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sábado, 28 de setembro de 2019

Walter Benjamin: anatomia do horror presente - por Outras Palavras.



por Outras Palavras



Outras Palavras, por  Eduardo Rebuá, nos leva a revisitar  W..Benjamim no que toca a questão do fascismo face ao que estamos vivenciando com um governo fascista, o de Bolsonaro, ora visível e esparramado pelo mundo. Faz todo sentido revermos o pensamento daquele teórico alemão, e partirmos para algumas ações práticas que é o que mais nos importa e faz valer seus pontos de vistas.A escola de Frankfurt ainda permanece intacta, mesmos com alguns críticos que manifestam sua rigidez.Todavia Babuá nos indaga : "Compreendê-lo é a chave para recuperar da população capturados pela brutalidade. Experiências carcomidas poderão virar luta de classes? "


Aqui vai abaixo trecho da referida matéria
http://bit.ly/2nnf2Fh


Uma máxima brechtiana:
não partir do antigo bom, mas do novo ruim.
Walter Benjamin, Conversas com Brecht, Anotações de Svendborg

Walter Benjamin: anatomia do horror presente

http://bit.ly/2nnf2Fh

Escritos do pensador alemão dão munição para combater o fascismo de bolsonaros e trumps. Compreendê-lo é a chave para recuperar da população capturados pela brutalidade. Experiências carcomidas poderão virar luta de classes?


Como vimos apontando em intervenções recentes, o resgate da contribuição benjaminiana acerca do fascismo – sintomaticamente pouco comum na maioria dos trabalhos brasileiros que auscultam sua teoria – nos parece inadiável num momento de avanço da fascistização à brasileira, com digitais históricas impressas em nossas instituições, durações, classes e sentimentos. No tempo-de-agora, atualizar a crítica antifascista é tão decisivo quanto combater a catástrofe deste fenômeno que não cessa, porque condição dos intentos históricos de hegemonia da burguesia.
Alinhavando três escritos de Walter Benjamin ainda assombrosos, uma vez que rosas dos ventos de uma época e do que ela ainda traria, almejamos robustecer perspectivas antifascistas desta hora resgatando neles três trilhas. A oitava das teses Sobre o conceito da HistóriaExperiência e pobreza  e Teorias do fascismo alemão. No primeiro (1940) temos o estado de exceção fascista como temporalidade, concepção de história e hegemonia; no segundo (1933) há a esterilização da experiência partilhável sob o capitalismo nos mais diversos territórios da cultura; e finalmente, o último trabalho (1930) se esmera na relação guerra-decadência, antevendo Hiroshima e alertando quanto ao irracionalismo capaz de separar técnica e moral, barbárie e humanidade.
Este ensaio recente de fascistização, tendo na eleição de Bolsonaro – o governante da extrema-direita mundial com traços fascistas mais evidentes – uma nova e mais dramática etapa, não pode ser compreendido, como apontamos no início, se defenestramos das reflexões as matrizes (neo)coloniais, escravistas, ultraliberais, a violência estrutural, a autocracia burguesa, os fascismos de nova roupagem. Todavia, mantendo o foco destas considerações, planteamos que a leitura de Benjamin nos trabalhos destacados nos permite inventariar traços fascistas históricos – na ordem, o estado de exceção, a corrosão da experiência e a generalização da guerra como condição -, mas também oferecem uma rota do antifascismo, não regras que em conjunto apresentam um molde, mas críticas ontológicas do fascismo num momento em que muitas pessoas vão até Mussolini para entender a anatomia do horror presente, e não em Bolsonaros (e as vontades coletivas de mais violência que encarna) para lançar luz sobre o incêndio do Reichstag em 1933 ou a guetificação de minorias na Alemanha. Na Tese VIII, escreve:
A tradição dos oprimidos nos ensina que o “estado de exceção” em que vivemos é a regra. Temos de chegar a um conceito de história que corresponda a essa ideia. Só então se perfilará diante dos nossos olhos, como nossa tarefa, a necessidade de provocar o verdadeiro estado de exceção; e assim a nossa posição na luta contra o fascismo melhorará. A hipótese de ele se afirmar reside em grande parte no fato de os seus opositores o verem como uma norma histórica, em nome do progresso. O espanto por as coisas a que assistimos “ainda” poderem ser assim no século 20 não é um espanto filosófico. Ele não está no início de um processo de conhecimento, a não ser o de que a ideia de história de onde provém não é sustentável.
*Carlos Eduardo Rebuá é membro da International Gramsci Society Brasil (IGS-Brasil). Professor, historiador, mestre e doutor em Educação. Professor adjunto do Departamento de Ciências Humanas (História) da UERJ. Professor Credenciado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da UFF. Professor adjunto do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Filosofia, Política e Educação (NUFIPE-UFF). Organizador das obras "Gramsci nos Trópicos: estudos gramscianos a partir de olhares latino-americanos" (2014) e "Educação e Filosofia da Práxis: reflexões de início de século" (2016), esta em parceria com Pedro Silva.

Leia toda matéria em :  http://bit.ly/2nnf2Fh