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domingo, 7 de outubro de 2007

Dejas de vivir si dejas de ser útil"


Dejas de vivir si dejas de ser útil"
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Santiago Fondevila | Girona | 04/10/2007 | Actualizada a las 03:31h
Llega algo alterado porque la escalera de emergencia del hotel estaba bloqueada, porque ha llamado a su secretaria pero - "como de costumbre, no tiene batería", dice- y ha tenido que llamar a Italia para que llamaran a... Pero ya está. Dario Fo, el Nobel juglar, inaugura esta noche en el teatro Municipal de Girona el festival Temporada Ata con un one man show a su más puro estilo. Osea, partiendo siempre del Misterio Buffo.

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Perfil

En contacto con la realidad
Ha superado los ochenta y su esposa, Franca Rame, se enfada mucho con él porque no para. Y no deja parar a sus ayudantes, que acaban despidiéndose. Lo cuenta mirando al vacío, De hecho, este juglar que les viene cantando las cuarenta desde hace años a los poderes establecidos, en defensa de los débiles (por eso le dieron el premio Nobel), mira poco a los ojos pero los tiene abiertos. Al fin, tras tanto actuar, sigue en lo mismo. Es un decir. Misterio Buffo, un espectáculo. No la llave,dice, para salir a escena. Porque en el espectáculo de ahora habla de los monjes de Birmania, de la política actual. Siempre en contacto con la realidad.

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MÁS INFORMACIÓNDario Fo abrirá la Temporada Alta con una denuncia a la crisis de Birmania
Edición Impresa: En contacto con la realidad
 

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PALABRAS CLAVE

Nobel, Italia, Rossini, Girona, Rafael, Miguel Ángel, Vaticano, Brecht
Todavía sobre los escenarios ¿Porque?

Porque es mi vida.

¿Pero no está cansado?

He visto morir a varios actores en escena, personas que con enfermedades terminales han querido trabajar hasta el último momento. Porque en nuestro trabajo, la vida es actuar.

¿No estará pensando en una muerte en escena?

Por supuesto que no pienso en una muerte tan romántica y épica, pero cuando uno es un fabulador como yo, es fundamental comunicar, plantear a los otros los problemas.... Porque vivimos una época dominada por la desinformación organizada desde el poder.

¿Cómo se puede seguir en la lucha, en la crítica a los poderes establecidos, en unos momentos en los que la mayoría incluso de izquierdas piensa que está todo casi perdido?

Sólo está perdido cuando se deja la lucha. Entonces si que está mortalmente perdido. Pero fíjese en los grandes autores alemanes, como Brecht, que vivieron el nazismo, tuvieron que huir, pero siguieron escribiendo.

¿Y qué fuerza le mantiene así? La conciencia de servir a alguien todavía. Mi madre, cuando estaba en el hospital con una enfermedad muy penosa, y eso que aún viviría varios años, me dijo: dejas de vivir si dejas de ser útil, cuando no te preocupas por alguien.

Entonces, mucha gente vive muerta en su individualismo. Pero ¿pueden hacer otra cosa?

Implicarse. Pensar que las cosas sí dependen de uno mismo.

Pero eso da miedo, produce angustia.

Lo contrario también. Es verdad que hay mucha indolencia. Miro el cielo de ahora, rojizo, y recuerdo el de hace cinco años, azul. Ahí está el problema del cambio climático, pero la gente coge su coche y sale a a la carretera sin preocuparse; pensando que serán los otros los que mueran.

¿Cómo están sus relaciones con la empresa del Vaticano?

He hecho un estudio sobre pintores como Rafael o Miguel Ángel en relación con los papados, y se han enfadado mucho. Lo único que he hecho es recoger la historia de esos papas inmorales, que organizaban guerras, que tenían amantes....

Usted hace un teatro popular, y en contacto con la realidad, pero hay una gran tendencia al teatro burgués para burgueses.

Así es. No sé si también aquí, pero en Italia se lleva lo que llamamos el teatro digestivo; el que no hace pensar. Un teatro antiguo, estancado, repetitivo. Luego están los espectadores que compran tres abonos de teatros distintos y van a la platea a dormir. Un crítico italiano decía que se duerme bien en el teatro ahora.

¿Y eso por qué?

Hay poco amor por el teatro.

¿Por qué sólo dirige ópera de Rossini?

La verdad es que no encuentro otros autores. Siempre que lo he intentado surgen imprevistos. Una vez iba a dirigir una obra del 1600 de un alemán... y se murió el tenor. Yo creo que Rossini quiere que acabe de hacer todas sus obras.

¿Sueña?

Sí, claro.

Cuando duerme, quiero decir.

¿Qué sueña entonces?

Es maravilloso: como soy escritor y director de escena tengo sueños muy bien construidos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Entrevista: máquinas terão consciência até 2020, diz futurólogo


http://idgnow.uol.com.br/computacao_pessoal/2007/10/03/idgnoticia.2007-10-02.5202464661/
Entrevista: máquinas terão consciência até 2020, diz futurólogo
Por Peter Moon, especial para o IDG Now!
Publicada em 03 de outubro de 2007 às 07h00
Atualizada em 03 de outubro de 2007 às 10h56
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São Paulo - O futurólogo da British Telecom, Ian Pearson, prevê advento de máquinas inteligentes e conexão do cérebro com a internet.

Você pode não concordar com ele. Pode mesmo não acreditar em nada do que ele diz. Mas a British Telecom acredita. Ian Pearson é o futurólogo de plantão da BT, a gigante de telecom do Reino Unido.

Pearson é pago para imaginar aonde as tecnologias atuais irão nos levar. Inteligência Artificial, modificação genética do ser humano, vírus inteligentes, civilizações imaginárias, a Second Life 10.0 e cenários terríveis como o do Exterminador do Futuro fazem parte do vasto leque de possibilidades na mira deste cientista.

De posse de novas informações, todos os anos ele atualiza a sua Linha Tecnológica do Tempo, onde se lê que a seleção inglesa de futebol irá perder para jogadores robôs em 2051.

Nesta entrevista exclusiva feita por telefone desde Londres, onde mora, Pearson fala sobre o seu ofício, pondera sobre os problemas para entender as máquinas inteligentes quando estas surgirem, e alerta para os grandes dilemas ético-morais decorrentes do avanço tecnológico que a humanidade terá, mais cedo ou mais tarde, que enfrentar.

Por que a BT tem um futurólogo?
Ian Pearson – A BT usa o termo futurista. É um termo mais internacional. Futurólogo é particularmente britânico. Gostamos de pensar que contar com futurólogos na BT é como olhar através do pára-brisa do seu carro quando está dirigindo sozinho no meio da neblina. Não se pode delinear uma imagem nítida do que está à frente. Procura-se detectar os obstáculos. Às vezes pode-se confundir uma silhueta à distância, mas poucos entre nós iriam guiar no meio de um nevoeiro sem se importar em olhar através do pára-brisa. Uma visão desfocada é muito melhor do que visão nenhuma!

domingo, 30 de setembro de 2007

Percentual de residências com computador quase dobra em 5 anos

14/09/2007 - 10h00
Percentual de residências com computador quase dobra em 5 anos
Da Redação
Em São Paulo


COMPUTADOR
Brasil 12,6% 22,4%
Norte urbana 6,7% 12,4%
Nordeste 5,2% 9,7%
Sudeste 17,3% 29,2%
Sul 13,9% 27,9%
Centro-Oeste 10,6% 20,4%
Região 2001 2006

O interesse pelo computador segue em ascensão entre os brasileiros, mas os que moram nas regiões mais desenvolvidas do país ainda têm maior facilidade de acesso à máquina. Este é o panorama mostrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2006 do IBGE, divulgada nesta sexta-feira. O lado bom é que, em todas as regiões do país o número de computadores nas residências aumentou.

Em 2005, 18,6% dos domicílios do país tinham computador, percentual que passou para 22,4% no ano passado. Se for considerado um período mais longo, os números são ainda mais expressivos, já que em 2001, apenas 12,6% das casas contavam com a ferramenta.

Em quatros regiões (Norte urbano, Nordeste, Sul e Centro-Oeste) os percentuais praticamente dobraram (veja tabela). No entanto, a comparação entre os números das regiões Sudeste e Nordeste mostra uma diferença considerável. Se, na primeira, 29,2% possuíam computador (23,1% com acesso à internet), o bem estava presente em apenas 9,7% dos domicílios do Nordeste, dos quais 6,9% ligados à rede mundial.

O Norte do país ficou pouco à frente, com 9,8% das casas com computadores (6% com acesso à internet) no último período da pesquisa do IBGE. No entanto, se forem excluídos os domicílios da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá, o percentual passa para 12,4%.

TELEFONES FIXO / CELULAR
Brasil 71,6% 74,5% 23,5% 27,7%
Norte 54,1% 59,9% 27,2% 34,7%
Nordeste 49,5% 53,6% 24,1% 29,1%
Sudeste 81,2% 83,4% 18,9% 21,7%
Sul 83,9% 86% 29,5% 34,4%
Centro-Oeste 78,8% 81,3% 32,8% 38,9%
Regiões 2005 2006 2005 2006

As linhas telefônicas, importantes no acesso à internet, estavam presentes em maior número em todas as regiões, em 2006, passando de 71,6% em 2005 para 74,5%. Mas, no Norte e Nordeste, os celulares fizeram mais sucesso, já que os percentuais de crescimento na quantidade de telefones móveis nestas regiões superaram a média nacional.

Se ainda há foi detectada uma desigualdade na presença de computadores pelo país, as diferenças diminuem quando outros bens de consumo relacionados à informação são analisados. Em 2006, o rádio estava presente em 87,9% das residências e a televisão, em 93% dos domicílios.

Entre 2005 e 2006, itens como fogão, geladeira e máquina de lavar roupa não sofreram alterações significativas. Quase a totalidade das residências possuía fogão no ano passado (97,7%), enquanto em 89,2% a geladeira estava presente (contra 88% em 2005). A máquina de lavar apresentou aumento de 1,7 ponto percentual (37,5% em 2006 contra 35,8% em 2005).
UOL Busca - Veja o que já foi publicado com a(s) palavra(s)
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PNAD
bens de consumo

sábado, 29 de setembro de 2007

Punto de lectura

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Enric Castelló
Periodista

< inicio > Sentido y sensibilidad
Un maestro del cuento
Enric Castelló | 29/06/2007 - 21:03 horas
Explica Gabriel García Márquez que sólo vio a Ernest Hemingway una vez en su vida, paseando por París en 1957, parece ser que por pura casualidad. Aquel era un joven estudiante y, aunque tuvo ganas inmensas de hablar con el genio, tan sólo se atrevió a gritarle de acera a acera en español "Maestro", a lo que Hemingway contestó en su castellano de torero: "Adiós, amigo". Gabo relata la anécdota la en el prólogo de la colección de cuentos de Ernest Hemingway que Lumen acaba de publicar, una delicia ideal para la época estival.

Coincido con García Márquez en que Hemingway fue un escritor de relatos breves y sus novelas parecen cuentos alargados. Ahora bien, los cuentos son de una fuerza tremenda. Lo que a uno le deja realmente en estado de choque es su capacidad para dialogar y describir. El diálogo y la descripción son en mi opinión las dos artes que Hemingway dominó y supo utilizar mejor en relatos como los recopilados en esta antología: selección que el propio escritor hizo de sus escritos en 1938 y que fue conocida como Los cuarenta y nueve primeros cuentos.

En esta selección encontramos obras clave como Las nieves del Kilimanjaro y Los asesinos, o exquisiteces como La breve vida feliz de Francis Macomber. También se recogen cuentos sobre su experiencia en España, como El invicto, un brillante relato sobre el toreo. Son historias que exploran la convivencia del hombre con la naturaleza, las relaciones humanas, los miedos y las más bajas pasiones. En Hemingway encontramos el escritor norteamericano aplicando su mirada en África, España, Italia o Francia, tamizando la realidad con su filosofía a veces existencialista, hasta nihilista. Es, como diría Ítalo Calvino, "el espíritu de América" que vaga por el mundo "sin un claro por qué". Es quizás, precursor de lo que vendrá, de una expansión económica y cultural (un imperialismo para muchos) que cien años después vive su cenit.

Estilo desnudo
En Hemingway encontramos un diálogo vivo y verosímil, una descripción desnuda y nítida. Su estilo es purificado, a veces telegráfico. La acción aparece ante nuestros ojos de forma prístina: "Los dos botes se deslizaron en la oscuridad. Nick oía los escálamos del otro bote un poco más adelante, en la neblina. Los indios remaban con golpes rápidos y secos. Nick estaba recostado y su padre lo rodeaba con el brazo. Hacía frío en el agua (…) "¿Adónde vamos, papà?" –preguntó Nick. "Al campamento indio. Hay una señora india muy enferma". "Oh" –dijo Nick".

El día que Hemingway ganó el premio Nobel de literatura, Ítalo Calvino escribió que hubo un tiempo en que para él, Hemingway era un dios, pero enseguida descubrió sus límites y sus defectos: "Su mundo poético y su estilo (…) resultaron ser estrechos, con tendencia a terminar en manierismo, y su vida –y filosofía de la vida– de cruento turismo empezó a inspirarme desconfianza e incluso aversión y disgusto". Calvino decía que Hemingway "escribe seco" y que no podía soportar su lirismo, como el de Las nieves del Kilimanjaro (lo peor que ha escrito, para el italiano). Por otro lado, Calvino elogia cuentos como el de El gran río Two-Hearted –incluido en esta antología- donde explica el relato de lo que hace un hombre que sale a pescar solo: "Nada más que una desnuda lista de gestos, rápidas y límpidas imágenes de paso, y alguna anotación genérica, poco convincente, de estado de ánimo como "Era realmente feliz". Es un cuento tristísimo…".

Inicios periodísticos
Me encantan los escritores que me dan ganas de escribir. Con Hemingway me pasa esto –como me sucede cuando leo a Josep Plà. Tras leer uno de sus cuentos a uno le dan ganas de explicar su propia historia, de intentar hacer algo que se pueda comparar con aquello que ha leído, lo que en un principio puede parecer asequible pero enseguida nos percatamos que es una quimera. Quizás esta sensación aparece ante este estilo testimonial, tan cercano al periodismo. Una vez Hemingway dijo que el estilo es una torpeza que alguien no puede evitar; al principio se ve como una falta, más tarde todo el mundo la elogia como tal.

De hecho Hemingway empezó a escribir en un periódico de Kansas City donde, como explicaba en una entrevista para la Paris Review, "uno estaba obligado a aprender a escribir una frase simple, declarativa". El periodismo quizás estuvo en estos inicios, pero él mismo indicaría que "trabajar en un periódico no es perjudicial para un escritor joven y podría ser una ayuda si el escritor sabe irse a tiempo". Lo cierto es que el maestro usaba un lenguaje llano que una vez hizo exclamar al mismo William Faulkner: "Hemingway no ha escrito una palabra en sus libros que haya llevado a un lector a buscar en un diccionario". Extremo pensamos exagerado si damos cuenta del vocabulario que el de Illinois empleó en sus cuentos destinados al mar, a la caza o a la guerra.

En muchos de sus cuentos encontramos figuras que acarrean cierto grado de simbolismo. Pero a Hemingway no le gustaba hablar del valor simbólico de algunos de sus escritos y aconsejaba al lector: "Lea todo lo que escribo por el simple placer de leerlo. Cualquier otra cosa que encuentre será aquello que usted mismo ha puesto en la lectura". Soldado en la primera guerra mundial –Calvino dijo que fue al frente italiano solo para ver cómo era aquello de la guerra–, boxeador, amante de las corridas de toros, trotamundos incansable, aficionado a la caza y a las armas, premio Nobel de literatura (1954), personaje excéntrico allá donde los hubo, depresivo, alcohólico y suicida, Hemingway lidera los anecdotarios de escritores y es una de las figuras literarias sobre la que ha corrido más tinta. Yo creo que cualquier lector/a que se precie debería dar cuenta de algunos de sus relatos, así como de Adiós a las armas.

Ficha de lectura
'Cuentos'
Ernest Hemingway
Traducción: Damián Alou
Editorial Lumen
Barcelona 2007

Novos rumos das HQs

DOCUMENTO
Novos rumos das HQs

Por André Dib

É relativamente antiga a tradição do humor e das artes gráficas em Pernambuco. Seu marco zero está precisamente no ano de 1831, quando veio às ruas o jornal satírico O Carcundão, como assinala matéria recente, na edição nº75 desta Continente Multicultural. Fechando o foco para as últimas décadas, é possível listar nomes de diferentes vertentes ou escolas, como Conceição Cahú, RAL, Cavani Rosas, Luís Arrais, Laílson, Clériston, Marcelo Coutinho, Watson Portela e Paulo Santos. Todos têm trabalhos publicados em jornais e revistas comerciais, ou de forma independente nos projetos locais Paca Tatu, Folhetim Humorial, O Rei da Notícia e o Papa-Figo, este último ainda circulando incólume pelo Recife.

Nos anos 70 e 80, a grande referência para os desenhistas de humor era o tablóide carioca O Pasquim. "Foi o meu curso superior", diz RAL, fortemente inspirado nas estripulias gráficas de Henfil e sua turma, onde colaborou por muitos anos. "Naquela época a gente usava os quadrinhos como uma trincheira estética, havia uma resistência para não nos vender para os americanos", confirma Clériston. Ainda nos anos 80 surgiu a Produtora Artística de Desenhistas Associados (Pada), uma rede de artistas que até hoje edita e distribui a Prismarte, uma das revistas independentes mais duradouras do Brasil.

Em 1998, o cenário ganhou novo fôlego com a criação do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos, concebido e articulado até 2005 pelo cartunista Laílson de Holanda Cavalcanti. Ao mesmo tempo, pela primeira vez foi fundada uma organização de classe, a Associação dos Cartunistas Pernambucanos (Acape). O intercâmbio e as oficinas promovidas pelo FIHQ e pela Acape eram o combustível que faltava para toda uma geração que hoje se organiza coletivamente e experimenta novas formas de expressar sua criatividade.

"As soluções que o grupo conquistou servem de referência para todos os associados individualmente. Antes, não havia produções locais que circulassem nacionalmente. Hoje, Pernambuco está no circuito de publicação comercial", avalia João Lin, presidente da Acape. Entre outras conquistas coletivas, está a criação de um modelo de contrato-padrão (que contempla o pagamento dos direitos autorais e de uso de imagem), e da tabela de valores de referência, disponível desde o ano passado no site da Acape. Informações básicas para qualquer categoria profissional, mas que no campo das artes gráficas ainda são pouco reconhecidas.

Entre 1999 – 2000 surgia o coletivo Ragú, com um projeto de revista que chamou a atenção pela qualidade gráfica e de conteúdo. Primeiro, ao apresentar a arte dos pernambucanos Lin, Mascaro, Flavão, Jarbas e Samuca. Depois, por ter crescido como coletânea nacional de quadrinhos, com a colaboração de expoentes como Fábio Zimbres, Eloar Guazelli, Marcelo Lélis e Samuel Casal. Além da revista, lançada de dois em dois anos, a Ragú conduz projetos paralelos como o de literatura em quadrinhos Domínio Público, cuja proposta é abordar um público de formação com adaptações visualmente criativas.

Sete anos depois, inspirados no barulho causado pela Ragú, e tendo como modelo editoras underground como a Rip Off Press , outro grupo criou a editora independente Livrinho de Papel Finíssimo, dedicada a publicar trabalhos autorais, geralmente sem espaço nos meios estritamente comerciais. Fabricados no processo de reprografia ou impressão digital, os títulos da Livrinho são vendidos de mão em mão, com o preço variando entre módicos R$ 3,00 e R$ 12,00. "Os autores entram com o papel, e a editora banca a impressão, edita, pagina e faz a diagramação", explica Diogo Todé, integrante do grupo ao lado de Camilo Maia, Greg e Henrique Koblitz, este último, autor de Micróbio, uma HQ minúscula, feita em papel dobrado e desenhos pixelizados. "Poética pixel", define o autor.

Possibilidades de experimentação que acabaram por atrair desenhistas já estabelecidos, além da própria Ragú, que, através do selo Ragú Zine, se associou à editora na coleção Olho de Bolso, cuja intenção é mixar a arte do cartum, ilustração, quadrinhos, grafite e artes plásticas, em diferentes técnicas de impressão: carimbo, clichê, litogravura e digital. Serão 12 títulos, 200 exemplares cada, ao preço de R$ 5. Os dois primeiros títulos, com trabalhos de Laerte Silvino (cartuns filosóficos com textos de Confúcio) e Galo (grafiteiro do coletivo Êxito d'Rua), serão lançados durante o FIHQ.

Por sua vez, uma conquista individual digna de nota é a da ilustradora de livros infantis Rosinha Campos, que há 13 anos vem assinando a arte de 42 livros publicados por 15 editoras brasileiras. Lançado no início deste ano, Esmeralda é um trabalho autoral, fruto de uma experiência de 65 dias em Fernando de Noronha, como orientadora de Oficinas de Leitura. Em 2007, ela é a única ilustradora brasileira convidada para participar da Bienal de Ilustração da Bratislava (Eslováquia), marcada para este mês de setembro.

Paraíba – Os quadrinhos produzidos pelo front paraibano revelam um panorama um tanto quanto heterogêneo. De um lado, há a figura quase inacessível de Mike Deodato, estrela estabelecida no Olimpo dos comics norte-americanos. Do outro está Shiko, artista em ascensão no segmento dos quadrinhos marginais, sendo ele a nova extremidade de uma linha evolutiva que passa por Marcatti e Lourenço Mutarelli.

Mike Deodato nasceu em Campina Grande, batizado Deodato Taumaturgo Borges Filho. Seu pai, o jornalista Deodato Borges, tornou-se pioneiro dos quadrinhos no Estado ao criar o super-herói Flama, nos idos de 1960. O caminho aberto foi só o começo para o filho, que desde os anos 80 publicava cartuns e charges na imprensa local. Na década de 90, após a revelação no Festival de Angoulême (França), conseguiu espaço em editoras dos EUA. Adotou o nome Mike Deodato por exigência da gigante DC Comics, que o contratou para desenhar a Mulher-Maravilha. O estrelato veio em 2003: seu passe fora comprado pela concorrente, a Marvel, que o escalou para desenhar o Incrível Hulk no mesmo período em que o filme de Ang Lee estourava nos cinemas.

Mesmo isolado do mundo enquanto trabalha em seu estúdio, Deodato com certeza não está só. De olho no caminho aberto pelo conterrâneo, um grupo de desenhistas fundou o Made in PB, um coletivo que articula e capacita artistas de quadrinhos com cursos e oficinas. Um dos integrantes, Jackson Santos, nascido na cidade de Bananeiras, foi recentemente convocado pela Dynamite Press para desenhar a série Battlestar Gallatica. Antes disso, ele vem assinando as pranchas sob a alcunha de Jack Hebert.

"Esse é o sonho deles. Só que quando passam a trabalhar para os americanos, viram apenas mão-de-obra", garante Henrique Magalhães, fundador da editora Marca de Fantasia, sediada há 12 anos em João Pessoa. "É claro que eu respeito a capacidade e o trabalho excepcional de Deodato. Mas eles não estão fazendo os próprios quadrinhos. Estão desenhando os dos outros. Certamente não é o 'viver de quadrinhos' que imaginavam", analisa o pesquisador.

Diametralmente oposto a este cenário está Francisco José de Souto, natural de Patos, outra cidade do interior paraibano. Em 1997, passou a editar o fanzine Marginal, que ganhou uma coletânea pela Marca de Fantasia. Adotou o codinome Shiko porque no período em que trabalhou em Brasília já havia outro Chico no ramo. E também porque aprendeu num mangá que shiko significa a área de alcance de uma espada samurai. Para dar forma à sua percepção da realidade, Shiko usa o grafite, a tatuagem, as artes plásticas e os quadrinhos. Quase sempre de forma mais ou menos pornográfica, como na série de telas a óleo com uma Olívia Palito despida num balcão de bar. Seu livro de estréia, Blue Note (com roteiro de Biu), impressiona pela poesia cada vez mais rara nos quadrinhos nacionais, aditivada de referências da cultura musical (jazz, blues e rock) e cinematográfica – entre as 100 páginas do livro, há cenas retiradas de Cinema, Aspirinas e Urubus, e uma seqüência inteira de Amarelo Manga.

"O trabalho de Shiko é outro universo, não se enquadra de forma alguma com nada. Ele tem um trabalho bem filosófico e baseado em literatura. É algo excepcional dentro do Estado. Já era para seu trabalho ser reconhecido nacionalmente, ter uma repercussão maior. Era para Shiko estar publicando na Conrad, que é uma editora que tem investido no quadrinho brasileiro. Ou na Opera Graphica, como Emir Ribeiro (outro desenhista paraibano) já publicou a personagem Velta", opina Henrique, em um lamento que se estende para os demais artistas do seu Estado. "No Recife, existe um trabalho de incentivo, de estímulo aos quadrinhos pernambucanos, e que consegue agrupar muita gente. Aqui a gente não encontra isso. É cada um fazendo o seu trabalho isoladamente", diz, talvez sem dimensionar a importância de seu papel neste contexto.

Afinal, organização é o que não falta neste belo exemplo de editora independente que é a Marca de Fantasia, com seu processo de fabricação estritamente caseiro (com exceção das capas, impressas em off-set). A baixa tiragem permite manter em catálogo mais de 50 títulos, todos custando no máximo R$ 12,00, valor que cobre os custos de produção e envio do material. Atualmente, são mantidos cinco selos, entre álbuns, revistas e 18 livros com ensaios e estudos acadêmicos sobre quadrinhos, como Riscos no Tempo, livro de J. Audaci Júnior, que conta os últimos 40 anos de quadrinhos na Paraíba. Uma história de altos e baixos, e que parece estar longe de terminar.


(Leia a Documento na íntegra, na edição nº 81 da Revista Continente Multicultural. Já nas bancas)






André Dib é jornalista.

No novo livro de contos de Luís Arraes




LITERATURA
Entre a palavra e o silêncio
No novo livro de contos de Luís Arraes, situações cotidianas e prosaicas se tornam matéria ficcional inventiva
Por Luiz Carlos Monteiro

A prática da narrativa curta pelos autores contemporâneos tem se revelado uma tendência estética assumida por escritores conhecidos e estreantes. Talvez pela velocidade exigida pelo modo de vida e vivências atuais, ou por uma questão de driblar o tempo ou a sua falta, cai em relativo desuso cada vez mais a história longa, de enredo mirabolante, numerosos personagens e espacialização que se abre em muitos lugares e extensões. É nesta perspectiva minimalista da prosa de ficção, com inclinação acentuada e preferencial para o conto, que o ficcionista Luís Arraes entretece os textos de O Silêncio É de Prata e a Palavra É de Ouro. Professor universitário e médico por formação, Luís Arraes transita com desenvoltura, como muitos outros profissionais de áreas diversas, pela criação literária. Sua bibliografia inclui, entre outros, trabalhos como O Rastejador, publicado no Recife em 1991, passando por O Remetente (2003), até chegar ao irônico e irreverente Anotações para um Livro de Baixo-Ajuda (2005), ambos editados pela 7 Letras no Rio de Janeiro.

Na primeira parte intitulada “O Silêncio”, os textos aparecem numerados até 35, entre estes alguns também titulados. Neste último caso, encontra-se o incisivo “Conto em forma de posfácio”, de número 30, que vale por um verdadeiro auto de fé do contista: “Escrevo contos. Pequenos contos. Cada vez menores. Talvez, uma metáfora da vida. Tudo é inútil ou as palavras vão rareando até tornarem-se apenas silêncio absoluto. O eterno silêncio”. A criação se confunde com a morte por descrédito na vida, ou apenas pelo que ambas representam de silêncio cético e “eterno”. Ainda mais, pela necessidade e urgência da vida, pela escassez de vida fruindo em direção aos sentidos e ao prazer, um prazer quase sempre banalizado, artificial, extremamente efêmero.

Ao longo de O Silêncio É de Prata e a Palavra É de Ouro, Luís Arraes vai subliminar ou diretamente fornecendo pistas sobre seus autores preferenciais – Franz Kafka, Manuel Bandeira, Anton Tchekhov. Augusto Monterroso, hondurenho naturalizado mexicano, é, certamente, uma grande influência em Arraes. É Monterroso (1921–2003) quem dá a tônica da segunda parte, “A Palavra”. O microconto de Monterroso “O Dinossauro” (“Quando acordei, o dinossauro ainda estava lá.”) é parodiado, citado, invertido e parafraseado em 40 textos que Arraes intitulou “Variações”. O texto destas variações já tinha sido publicado em outras ocasiões, sozinho, como parte de livros ou na internet, no site “Dubito Ergo Sum”, subintitulado “Sítio cético de literatura e espanto”. Referem-se diretamente a Monterroso as variações de 11 a 13, onde nesta última Arraes lança luz sobre os sentimentos, que podem sugerir e esclarecer, em termos do fantástico e do surreal, sobre a presença do dinossauro na vida do hondurenho: “O dinossauro não sobreviveu mais que uns poucos dias à morte do escritor Augusto Monterroso. Dessa forma, descobriu-se o que as ossadas existentes não revelaram: os dinossauros eram dotados de sentimentos”.

Mesmo que o texto de Luís Arraes tenha um andamento convencional em termos de sintaxe, o leitor é surpreendido, quase sempre, com uma frase inusitada, uma expressão diferenciada que abala e muda o contexto, um verbo, um pronome, uma conjunção aplicada de forma absurdamente inventiva e infreqüente. É o caso, por exemplo, do texto 14: “Na vida cabe tudo. O canto e o silêncio. A alegria e a tristeza. O sono e a vigília. A fina consciência das coisas e a cegueira total. O domingo de futebol e o domingo lavando carro. A sede e a embriaguez. Cabe tudo. Só não cabe a tragédia; esta já é do lado da morte”. Situações cotidianas e prosaicas se tornam matéria ficcional dos microcontos de Arraes: a família à mesa, assaltos, crimes, batidas de carro, enterros, certo viés inédito da vida universitária, doenças, a boemia e os amigos. O texto 5, sem título, resume-se a “O celular não estava funcionando. Nem eu”. Poderia ser confundido com um poema marginal da geração 70. Reflete como as duas máquinas, a humana e a metálica podem, de repente, ameaçar a normalidade da vida com a sua parada ou com a sua falta de funcionamento temporário.


(Leia a matéria na íntegra, na edição nº 81 da Revista Continente Multicultural. Já nas bancas)

sábado, 22 de setembro de 2007

Intervenções recife pe

Intervenções
Spa das Artes movimenta o Recife no fim de semana
Publicado em 21.09.2007, às 15h05


Artes visuais e intervenções urbanas fazem o Spa






Do JC OnLine
Com informações do Jornal do Commercio

Desta sexta (21) a domingo (23), bairros do Centro e da Zona Sul assistem a ações de arte, com artistas que prometem modificar a rotina dos transeuntes e a paisagem urbana. Trata-se da sexta edição do Spa das Artes Recife '07 que traz todos os eventos abertos ao público em duas semanas dedicadas às artes visuais - o Spa começou no último dia 16 e vai até o dia 30.

As praças do Recife são o alvo desta sexta, com apresentação do artista cearense Nivardo Júnior, que monta sete balanços nas árvores da Praça Joaquim Nabuco. O videasta Daniel Aragão (PE) realiza ação hoje na Praça da Independência, no Centro, das 18h às 21h. A idéia é montar uma cabine escondida com uma câmera e um telão, onde é exibido, em tempo real, falas de transeuntes que venderão na cabine três minutos de sua solidão, por R$ 3.

A artista Nara Cavalcanti (PE) dá continuidade ao projeto Oceanotipia, que vem executando em diferentes pontos da cidade com transeuntes que “emprestam” a própria sombra. Neste sábado, ao meio-dia, ela realiza a proposta em frente ao Edf. Acaiaca, na Av. Boa Viagem, e no domingo, na orla de Brasília Teimosa. Uma das grandes atrações do Spa, o artista plástico pernambucano Maurício Silva, que hoje mora na França, encerra a programação da sexta com performance no Prédio da Ocupação, a partir das 19h.

Outras intervenções urbanas movimentam o fim de semana. É o caso de Jardim suspenso, no Segundo Jardim Boa Viagem, neste sábado (22), às 10h. Por lá, pipas estampadas com dentes-de-leão serão trocadas por desejos do público depositados numa urna. Ainda na Zona Sul, no domingo, o grupo A firma da Irmã de Irma (Maurício Castro e cia) leva a intervenção Banho público ao Pina, às 13h. Sábado, às 14h, no Prédio Ocupação, a trupe mostra o mesmo trabalho, construindo com tubos de ferro a estrutura de um suposto "banho público