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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Aí.. Flip 2017- .... divisora de águas....Capturas do Face


Na minha constante pesquisa nas chamadas Redes Sociais, nome que não curto, deparo-me com o jovem escritor-sério e de talento que escreve também no seu Face, no seu post de modo simples; como uma flecha exata, no ponto, Rafael faz um apanhado enxuto do que foi a Flip sem se deter nos intelectualismos que, em geral, se usa para descrever este tipo de evento, passo a palavra ao escritor, que muito admiro. Paulo Vasconcelos




Rafale Gallo*





Dizem que as crises servem para repensar o modo como lidamos com as coisas, para buscarmos novas soluções e ficarmos mais fortes ou sábios. No Brasil, isso quase nunca acontece, porque as crises sempre parecem apontar para um buraco ainda mais fundo e não haver amadurecimento, mas sim sublimação pelo humor e catarse pela violência (não lidamos com nossos traumas). Mas a Flip deste ano foi uma belíssima exceção. 

A curadoria da Joselia Aguiar, as propostas das programações paralelas e as relações entre toda a teia que formou os últimos dias em Paraty mostraram que há, sim, maneiras criativas, saudáveis e afetivas de lidarmos com todo esse imbróglio chamado Brasil. Foi muito falado - e eu não poderia concordar mais - que a educação e a cultura têm que se tornar centrais na formação do país. É até um alívio ouvir esses tipos de sinais, em um contexto em que só se vê a pregação dos mercantilismo mais vis, como se a salvação fosse o dinheiro, os investidores, etc. 

A salvação vem da educação, das oportunidades de igualdade, de se dar importância real à vida das pessoas. Não à toa, a presença mais marcante dessa Flip veio de uma professora, de uma pessoa que não estava lá nos holofotes, mas no público. Era aí que essa Flip - que foi divisora de águas, como muitos falaram - estava mais potente: no rés-do-chão. Com tudo que essa expressão tem de mais bonito.

Ah, e o vídeo da Diva é imperdível. Essa história da lagoa eu ouvia quando era pequeno - também de pessoas da igreja (oh, coincidência!) - e o que ela tem de horrível e absurdo continua em outras "historinhas" até hoje. Acho que qualquer discussão sobre racismo ou aspectos sociais do Brasil deveria passar por esse vídeo, e ele contém tanta coisa, que eu nem saberia por onde começar.
(video aqui já exibido.... (http://bit.ly/2u1fhZa  )

Enfim, que bom que a Flip tomou esse rumo, que bom que podemos vislumbrar esses rumos. Porque reparem em uma das coisas importantes: as falas são duras, refletem sobre a violência, mas elas não são violentas em si. E é nisso que eu também acredito, cada vez mais.


* Rafael Gallo

Escritor paulistano, autor do romance Rebentar (Record, 2015) 
livro vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura 
e de Réveillon e outros dias (Record, 2012), 
livro vencedor do Prêmio Sesc de Literatura.
..http://www.rafaelgallo.com.br/