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quarta-feira, 24 de abril de 2019

Matou a mãe e foi à TV Justiça- Marcelo Veras capturas do FACE



O Psicanalista e pensador Marcelo Veras, carioca radicado em Salvador, sempre se exprime no Face  com rajadas certeiras, sempre envolvendo o  campo da psicanálise mas atraindo outros temas do cotidiano nacional....degustem .Ah! também  fotografa compondo flash interessantes. Degustem o texto capturado do seu Face Paulo Vasconcelos







por BahiaJá



Marcelo Veras
Matou a mãe e foi à TV Justiça
Uma de minhas melhores referências sobre o comportamento humano não vem da psicanálise, mas do escritor premiado com um Nobel William Golding. O Senhor das moscas, seu livro maior, trata do destino de crianças refugiadas dos bombardeios sobre a Inglaterra cujo avião de evacuação cai em uma ilha deserta. Os pilotos morrem, sobrevivem apenas as crianças perdidas em uma ilha e que, para sobreviver, aos poucos reproduzem as leis dos homens, das guerras, mas também as leis da natureza.
Não creio que Golding tenha querido nos despertar para o lado animal que está em todos nós, mas de forma inquietante ele nos mostra como no limite de nossas relações entre humanos está a aniquilação do próximo e a prevalência das estruturas de poder.
A sanha que presenciamos atualmente entre os poderes em Brasília me fez lembrar O senhor das moscas. Os três poderes previstos na constituição deveriam perfazer um nó, tal como o nó borromeano de Lacan que une real, simbólico e imaginário. Esse nó não existe. Nenhuma harmonia é possível quando se abre mão do nome do pai sem que uma suplência volte a enodar os três registros.
Quem é o pai nessa história? Na verdade ele é uma mãe: a Constituição. Nada foi tão relegado à segundo plano do que a Constituição. Lhe é recusada a suposição de ser um dos Nomes-do-Pai que garanta a paz e a ordem. Isso não faz dos psicanalistas lacanianos um time de profetas do passado, que esclarecem perfeitamente o que deu errado, mas tarde demais. Me pergunto porque a Constituição fracassa em ser o nome do pai. Ela não ocupa a posição do pai da horda de Totem e Tabu. Na verdade, ela tem sido cuspida, estuprada, banalizada e rebaixada. Ou seja, descobrimos que a Constituição não é um Nome-do-Pai, mas uma mulher em um mundo que insiste em ser falocêntrico.
O final do livro de Golding mostra uma guerra encarniçada pelo poder, como se o projeto da humanidade fosse seu extermínio pela guerra entre os filhos. Lembrei-me também do filme Mãe, de Darren Aronofsky. Hoje conheci um STF de crianças canibais, que matam a mãe e começam a comer seu fígado. Essa constatação me faz pensar novamente no texto de Freud "Psicologia das massas", o líder é aquele que vai mais além da lei, mas ele é a exceção que garante a lei. A leitura cínica dessa frase é que o líder pode tudo, ele sabe driblar os desejos da mãe. Mas esse líder nada tem a ver com o que a população brasileira espera dele no momento atual. Ele encarna o esperto que nunca erra. Mas os não tolos do STF erram, como dizia Lacan.