REDES

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

VLP VIVA A PINTURA

Les "activistes du mouvement graffiti" de VLP (Vive La Peinture!), Jean Gabaret et Michel Espagnon (de gauche à droite).

Clarice Lispector -Em matéria sobre uma biografia sua no The Economist

Brazilian literature

The slide towards insecthood

Aug 20th 2009
From The Economist print edition

Why This World: A Biography of Clarice Lispector. By Benjamin Moser. Oxford University Press; 496 pages; $29.95. Haus; £20. Buy from Amazon.com,Amazon.co.uk

“PREHUMAN divine life is a life of singeing nowness.” Clarice Lispector, who wrote these words, was as enigmatic as they are. Benjamin Moser sets out to crack the enigma. One finishes his new biography largely persuaded by his solution while wishing that he had gone at the task a little less strenuously.

Haus Publishing If only we could understand

Lispector, the “princess of the Portuguese language” and perhaps the first Latin American writer to be identified as a practitioner of magic realism, is one of the more obscure geniuses of modern letters. A Brazilian Jew, she fashioned strange, experimental novels and stories in elemental settings that seem only tangentially related either to Brazil or to Judaism. She proclaimed her Brazilianness more often and more forcefully than her Jewishness. But Mr Moser believes that her work is profoundly Jewish. He makes the case that her tragedies and philosophical concerns led her to create a body of work that belongs within the tradition of Jewish mysticism.

Lispector was born in Ukraine to a family still reeling from the pogroms and plagues that followed the first world war and the creation of the Soviet Union. Her feet never touched Ukrainian soil, she insisted—she was a year old when the family fled. Her intellectually ambitious father turned to peddling in Brazil’s poor north-east. Her mother, a secret writer herself, died slowly from syphilis caught from rape in the old country.

Legendarily beautiful, Lispector embarked on a conventional life, marrying a diplomat and mothering two sons. She was not above purveying make-up tips through ladies’ columns in newspapers. But the corseted, wandering life of a diplomat’s wife did not suit her and one son was schizophrenic. She divorced and returned to Rio de Janeiro to live out her days. A fire caused by sleeping pills and cigarettes scarred her beauty.

For Mr Moser, Lispector’s earliest traumas were the most important. Storytelling began as a way of willing her mother’s recovery. The narrative compulsion was coupled to the unsettling intuition that humans have no secure place along the continuum of creation; they slide toward insecthood even as they grope for an absent God. Lispector has been compared to Jean-Paul Sartre, for her sense of life’s senselessness, and to Franz Kafka. “The Passion According to G. H.” (from which the quotation at the start of this review is taken) has the Kafkaish plot of an encounter between a woman and a cockroach.

Mr Moser emphasises Lispector’s debt to Hermann Hesse’s “Steppenwolf”, who is part divine and part diabolical, and to Baruch Spinoza, who saw God as having an amoral, indifferent nature. Above all, he sees Lispector as a latter-day cabbalist for whom utterance itself is the act of creation: for her, God is among those thus created.

Lispector did not choose to say much about herself directly. Mr Moser’s biography relies therefore on inference, context and interpretation. His primary sources for the writer’s early life are an autobiographical novel and memoir by her sister, Elisa. The family lived through a tumultuous period of Brazil’s history, during which Jews sometimes had reason to feel menaced by bigoted despots and fascist rabble. But in his eagerness to emphasise the anxiety that the Lispectors must have felt, Mr Moser underplays Brazil’s tradition of racial and cultural mixing.

At times, Mr Moser’s attempt to understand Lispector as a Jewish writer can feel like recruiting. Lispector was never obvious, as Mr Moser notes. This absorbing and perceptive biography of a fascinating writer sometimes is.


Morreu o senador Edward Kennedy



Membro de uma das familias mais relevantes da política estadunidense, faleceu aos 77 anos face a uma enfermidade terminal. Obama disse estar ""desolado"

Everardo: Casos Petrobras e Dilma/Lina "são farsa"

Bob Fernandes
O pernambucano Everardo Maciel mora há 34 anos em Brasília. Foi secretário executivo em 4 ministérios: Fazenda, Educação, Interior e Casa Civil, e foi Secretário da Fazenda no Distrito Federal. Everardo é hoje consultor do FMI, da ONU, integra 10 conselhos superiores, entre eles os da FIESP, Federação do Comércio e Associação Comercial de São Paulo e é do Conselho Consultivo do Conselho Nacional de Justiça.
Mas, nestes tempos futebolísticos, às vésperas de 2010, com tudo o que está no ar e nas manchetes e, em especial, diante do que afirma Everardo Maciel na entrevista que se segue, é importantíssimo ressaltar que ele foi, por longos 8 anos, "O" Secretário da Receita Federal dos governos Fernando Henrique Cardoso.
Dito isso, vamos ao que, sem meias palavras, afirma Everardo Maciel sobre os rumorosíssimos casos da dita "manobra contábil" da Petrobras - que desaguou numa CPI -, da suposta conversa entre a Ministra Dilma Rousseff e a ex-Secretaria da Receita Lina Vieira e da alardeada "pressão de grandes contribuintes", fator que explicaria a queda na arrecadação:
- Não passam de factóides. Não passam de uma farsa.
Sobre a suposta manobra contábil que ganhou asas e virou fato quase inquestionável, diz o ex-Secretário da Receita Federal de FHC:
-É farsa, factóide... a Petrobras tem ABSOLUTO DIREITO (NR: Destaque a pedido do entrevistado) de escolher o regime de caixa ou de competência para variações cambiais, por sua própria natureza imprevisível, em qualquer época do ano. É bom lembrar que a opção pelo regime de caixa ou de competência não repercute sobre o valor do imposto a pagar, mas, sim, a data do pagamento. Essas coisas todas são demasiado elementares.
E o caso Dilma/Lina?
- Se ocorreu o diálogo, ele tem duas qualificações: ou era algo muito grave ou algo banal. Se era banal deveria ser esquecido e não estar nas manchetes. Se era grave deveria ter sido denunciado e chegado às manchetes em dezembro, quando supostamente ocorreu o diálogo. Ninguém pode fazer juízo de conveniência ou oportunidade sobre matéria que pode ser qualificada como infração. Caso contrário, vai parecer oportunismo.
E a queda na arrecadação por conta de alardeada pressão de grandes contribuintes?
-Farsa, factóide para tentar explicar, indevidamente, a queda na arrecadação.
Sobre essa mesma queda e alardeadas pressões, Everardo Maciel provoca com uma bateria de perguntas; que ainda não foram respondidas porque, convenientemente, ainda não foram feitas:
- Quais são os nomes dos grandes contribuintes, quando e de que forma pressionaram a Receita? Quando foi inciada a fiscalização dos fatos relacionados com o senhor Fernando Sarney? Quantos foram os contribuintes de grande porte no Brasil que foram fiscalizados no primeiro semestre deste ano, comparado com o mesmo período de anos anteriores e qual foi o volume de lançamentos? A Receita, em algum momento, expediu uma solução de consulta que tratasse dos casos de variações cambiais como os alegados em relação à Petrobras?
Com a palavra Everardo Maciel, Secretário da Receita Federal nos 8 anos de governo Fernando Henrique Cardoso:
Terra Magazine - Algo perplexo soube que o senhor, Secretário da Receita Federal por 8 anos nos governos de Fernando Henrique Cardoso, não tem a opinião que se imaginaria, e que está nas manchetes, editoriais e colunas de opinão, sobre o caso das ditas manobras contábeis da Petrobras, agora uma CPI?Everardo Maciel - Independentemente de ter trabalhado em qualquer governo, meu compromisso é dizer a verdade que eu conheço. Então, a verdade é que a discussão sobre essa suposta manobra contábil da Petrobras é rigorosamente uma farsa.
Uma farsa, um factóide?É exatamente isso. Farsa, factóide. E por quê? Porque não se pode falar de manobra contábil, porque a contabilidade só tem um regime, que é o de competência.
Traduzindo em miúdos, aqui para leigos como eu....Eu faço um registro competência... quer dizer o seguinte: os fatos são registrados em função da data que ocorreram e não da data em que foram liquidados. Por exemplo: eu hoje recebo uma receita. Se estou no regime de competência, a receita é apurada hoje. Entretanto, se o pagamento desta receita é feito no próximo mês, eu diria que a competência é agosto e o caixa é setembro. Isso é competência e caixa, esta é a diferença entre competência e caixa, de uma forma bem simples.
Cabe uma pergunta, de maneira bem simples: então, Secretário, há um bando de gente incompetente discutindo a competência?Eu não chegaria a fazer essa observação assim porque não consigo identificar quem fez essas declarações, mas certamente quem as fez foi, para dizer o mínimo, pouco feliz.
Por que o senhor se refere, usa as expressões, "farsa" e "factóide"?Vejamos: farsa ou factóide, como queiram, primeiro para explicar indevidamente a queda havida na arrecadação. Agora, a Petrobras, no meu entender, tem ABSOLUTO DIREITO (NR: Destaque a pedido do entrevistado) de escolher o regime de caixa ou de competência para variações cambiais, por sua própria natureza imprevisível, em qualquer época do ano. É bom lembrar que a opção pelo regime de caixa ou de competência não repercute sobre o valor do imposto a pagar, mas, sim, a data do pagamento. Essas coisas todas são demasiado elementares. Para especialistas.
Então por que todo esse banzé no Oeste?Não estou fazendo juízo de valor sobre a competência de ninguém, mas, neste caso, para o governo, me desculpem o trocadilho, o que contava era o caixa. E o caixa caiu. Para tentar explicar por que a arrecadação estava caindo, num primeiro momento se utilizou o factóide Petrobras. No segundo, se buscou explicações imprecisas sobre eventuais pressões de grandes contribuintes, às vezes qualificados em declarações em off como financiadores de campanha. Entretanto, não se identificou quem são esses grandes "financiadores de campanha" ou "contribuintes". Desse modo, a interpretação caiu no campo da injúria.
O senhor tem quantos anos de Brasília?Não consecutivamente, 34 anos. Descontado o período que passei fora, 30 anos.
Diante desse tempo, o senhor teria alguma espécie de dúvida de que o pano de fundo disso aí é a eleição 2010?Eu acho que nesse caso, em particular e em primeiro lugar, o pano de fundo era a sobrevivência política de uma facção sindical dentro da Receita.
Seria o pessoal que o atormentou durante oito anos?Não todo tempo. E de qualquer sorte, de forma inócua.
Sim, mas me refiro para o que reverbera para além da secretaria,do que chega às manchetes... os casos da Petrobras, um atrás do outro.Todos esses casos são, serão esclarecidos, e acabam, acabarão sendo esquecidos, perderão qualquer serventia para 2010. São factóides de vida curta. Depois disso chegamos à terceira fase do factóide.
Mais ainda? Qual é?Aí vem a história do virtual diálogo que teria ocorrido entre a ministra-chefe da casa civil, Dilma Rousseff, e a secretária da receita, Lina Vieira. Não tem como se assegurar se houve ou deixou de haver o diálogo, mormente que teria sido entre duas pessoas, sem testemunhas. Agora tomemos como verdadeiro que tenha ocorrido o diálogo. Se ocorreu o diálogo, ele tem duas qualificações: ou era algo muito grave ou algo banal.
Sim, e aí?Se era algo banal, deveria ser esquecido e não estar nas manchetes. Se era algo grave, deveria ter sido denunciado e chegado às manchetes em dezembro, quando supostamente ocorreu o diálogo. Ninguém pode fazer juízo de conveniência ou oportunidade sobre matéria que pode ser qualificada como infração. Caso contrário, vai parecer oportunismo.
À parte suas funções conhecidas, de especialista, por que coisas tão óbvias como essa que o senhor tá dizendo não são ditas? Já há dois meses essa conversa no ar sem que se toque nos pontos certos, óbvios...Eu não sei porque as pessoas não fazem as perguntas adequadas...
Talvez porque elas sejam incômodas para o jogo, para esse amontoado de simulacros que o senhor aponta? Quais seriam as perguntas reveladoras?Por exemplo: quais são os nomes dos grandes contribuintes, quando e de que forma pressionaram a Receita? Quando foi inciada a fiscalização dos fatos relacionados com o senhor Fernando Sarney? Quantos foram os contribuintes de grande porte no Brasil que foram fiscalizados no primeiro semestre deste ano, comparado com o mesmo período de anos anteriores e qual foi o volume de lançamentos? Ainda uma outra pergunta: a Receita, em algum momento, expediu uma solução de consulta que tratasse dos casos de variações cambiais como os alegados em relação à Petrobras? Respostas a isso permitiriam lançar luz sobre os assuntos.
Última pergunta, valendo-me de um jargão jornalístico: trata-se então de um amontoado de cascatas?Não tenho o brilhantismo do jornalista para construir uma frase tão fortemente elegante e esclarecedora, mas, modestamente, prefiro dizer: farsa e factóide. Ao menos, no mínimo, algumas das coisas que tenho visto, lido e ouvido, não passam de factóides. Não passam de uma farsa.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

"A leitura não entusiasma aos jovens de hoje,o como se fazia no passado?"

A especialista francesa Anne-Marie Charter reflete acerca da exigência de memorizar na Idade Media e a necessidade atual de manejar todos los suportes da atualidade.

Por: Claudio Martyniuk.

"LEER es siempre una actividad que oscila entre el placer y los obstáculos", dice esta doctora en ciencias de la educación.

La historia de las tecnologías de escritura y lectura, así como de los soportes materiales de los textos, se entrelaza con la historia de la alfabetización. Y la lectura de ese pasado brinda una renovada comprensión del presente y de las tareas de la escuela ante un objeto clave de nuestra cultura: el libro. Sobre él descansa, ambiguamente, la pretensión civilizatoria. Anne-Marie Chartier es una especialista en la historia de las prácticas de enseñanza de la lectura y escritura reconocida internacionalmente. Visitó Buenos Aires para dictar un seminario en el posgrado en Lectura, escritura y educación de Flacso.

En la Edad Media pocas personas sabían leer y accedían a los libros. En los conventos surgió la lectura silenciosa, interna. Esa innovación, ¿qué proyección tuvo?

Fue muy importante porque instaló los gestos intelectuales del trabajo con los libros que se mantienen hasta hoy. Pero si bien instaló la lectura mental, moderna y muy rápida, hay una diferencia fundamental con la manera de leer actual: en el medioevo, leer era memorizar íntegramente los textos fundamentales, mientras que hoy lo que esperamos de la lectura mental es la extracción de las informaciones principales de un texto y no su memorización literal. Durante siglos se enseñó a los niños que leer era fijar la memoria literal de un texto. Y los saberes que eran considerados fundamentales para los niños eran los religiosos, los cuales son leídos, repetidos, cantados, recitados. El lugar donde hoy podemos encontrar este estilo de lectura es la poesía. La lectura de poesía nos da una idea de lo que era la lectura en la Edad Media.

La minoritaria lectura de poesía en parte parece tener que ver con la falta de lectura en voz alta. ¿Es una pérdida irremediable?
No. Felizmente existen los cantantes. El lugar donde nos vemos obligados a pensar la relación entre la voz y el texto son las canciones. En el espectáculo, también en la ópera, esa cuestión de la relación entre la voz y el texto no es algo residual. En la publicidad y en los medios modernos se integran imagen, texto y voz. Pienso que los medios audiovisuales, con las revoluciones de la imagen y el sonido, restituyeron a nuestra vida de lectores una tradición de lectura en voz alta que muestra que nuestra memoria fija las cosas con más fuerza cuando lee con todos nuestros sentidos, con la imagen, el texto y la voz.

Sin embargo, la "Galaxia Gutenberg", centrada en el libro, parece desplazada por la imagen.
La "Galaxia Gutenberg" perdió el mundo de la imagen y del color para entrar en un mundo en blanco y negro, un mundo gris. Ese descubrimiento extraordinario de la modernidad -la imprenta- en parte suprimió la riqueza de la tradición medieval que vinculaba imagen de color y texto. En la modernidad, la introducción de imágenes en el texto exigió un largo tiempo de trabajo tecnológico hasta llegar a insertar viñetas, pequeñas láminas en el interior de los libros. En la actualidad, reencontramos la riqueza estética medieval en textos que incluyen imágenes en color. La novedad es el sonido. Texto, imagen, color y sonido están conectados en los nuevos soportes tecnológicos.
Pero es problemática la comprensión de las imágenes.

El procesamiento de la imagen no es secuencial o lineal, como lo es el procesamiento del texto escrito, y hay interacciones entre las imágenes y el texto que no son fáciles de analizar. No hay un procedimiento de lectura de imágenes que pueda enseñarse como se enseña la alfabetización.
Siento preocupación cuando se habla de leer imágenes o situaciones, como si la lectura fuera el paradigma de todo entendimiento. Es una metáfora: no se leen las imágenes, las imágenes se comprenden, se analizan, se perciben, se sienten. Decir que las leemos es una manera de hablar que obstaculiza. Las imágenes funcionan de la misma manera en diferentes culturas, y niños que no hablan el mismo idioma pueden comprender la misma imagen. Hay fenómenos que son específicos de la imagen. Yo puedo leer un libro del siglo XVIII con el sentimiento de que hay una continuidad entre esa escritura y la actual. Pero la forma en que están ilustrados los libros del siglo XVIII no tiene nada que ver con la ilustración de los libros actuales. Para la educación esto es un problema porque no hay tradición en la escuela de una cultura de la imagen que no sea una ilustración de lo escrito. En la escuela primero está lo escrito y la imagen aparece como un complemento para adornar, mientras que en la vida no es así.

¿Sólo esa función cumple la ilustración en los libros escolares?
Hay una evolución desde fines del siglo XIX, con la creación de la escuela republicana -con Sarmiento, aquí en Argentina, y Jules Ferry en Francia; la historia de la creación de la escuela republicana en Argentina y en Francia se parece mucho. En ella, lo prioritario es el texto y las imágenes están para fijar la memoria, utilizando también la emoción en la representación de los próceres de la patria. El libro de Héctor Rubén Cucuzza "Yo, argentino. La construcción de la Nación en los libros escolares (1873-1930)" muestra que ante los próceres que marcaron la historia -que es como la historia de los santos que marcaron la historia de la Iglesia- hay un relato mítico que necesita imágenes, porque ellas fijan la representación de los héroes que jalonan el relato del texto.

También los textos de ciencias tienen imágenes.
Pero es distinta la ilustración de esos libros escolares que quieren dar una idea del discurso científico con lecciones sobre el agua, el aire o la circulación de la sangre. Se ilustran con esquemas. Los chicos tienen que reproducir el esquema de circulación de la sangre, por ejemplo, mientras que no se les pide que dibujen al prócer. Hay una introducción al gesto científico de representación abstracta de la realidad, la que parece aportar una verdad invisible. En libros escolares muy simples aparece la representación de la variedad de los discursos que existen en el mundo científico. En geografía es el mapa, y en la escuela cada disciplina científica está marcada por un tipo de uso diferente de la articulación imagen-texto. La alianza imagen-texto funciona como un indicador disciplinario, y los chicos saben de inmediato, al abrir un libro, en qué disciplina están, aunque no sepan leer. La escuela encontró un medio muy eficaz para darles a los niños una clasificación de los saberes.

¿Hoy los chicos no se entusiasman con la lectura?
Parece que no, pero tampoco en el pasado, ¿no cree? En definitiva, habría que probar que la lectura no entusiasma a los chicos hoy y que los entusiasmaba ayer. No hay que mezclar los recuerdos nostálgicos de los amantes de los libros con la realidad de la generación anterior. Yo no tengo la sensación de que en la generación de mi abuela había entusiasmo por los libros. Existía mucha desconfianza respecto de los libros y cuando a las chicas les gustaba leer, se pensaba que eran malas amas de casa y madres y que perdían el tiempo. Había desconfianza hacia los libros en los sectores populares; los consideraban pasatiempo de ricos. Y la mayoría de la gente no leía, salvo el diario para saber las noticias locales y quiénes habían muerto, pero no se tenía la idea de que a uno le faltaba algo cuando no leía. Esto se ha olvidado. Se tiende a reconstruir el pasado con la cultura de las clases medias, que son las clases que enseñan.

La extensión de la alfabetización, ¿generó más lectores?
Se esperaba, con la generalización de la alfabetización y de los estudios prolongados, un aumento del número de personas que irían a bibliotecas, comprarían libros y leerían. Cuando eso se volvió posible -con los libros de bolsillo y los diarios accesibles- llegó la revolución tecnológica de la televisión y después Internet.

¿Y qué puede hacer la escuela en esa batalla?
La escuela está tironeada por dos objetivos: existe para desarrollar una cultura general, científica y literaria, pero debe preparar a los chicos para el mercado de trabajo, algo que nunca antes había tenido que asumir. La cuestión del mercado laboral dependía de una formación profesional o de la demanda local, pero no era rol de la escuela preparar a los niños para oficios, simplemente porque la mayoría de los oficios no requería saber leer. En la actualidad, todos los oficios, aun los de bajo nivel de calificación, exigen el conocimiento de la lectura y la escritura. Un ejemplo: en los hoteles Accor, una cadena internacional, el personal de limpieza tiene un protocolo de 40 ítems para verificar. Cada vez que entran en una habitación, deben ver si funciona la luz, etc. Es una lista escrita y se debe tachar con una cruz. Una mujer que no sabe leer y escribir no puede ser mucama. Eso era impensable antes, cuando para las tareas manuales se requería fuerza de trabajo, no competencia de lectura.

¿Cómo afecta esto a los maestros?
Los docentes no desean quedar sometidos a la demanda económica, pero saben que los chicos vienen a la escuela también con una expectativa de inserción social y de éxito en el mercado laboral. Esos imperativos económicos pesan y, como consecuencia, los imperativos culturales de la escuela quedan un poco como de lujo. Se duda: "¿Es necesaria la poesía en la escuela?" Esto trae un problema de identidad cultural en los docentes porque no eligieron la profesión con esa perspectiva.

Copyright Clarín, 2009.


Responsáveis por escravidão de indígenas são denunciados Cerca de 60 trabalhadores da etnia Kaingang foram submetidos à condição análoga à escravidão



Por Bianca Pyl

O Ministério Público Federal (MPF) em Joaçaba (SC), oeste catarinense, apresentou denúncia contra os empresários Ubiratan Carlos Bortolon e Milton Bassotto pelo crime de reduzir 60 indígenas do povo Kaingang a condição análoga à de escravos. A situação ocorreu de março de 2006 até junho de 2008, quando uma fiscalização do grupo móvel de fiscalização do governo federal libertou dois indígenas que ainda estavam no local.

A situação só foi descoberta porque três indígenas entraram com ações na Vara de Trabalho de Xanxerê (SC) contra o "gato" Renato Piovesan (aliciador da mão-de-obra). Por envolver indígenas, o Ministério Público do Trabalho (MPT) de Chapecó (SC) foi convocado para participar das audiências. Durante os depoimentos, Renato confessou que aliciava os trabalhadores na Terra Indígena (TI) Chapecó e disse, inclusive, que dois trabalhadores ainda estavam na propriedade, localizada no município de Herval d´Oeste (SC).

O caso foi transferido para o MPT de Joaçaba, responsável pela atuação na área de Herval d´Oeste. Para averiguar a informação do "gato", Guilherme Kirtschig, do Ofício da Procuradoria Regional do Trabalho da 12ª Região (PRT-12) solicitou que fosse realizada fiscalização trabalhista no local indicado.

BY REPÓRTER BRASIL

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A crise da política é crise da representação e da grande mídia

Por: Giuseppe Cocco
Rio de Janeiro, 30 de junho de 2009

Nesse final de década, a política está em crise, nos dizem com insistência as vicissitudes político-eleitorais oriundas da velha Europa e, com mais insistência, nos diz a auto-proclamada “opinião pública” brasileira. Na realidade, a dita “opinião pública” coaduna toda a grande mídia e os setores sociais ultra minoritários de uma elite ultra conservadora que, tautologicamente, “forma a opinião” e é a opinião”. Com efeito, a “política” está em crise, no mundo todo. Com certeza, essa crise constitui uma ameaça à democracia e à paz. Sem dúvidas, uma das formas mais perigosas dessa ameaça é constituída pela postura da grande mídia no Brasil.Na realidade, a política que está em crise é aquela do poder, de sua economia, de sua ideologia e de sua verdade: seus títulos e obrigações se tornaram tóxicos!No nível global, a crise da política tem a cara da recessão que marca o apogeu catastrófico da regulação neoliberal da economia mundial. As intervenções trilhonárias dos estados – começando pelos Estado Unidos - para “segurar” a economia (o sistema de crédito) acontecem com base na chantagem da miséria e do desemprego. Os opinionistas “autorizados” das colunas econômicas muito simplesmente ignoram a conseqüência que deveria ser a mais óbvia dessa massiva intervenção do fundo público: a reabertura do debate sobre a questão da propriedade e a gestão de bancos e empresas que só continuam operando com base nos aportes de recursos de toda a sociedade. Assistimos assim a uma vasta e escandalosa socialização das perdas: os muitos pagam (com dinheiro vivo e perda de empregos e direitos) para que os poucos continuem gerenciando um sistema econômico que eles mesmos quebraram. Pior, os titulares de doutorados em economia, muitas vezes pagos com bolsas públicas para estudar “lá fora”, do alto dos púlpitos que a mídia continua lhe outorgando, insistem esperneando contra o aumento das despesas públicas de custeio e contra os déficits da previdência. Eles insistem a nos dizer que os pobres são um “custo” (o “custo-país”) para o “lucro” dos ricos, mesmo diante da crise: sem a riqueza dos muitos e sobretudo dos pobres, a pobreza dos ricos aparece em toda sua toxicidade.Em vários países, sobretudo da velha Europa, isso já se traduz em um movimento xenófobo que, renovando a vergonha nazi-fascista do século passado, visa fazer pagar a crise financeira aos imigrantes, aos jovens e aos trabalhadores. O governo Berlusconi é talvez o emblema dessa regressão: não apenas pela presença em sua base de forças oriundas do neo-fascismo e do separatismo xenófobo, nem somente pela escancarada hipocrisia de sua demagógica e imoral proximidade ao conservadorismo católico, mas sobretudo pela falta de uma real oposição da esquerda institucional que - ao longo das últimas décadas - perdeu qualquer relação com os movimentos sociais e não soube ir alem da defesa dos setores protegidos do trabalho.No Brasil, o emblema dessa regressão preocupante está na postura de toda a grande mídia. A grande mídia brasileira constitui uma ameaça à consolidação da democracia em nosso país e em nosso continente sul-americano. Não estamos falando da orientação “conservadora” da grande mídia, aliás coerente com as preocupações e os interesses de seus leitores e das famílias que controlam sua propriedade. Estamos falando do fato gravíssimo de a grande mídia ter se transformado em um partido de oposição ao governo Lula. O que em 2005, por ocasião da crise chamada do “mensalão”, foi sobretudo a tentativa de exploração de uma oportunidade inesperada para “mandar de volta para seu lugar” antes do tempo o “torneiro mecânico”, se transformou em seguida – diante da derrota eleitoral desse mesmo oportunismo - em um planejamento político eleitoral escancarado, tão autoritário quanto arbitrário.
Com efeito, a grande mídia brasileira preenche um vazio: a oposição não tem nenhum projeto e nenhum discurso. O que sobrava, quer dizer os “choques de gestão” e o controle dos gastos de “custeio”, a crise acaba de varrer para a lata de lixo da retórica do poder. A última grande “novidade” dos propostas elaboradas pela oposição dizem respeito (sic) a aprovação do programa Bolsa Família do governo Lula!A grande mídia brasileira é hoje o partido de oposição e, nessa medida, ela é uma ameaça à democracia. Desde o início do primeiro governo Lula, a grande mídia fez uma campanha intensa, o tempo todo, contra suas políticas mais inovadoras: contra o Bolsa Família, contra o Prouni e a Reforma Universitária, contra as cotas para negro e para pobres, contra a democratização das políticas culturais, contra a política exterior, contra a demarcação continua da Reserva indígenas Raposa Serra do Sol.
Trata-se, por um lado, do jornalismo marrom na formulação de “manchetes”, reportagens e escolhas de fotos e, por outro, de um jogo de “colunas de opinião” que se apresentam como “independentes” e na realidade são completamente orquestradas.
Com o aproximar-se do ano eleitoral de 2010 e diante da insistente popularidade do presidente Lula, mudou-se o registro.Por um lado, en passant, passou-se a torcer para que a crise financeira global se transformasse em um Tsunami de desemprego e recessão que abalasse enfim a base de sustentação social do governo. Essa tentativa não deu certo e dificilmente vai se sustentar diante de um mínimo de debate: o que está em crise é claramente o modelo neoliberal implementado no Brasil com o apoio da grande mídia durante os dois governos FHC. Pelo outro, lançou-se uma grande ofensiva contra algumas lideranças do PMDB próximas do presidente Lula e da anunciada candidatura da Ministra Dilma Roussef.O mecanismo dessa ofensiva é plenamente “mafioso” e consiste em organizar uma grande chantagem por meio de imprensa. O ensaio geral já tinha sido a campanha que tinha obrigado Renan Calheiros a se afastar da presidência do Senado. Em seguida, uma nova ofensiva foi lançada pela vasta e planejada midiatização do discurso do senador Jarbas Vasconcelos contra “ a corrupção” que haveria no PMDB: de repente apareceram o deputado do “castelo”, as passagens dos parlamentares e as mazelas da diretoria do Senado.
A mensagem que a suposta “opinião pública” veicula é simplória, mas nítida: por trás do discurso geral que consiste em dizer que “todo político é corrupto” trata-se na realidade de fazer entender aos setores do PMDB que apóiam a candidata do presidente Lula que é melhor abandonar o barco e deixar espaço aqueles setores que gostariam de “migrar” para o candidato da oposição. Se não o fizerem, serão massacrados sistematicamente. O mecanismo é tão simples quanto o objetivo: os vícios próprios do processo que caracterizam a democracia representativa (a dependência do poder da mídia, a ingerência do poder econômico) que a própria grande mídia legitima e determina (e por isso conhece no mínimo detalhe) passam, por milagre, do esquecimento de rotina cúmplice à denúncia moralista.Essa operação da grande mídia não é grave só pelo objetivo político (de tipo golpista) que ela visa, mas porque ela não enfraquece mas reforça os “vícios” (a corrupção) que supostamente combate.É exatamente o que acontece em toda e qualquer rede social que se sustenta na base dos favores e do compartilhamento das mesmas práticas. A primeira ameaça dirigida a qualquer membro ou setor que não reconhece as ordens de uma suposta liderança é de tornar público a natureza do pacto ao qual está ligado e, pois, expor-lo aos rigores da Lei e da “opinião”. Mas essa exposição não implica nenhuma mudança a não ser a própria reprodução do pacto mafioso e de sua disciplina ameaçada por interesses divergentes.O conflito não diz respeito a natureza do pacto, mas apenas a quem decide a continuidade das mesmas práticas anti-democráticas: a grande mídia não combate a corrupção da representação política, apenas pretende mandar sobre ela e visa “varrer” todas aquelas figuras que, optando por outros equilíbrios de poder, lhe resistem. Aqueles homens políticos que acabam seduzidos por essas facilidades serão reféns dessa máquina, e perderão toda sua independência. Eles viverão os sabores doces de uma grande popularidade midiatica sempre expostos à amargura de desdobramentos que eles não governam mais. O candidato verde à Prefeitura do Rio de Janeiro nas últimas eleições (2008) bem o sabe: ele passou, em um piscar de olho, de queridinho da capa do semanário da elite à lama das passagens internacionais do Congresso.O que a grande mídia visa é desempenhar um papel diretamente político: ela é, tautologicamente, a “opinião pública” e ao mesmo tempo a “formadora de opinião”. Essa capacidade de legitimação auto-referencial lhe vem de seu próprio poder e da promiscuidade com o próprio poder econômico.Seu projeto é de poder, sua pratica é anti-democrática, sua retórica é a hipocrisia. Basta comparar as manchetes e editoriais dessas últimas semanas (maio de junho de 2009) contra a corrupção do Senado com os editoriais e outros artigos dessa mesma grande mídia quando da prisão do banqueiro Gilmar Mendes. Os editoriais de O Globo (todos no mesmo mês de julho de 2008) são ilustrativos e repetitivos: “A Polícia Federal não pode agir como policia política, acima das instituições” (dia 10); “Defesa do Direito” (é o título dia 12); “Estado Policial” (título do dia 15); “Cultura da tutela” (título do dia 16) e, enfim, no dia 17, denunciava-se “o atropelamento de direitos individuais garantidos pela Constituição (...)”. A Folha de São Paulo foi no mesmo tom. Inicialmente, tentou jogar acusações para cima do governo, tentando semear duvidas: “História das trevas: governo que se afirma paladino da República no caso Dantas é o mesmo que, em surdina, facilita e conduz fusão de teles” recita o editorial do 16 de julho de 2008. “Poder em descrédito” foi o título do editorial do 20 de julho de 2008. Já no dia 12 de setembro, o editorial da mesma Folha deixa de lado as ambigüidades e titula “Grampo controlado”. Em entrevista à Folha (em 29 de setembro de 2008), é o próprio Gilmar Mendes que faz a síntese: “no plano institucional, tenho a impressão de que há algum tempo o Brasil denuncia o descontrole dessas áreas (grampo telefônico)”. E, o que está fora de controle é “o aparato policial”. No caso Satiagraha, a defesa do estado de direito não atrapalha, diz Gilmar Mendes, “o combate à impunidade”. Estamos, plenamente, no campo do indigno: o mesmo jornal (O Globo), como já citamos, que convoca “os agentes públicos (a) deixarem de ser tíbios” com as lutas sociais e mais em geral contra os pobres (os informais, as favelas, as invasões) escreveu no editorial de 7 de setembro de 2008 para questionar a operação da Polícia Federal: “Alegar que se trata de uma tibieza da legislação brasileira é não conhecer os termos de alguns desses inquéritos (está se falando da operação Satiagraha) e a visível fragilidade de certas acusações”. No combate aos movimentos e aos pobres, a propaganda da oligarquia (e de uma oposição sem projeto) acusam “as várias distorções existentes na Constituição”. Ou seja: “em nome do 'social' relaxa-se diante da favelização, da desordem urbana generalizada, de homicídios, de agressões a preceitos constitucionais (...).” Quando se trata do colarinho branco, os Torquemada da luta contra os marajás e a corrupção tem a preocupação oposta: “É preciso combater a cultura salvacionista que considera a Constituição impeditiva da moralização do poder público”, dizem eles..Quem está sendo atacado não é o Sarney, mas as políticas sociais e para os pobres do governo Lula.A verdadeira postura ética é aquela que, recusando o moralismo instrumental e oportunista da grande mídia, enfrenta a crise da representação com a abertura de um novo processo constituinte.