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quinta-feira, 26 de julho de 2018

Empresariamento da Vida:A Função do Discurso Gerencialista nos Processos de Subjetivação Inerentes à Governamentalidade Neoliberal

Datas de Lançamento: 
23/08/2018 - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP). Convidado para apresentação e discussão Dr. Tony Hara. Horário: das 16 hs às 19hs. Entrada franca.

01/09/2018 - Livraria Tapera Taperá - Galeria Metrópole. Av São Luis 187, Praça da República, Centro. São Paulo – SP. Convidados para discussão: Profª Dra. Margareth Rago (IFCH/UNICAMP) e Prof. Dr. Edson Passetti (PUC/SP). Horário: das 17 hs às 20 hs. Entrada franca.

03/10/2018 - Auditório do Instituto Sedes Sapientiae - Rua Mistro Godoy, 1484, Perdizes. São Paulo-SP.
Breve novos locais de lançamento em São Paulo e em alguns estados do Brasil.



O livro Empresariamento da vida: a função do discurso gerencialista nos processos de subjetivação inerentes à governamentalidade neoliberal (Appris, 2018) busca realizar uma arqueologia do discurso gerencialista e uma cartografia dos dispositivos de poder que sustentaram sua implicação no campo social. O autor, já na epígrafe, deixa claro o que sente e compreende como sendo o processo da escritura movida no sentido de uma máquina de guerra, citando Deleuze e Guattarri no livro Kafka: por uma literatura menor, diz ele:
Escrever como um cão que faz um buraco, um rato que faz a toca. E, por isso, encontrar o seu próprio ponto de subdesenvolvimento, o seu patoá, o seu próprio terceiro mundo, o seu próprio deserto [...] e com isso (grifo nosso) agarrar o mundo para o fazer fugir, em vez de fugir dele, ou de o acarinhar.  


A busca, neste livro, do como é forjado o sujeito dentro do campo social, transversa vários campos, entre eles e, talvez, o mais apreciado neste livro, que Ambrózio nos entrega como refinamento de sua tese de doutoramento em Psicologia Clínica na PUC/SP sob orientação do Prof. Dr. Luiz Benedicto Lacerda Orlandi, trata-se dos restos que as inscrições das modalidades de governo, em uma certa época, deixam em cada um de nós como resquícios das modalidades de resistência no sentido da sobrevivência em um mundo cada vez mais engolfado nas tramas do funcionamento do Capital. Ambrózio é Psicanalista e com atuação no passado na área da Administração, com esta formação multidisciplinar, recolhe seu campo empírico transvasando-o, assim, no campo teórico, com isso, constroe uma obra de valor para um mundo acobertado pelo rentismo político do capital, na égide do Neoliberalismo dos últimos dois séculos e, em especial,  na contemporaneidade deste nosso século XXI.
Para tanto, seus recursos são amplos, do ponto de vista teórico, se alicerça em Foucault, Deleuze, Hardt & Negri, Freud e, bem timidamente, Lacan. Deste modo, ele tece uma malha extensa de argumentações que nos dão pistas para compreender o processo de subjetivação no qual se encontra imerso o sujeito contemporâneo, preso a esta malha que por vezes o sufoca, desampara, ou o torna, como diria Peter Pál Pelbart, quanto às tentativas de construção da subjetividade: um equilibrista!
A professora e historiadora Margareth Rago, ao apresentar a obra, nos fala de modo certeiro um dos focos do livro de modo claro e contundente ao afirmar:
"A leitura deste livro nos informa, com muita acuidade, sobre os processos assujeitadores que vivemos a cada dia, muitas vezes, de maneira imperceptível ou até mesmo valorizada, já que somos bombardeados, de ponta a ponta, por uma gama de informações ambivalentes que, no entanto, afinam no mesmo diapasão da sujeição e da obediência, produzindo o que o autor denuncia como “jaula subjetiva”. Seremos capazes de resistir?"

Ambrózio, com uma tessitura lexical clara, nos alumia, no seu trajeto textual, que embora com as devidas amarras do campo teórico, vislumbra uma clareira quanto ao assujeitamento do homem. Dada a sua clareza, utiliza-se também da poética de um Manoel de Barros, (um filósofo poeta) redimensionando, ainda, um campo de possiblidades de luta a este homem preso, atado e enjaulado.

Em suas palavras finais nos diz:
"É importante, no entanto, destacar a aposta no posicionamento de pensar que foi no sentido de responder a uma dinâmica primeira de liberdade e luta destes fluxos que se ergueram tanto os Estados em suas intervenções neoliberais organizados por meio de uma arquitetura imperial quanto se diluiu no corpo social uma lógica de competição acirrada orquestrada pelo discurso gerencialista num processo de empresariamento da vida que captura os fluxos no sentido de enjaulá-los na forma de acumulação do capital humano"

Recomendo a obra aos leitores, já afiados ou não, dentro das diversidades dos campos epistêmicos pelos quais o autor transversa, com destaque para a Filosofia, a Psicanálise e, quem sabe, a Administração. Quem dera um sopro de ar fresco poderia adentrar este ambiente mofado que a competição acirrada, mote da governamentalidade neoliberal, deixa com ares de pulsão de morte. Parafraseando o Freud na introdução da Interpretação dos Sonhos: Acheronta Movebo!

Paulo Vasconcelos.


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terça-feira, 24 de julho de 2018

A BOCA DA RUA ;OS GRITOS DA DESIGULDADE E HIPOCRISIA -SÃO PAULO RICA E MISERÁVEL



@jesuscarlosfotografias



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A BOCA DA RUA: GRITOS DA DESIGULDADE E HIPOCRISIA
SÃO PAULO RICA E MISERÁVEL

Não tenho mais dúvidas, a cidade de São Paulo é a cidade do contraditório, do conservadorismo e da miséria escondida nos setores de serviços, bancos, lojas, shoppings que pagam salários mínimos aos seus empregados e, por vezes, têm até câmera em lanchonetes, na caixa/digital para ver se há roubo de funcionários.
É a maior capital das Américas com doença Mental, claro, da solidão, da escravidão branca da invisibilidade das pessoas, todos se veem e ninguém se conhece; é rara a solidariedade. Ela, a Avenida Paulista, é o império dos conluios da Casa Grande, dos Patos e dos miseráveis expostos ou escondidos em uniformes de lojas de Shoppings e galerias. As quatro da manhã, os escravos começam a chegar das periferias, de outras cidades do eixo metropolitano, para o trabalho assalariado ESCRAVO das Casas Grandes da Avenida.

Costumo sair pela rua — moro na Paulista, mas ando por todos os lados até o centro, passeando ou para cumprir compromissos, mas de ouvido atento sempre, quando algo ou pouco ouço de interessante ou inusitado: paro e escuto. Na paulista, o tráfego é grande de pessoas e ao fim da tarde os coxas, vendedores simples, fecham o dia tomando sua cerveja e aí saem as loucuras ou grandes acertos. De madrugada, ouço do meu quarto os gritos dos bêbados cheirados, e que vem à Paulista como para reverenciar um templo do Além, dos aléns. Vejam algumas passagens:


A boliviana
 que vende colares — “Non sei porque estoy a casa el diablo mora aqui e es Temer e los juizes, son todos iguales con nosostros el el mundo en especial en America Latina, son todos a servicio de los Americanos, querem destruir nuestras terras roba-las como haciam los Spanholes e a ca los portugueses..HOY me arreipendo de ter salido de Bolívia, pois me gusta a Evo,ele tien nuestra cara de Indios, personas de la tierra.Hoy quiero volver, non es possible mas a vivir en Brasil és insuportabile.

O rapaz da pamonha — "Isso aqui virou pior que puteiro, é puteiro fechado por conta da gonorreia de Temer e dos juízes e políticos, tá saindo pus ela frente por trás, e nós lambendo estas batedeiras de calçada. Dá vontade e de enfiar esses sabugos de mi no deles, eles pensam que nós num pensa, e tem mai, isso aqui só tem jeito com bala, com sangue."

A mulher que serve café de manhã na Paulista com Carlos Sampaio —"Meu sinhô isso num vai ter jeito, só se Cristo viesse aqui, como num tem Cristo nem diabo só se vier um terremoto em Brasia. Tem muito tempo que esta assim, agora viram que não é só políticos é JUIZ, mulé de juiz, filho, filha, puta, tudo; sempre desconfiei de JUIZ, se acha o dono da razão e caga igual a todos, quando não vivem com diarreia. TRABALHEI NA CASA DE um Juiz aqui em São Paulo, eles só têm merda na cabeça, não quero dizer que não se salva alguns, mas aquele para quem trabalhei e os amigos dele eram umas bostas. Comentavam os causos que julgavam e davam risadas, comiam do bom e do melhor e regulava a água do banho e o que os empregados bebiam. Um filho meu queria fazer direito, depois publicidade, eu disse se fizer um desses eu num pago, nem mora comigo. Juiz, ladrão publicitário que mente descaradamente e rouba os outros com o apoio da desgramada da REDE GLOBO, nem pensar. Basta a mentira da Bíblia que já matou muita, muita gente com suas mentiras deslavadas, na minha casa não tem televisão,  dei, quando quero ver uma novela, aí vejo pelo meu celular, mas é outra podridão. É tudo igual, deixa a gente gago, e viramos gado que vai pro matadouro."

O gari da noite que passa na Maria Figueiredo/Paulista e sempre desço de madrugada para trocar ideias rápidas, penúltima quinta me disse — "Isso com que trabalho é mais limpo que Brasília, agora nós somos uma classe desunida porque se quiséssemos pararíamos o Brasil, porque isto virou uma merda, um puteiro, mas o povo tem culpa pois votou nessa merda. O povo se impressiona com a cara, não pergunta nem discute política. Fazem política com os vizinhos, mas não entendem que tão fazendo também política. Ah! e tem os pastores, esses são o capeta, deixei a casa da minha mãe, pois unhava bolsa família e ainda dava a esses putos. Agora sabe o que é isso, falta de gente cabeça nas periferias, nas favelas pra ajudar, pra esclarecer, porque se falo eles não acreditam pois sou Gari. A igreja Católica fazia isso melhor, mas abandonou, mas ainda creio que vamos sair disso, vai durar muito tempo ainda, agora com o safado do MORO e estas mulheres de Brasília o povo sabe que juiz é safado, agora pelo menos ficou CLARO."

A mulher que vende ervas na Praça da Sé me diz — “Eu acho graça esse povo que frequenta esta bosta da catedral, são uns putos, entram pra rezar e ao sair dão porrada em criança e gritam com nós, eles pensam que a cidade é deles. A cidade é todos, eu so filha de Índia e Índio, or isso, vendo mato, ervas, sabemos, conhecemos, pois a terra era nossa, esses portugueses, italianos daqui são uma merda, eles acham que aqui é a terra deles, terra deles é a puta que pariu. Agora quando tem dor nas costas, no cu, vem aqui pedir ajuda, mas com cara de doutor, se achando demais. Uma veio me perguntar sobre uma erva e ficou perguntando, perguntando, perguntando tanto e duvidando, não aguentei pedi par ela ir embora e que não falaria nem venderia mais a ela, ela ficou me xingando, aí perdi a cabeça mandei tomar cu e que saísse, mandou eu me lascar e tomar no cu e ainda chamou a polícia, falou que era parente de Bolsonaro. Eu disse a senhora e ele vão tomar no cu, ela disse mais eu sou mulher de militar, eu disse então vá se danar, come ele e sua família. Fui presa!