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segunda-feira, 6 de novembro de 2017

VIOLÊNCIA...BAMBANS ,REVANCHISMO- M. VERUNSCHK.CAPTURA DO FACE

Onça Verunschk 06/11/2017


A admiração minha é impar, única por uma mulher que não titubeia na injustiça, na causa humana e tendo como ofício a letra, a palavra, o pensar, sobretudo e divulga-lo ,eis ela :a onça..paulo vasconcelos
4 h



uma articulação de mulheres escritoras que dividem entre si as violências que sofrem (ando chamando de violência editorial) por parte de escritores, editores, companheiros ou não, está em curso e em diálogo. tenho apoiado essas mulheres, escutado suas vivências, discutido questões que para mim são políticas e que, penso, não devem ficar à sombra do patriarcalismo protetor que tudo desculpa a esses homens. penso que não se trata de vingança, ou revanchismo, mas uma necessidade de jogar luz nas situações que privilegiam o surgimento (e acobertamento) dessas violências. desde que anunciei meu apoio a essa rede subterrânea quatro bambambans da literatura me excluiram aqui no fb (todos eles envolvidos em violências reais e simbólicas). não tenho dúvidas que sanções poderão vir, e não as temo. que sanções? ora, desde a exclusão em programações e curadorias, a boicotes em premiações, publicações, processos de invisibilização mais contundentes. coisa com a qual a maioria das mulheres escritoras, especialmente aquelas cujos trabalhos ainda não são muito conhecidos, sofrem diariamente. violência editorial, reafirmo. coisa com a qual mulheres escritoras têm que lidar, além da escuta de vários poréns: "ah, mas aquela ali é louca", ou "ela quer aparecer às custas dele" ou "mas ele é tão talentoso". porque tudo serve para silenciar uma mulher, não é?

quanto aos bambambans que me excluíram, é sintomático, não? mas podem me perguntar: por que você não os excluiu antes? ora, porque ainda acredito na educação, porque não é possível (é possível, eu sei) que tanto discurso de esquerda, de direitos das minorias, de defesa de causas sociais morra na praia do machismo pura e simplesmente. estamos aqui, sabemos o que está sendo feito e estamos criando estruturas de proteção e afeto. acreditamos que é possível desconstruir as práticas patriarcais de violência contra a mulher, entre elas a violência editorial. acreditamos que é possível derrubar as desconfianças que são plantadas entre as mulheres pelos "amigos". sabemos que ninguém é santo, mas todo mundo escolhe um lado. e vamos em frente.
um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar, diz a música. a tentativa de voltar mil passos atrás não levará ninguém aos velhos locais de conforto.
imagem | Zoe Buckman
http://bit.ly/2AeFh1R

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

..o diabo, ah, o diabo mora nos detalhes..Micheliny Verunschk.(capturas do Facebook)


para dizer sobre ela, copio seu estilo....admiro esta criatura, não só como pessoa ,onça, leoa, como grande escritora e poetisa.Agora flagro-a no facebook, em que suas palavras são as minhas; assim além de tudo pensamos próximos, aqui vai...
paulo vasconcelos

Micheliny Verunschk -onça verunschk

por que é importante a demarcação de territórios da literatura escrita por pessoas que vêm das fileiras de alguma minoria, se não é o fato de ser minoria que lhes garante qualidade (qualidade literária, essa categoria móvel segundo os interesses da crítica)? porque é justamente o fato de pertencerem a alguma minoria que, de partida, as invisibilizam. a qualidade literária do livro escrito por uma mulher ou negro ou índio ou homossexual só interessa se conseguem driblar o "crivo do cânone". o livro escrito por um homem, branco, ocidental, de partida não precisa desse jogo de corpo.
anos atrás eu dizia "não existe literatura feminina, negra, indígena, gay, dos anjos. existe literatura". isso no mundo ideal. no mundo real é preciso etiquetar para excluir. a literatura feita por pessoas vindas de minorias precisa, no mundo real, estar sempre justificando sua existência, precisa sempre pedir licença para estar onde quiser estar. para que eu escreva bem é preciso que eu escreva apesar de. apesar de ser mulher, por exemplo. ou que o autor X esconda sua cor, sua identidade.
quando Manuel da Costa Pinto fala, por exemplo, que os autores convidados por essa Flip atendem a expectativas extraliterárias o que ele quer dizer, sem rodeios, é que aquele lugar não deveria ser ocupado daquela forma ou "o que eles estão fazendo ali?". uma questão como essa nunca seria colocada para autores homens, brancos ou que correspondam às expectativas do "crivo do cânone".
o diabo, ah, o diabo mora nos detalhes.


*Micheliny Verunschk (RecifePernambuco1972) é uma poetisa, romancista e historiadora brasileira.