aposentado, como um prêmio. E a irresponsabilidade permeia todos os setores do Estado brasileiro, fazendo letra morta o item da Constituição sobre moralidade e eficiência.
Quem defende com unhas e dentes a prisão após a segunda instância nunca foi preso nas ditaduras, nunca foi enviado aos depósitos de gente chamados presidiárias, nunca foi abordado por ser negro ou pobre por uma polícia a quem se ensina a tortura nas próprias academias de formação policial.
Tenho um caso próprio que, embora não se ligue diretamente à prisão, mostra o espírito de corpo que vigora entre juízes e desembargadores.
Quando escrevi o artigo "O prostíbulo risonho" no qual verberava o uso, na Câmara dos Deputados, de prostitutas para agradar prefeitos e partidários dos deputados, e outro assunto que suscitou minha indignação foi a mentira feita pelo então presidente da Câmara, que negou ter nomeado dependentes políticos para cargos no legislativo. Logo depois da entrevista, dada aos risos, o jornalista mostrou na tela o documento de nomeação referida, assinado pelo próprio e gargalhante presidente da Câmara (Inocêncio de Oliveira).
Escrevi o artigo mencionado, com o título próprio: Prostíbulo Risonho. Inocêncio de Oliveira não teve o que dizer ou fazer, pois foi pego no ato de mentir com descaramento. Mas fiz referência ao deputado que batizou o Centrão, Roberto Cardoso Alves, o famigerado franciscanismo tortuoso do "é dando que se recebe".
Cardoso Alves me processou. Para me defender tive ajuda do advogado que me tirou da cadeia na ditadura, Dr. Mario de Passos Simas. Foram tantas a quizumbas "jurídicas"que a certa altura o advogado pediu um habeas corpus em meu favor. O HB foi julgado pelos desembargadores do TJ de São Paulo, cujo presidente e vários integrantes tinham sido colegas de Roberto Cardoso Alves na USP. Não deu outra. A decisão foi a seguinte: "como o réu não tem prerrogativa de foro, siga o processo como está".
Indignado, para o medo da auxiliar do Dr. Simas que seguia o julgamento, fui até a grade que divide os deuses togados do comum dos mortais e gritei: "da próxima vez em que eu desejar justiça, me candidato a deputado federal". Ninguém respondeu. Os desembargadores encheram novamente suas enormes pastas pretas com processos e saíram apressados do recinto.
Dá para entender a causa de nem sempre uma segunda instância garantir justiça, sobretudo no Brasil, terra dos compadres, dos favores, dos privilégios de quem é rico e poderoso? Se não dá e se continuarem a defender o indefensável, esperem que um parente, ou um amigo, ou vocês mesmos sejam acusados por um delator covarde. Esperem para ver. Não vale arrependimento, ah, não ! Não vale! Se pensam assim agora, continuem a pensar sempre. Recomendo a leitura de um livro "perigoso", O 18 Brumário de Louis Bonaparte, de certo Karl Marx. Vejam o que ele mostra no relativos aos partidários da Ordem, presos no mesmo camburão que levou os "bandidos"para o xilindró. Na ditadura de 1964 muito jovem parente de apoiadores do golpe foi parar na sala de tortura e no exílio. Aí era tarde para chorar as pitangas. Abraços
*
Possui graduação em pela Universidade de São Paulo (1973) e doutorado em Filosofia - L'École des Hautes Études en Sciences Sociales (1978). Atualmente é professor titular ms6 da Universidade Estadual de Campinas. Tem experiência na área de Filosofia, com ênfase em Filosofia Ética e Política, além de História da Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: etica, democracia- ciencia politica, crise universitaria, crise politica., religiao e universidade pública. (Fonte: Currículo Lattes)