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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

GAL FOI.....NA PRATEADA NUVEM- GZH E BIA ABRAMO CANTA EM CRÔNICA GAL..

 


                                                l1nq.com/G3C5T  Andréa Graiz / Agencia RBS

UM SOL QUE NOS DEIXA PARA AGASALHAR-SE NO ALÉM, LEVA UM POUCO OU MUITO DE NÓS BRASILEIROS EM HORA DE TANTO ESTAMPIDO.

ANTES DE PARTIR FEZ O L DE LUA,LUZ,LULA,LIVRE E LINDA.SEU CANTO,SUA GARGANTA FICARÁ POR MUITO TEMPO EM NÓS

;A MOÇADA SABERÁ CUIDAR,COMO FEZ COM ELIS,NARA,SELMA E TANTAS OUTRAS.

VAI GAL MAS CUIDE DE NÓS,VOCÊ DEIXOU-NOS SEM VOZ,HAVEREMOS DE NOS HABILITAR DE NOVO POIS O TEMPO É ESSA FORÇA ESTRANHA E HAVERÁ DE NOS RECOMPOR,TALVEZ,SE HOUVER TEMPORALIDADES SUFICIENTES PARA ALGUNS.

MEU CHEIRO GRANDE PRA VOCÊ,SEMPRE AGARRADINHO,LEMBRO VOCÊ ATRAVESSANDO DE BIQUINI AV BOA VIAGEM,ERA UMA FORÇA ESTRANHA MESMO SENDO SIMPLES. PAULO VASCONCELOS

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Brasil perde a voz e arte de Gal Costa, uma das maiores cantoras que o país já teve

Gal, que morreu de infarto aos 77 anos em São Paulo, deixa um legado de discos essenciais e interpretações definitivas


Gal Costa estava com a turnê "As Várias Pontas de uma Estrela" marcada

l1nq.com/G3C5T

Gal Costa morreu na manhã desta quarta-feira (9), aos 77 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada. A informação foi confirmada ao g1 pela assessoria da cantora.

Considerada uma das maiores vozes da MPB, Gal era uma das atrações do festival Primavera Sound, realizado em São Paulo no último fim de semana, mas teve sua participação cancelada de última hora. De acordo com a equipe da artista, ela precisava se recuperar após a retirada de um nódulo na fossa nasal direita e ficaria fora dos palcos até o final de novembro, seguindo recomendações médicas.


A cirurgia ocorreu em setembro, pouco após sua apresentação em outro festival de música em São Paulo, o Coala. De lá para cá, ela não havia voltado a se apresentar, mas já tinha datas de shows da turnê As Várias Pontas de uma Estrela marcadas para dezembro e janeiro. 



A artista chegou a se apresentar com a turnê em Porto Alegre no ano passado. O show que homenageava seu amigo Milton Nascimento ocorreu no Salão de Atos da PUCRS, em 2 de dezembro.

Na ocasião, Gal falou a GZH sobre o retorno aos palcos, após dois anos afastada por conta da pandemia de covid-19

— Apesar de tudo isso, eu tenho esperança de que dias melhores virão. A esperança move a humanidade e a gente não pode desistir — comentou.

Sobre seus planos para 2022, Gal havia dito que planejava fazer muitos shows:

— A música é muito importante para mim porque me dá equilíbrio. Eu quero cantar.

Durante a quarentena, Gal produziu o disco Nenhuma Dor. O álbum traz a cantora interpretando clássicos de seu repertório em duetos com vozes masculinas — como Baby, com Tim Bernardes, Coração Vagabundo, com Rubel, e Meu Bem, Meu Mal, com Zeca Veloso.

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Brasil perde a voz e arte de Gal Costa, uma das maiores cantoras que o país já teve

Gal, que morreu de infarto aos 77 anos em São Paulo, deixa um legado de discos essenciais e interpretações definitivas



BIA ABRAMO IN JORNALISTAS LIVRES

l1nq.com/k1kJ0

Por Bia Abramo

Dos quatro cavaleiros do após-calipso, a mais nova, a mais serena, a mais malemolente. A que seria mais injusto partir antes, mas talvez eu dissesse isso se qualquer um dos outros três Doces Bárbaros, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso, tivesse ido nesse dia de hoje, com céu azul e um frio estranho de novembro em São Paulo, dia 09 de novembro de 2022.

Maria da Graça, Gracinha, Gal; uma cantora de voz com um alcance impressionante e uma verdadeira curadora de música brasileira morreu aos 77 anos em São Paulo. Nascida em 1945, em Salvador, Gal era uma adolescente quando foi lançado “Chega da Saudade”, o disco de João Gilberto que acendeu uma fagulha incontrolável em centenas de jovens pelo Brasil todo, chamando para uma música que soava nova, vibrante e plena de possibilidades. Amiga de bairro de Sandra e Dedé Gadelha, foi apresentada a Caetano Veloso e Maria Bethânia e começou a carreira ao lado de Gilberto Gil, Tom Zé e os dois irmãos Telles Veloso em 1964.

Com Tropicália, o disco-manifesto de 1968, o grupo tropicalista baiano fez sua estréia-intervenção que, como na lição de João Gilberto, abriria uma vereda de inventividade & ousadia na MPB dali para frente e que seguiria como um farol de cores psicodélicas, shows incríveis e discos fundamentais iluminando os anos da Ditadura. “Baby”, composição de Caetano, como que anunciava a mulher jovem da contracultura (“Você precisa saber da piscina/ Da margarina/ Da Carolina/ Da gasolina/ Você precisa saber de mim”), numa esquina de uma das três cidades-sedes do tropicalismo (Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo), ouvindo “aquela canção do Roberto”.

Com uma voz afinadíssima, educada e límpida, Gal passava da suavidade bossanovística às distorções das guitarras em segundos. Conseguia imprimir a mesma intensidade aos sambas mais delicados e às popices vanguardistas mais experimentais. O impacto da voz de Gal nos primeiros discos dos anos 1960 a fez fulgurar num cenário já habitado por excelentes cantoras e cantores, mas com um sentido de autoria que, se não era exatamente inédito, passou a ser uma marca dessa geração.

Como Nara Leão e Elis Regina, Gal (e Maria Bethânia, numa trajetória paralela, mas que se encontrava de quando em quando) seguiram as vozes dissonantes do lugar da cantora-mulher, agora tornadas intérpretes-curadoras; conhecedoras curiosas da muita música que se fazia, reveladoras de novos compositores e verdadeiras criadoras de versões definitivas de canções, novas ou velhas.

Nos anos 1970, Gal faria nada menos que sete discos de estúdio mais um duplo e ao vivo que fixam aí este seu lugar de cantora imprescindível – Legal (1970), Índia (1973), Cantar (1974), Gal Canta Caymmi (1976) Caras & Bocas (1977), Água Viva (1978) e Gal Tropical (1979). “Fa-Tal – Gal a Todo Vapor (1971)”, fruto de um longa temporada de shows no Rio e em São Paulo do mesmo nome dirigido por Wally Salomão, além de ser frequentador contumaz de lista de melhores discos da MPB de todos os tempos, envelopa a experiência tropicalista como poucos outros – atravessa a tradição, aponta para o futuro e faz do presente uma aventura.

A turnê com os Doces Bárbaros, com Caetano, Gil e Bethânia, percorreu várias capitais do Brasil ainda sob o signo da Ditadura e, de certa forma, finaliza a experiência contracultural, num grande espetáculo performático e coletivo, com presença forte da cultura e da religião afrodescendente, dos ritmos baianos do litoral e do interior e, claro, do samba. Na década de 1980 e 1990, Gal percorreria uma sólida carreira como grande cantora, gravando canções ou participando de shows e discos com dois gênios da Bossa Nova, João Gilberto e Tom Jobim, e em parcerias com outras vozes gigantes da música brasileira Luiz Melodia, Tim Maia, Milton Nascimento.

Depois de um período de certa reclusão, que também coincidiu com o processo de adoção do seu único filho Gabriel em 2007 e os cuidados dos primeiros anos do menino, Gal voltou com o elogiadíssimo álbum “Recanto” em 2011 e desde então entremeou o lançamento de mais 3 discos (Estratosférica, 2015; A Pele Do Futuro, 2018 e Nenhuma Dor, 2021) com os registros de palco das turnês. Sorte enorme das novas gerações de fãs que puderam testemunhar a força da voz e da presença de palco de Gal, uma das maiores que tivemos.

Dona de uma vida tão linda e intensa, senhora de sua trajetória artística tão enormemente pessoal, Gal Costa se vai deixando um cometa não apenas de canções na sua “voz maviosa, extraordinária” como disse um Gilberto Gil às lágrimas hoje nas redes sociais, mas daqueles momentos plenos de cintilações que só os artistas essenciais, imprescindíveis, são capazes de produzir.

Evoé, ashé, Gal, brilha junto com as fagulhas, pontas de agulhas, com as estrelas de São João no firmamento. A gente segue aqui te procurando e te seguindo para sempre

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