REDES

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

TEMPOS DA DESIDRATAÇÃO Antonia S. Catuca .Universidade da Seca- Rede Coloseco Br.



Há muito que estamos em processo de desidratação. Tempos de transmutação. Desde a carne de sol, seca, frutos e verduras. A Alquimia nos ajudou, ou compôs  a retirada da água .Já, em grande parte da   população, toma –se água comprada mineral, embora muitos bebam água do pote ou da torneira. Mas a chamada mineral está envazada em PLASTICOS e o que não está? O plástico venceu o vidro a argila e também o bebemos, como os animais, da terra-solo- e oceanos. Formamos uma capa de plásticos sobre os oceanos

Desidratamos a terra, fizemos uma grande capa de cerâmica sobre o solo e a água já não a penetra por igual, nem tampouco respira, as ervas não espocam fácil sobre o solo e nela não mais insistem. As grandes cidades são espécies  de pântanos desidratados, respiramos o pó do processo de desidratar. A saúde foi pelo ralo, tudo, ou quase tudo do mundo fármaco é que se nos presta como natureza(?) e assim acredita-se. Viramos reféns da farmácia, elas se proliferam por todos os lados como supermercados de SER E ESTAR em que confunde-se beleza, saúde,   limpeza e produtos naturais(?), e afinal o que restou do NATURAL, da NATUREZA.??

A longevidade, para uns, é fruto de um ser –prótese- amalgamado pelos fármacos, próteses de metais os mais variados, cospe-se desidratado.

A educação foi desidratada pela tutoria da mídia, por escolas e universidades que blindam o conhecimentos para vários cones, o papel, título acadêmico, para ser tekchnos, das tecnologias e seus ufanismos endeusados pela palavra desidratada das chamadas redes Sociais. A educação é nos games e na desidratada seca da distância.

A política foi obliterada pela economia, já não se discute na politica, segue-se pela força –forca- do poder.

A globalização é a desidratação do poder num novo colonialismo mundial e do hiperespaço , que abrande do ciberespaço terráqueo ao espaço sideral.
Somos obesos, malhados de desidratamentos e sorrimos sem sabor de saliva.

A filosofia é abafada, nas escolas nas academias, mas esta insiste, mesmo sem um caudoloso provimento. A Autoajuda o marketing  publicitário nega-a... como o inútil não produto, nem negócio. A palavra é .....?

A psicanálise rende-se a desidratação dos fármacos, o desejo é lavado a seco nas salmouras de resiliência do imaginário e simbólico, num real seco mudo.
O homem nem mente nem diz veritas, tudo é o mesmo é desidratado, como os cadáveres em decomposição ou sobre a ação do fogo que vai além do desidratar , queima-se, queimamos  a água ela ferveu e somos reféns do poder  da alquimia que o poder levou a auto-degola, ou não?
Para quem escrevo isto? Tenho sede.... estou em São Paulo, estou com dengue?


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A Academia Pernambucana de Letras (APL) divulgou, nesta quarta-feira (14), os nomes dos ganhadores dos prêmios literários da edição 2014,

A Academia Pernambucana de Letras (APL) divulgou, nesta quarta-feira (14), os nomes dos ganhadores dos prêmios literários da edição 2014, em várias categorias. As honrarias serão entregues no dia 26 de janeiro, na cerimônia de aniversário dos 114 anos da APL, nas Graças. Confira a relação dos livros e autores premiados: 

Prêmio ANTÔNIO DE BRITO ALVES – Ensaio - “O Cinema Sonhado” - Josias Teófilo 

Prêmio EDMIR DOMINGUES – Poesia - “Saudade Presa” - Djanira Silva Rego Barros

Prêmio ELITA FERREIRA – Literatura Infanto-juvenil - “Carvão, Um Gato Diferente” - Marcio Renné Moreira Leal
       
Prêmio VÂNIA SOUTO CARVALHO – Ficção - “O General das Massas” - Paulo Santos de Oliveira

Prêmio WALDEMAR LOPES – Soneto - “Sonetos Inéditos” - Samuel de Souza Neto

Prêmio DULCE CHACON – Escritora Nordestina - “No Curso da História – Crônicas” - Selma Vasconcelos

Prêmio AMARO QUINTAS – História de Pernambuco - “Boa Vista – Berço das Artes Plásticas de Pernambuco”
Jacques Alberto Ribemboim e Wilton de Souza

Prêmio LEONOR CORREA – Historia dos Municípios Pernambucanos - “Ipojuca. Passado, presente e futuro do município que mais cresce em Pernambuco”
 - Arnaud Mattoso

Noiva da Paulista

série av paulista

Lembro-me da Casa Madame Rosita , no início da Av Paulista, quase esquina com a Haddock Lobo, anos 70.Era uma casarão de certa forma imponente, onde se trabalhava  com moda  feminina, em que a alta costura estava chegando ainda por aqui. Seu nome de fato era: Rosa Libman uruguaia tendo aportado no Brasil em 1935.No mesmo ano inaugura sua maison  denominada -Peleteria Americana- na Rua Barão de Itapetininga em São Paulo. Seu foco eram: artigos de pele,visons, martas, raposas e zibelinas.Mme. Rosita trazia as mais famosas peles do mundo, sendo a primeira griffe brasileira, podemos assim afirmar.
Seu primeiro desfile profissional do Brasil foi em 1944 vanguardista da Alta Costura no Brasil.
Primeiro sua loja  foi no centro da Cidade, quando a Barão de Itapetininga estava no auge, após a decadência ela instala-se no Conjunto Nacional da Av. Paulista, agora com o  nome de Madame Rosita,quando aquele projeto arquitetônico inflamava a cidade; depois ela cria sua própria casa, no casarão a que me refiro.
Do do outro lado da avenida havia  SLOPER, casa, que já conhecia no Recife,cidade a epóca a terceira maior do país , após São Paulo  e Rio A Sloper foi espéçie de Magazine Chic, das dondocas, onde encontrava-se luvas, lenços, echarpes finíssimas e bijuteria fina afora as  grandes marcas de cosméticos, entre elas , a época, Helena Rubenstein, patrocinadora offcial do Miss Brasil , que fazia sucesso nos anos 70, em seu final,mas havia outra dezenas de marcas.Bom, falo tudo isto para tentar descrever parte do cenário ao que me interessa inserir – a noiva da Paulista.

Bem,vamos ao que quero falar.Recordo-me-anos-i70 para 80- da aparição, costumeira, às tardes,de uma mulher de seus sessenta e tantos anos , senão mais, que desflilava em frente da Loja da Madame Rosita com vestido de noiva e uma grande calda com um buquê de flores e, claro, um solideu.Compenetrada passava, desfilava pela calçada como uma personagem de Godard.Para mim era o cinema ao ar livre.Admirava-me a coragem e a forma compenetrada da tal mulher.Louca, não sei, sei que de coragem e poder de criação sim ! Era o tempo em que performance era loucura.Hoje ganha-se dinheiro com as estátuas vivas, ou esculturas humanas.Bom!

Mas o que se passaria na cabeça da tal mulher?

O quê levaria a tal?
A mim trazia o imaginário cinematográfico, ao vivo,a imagem , que nos alucina, só que ao vivo e a cores e cheiro.

Certa vez cheguei mias perto da tal figura e senti seu perfume, seu rosto de inteira fidelização ao personagem empunhado.Passava-me  uma vontade de acompahá-la com  um traje equivalente, mas pensava: roubaria-lhe a cena, mas que vontade eu tinha , tinha sim, era a erupção, a exuberância, do crer do desejo e realizá-lo postando assim parte de suas dobras de subjetividade, e, ao mesmo tempo, adornando a cidade, em que, talvez,o fluxo das pessoas da avenida não compreendia, não sentia- a, mas que ela tinha público , tinha sim.

Essa mulher foi para mim, por incrível que pareça a minha visão de Madame Rosita, já que nunca conheci  a sua loja, nem tampouco,  ela em pessoa.
Ela, a noiva,era símbolo da decadência da paulicéia rica, enloquecida, mas sem perder a pose, mas com o charme  e a sedução.Ela era o desencontro de tantos da cidade , mas era a mesmo tempo o encontro da Fascinação em tempos de alta moda, para poucos.Ela zombava, era uma noiva solitária, silenciosa sem seu par e a mostrar  que mesmo assim vivia como noiva do além.
A noiva da paulista é a noiva sem casamento, como a avenida, que não casou, pela sua imponência, ficou só mas pomposa, deturpada, com a sua  calda , que já é ultrapassada por outras caldas de outras noivas solas, das avenidas da cidade.

E penso :mudou-será que não existem noivas, noivos punks, agora em outra performance brutal, cenário de clubes da luta? Continua agora não mais Godard - Une femme est une femme (J-L. Godard, 1961)e sim clubes da luta  de skinheads e punks...outros noivos...

E termino com Eduardo Gudin:… Se a avenida/Exilou seus casarões/Quem reconstruiria

Nossas ilusões?/Me lembrei/De contar pra você/Nessa canção
Que o amor conseguiu
… /Se os seus sonhos/Emigraram sem deixar/Nem pedra sobre pedra/Pra poder lembrar:/Dou razão
É difícil hospedar/No coração
Sentimentos assim..


Vilma Arêas e seus espaços , ventos e terra



*Vilma Arêas por L.Travessa 





Não sou crítico literário, ao pÉ da expressão,nem tenho intenções para tal, escrevo sobre o que gosto, crítico sou , de mim e do mundo que me rodeia, mas não da Literatura, que mesmo sendo vida, é um tricô mais complicado. Enfim vamos ao que nos interessa aqui, e é o caso de Vilma Arêas Pouco ainda conhecida pelo grande público, o que é uma pena; a professora Vilma Arêas, me impressionou com seu livro de Contos-Vento Sul.-Cia das Letras, 2011-como que me trazendo uma nova onda de boa literatura madura, firme e densa.

Este livro me chega as mãos por Fábio S. Cardoso, o qual fez uma entrevista sobre a mesma, junto com o Rogerio Pereira na revista Rascunho-Curitiba-Pr. (http://bit.ly/zdvPAJ. Antes de ler o autor indicado especulo, cavo ,mexo, remexo busco informações , vou ao- senhor é meu pastor nada me faltará -nome dado pelos alunos- ao Google, enfim cato e dai me chegam informações importantes. A autora organizou poemas de uma diva minha- Sophia de Mello B.Andresen ,escreveu sobre Clarice Lispector e gosta de Graciliano Ramos. Em seguida, flagro no Suplemento do Diário oficial de Pernambuco uma matéria sobre a mesma, por Ronaldo Bressane (http://bit.ly/KjE63j) na qual ela despeja o verbo sobre a literatura como todo e sobre si. Muito bem, leio o livro numa tacada só, num dia de semana a noite. Impressiona-me.

Chama-me atenção seu imaginário, sua poesia embutida em sua escrita e seu jeito urbano-rural, coisa aliás afastadas dos temas da prosa, refiro-me ao meio rural. Há um não sei quê ,que me faz juntar-me a ela, celebro com ela suas estórias, chego a sentir cheiros, texturas em sua escrita. As vezes penso que estou lendo uma nordestina, das boas, qual o quê, ela é Fluminense-Rio de Janeiro de Campos dos Goytacazes.- ha um cheiro de interior brasileiro. Ai sim, fica mais claro para mim esta mulher, mesmo assim quero ve-la, ouví-la , apelo para o You tube. Num pequeno trecho, da entrevista , com Cadão Volpato-Metrópolis-TV Cultura,onde o mesmo alarmantemente titubeia, ante o simples de Vilma, mas diante do que ouço e vejo apaixono-me pela mesma, sou assim, há que me passar fascínio , como assim foi Clarice, é Nelida Pinon, Maria do Carmo Barreto Campelo,Sergio Santana, Joao Gilberto Noll,,João Cabral, Gulhermo Arriaga, o saudoso ,Carlos Funtes e tantos outros. Parto para ler outras obras suas , contos como: A Trouxa-2005 e A terceira Perna 1998, em que encontro uma mesma tessitura textual, mas com maturidade diferente. Mas desliza em toda sua escritura a poesia que ela tece opacamente, mas que risca seu bordado de sua escrita de ponta a ponta. Na terceira perna seu olhar lispectoriano é comprovado nas citações iniciais...uma nova terceira perna que em mim renasce fácil como o capim..(C Lispector), mas Vilma vai além ela convulsiona em destreza nos contos –Dó de peito e Seda Pura. Mas, no todo dela admiro seu jeito de falar, suas opiniões face aos grandes da Literatura, ela os traça de modo inteligente direto e reta, mas denso, passando por Clarice Lispector , sobre a qual tem uma obra, e faz criticas pertinentes ao B. Moser , indo a P..Roth, Coetzee etc. Suas imagens esculpidas nas palavras, no meu imaginário, me passam uma serenidade de gente que tem bom faro, que esfrega-se ao solo para retirar fermento para sua escrita e existência.Ela confessa isto nas entrevistas, sua história , seu caminhar como pessoa de bom tato e olho fino. Seus contos tem um ar de terra, vindo destes ventos que se espalham em nossas vidas e não nos damos conta, o seu tal Vento Sul.

Vilma, corre manso e largo na sua escrita, sem rcocós maiores, mais com estupefaciente exatidão do léxico, do ambiente ao qual pinta e põe seus personagens e enredo. A estrutura do seu conto é breve, como gosto, e no entanto ao final pensamos que lemos um romance, ela dá látex para isto na sua textualidade avantajada. As vozes polifônicas perfilam -se em amontoados de um brilho memorável Seus contos tem um quê do conto tradicional, na estrutura temporal, mas sem grandes delongas, na verdade seu conto é uma pintura com bordas de arte abstrata,o que me lembra Sophia de M.Bryner Andressen, que ela tão bem conhece.

O livro –Vento Sul-encontra-se divido em 4 partes- que aliás não compreendo o porquê, mas enfim percebo que nele se misturam contos e quase ensaios, ou poemas como que tendo um ar lispectoriano, ja que a memória nossa é associativa, mas confesso que não gosto de tais comparativos, enfim saiu, ta aí. De cara deparo-me com dois contos seus-Thereza e República Velha, são contos que deixam-me embeiçado ,pelo estilo, propriedade léxicas e concisão. Há uma poética do rompante que me eletriza na descrição do feminino do lugar da mulher historicamente neste país, do ideal de amor e companheirismo, e mesmo em passagens alucinantes a autora tece filigranas poéticas com uma malha estética muito poderosa e de fauna inusitada, por sois, ventos, bichos, gritos. Se em Thereza tais fatos exalam as relações maritais , no segundo, República Velha, ela retorna para mais poetar, ela enverga o macho e torce-lhe pelo amor e companhia. A puta não é uma qualquer, é aquela mulher eleita, que tantos querem como a verdadeira puta da vivência, do chamego do objeto do desejo, da mulher, do homem puto que necessita de outro de sua laia, e que por vezes não enxergamos ou não queremos, ou não podemos. Sei, lá o quê?

Vilma insinua-me estas questões para o convier entre companheiros é necessário nada e tudo. O macho atende a si e depois que desmascara a mulher com outro e passado algum tempo conclui: “...Dentro do silêncio que se fez, só quebrado por uns latidos de cachorro ao longe, completou já de pé: Puta por puta fico com ela que já estou acostumado. “ Não posso deixar de ler o silêncio cortado por latidos de cachorros, sim cachorros , que a autora nos oferece leiam como quiserem, e a decisão do outro. Em- Habitar – outro conto a autora é bachelardiana, lembrei-me da Poética do Espaço- de Gaston Bachelard -1977 ...”este é o ponto frágil da fantasia, que funda o absurdo, porque no íntimo ele sabe que a vida não vive. Negando a verdade cristalina, fingindo que não vê, parece que respira por um garagalo.. Mas não esta está só aqui, neste conto, se perfila em todos os contos da obra , como antes já anunciei. E isto faz uma trilha com-outros contos como: Encontro- Canto noturno de peixes, Zeca e Dedeco e por fim um grande conto poema –O vivo o morto: anotações de uma etnógrafa – “ .... A seta está cravada no vazio....neste ponto se esboça o gesto, abrindo espaço ä poesia... “ Vilma é uma poeta e tanto,e lembrando minha saudosa Sophia de M.B Adressen- “ Perfeito é não quebrar A imaginária linha Exacta é a recusa E puro é o nojo “-Mar Novo 1958.

*VILMA ARÊAS -Fluminense, estreou na ficção com Partidas(contos, Francisco Alves, 1976). Aos trancos e relâmpagos (literatura infantil, Scipione, 1988) e A terceira perna (contos, Brasiliense, 1992) mereceram o prêmio Jabuti. Em 2002,Trouxa frouxa (contos) recebeu o prêmio Alejandro José Cabassa (44o. aniversário da União Brasileira de Escritores), e em 2005Clarice Lispector com a ponta dos dedos(ensaio) recebeu o prêmio APCA categoria literatura. Professora titular de literatura brasileira na Unicamp, Vilma Arêas vive há muitos anos em São Paulo.(Por Cia das Letras) .