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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Bolsonaro é mau, mas é também um fantoche que os milionários compraram numa cadeira da câmara - enquanto ele dormia

Prof.Dr.Aldo Ambrozio nos indica o texto pelo face que é necessário ler e reler.É preciso acordar, dar as mãos e ir às ruas, a democracia se faz com a população agindo, de mão dadas.A eleição não dar poderes irrevogáveis, jamais.!


Grato à Psicanalista Helenice Rocha pela generosidade em escrevê-lo:
“A esquerda no Brasil tem uma vocação talvez incurável, para o masoquismo. Se acostumou a um ou outro espasmo de prazer diante de uma mísera possibilidade de justiça. Se alegra quando percebe que a bandidagem está nua e começa a ter delírios de que “agora vai!”
Ora ora, a canalhada que usurpou o poder a última vez em 2016 (a primeira foi em 1500) tem deixado à mostra os vários níveis de bandidagem que passeiam por estas terras desde sempre, seja vestindo terno e gravata, toga ou farda.
A globo ajudou a eleger esta trupe. Agora quer arrumar acordo com ela fazendo pressão e fingindo que faz jornalismo. Assim que conseguir o que quer (grana, grana, grana) vai inventar outra história, vai virar sua metralhadora de mentiras pra outro lado e voltar a apoiar o mito ou quem lhe der mais grana.
Os evangélicos poderosos ajudaram a eleger este bando. Mas eles têm muito dinheiro no bolso, uma TV poderosa e a ignorância de seus fiéis que continuam a carregar a cruz enquanto eles acumulam fortuna para umas 100 gerações.
O jeca de curitiba ajudou a eleger esta quadrilha a partir do momento em que se dedicou a quebrar o país com suas mãos sujas e sua voz fina para impedir que o PT voltasse à presidência e vai pender para o lado que lhe trouxer mais garantias de uma vaguinha no supremo ou na cadeira da presidência em 2022.
O STF ajudou a eleger este grupo se acovardando e fazendo da alta corte do país um puxadinho, um boteco, onde negócios imundos e narcisismos de quinta categoria são tratados.
E tem também os não menos poderosos banqueiros, os políticos de carreira grudados em seus assentos em Brasília defendendo seus negócios (terra, saúde, armas, etc.).
E o povo? Foram 57 milhões de votos. Não é tudo, mas não é pouco.
A esquerda tem às vezes um lado ingênuo. Ela acredita que o fiasco do capitão em Davos vai enfraquecê-lo. Bobagem. O mundo sério riu dele, é verdade, mas seus eleitores acharam o máximo a sua humildade no bandejão e os donos da grana que lá estavam acharam linda a confirmação de que este governo está disposto a entregar tudo para o capital estrangeiro, enquanto o mito, que não consegue articular uma frase, assustado, convidava o mundo para fazer turismo no Brasil (belas praias...ah as mulatas...o carnaval...o samba, que lindo país!).
Alguém surpreso com a ligação deste governo com o mundo das milícias? Um governo rasteiro, medíocre, liderado por um capitão reformado truculento, que pousa seu ideal em Ustra (aquele que colocava baratas e ratos nas vaginas das mulheres), um governo composto por personagens corruptos confessos e por outras figuras da mais completa ignorância, estaria envolvido com o que?
Alguém surpreso com o fato de Temer, o mordomo do golpe, agora sem foro privilegiado, estar leve, livre e solto, mesmo com provas robustas contra ele?
Ninguém com mais de dois neurônios pode declarar-se surpreso.
Bolsonaro é mau, mas é também um fantoche que os milionários compraram numa cadeira da câmara - enquanto ele dormia, fazia caretas ou xingava mulheres - para atender aos seus interesses.
Bolsonaro é grosseiro, sem instrução, mas é também o boneco ventríloquo que a classe média raivosa comprou nos grupos de WhatsApp para ver seu ódio legitimado.
Até quando a esquerda vai repetir, melancolicamente, este roteiro de sofrimento? Estamos condenados, como Sísifo, a este eterno retorno?
Com o apelo “ninguém solta a mão de ninguém” a esquerda vem se sustentando numa fraternidade valiosa. Talvez sem ela já teríamos sido dizimados, senão fisica, pelo menos psicologicamente.
No entanto, não estaria na hora desta fratria, de mãos dadas então, lembrar que tem pernas e sair do lugar? Transformar esta ternura entre irmãos no “ódio necessário”? Aquele que converte a melancolia em potência criativa?”