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segunda-feira, 1 de julho de 2019

Walfredo Luz um eletricista do verbo em alagados poéticos.


*Walfredo Luz -Foto arquivo do autor
"Senhores, peço licença
para agora recordar
um poeta e sua vida
e seu modo de lutar..."
Jorge de Lima - Senhores, Peço Licença



Quem escreve o faz por uma espécie de delírio, inicialmente mudo, mas alguns montam no outro delírio que é a palavra e suas conjuminações. O que fala, faz o mesmo. Por vezes, tanto um quanto o outro envergam estereótipos.
O poeta tenta salvar-se dos estereótipos.
Muitas vezes não sabe que é poeta, mas ocupa este espaço que é o delírio da mente e ajuda/bengala da palavra. A alucinação do poeta em suas variadas linguagens é a busca de salvar-se, salvar-se em querer dizer de um abismo o que é viver, estar e ser.
O poeta nem por isto é um trágico no sentido comum, ele pode ser um brincante e comediar seu discurso.
Ao entrar em contato com o poeta pelo Facebook, chama-me atenção seu grito de humanidade e protesto. Vou além e entro em contato com sua poesia.
Walfredo Luz é um poeta, dramaturgo, ator, mas sobretudo um caminhante da palavra.
Vou me ater a sua obra poética por ser meu roçado mais conhecido.
Das Alagoas, terra de grandes poetas e escritores, ele destampa-se para o mundo, não cedo, mas também não tarde, aos 48 anos. Daí o teatro e a poesia são seus escudos que lhe permitem desfocar e cenarizar o mundo, sua aldeia, enfim catar os sentidos de ser.
Sua obra tem cheiros da terra dos sargaços secos de Jorge de Lima, ou quiçá dos alambrados do cordel. Ergue-se um poeta e seu trombone.

Serpente comendo serpente
Homem sugando gente
Mesmo com dor de dente
Ninguém é alforriado



e vai..

Para gente acomodada
Palavrão é reclamar
Situação tão agourada
Silêncio é o termo fatal.


Aqui tenho algumas palavras trocadas com o autor que talvez amplie nosso encontro e seu perfil:



1 – Por que a poesia calha na sua vida de intelectual, como ela surge?

Geralmente, todos os meus escritos nascem da observação do mundo. Sempre escrevo sobre tudo que incomoda e fere o ser humano de morte. O caos interno/externo e a ebulição da mente e alma me fazem refletir e escrever sobre a vida, procurando incitar a reflexão para que possamos pensar e agir diante das adversidades, e a Arte tem esse poder.

2 – Por que a forma SONETO se repete em toda sua obra?
Comecei escrevendo livremente, não me preocupando em estruturar fisicamente os escritos. Por natureza, eu era muito prolixo, e escrever textos teatrais e poéticos me fez abrir a mente para a concisão diante da velocidade absurda com a qual as informações têm fluído no mundo real e virtual. Então, resolvi escrever meus poemas em soneto, mas sem a preocupação com a metrificação. É isso.

3 - O quê de brasil e nordeste aporta em sua obra?
Principalmente o preconceito generalizado, o descaso com a natureza e com a Arte em geral. Apesar de viver em Alagoas (Nordeste do Brasil), minhas obras são universais, pois os temas abordados em minhas obras referem-se ao ser humano e sua relação com o mundo, ou seja, são temas para reflexão em qualquer parte do planeta.

4 - Escrever é um ato solitário e perceptivo, quase alucinatório, acho, em que ocasiões emerge o poema?
Diante do caos generalizado. Os conflitos internos e externos são o gatilho propulsor para uma escrita reflexiva, para que pensemos em como ser e estar nas missões necessárias para que possamos nos tornar melhores. A trilogia poética Sonetos de Sururu (303 poemas) foi em escrita em, aproximadamente, 2 meses e meio. Considero minha escrita quase alucinatória! (risos)

5 - O teatro e a poesia se dão as mãos. Como?
Totalmente, pois quando escrevo sempre imagino cenas, cenários, diálogos. Costumo pensar o texto teatral como pura poesia, assim como o poema como cenas teatrais, tanto é que penso em escrever teatrais para cada volume da trilogia poética.

4-A leitura de autores outros nos lambuza, dá-nos um campo de extensão de pensar poemando. Quais autores se misturaram em tua trajetória e quais você destaca?
Brasileiros: Graciliano Ramos, Gregório de Matos, Augusto dos Anjos, Aluisio de Azevedo, Jorge Amado, Chico Buarque.
Estrangeiros: Russos: Gogol, Dostoiévski, Tolstói, Tchekov, Allen Guinsberg, William Burroughs, Jack Kerouac, Antonin Artaud, Bertolt Brecht, Ionesco, entre outros.


5- E a difusão pelas escolas e outros locais - como aparece essa ideia e como foi recebida?
Nós sabemos que o hábito de leitura é muito pouco em nosso país, imaginem então quando falamos em leitura de textos teatrais e poéticos. Diante desse quadro, resolvi encampar a missão de difundir textos (teatro e poesia) nas escolas públicas e a receptividade tem sido boa. O maior presente que recebemos, enquanto autor presente nas escolas, é o retorno por parte de crianças, jovens e adultos que nos abordam para trocar ideias. Em muitos momentos, eles e elas falam que é ótimo receber autores e autoras com quem eles e elas possam conhecer seus escritos e trocar ideias sobre os mesmos.

Só resta comer seus sonhos apalavrados em sua obra e enlamear-nos na sua lírica de cheiro de terra, de sol e palavra solta.

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*BIOGRAFIA

Walfredo Luz nasceu em 1963, no bairro de Fernão Velho, Cidade de Maceió-Alagoas. Graduado em Letras, ator, escritor, judoca. Em 2011, aos 48 anos, Walfredo apaixona-se pelas artes, o teatro especificamente, e não parou mais. Em 2012, ele estreia nos palcos como ator. Em 2016, faz parte da equipe de produção do Festival de Teatro de Alagoas. Em 2017, estreia como ator no cinema com o curta-metragem “Os Desejos de Miriam”. Em maio de 2017, Walfredo viaja pela dramaturgia com a publicação da obra “Teatro de Walfredo Luz – Fulniô e De cachimbo Caído”. Em 2018, estreia na poesia com a publicação da trilogia poética Sonetos de Sururu composta pelas obras Holocausto Mundaú, Queixume e Sóis de Brancas Trevas. Em 2018, Walfredo Luz também conclui o texto teatral Fuzis de Flores (não publicado). Em 2019, o autor conclui a obra poética Massunim Psicodélico (não publicado). Em 2017, 2018 e 2019, o autor participou de vários eventos literários em escolas estaduais em Alagoas, saraus poéticos, mesa redonda “Onde Mais Houver Poesia” promovida pela Estante Virtual/RevistaPhilos/Editora Kazuá durante a FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty. Em 2017, participou também de eventos literários durante Bienal Internacional do Livro em Maceió. Walfredo Luz leva sua arte às escolas para difundir e incentivar a leitura e a escrita de obras literárias.