REDES

domingo, 30 de março de 2008

histórias de crianças



Fotógrafo:
Renato Spencer

Descrição:
Série do JC vai mostrar até amanhã histórias de crianças como Manrique Mendes, de 8 anos, o Tiquinho, que, exploradas, trocam as brincadeiras da idade por pesadas marretas e viram mão-de-obra barata e farta.
http://www.jcimagem.com.br/

Violência!


A violência não para, e perdemos de vez o rumo!!!!!!!!!!!!!A violência é um fato corriqueiro, a guerra civil, já não se anuncia , se vive.
Paulo a c v



Dor e emoção marcam enterro de professor morto na Bahia
Publicado em 30.03.2008, às 14h39


Esposa chora na despedida ao professor





Do JC OnLine

Dor e emoção marcaram o enterro do professor pernambucano João Francisco de Souza, da Universidade Federal de Pernambuco, neste domingo, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. Familiares, ex-alunos, professores e pesquisadores foram prestar o último adeus ao mestre, que foi assassinado na última quinta-feira, numa tentativa de assalto enquando estava hospedado na casa de um amigo, na Bahia.

O corpo do docente foi velado durante toda a madrugada, no Centro de Educação da UFPE. Na manhã deste domingo, no mesmo local, foi realizado um culto ecumênico, antes de ser levado ao cemitério. Na última sexta-feira o reitor da UFPE, Amaro Lins, decretou luto oficial de três na Universidade, devido ao falecimento do professor.

João Francisco de Souza, que tinha 63 anos, era coordenador do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos (Nupep) desde 1994 e vice-presidente do Centro Paulo Freire de Estudos e Pesquisas. Foi diretor do Centro de Educação de 1997 a 2001. Admitido na UFPE em 1978, João Francisco era professor titular desde fevereiro de 2007, após realizar novo concurso público. O docente deixa viúva, três filhos e um neto.

CRIME - De acordo com a polícia, João Francisco de Souza estava hospedado na casa de um amigo quando três homens invadiram a residência. Os bandidos teriam percebido uma tentativa de fuga do professor e atiraram duas vezes contra ele, que foi baleado no peito

Panelinha" nas universidades provoca fuga de cérebros na Itália

Panelinha" nas universidades provoca fuga de cérebros na Itália

Elisabetta Povoledo
Em Lucca, Itália

Após cinco anos na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, onde está prestes a obter um Ph.D. em economia, Ines Buono, está pronta para voltar para casa.

Ela deseja lecionar e buscar seus interesses acadêmicos, que incluem o estudo do possível impacto do ingresso da Turquia na União Européia, mas o mercado de trabalho acadêmico estagnado da Itália oferece poucas perspectivas para uma pesquisadora de 30 anos.

Controladas por um grupo seleto de velhos acadêmicos, as torres de marfim na Itália são tão bem defendidas quanto o Forte Knox, mas sem o ouro.

Entre as poucas exceções: uma bolsa de pesquisa no Institutions, Markets and Technologies Institute for Advanced Studies (IMT), uma escola internacional de doutorado aberta em 2005, que visa fazer o que lugares tradicionais de ensino superior na Itália não conseguem: atrair os melhores acadêmicos para a Itália. Buono, presente na curta lista após uma seleção rigorosa, era uma entre os 301 acadêmicos que disputavam uma única vaga para jovem pesquisador oferecida pela universidade.

"Em parte é pessoal, eu quero me estabelecer", disse Buono, cujo namorado vive perto dali, em Florença. "Mas também sou uma pessoa positiva e ativa e gostaria de dar minha contribuição, por pequena que seja, ao meu país." Mas no final Buono não conseguiu a vaga.

O fato de tantos jovens acadêmicos se candidatarem a um programa que tem apenas três anos de idade "é surpreendente e deveria ser motivo para reflexão", disse Fabio Pammolli, o diretor do IMT, sobre as mais de 800 pedidos que a escola recebe anualmente, tanto de italianos quanto estrangeiros.

"A Itália não possui um modelo para formação de uma elite acadêmica", ele disse. O IMT, que oferece programas de Ph.D. em ciência política e social, economia e ciência da computação, "trabalha fora do sistema universitário tradicional na Itália e é o motivo para ser capaz de experimentar", ele disse.

Em grande parte, as universidades italianas -com funcionários e alunos em excesso e recursos insuficientes- são freqüentemente retratadas pelos críticos como eixos de venda de influência em vez de bastiões do conhecimento.

Os candidatos para as eleições parlamentares de 13 e 14 de abril prometem reformas estruturais e um aumento das verbas para pesquisa universitária, mas os críticos estão céticos. "Todos dizem que vão investir mais, mas quando chegam ao poder, ninguém mais fala das universidades porque o dinheiro não está disponível", disse Mariano Giaquinta, um professor de matemática da renomada universidade Scuola Normale Superiore, em Pisa, e co-autor do livro de 2006, "Ipotesi sull'Università" (uma hipótese sobre a universidade), sobre os problemas da academia italiana.

O desinteresse geral da classe política em relação às questões do ensino superior tem amplas repercussões.

"Todos dizem que para melhorar a economia da Itália é preciso que haja mais investimento em educação e treinamento. Eles dizem que a pesquisa é o motor da inovação que permitirá que a Itália entre em um sistema tecnológico do qual atualmente não faz parte", disse Alberto Civica, um dirigente do sindicato UIL. "A Itália não é competitiva quando se trata de tecnologia, aqui tudo gira em torno dos serviços."

Na quinta-feira, Civica e algumas poucas dezenas de pesquisadores realizaram uma manifestação no Ministério dos Assuntos Públicos em prol de uma maior estabilidade no emprego. "Nós vemos uma constante redução das verbas para universidades e pesquisa, eles dizem que é importante mas fazem o oposto", disse Francesco Sinopoli, um manifestante.

Com o dinheiro para as universidades secando, os italianos têm explorado diversas fontes em busca de recursos. Quando o Conselho Europeu de Pesquisa começou a alocar doações para os pesquisadores universitários no ano passado, os italianos submeteram o maior número de pedidos.

"Se tantos pesquisadores recorreram à Europa é porque na Itália eles contam com recursos magros, em comparação aos seus colegas alemães, holandeses e franceses", escreveu Salvatore Settis, diretor da Scuola Normale Superiore, em um editorial no "La Repubblica" em janeiro. A verdade amarga: a Itália "não é um ambiente de pesquisa atrativo, nossos maiores talentos não têm fé em seu país, os estrangeiros não consideram a Itália uma opção", escreveu Settis.

Uma conseqüência do sistema aqui é o constante êxodo dos melhores estudantes para o exterior.

Rastrear os universitários graduados que se mudam para o exterior não é exatamente uma ciência exata, mas números da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que quase 50 mil pessoas com formação superior trocaram a Itália por outros países da OCDE nos últimos dez anos.

Sucessivos governos italianos implantaram vários programas para conter a fuga de talentos, mas as propostas apresentadas não ofereciam segurança a longo prazo e no final fracassaram.

O centro do problema, concordam os críticos, é que no mundo acadêmico, mérito e excelência ficam em segundo plano diante da promoção dos interesses da base de poder de alguém.

"O processo seletivo é bloqueado", sem verdadeira competição, "e aqueles que são contratados não são necessariamente as melhores pessoas para os postos", disse Giovanni Floris, que escreveu no ano passado um livro sobre o desdém da Itália pela noção de meritocracia. "No final, é uma casta que não se diferencia" porque os professores escolhem seus favoritos, ele disse.

E é uma casta antiga. Dos 15.984 professores titulares que trabalham nas universidades italianas, apenas 13 têm menos de 35 anos, segundo números do governo publicados pelo jornal "Corriere della Sera", de Milão. Mais de 30% têm mais de 65 anos. Ao todo há 61.930 professores -tanto titulares quanto assistentes- e pesquisadores trabalhando nas universidades italianas, mas 17.919 deles não possuem estabilidade e estão aguardando por uma cadeira de titular.

O problema fundamental permanece. Escolas como o IMT, assim como um punhado de outras, "podem produzir pessoas de qualidade, mas o problema é que elas têm um futuro bastante complicado" na academia italiana, disse Giaquinta. "A verdadeira questão é o que fazer com estas pessoas em uma situação onde há poucos escoadouros para excelência. Se não existem, então o que você pode fazer?"

Tradução: George El Khouri Andolfato

Visite o site do International Herald Tribune

O QUE SERÁ ISSO? Novas faculdades se instalam em shoppings

O QUE SERÁ ISSO?
ASSUMIR A CONDIÇÃO DE MEGA COMÉRCIO, OU APENAS SEGURANÇA, SERÁ???????????????????????????????????????????????????????????


Novas faculdades se instalam em shoppings
Só na região metropolitana do Rio, há pelo menos 9 instituições do tipo; em SP, movimento começou no ano passado

Para estudantes, segurança aparece em 1º lugar entre conveniências, além da infra-estrutura, que possivelmente não teriam em um campus

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Daqui a duas semanas, o shopping Light, no centro de São Paulo, deixará de ser apenas um espaço de compras e de alimentação. No dia 15, no quarto andar, será inaugurada a mais nova unidade da Universidade Guarulhos. Os alunos serão acomodados em cinco salas de aula, ao lado de lojas de roupas e tênis e bem embaixo da praça de alimentação.
Aos poucos, faculdades e universidades instaladas em shoppings deixam de ser novidade no Brasil. Só na região metropolitana do Rio, há pelo menos nove instituições assim.
Na cidade de São Paulo, o movimento começou no ano passado. No segundo semestre, a UniSant'Anna abriu um campus no terreno do shopping Aricanduva, na zona leste. Meses antes, a Unicapital havia dado início às suas atividades no quinto andar do shopping Capital, no bairro da Mooca, também na zona leste.
Para os alunos, estudar dentro de um centro de compras traz uma série de conveniências. A segurança aparece em primeiro lugar. Podem estacionar os carros dentro dos shoppings, sem precisar sair à rua. Os corredores são vigiados por fortes esquemas de segurança.
"O aluno fica menos exposto à violência da cidade. Isso pesa muito", diz Marcelo Campos, um dos diretores da Estácio Participações, que controla a Universidade Estácio de Sá.
Outra vantagem é a infra-estrutura que os alunos possivelmente não teriam num campus tradicional. No salão de beleza do shopping Capital, os estudantes da Unicapital têm 10% de desconto no corte de cabelo.
Nesse mesmo shopping, na noite da quarta passada, a estudante de estatística Bruna Takata, 24, tomava café no primeiro piso enquanto esperava a hora de subir para a próxima aula. "Às vezes faço compras antes da aula. Já mandei fazer óculos aqui", ela diz.
Emanuela Santana, 21, que cursa gestão em recursos humanos na UniSant'Anna do Aricanduva, é vista com freqüência nos corredores do shopping. "Se chego mais cedo, aproveito para pagar as contas no caixa eletrônico e dar uma olhada nas livrarias", diz ela.
Shoppings atraem naturalmente linhas de ônibus e metrô. Ainda no quesito transporte, os alunos podem usar o estacionamento sem pagar nada.
Em novembro, a Faculdade Interamericana de Porto Velho começará a funcionar num shopping da capital de Rondônia. Aguardam-se inaugurações em Maceió e Belo Horizonte. No Rio Grande do Sul, a Ufpel (Universidade Federal de Pelotas) terminará um novo campus até meados do ano. Ao lado, meses depois, será aberto o shopping Anglo. Um dos acionistas do shopping é a fundação de apoio da universidade, que se comprometeu a investir o lucro do empreendimento nas atividades da Ufpel.
BY http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff3003200816.htm

quarta-feira, 26 de março de 2008

Andy Warhol lidera a lista dos artistas "mais valiosos" do mundo em 2007


Andy Warhol lidera a lista dos artistas "mais valiosos" do mundo em 2007
Segundo Baudrillar"(apud Pessoa, web) em Duchamp, há ainda chama de “utopia crítica”
e um certo “lirismo”....mas é com com Andy Warhol, principalmente na série das polaróides —Celebrites and self-portraits —, que o auto-retrato surge como um tema
equivalente a qualquer outro. Sua auto-imagem, a lata de sopa Campbell’s ou
a Marilyn Monroe possuem o mesmo significado ou nenhum significado.
Warhol, segundo Baudrillard, “é o primeiro a introduzir no fetichismo
moderno, no fetichismo transestético, o fetichismo de uma imagem sem
qualidade, de uma presença sem desejo”É com Andy Warhol, principalmente na série das polaróides —Celebrites and self-portraits —, que o auto-retrato surge como um tema
equivalente a qualquer outro. Sua auto-imagem, a lata de sopa Campbell’s ou
a Marilyn Monroe possuem o mesmo significado ou nenhum significado.
Warhol, segundo Baudrillard, “é o primeiro a introduzir no fetichismo
moderno, no fetichismo transestético, o fetichismo de uma imagem sem
qualidade, de uma presença sem desejo”(Pessoa:web http://64.233.169.104/search?q=cache:CaZjxBJsW00J:poseca.incubadora.fapesp.br/portal/bdtd/2006/2006-me-pessoa_helena.pdf+warhol+e+baudrillard&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=9&gl=br)-Helena G R Pessoa)O fato é que o artista, Warhol ainda representa as rupturas mais recentes destes tempos nossos e que se traduz por uma estética nova ausente de um lirismo, ou com um outro da sociedade de consumo, e de umaidentidade dispersa.
Paulo a c Vasconcelos

Andy Warhol lidera a lista dos artistas "mais valiosos" do mundo em 2007
GUSTAVO MARTINS
Da Redação

"Green Car Crash", de Andy Warhol, leiloado por US$ 64 milhões em maio

Quadro mais caro de 2007, "White Space", de Mark Rothko, foi vendido por US$ 65 mi
VEJA IMAGENS DOS ARTISTAS MAIS VALIOSOS DO MUNDO
Pela primeira vez na década, a soberania do espanhol Pablo Picasso no mercado de arte foi interrompida. De acordo com o site especializado Artprice, que anualmente divulga a lista dos artistas que mais venderam obras em leilão, o novo líder é o norte-americano e guru da pop art Andy Warhol, cujos trabalhos movimentaram em 2007 um total de US$ 420 milhões. A soma supera em US$ 101 milhões o valor obtido pelas obras de Picasso, segundo lugar na lista.

A vitória de Warhol - que no ano passado ficou em terceiro lugar, movimentando "apenas" US$ 200 milhões - é reflexo de uma mudança no "gosto" do mercado de arte mundial, que, como as bolsas de valores, coloca em "alta" ou "baixa" determinados criadores ou movimentos artísticos.

As obras impressionistas, especialmente as de Auguste Renoir e Claude Monet, foram as mais valorizadas em leilões durante a década de 90, segundo o Artprice. Após o ano 2000, Pablo Picasso e Gustave Klimt lideraram a "alta" de obras do período moderno. Essa tendência se manteve predominante até o ano passado, no qual uma explosão da arte contemporânea fez o movimento total dos leilões subir 44%, atingindo a impressionante marca de US$ 9,2 bilhões em obras vendidas.

Além de Warhol, os grandes puxadores desse crescimento foram o irlandês Francis Bacon e o letão Mark Rothko. Bacon é um dos pintores mais valorizados do momento, tendo saltado da 19ª posição em 2006 para a terceira em 2007, com um total de US$ 245 milhões em vendas. Já Rothko foi responsável pela obra mais cara leiloada em 2007, o quadro "White Center", cujo martelo bateu para uma oferta de US$ 65 milhões.

Veja a lista dos dez artistas "mais valiosos" de 2007:

1º lugar: Andy Warhol, US$ 420 milhões
No ano de 2007, Warhol reafirmou seu status de grande vendedor em volume, com 74 obras arrematadas por mais de US$ 1 milhão. E em valor unitário também: o recorde do artista, que há oito anos era de "Orange Marylin" (US$ 15,75 milhões), foi vistosamente batido em maio por "Green Car Crash", adquirido na Christie's de Nova York por US$ 64 milhões.

2º lugar: Pablo Picasso, US$ 319 milhões
Apesar de ter vendido US$ 20 milhões a menos que em 2006, Picasso ainda está longe de poder ser considerado "em baixa". Com menos obras famosas à venda após quase uma década de liderança no mercado de arte, o espanhol ainda assim cravou um recorde mundial em 2007: a estátua de bronze "Tête de Femme, Dora Maar" foi vendida em novembro, na Sotheby's de Nova York, por US$ 26 milhões, o maior valor já pago por uma escultura em leilão.


Detalhe de "Estudo para o Papa Inocêncio X", de Francis Bacon
3º lugar: Francis Bacon, US$ 245 milhões
O preço médio das obras de Francis Bacon triplicou em dez anos, com uma ascensão ainda mais acentuada em 2007. Sua performance no ano foi excepcional por conta da grande quantidade de telas postas a leilão: treze, contra uma média que variou de duas a sete entre 1997 e 2006. Sete delas ultrapassaram a marca de US$ 10 milhões na oferta final, a maior delas feita para "Estudo para o Papa Inocêncio X", em maio na Sotheby's de Nova York - US$ 47 milhões, novo recorde para o artista.

4º lugar: Mark Rothko, US$ 207 milhões
Os proprietários de quadros do pintor se beneficiaram largamente do "boom" contemporâneo no mercado de arte em 2007. Além do "White Center", de 1950, venda mais cara do ano (US$ 65 milhões), outros cinco quadros do pintor superaram a casa dos US$ 10 milhões. Com isso, outros trabalhos antes menos procurados voltaram aos leilões, como desenhos em papel e telas da série "Untitled", de 1969.

5º lugar: Claude Monet, US$ 165 milhões
Para se ter uma idéia de como o mercado de artes esteve aquecido em 2007, bastaram US$ 80 milhões em vendas para que Monet ficasse em segundo lugar na lista do Artprice de 2004 - com o dobro desse valor, alcançou apenas a quinta colocação no ano passado. Em dois dias de vendas na Christie's de Londres, 18 e 19 de junho, um catálogo de trabalhos do artista foi vendido por 45 milhões de libras (cerca de US$ 84 milhões). No total, 27 trabalhos de Monet foram leiloados por valores acima de US$ 1 milhão em 2007.

6º lugar: Henri Matisse, US$ 114 milhões
O pintor francês foi outro que bateu recordes em 2007. Superando a expectativa em US$ 10 milhões, o quadro "L'Odalisque, Harmonie Bleue" foi arrematado em outubro por US$ 30 milhões, maior valor já pago por uma obra do artista.

7º lugar: Jean-Michel Basquiat, US$ 102 milhões
Mais jovem artista do ranking, o nova-iorquino foi também o que mais se valorizou em 2007, atingindo uma média de preços 480% maior do que suas obras valiam em 1998. O quadro "Warrior", por exemplo, leiloado em 2005 por US$ 1,6 milhão na Sotheby's, foi revendido na mesma casa por mais de US$ 5 milhões em 2007.

"Nymphéas", de Monet: impressionismo foi líder na década de 90 e continua em alta

8º lugar: Fernand Lèger, US$ 92 milhões
A maior venda de Lèger em 2007 foi o quadro "Les Usines", de 1918, vendido na Sotheby's por US$ 12,75 milhões (a expectativa mais otimista era de sete milhões). Outro destaque do francês foi o desenho em guache "Dessin pour Contraste de Formes (Composition II)", de 1913, vendido por US$ 4,2 milhões, um recorde para desenhos do pintor.

9º lugar: Marc Chagall, US$ 89 milhões
Assim como Picasso, a queda de três posições de Chagall na lista se explica mais pela ausência de grandes obras em oferta do que pela diminuição da procura. Em 2006, cerca de cem telas do pintor da Belarus foram a leilão, em 2007, apenas 62. Ainda assim, por conta de sua grande produção, mais de 400 trabalhos foram a leilão no ano passado, e um quadro circense de três metros de comprimento vendido em maio por US$ 12,25 milhões garantiu seu lugar no ranking.

10º - Paul Cézanne, US$ 87 milhões
Outro artista com poucas obras importantes colocadas no mercado durante 2007, Cézanne conseguiu dobrar sua marca do ano passado, quando completou-se o centenário de sua morte. Considerado por Picasso como o pai da arte moderna, o impressionista francês teve como maior venda do ano uma natureza morta de 1877, "Compotier et Assiette de Biscuits", arrematada por US$ 11,25 milhões em novembro. Bem distante de seu recorde, "Rideau, Cruchon et Compotier", leiloado pela Sotheby's em 1999 por US$ 55 milhões.
by UOL http://diversao.uol.com.br/ultnot/2008/03/25/ult4326u766.jhtm

sábado, 15 de março de 2008

Karl Marx ainda não disse sua última palavra


Karl Marx ainda não disse sua última palavra

Jean Birnbaum

Por que continuar lendo Karl Marx (1818-1883), o autor de "O Capital"? Por causa da clareza formal dos seus textos, e da força do seu raciocínio, explica o filósofo e lingüista Jean-Claude Milner na entrevista a seguir.

Le Monde - Qual é o lugar que Marx e a sua obra ocupam no seu itinerário de pensamento?
Jean-Claude Milner - Em qual momento um estudioso resolve parar com a sua atitude de definir como único objetivo de repetir da melhor maneira possível o que já foi dito? Este momento, para mim, dependeu de Marx. A meta de escrever para si mesmo, e não para satisfazer às exigências acadêmicas, não é tão simples assim; se eu a alcancei de vez em quando - pouco importa que o resultado seja ou não digno de interesse -, foi em primeiro lugar graças a Marx.

Posteriormente, outros nomes tomaram o seu lugar, mas, no caso de Marx, foi uma prioridade, e continua sendo uma dívida para com ele. Não há dúvida de que o impulso inicial foi dado por Louis Althusser (1918-1990, filósofo marxista) foi decisiva, mas o meu interesse subseqüente se deve aos textos do próprio Marx. Eu não diria que eles me ensinaram a pensar, mas sim que eles me ensinaram que o pensamento consiste em abandonar as nossas próprias bagagens. Marx me ofereceu a oportunidade para a minha primeira "emigração filosófica". Se eu tivesse de resumir o que revelou ser mais importante e continua sendo até hoje, mencionaria o seguinte: quando o lemos como se deve, Marx nos torna especialmente sensíveis para o fato de que uma entidade não precisa mudar de natureza para operar efeitos opostos. Isso não se deve ao fato de a entidade se transformar no seu contrário; é justamente porque ela permanece idêntica a si mesma que os seus efeitos se invertem. A máquina, ao permanecer tal como ela é, pode acentuar a servidão ou gerar um princípio de liberdade. A burguesia não se torna diferente dela mesma entre o momento em que ela desencadeia as revoluções e o momento em que ela instala os conservadorismos. O capitalismo precisa ao mesmo tempo de que a mais-valia exista e que nenhum capitalista consiga compreender que ela existe.

REFERÊNCIAS

Nascido na Alemanha, em Trier (então sob domínio prussiana) em 1818, morto em 1883, em Londres, Karl Marx segue estudos de direito e de filosofia em Bonn e depois em Berlim, antes de tornar-se um jornalista cujas intervenções radicais causam escândalo. Depois de uma estada em Paris, em 1843-1845, ele encontra Friedrich Engels, com quem ele sempre continuará trabalhando direta ou indiretamente, e começa a modificar a sua maneira de abordar a filosofia, privilegiando a ação política revolucionária.

Após ter retornado a Colônia durante a insurreição de 1848, Marx se refugia em Londres, onde ele trabalha na elaboração das suas obras, sem nunca deixar de participar das lutas no quadro do movimento operário. Ele participa, entre outros, em 1864, da fundação da primeira Internacional.

Marx dedica-se a "derrubar a filosofia", destituindo-a da sua posição hegemônica em proveito da ação concreta dos trabalhadores em luta, mas sem deixar de lhe devolver a sua base material. O seu pensamento está fundamentado no materialismo histórico, que se distingue dos materialismos precedentes pelo fato de Marx levar em conta as relações de produção e de conflitos que elas engendram entre as classes sociais; e sobre a dialética, que ele emprestou de Hegel, mas que é "colocada na posição certa", isto é, aplicada ao mundo material e não apenas ao campo dos conceitos.

Esta obra complexa, evolutiva, inacabada, foi simplificada e transformada em dogma pela constituição do marxismo e pelo uso que dele fizeram os regimes comunistas. Sempre por ser descoberta, ela é constantemente objeto de julgamentos conflitantes.
Mais perto de nós, foi ao persistir em se inscrever numa mesma estrutura histórica que a Europa democrática produziu, em relação ao nome judeu, tanto a recusa do crime quanto a aceitação dos resultados do crime. Temos nisso um exemplo de reviravolta topológica da mesma ordem do que aquelas que Marx descreve e analisa. Ele recorria a uma linguagem hegeliana e à dialética. Mas isso não é nem um pouco necessário. Outras linguagens revelam-se, da mesma forma, adequadas: estou me referindo a Roman Jakobson ou a Michel Foucault. O que importa é que é preciso ter lido Marx para se dar conta disso.

Le Monde - Qual é o texto de Marx que mais o impressionou, e que mais lhe proporcionou ensinamento, e por quê?
Milner - Muitos foram os textos que me impressionaram, de uma maneira ou de outra. Entre outros, os textos do período que vai de 1840 a 1850, que são modelos de inteligência. Mas o mais completo, em minha opinião, é "Salário, preço e lucro". A nitidez da forma, a força do raciocínio, a vontade de não ceder em nada ao politicamente correto, a força explicativa diante de fenômenos paradoxais, tudo nele é admirável.

Le Monde - Em sua opinião, em que este autor encontra hoje a sua atualidade mais intensa?
Milner - Eu seria o primeiro a defender a opinião de que as doutrinas econômicas de Marx merecem plenamente o recrudescimento de interesse que as cercam atualmente. Mas isso é o mais importante? Não creio. Para a política, não se pode deixar de mencionar o preço que Marx foi obrigado a pagar por se distanciar de Hegel: a ausência de toda reflexão verdadeira sobre as instituições. Sobre o Estado, sobre o sufrágio universal, sobre os poderes, sobre o direito, não há nada em sua obra, a não ser a crítica altiva. É por esta razão que Lênin foi obrigado a improvisar - o que ele fez de maneira brilhante, em certos casos, é verdade, mas a improvisação nesses campos é proibida: ela conduziu à catástrofe.

Prefiro situar Marx em outro campo. Do lado da escrita e do lado do pensamento. Leo Strauss insistiu sobre a existência de uma arte de escrever por parte de quem é vítima de perseguição. Que seja, mas é preciso se perguntar também como os autores fizeram, depois das Luzes, lá onde todos podiam escrever a respeito de assuntos polêmicos sem temerem a perseguição. A resposta é simples: foi preciso desenvolver uma nova arte de escrever. Esta foi a mais gloriosa empreitada do século 19; os que se dedicaram a ela não são tão numerosos assim. Na língua francesa, só consigo me lembrar dos romancistas e dos poetas. Na língua alemã, Marx é certamente um dos mais importantes.

Ele praticou dois modos de escrita. Eu chamarei o primeiro de 'a corrosão do presente pela esperança no futuro' - uma categoria na qual se incluem os textos sobre a atualidade, "As lutas de classes na França de 1848 a 1850" (1850), "O 18 Brumário de Luis Bonaparte" (1852), os artigos do "New York Tribune" (1852-1862). Ou ainda os comentários ocasionais a respeito de obras literárias - estou me referindo, por exemplo, à espantosa desmontagem de "Os Mistérios de Paris" (um romance de Eugène Sue, publicado em 1842-43) em "A Santa Família" (1845). O outro modo de escrita diz respeito ao saber - o qual Marx separa explicitamente de toda esperança. Sobre esta questão, leia o prefácio de "O Capital".

Mas, voltando aos dois modos de escrita, trata-se de escrever sem temer a perseguição. Estou me referindo evidentemente à perseguição policial, mas existem outras formas de perseguição mais sutis. Por exemplo, a desaprovação daqueles dos quais nós deveríamos, em nome da esperança, nos tornar amigos. Não há nada mais estimável em Marx do que a sua vontade de não dar ouvidos para as lamúrias dos bem-intencionados que tentam convencê-lo de que ele está equivocado em não se enganar. Mas é preferível aqui não nos deter aos detalhes. A verdadeira questão diz respeito ao futuro da arte de escrever sem reservas mentais, uma arte que é mais recente do que aquela de Strauss, mas que caiu ainda mais no esquecimento.

Eu sei que a perseguição reapareceu. As matanças, as maldições, a prisão, tudo recomeçou. Então, a arte de escrever sob a perseguição é um tema que está se tornando novamente inevitável. Mas, nos lugares onde o pior ainda não se instalou, ninguém precisa se apressar a renunciar a esta outra arte de escrever, da qual Marx foi um mestre. As virtudes da sua abordagem são muitas: nem prudência nem respeito, raciocinar sem dobrar-se; não fingir estar errado quando se está certo, não deixar para intermediários a tarefa de dizer o que se pensa, não misturar aquilo que se tem como verdadeiro em meio a declarações de submissão e de fidelidade àquilo que se tem como falso. Estas são as virtudes que conservei de Marx. Ora, andei constatando que há uma grande indiferença em relação a esta questão por parte daqueles que dizem ser os seus herdeiros.

Resta o pensamento. Nós sabemos que Marx declara ser um materialista. A proposta materialista por excelência tem o seu enunciado: nada se perde, nada se cria. Resumindo, a matéria é um jogo no qual a soma é nula. Ora, o materialismo de Marx afirma abertamente o contrário: existe algo material que se cria por meio apenas do jogo das forças materiais. Tal é a teoria da mais-valia: a força de trabalho cria valor lá onde este não existia.

Todos os grandes pensamentos materialistas se baseiam numa operação análoga. Ou alguma coisa se perde, ou alguma coisa se cria. É possível detectar a existência de materialismos do "menos um" (tal como defendeu Freud nos seus textos finais) e de materialismos do "mais um" (o "clinamen" de Lucrécio, filósofo epicurista do século 1 a.C.; ou ainda o aleatório darwiniano como origem das espécies, etc.). O "nem tudo" de Lacan opera uma abertura para as duas leituras. Esses diversos operadores enunciam que o jogo não resulta numa soma nula. Ou que o único jogo que valha é um jogo cuja soma não é nula. Negativa ou positiva, isso depende das doutrinas.

Mas, na realidade, os jogos de soma nula são aqueles que predominam efetivamente. Eles têm por nome matéria, ou espírito; ou grande desígnio, ou ordem mundial, ou revolução mundial, ou Papai Noel, pouco importa - é o infame. Contra este inimigo, os textos de Marx contêm um operador eficiente, embora este seja demasiadamente oculto.

Tradução: Jean-Yves de Neufville

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Retrato do descaso

Retrato do descaso
É triste que as entidades de defesa do consumidor - passados 17 anos de vigência do Código de Defesa do Consumidor - ainda tenham que fazer o ranking das empresas que mais dão dor de cabeça aos usuários. Pior ainda que sejam sempre as mesmas campeãs de queixas, como é o caso da Telefônica. Isso mostra que o desrespeito ao consumidor é prática reiterada e nada se tem feito para que deixe de liderar as listas. O fato de a empresa atender milhões de pessoas não é desculpa para as 4.405 reclamações do ano passado no Procon-SP. A Telefônica liderou as queixas de 1998 até 2001 e depois em 2006. E agora novamente está a frente com o maior número de queixas. O desempenho da Telefônica influiu também no ranking por áreas: "serviços essenciais", que congrega telefonia, fornecimento de energia elétrica e água, entre outros, lidera o levantamento, com 31% das reclamações. Já na PRO TESTE Associação de Consumidores ao longo de 2007 os serviços públicos e de interesse público tiveram 34% das queixas, seguidos de produtos (33%); financeiros (17%); e por serviços em geral (16%).Compras pela Internet; serviços de telefonia celular; telefones celulares; produtos eletroeletrônicos; e serviços de TV por assinatura foram os serviços e produtos líderes em reclamações de associados da entidade.

Escrito por Maria Inês Dolci às 12h33

Retrato do descaso
É triste que as entidades de defesa do consumidor - passados 17 anos de vigência do Código de Defesa do Consumidor - ainda tenham que fazer o ranking das empresas que mais dão dor de cabeça aos usuários. Pior ainda que sejam sempre as mesmas campeãs de queixas, como é o caso da Telefônica. Isso mostra que o desrespeito ao consumidor é prática reiterada e nada se tem feito para que deixe de liderar as listas. O fato de a empresa atender milhões de pessoas não é desculpa para as 4.405 reclamações do ano passado no Procon-SP. A Telefônica liderou as queixas de 1998 até 2001 e depois em 2006. E agora novamente está a frente com o maior número de queixas. O desempenho da Telefônica influiu também no ranking por áreas: "serviços essenciais", que congrega telefonia, fornecimento de energia elétrica e água, entre outros, lidera o levantamento, com 31% das reclamações. Já na PRO TESTE Associação de Consumidores ao longo de 2007 os serviços públicos e de interesse público tiveram 34% das queixas, seguidos de produtos (33%); financeiros (17%); e por serviços em geral (16%).Compras pela Internet; serviços de telefonia celular; telefones celulares; produtos eletroeletrônicos; e serviços de TV por assinatura foram os serviços e produtos líderes em reclamações de associados da entidade.

Escrito por Maria Inês Dolci às 12h33

http://mariainesdolci.folha.blog.uol.com.br/

quarta-feira, 12 de março de 2008

Unicamp forma primeiro mestre autista

Unicamp forma primeiro mestre autista
Da redação
Em São Paulo*
O pesquisador Daniel Jansen, portador da síndrome de Asperger (espécie de autismo), defendeu tese de mestrado em biologia marinha na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), no interior de São Paulo.

"É o primeiro aluno nessas condições a defender um trabalho de pós-graduação na Unicamp", diz Fosca Pedini Pereira Leite, orientadora do projeto.

A síndrome, um transtorno que resulta em dificuldade de relacionamento e de interação social, não impediu Jansen de conduzir levantamento sobre 35 espécies de crustáceos no litoral norte de São Paulo.

Sob a orientação da professora, ele estudou os anfípodes (pequenos crustáceos) que vivem com alga marinha. A espécie preocupa os cientistas por invadir o espaço de outros vegetais dos oceanos.

Jansen e Fosca realizaram coletas aleatórias de amostras de algas e dos substratos em seu entorno em duas praias de São Sebastião e Ubatuba.


Superação
Apesar de possuir excelente acuidade visual, habilidade que foi decisiva para a identificação das espécies, a maior dificuldade de Jansen, segundo a professora, está em atividades que envolvem a coordenação motora.

"Por conta disso o estudo demorou um pouco mais que o habitual para ser concluído", disse Fosca. O mestrado começou em 2004 e foi concluído em fevereiro de 2008.

Para a professora, os problemas motores e de socialização de Jansen não atrapalham sua capacidade intelectual. Alguns pesquisadores acreditam que Sindrome de Asperger seja um caso de autismo em que a inteligência é preservada.

"Ele também tem uma capacidade de observação muito desenvolvida e consegue relacionar, com facilidade, as estruturas observadas com as descrições das espécies. Por isso o aconselhei a desenvolver um projeto de pesquisa relacionado à identificação de espécies de crustáceos, que também venho estudando há vários anos", disse Fosca.

"Confesso que o processo não foi fácil e exigiu muita dedicação dos docentes do instituto. Deverá servir de exemplo para outros alunos nas mesmas condições de Daniel", destacou Fosca.

*Com informações da Agência Fapesp

sábado, 1 de março de 2008

Neuroestética busca princípio biológico do belo

Neuroestética busca princípio biológico do belo
Cientistas estudam como o cérebro é estimulado por quadros, esculturas, peças de música e imagens de dança
Márcia Foletto/17-04-2003
Marilia Duffles
A habilidade de Aleijadinho
para infundir vida em suas figuras
da paixão é tão impressionante
quanto as próprias
esculturas. Igualmente atordoante
é a capacidade de Leonardo
da Vinci de capturar a
natureza humana com meras
pinceladas. E a qualidade orgânica
da escultura “Boy jockey
and horse” também é inacreditável,
dada sua origem
helenística. Como artistas em
séculos tão distantes foram
capazes de retratar a mesma
gestalt criativa?
O trabalho de Da Vinci como
cientista certamente influenciou
sua arte e simultaneamente
o levou a refletir sobre
esse enigma. Ele com razão
se voltou para a “tela”
mental em nossas cabeças,
concluindo que o olho tem dez
funções e que embora as imagens
viajem da frente do olho
para a imprensiva (agora chamada
retina), elas na verdade
se formam no sensus communis
(o cérebro).
Séculos mais tarde, filósofos
alemães seguiram esse raciocínio.
Schopenhauer sabiamente
acreditava que as cores
existem dentro do observador,
e não fora dele. E Immanuel
Kant disse “devemos examinar
quanto do conhecimento
depende da contribuição
formal do cérebro”.
Estudos mostram que
a visão é um ato criativo
Semir Zeki, professor de
neurobiologia na University
College London, prestou homenagem
científica a isso. Sua
pesquisa sobre o sistema visual
do cérebro mostra que o
gênio presciente de artistas como
Da Vinci foi expor e expressar
em seu trabalho a fisiologia
cerebral. A pesquisa fez com
que ele lançasse uma cruzada
internacional, o Instituto de
Neuroestética (a raiz grega de
“estética” quer dizer tanto conhecimento
quanto beleza).
A pesquisa de neurociência
do último quarto de século explora
isso explicando como nós
enxergamos. A visão, demonstra
Zeki, é um ato criativo. Diante de
uma imagem, o cérebro procura
os traços necessários e (como
uma caricatura faz) destila a essência
do que vê, por causa de
sua memória limitada. Ele descobriu
ainda que o cérebro analisa
separadamente, em regiões
diferentes, atributos da imagem
como forma, movimento, cor,
textura. O córtex visual é dividido
em cerca de duas dúzias de
áreas especializadas.
Quando Da Vinci disse “as
cores mais agradáveis são as
que constituem oposições”, ele
estava prescientemente se referindo
à fisiologia das cores
complementares, não descoberta
até o século XX. A cor é
percebida quando o cérebro
compara comprimentos de ondas
refletidos em superfícies.
Arranjadas em pares opostos,
células ativadas pelo vermelho
são inibidas pelo verde, e viceversa.
O mesmo vale para outras
combinações.
São esses blocos de construção
visual utilizados pelo cérebro
para formar uma imagem
mental que os artistas também
usam, intuitivamente. Não é
surpreendente que Aleijadinho
tenha representado o movimento
melhor do que qualquer
fotografia. Ele esculpia gestos
que apelavam especificamente
para as células cerebrais que
reagem ao movimento. Ao
abandonar inteiramente a cor
numa pintura ou escultura, comos
nos móbiles negros de Alexander
Calder, os artistas minimizam
a ativação de células
sensíveis à cor, enquanto estimulam
ao máximo as áreas sensíveis
ao movimento.
A arte moderna também fornece
um importante paralelo visual
para a preferência do cérebro
por estímulo visual específico,
como os quadrados coloridos
e linhas de Piet Mondrian. A
pesquisa de Hideo Sakata, da
Nihon University, em Tóquio,
sobre como percebemos profundidade,
joga luz sobre uma
das mais difíceis habilidades artísticas.
Ele descobriu que macacos
(que possuem sistema visual
análogo ao nosso) têm neurônios
que combinam dicas de
profundidade (sombreamento,
textura) com perspectiva linear.
Também é possível entender
a música a partir de nossa arquitetura
neural. Ouvir música envolve
pensamento metafórico,
com a área do cérebro ligada à
linguagem percebendo o ritmo,
e sua área visual o tom.
Células explicam o
“contágio” da dança
Como esperado, a dança também
apela ao nosso modus operandi
universal. Quando as pessoas
assistem a filmes de balé
ou capoeira, são ativadas em
seus cérebros as mesmas áreas
usadas para executar aqueles
movimentos. Giacomo Rizzolatti
e sua equipe na Universidade de
Parma, Itália, descobriram que
isso se deve a células chamadas
neurônios-espelho, que imitam
as ações de outros. Imitar outros
é empatizar, usando o mesmo
ensaio mental da linguagem
do corpo do outro para nos botarmos
no lugar deles. E é por isso
que dançar é contagioso.
Mas por que a música tem o
poder de fazer até mesmo o
Príncipe Charles sambar durante
o carnaval? De acordo com
Petr Janata, neurocientista na
Universidade da Califórnia, Davis,
depois de apenas 15 segundos
ouvindo música as mesmas
regiões do cérebro que imitam e
compõem seqüências de ação
são fortemente ativadas — mesmo
que sejamos forçados a ficar
parados. Ezra Pound foi quem
disse melhor: “A música começa
a se atrofiar quando se separa
muito da dança”.
A beleza da neuroestética é a
descoberta dessa essência universal
que une o homem e seus
esforços artísticos a apreciação
da arte. E confirma porque o
samba tão facilmente comunica
a essência de ser brasileiro para
o resto do mundo. 
MARILIA DUFFLES é jornalista,
colaboradora da revista “The
Economist” e do jornal “Financial
Ti m e s ”
A arte é um subproduto da função evolutiva do cérebro’
Para o neurobiólogo Semir Zeki, o prazer que sentimos diante do belo está ligado à aquisição de conhecimento
Divulgação
SEMIR ZEKI: “Qual é o sistema do cérebro para sentir a beleza?”
 Diretor do laboratório de neurobiologia
da University College
London, Semir Zeki é o principal
nome de um campo em expansão:
a neuroestética. Zeki quer
entender o que acontece no cérebro
quando nos deparamos
com algo que julgamos feio, ou
belo. Ele defende que a arte apela
aos mecanismos de aquisição
de conhecimento do cérebro, e
é um subproduto da evolução
(posição que não é unanimidade
em seu meio). Por telefone, de
Londres, Zeki falou ao GLOBO.
Miguel Conde
O GLOBO: Num de seus trabalhos,
o senhor diz que Kant
abriu o caminho para um estudo
científico da arte. Por quê?
SEMIR ZEKI: O que Kant disse
é que para conhecer as coisas
você tem que se perguntar não
apenas sobre as propriedades
das coisas, mas sobre o que a
mente faz com isso, as contribuições
que ela dá. Como o conhecimento
que você obtém
não é apenas das propriedades,
mas também da mediação da
mente, você nunca pode conhecer
o objeto como ele é. Ele não
concebia a beleza como algo
que residisse apenas no objeto.
A questão muda de “o que é o
belo” para “porque, e de que
maneira, percebemos algo como
sendo belo”. Além disso,
Kant, em sua “Crítica do julgamento”,
explorou a maneira como
a arte está relacionada ao
sentimento de prazer e bem estar.
Kant não podia estudar os
mecanismos de recompensa e
prazer do cérebro, mas de certa
maneira essa é uma questão
científica, que pode ser pelo menos
em parte resposta pelo exame
desses mecanismos.
 O senhor diz que há uma relação
entre arte e aquisição de
conhecimento. No entanto,
quando percebemos algo como
belo, é difícil pôr este sentimento
em palavras.
ZEKI: As pessoas imputam muitas
funções à arte, mas elas têm
que entender que a arte é um
subproduto da principal função
evolutiva do cérebro, que é a
aquisição de conhecimento. Esse
é um dado mais fundamental
do que implicações políticas e
sociológicas. O cérebro visual e
o cérebro auditivo levaram milhões
de anos se desenvolver. O
cérebro verbal tem alguns milhares
de anos, no máximo. Não
é tão refinado quanto os outros.
Portanto, você pode comunicar
pela visão coisas que não pode
descrever pela linguagem. Eu
posso sentar e descrever para
você em 20 volumes a “Pietá” na
Basílica de São Pedro, mas dez
segundos olhando-a terão um
impacto maior. Você terá um conhecimento
emocional daquilo
que palavras não podem descrever.
O conhecimento não é apenas
o que se adquire ou expressa
pela linguagem. Há um conhecimento
visual. Quando Michelangelo
estava pintando, havia
teorias sobre proporção, de
Vasari, Alberti, Leonardo, mas
ele dizia “não quero usar uma
régua, pois tenho
um sistema superior,
que está no
meu olho”. Hoje
diríamos, no cérebro.
 E no caso da
arte abstrata?
ZEKI: Malevitch
dizia: “o artista
não tem necessidade
do objeto
como tal”. O que
devemos fazer é olhar e ver o
que vem do cérebro. Ele veio
com linhas e ângulos retos, e alguns
círculos. Há uma grande
parte do cérebro que responde
diretamente a linhas retas. Elas
são úteis para construir imagens
de formas. Mondrian disse
“eu quero saber quais são os
constituintes essenciais de todas
as formas”. Se você olha outra
escola moderna, o trabalho
dos cubistas, posso citar o crítico
de arte Jacques Riviere: “o
cubismo é destinado a dar à pintura
sua verdadeira função, que
é representar objetos como são,
não como aparecem
a cada momento”.
 Algo pode dar
prazer e ser inútil
de um ponto de
vista evolutivo?
De que maneira,
por exemplo,
perceber um pôrdo-
sol como bonito
ajuda na luta
pela vida?
ZEKI: O sistema de prazer está
profundamente ligado à evolução,
mas não se deve achar que
se vai encontrar uma ligação direta
e óbvia entre os dois, pois
muito freqüentemente são subprodutos.
O prazer é algo que o
cérebro pode usar em outras situações
que não as originais, ligadas
a beber, comer, ao sexo,
mas a origem é essa.
 O senhor pode falar um pouco
sobre o que acontece no cérebro
quando percebemos algo
como sendo bonito ou feio?
ZEKI: As áreas ativadas em ambos
julgamentos são as mesmas,
mas em níveis diferentes.
Por exemplo, nos dois casos o
córtex motor, responsável pelo
movimento, é acionado. Quando
vemos algo que consideramos
feio, ele é ativado com mais
intensidade, como se quiséssemos
fugir. Quando achamos algo
bonito, a intensidade é menor,
mas também está presente.
 Como artistas, filósofos e
historiadores da arte têm reagido
ao seu trabalho?
ZEKI: Os artistas são os mais
entusiasmados. Entre filósofos e
críticos, há reações divididas.
Recentemente li um livro de crítica
de arte contemporânea e
havia muita discussão sobre como
certas obras podem ser ao
mesmo tempo dolorosas e prazerosas
de se ver. É incrível que
esse tipo de discussão ocorra
sem nenhuma referência aos
mecanismos de dor e prazer do
cérebro, que são bem estudados.
Não podemos trabalhar em
isolamento. As questões parecem
diferentes, mas são complementares.
Os historiadores
estudam as variações no conceito
de belo em diferentes culturas.
Eu faço uma pergunta ao
mesmo tempo mais elementar e
maior: qual é o sistema do cérebro
para sentir a beleza? Para isso,
tenho que ir além de diferenças
culturais, procurar recorrências,
e aí há um trabalho histórico.
Se você pesquisa a literatura
do amor, por exemplo, verá
alguns conceitos que emergem
em todas as épocas e lugares.
 Há características universais
em nossas idéias sobre o
amor?
ZEKI: Sim, e posso
dar os dois
exemplos supremos
disto. Um é o
conceito da unidade
em amor. O
forte desejo de
estarem unidos
um ao outro que,
no auge da paixão,
dois amantes
sentem. E, relacionado,
está o
conceito de aniquilamento
no amor. Como essa
união é impossível, há desejo de
se aniquilar para se unir em outro
mundo, diferente do nosso.
Isso ocorre em “Tristão e Isolda”,
ocorre em lendas árabes, na
história hindi de Krishna, em
Dante, em Petrarca. É um tema
universal. O que as pessoas tentam
fazer é saber se esses autores
leram um aos outros, e nem
sempre se encontra uma relação.
Mas a relação está na organização
do cérebro, porque somos
todos humanos.
 E quanto à literatura medieval
dos trovadores, onde
um tema freqüente é o da
mulher inatingível?
ZEKI: Claro, mas nos trovadores
a consumação se dá pela
imaginação. No próprio Dante,
a imaginação reina suprema. O
amor de Dante por Beatriz era
um amor in absentia, pois ela
estava morta. Ele diz, em “La
Vita Nuova”, que vai escrever
sobre “la gloriosa donna della
mia mente”. É uma construção
inteiramente mental.
 Existe um padrão ou estrutura
universal que o cérebro sempre
reconhecerá como bela?
ZEKI: Acho provável (hesita)...
Acho que todos cérebros humanos
têm um sistema de beleza,
todos são capazes de
classificar algo como sendo
bonito. Mas se há uma característica
aplicável em todas as
sociedades, é uma questão difícil,
não tenho resposta.
 Seria possível,
analisando o
que acontece no
cérebro quando
c on te mp la mo s
uma obra de arte,
criar uma pílula
que provocasse
as mesmas
reações?
ZEKI: D e ix e -m e
responder de um
modo oblíquo.
E u s i n t o um
enorme prazer em ler, carrego
comigo o tempo todo, os “Quatro
quartetos”, de T.S. Eliot. Poucos
poemas na língua inglesa me
deram tanta satisfação e prazer
quanto esse. A questão é: porque
eu gosto tanto desse poema?
Há muitas razões. O uso de
linguagem, a metáfora, o uso do
ambíguo, a aplicação de versos
a muitas situações diferentes, o
senso de humor. O estímulo verbal
evoca um prazer que é causado
por meio de reações químicas.
Se eu tivesse um frasco e
misturasse elementos químicos
teria o mesmo prazer de ler
Eliot? A resposta é provavelmente
não.
http://www.neuroesthetics.org/news/pdf/darwin4.pdf