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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

"A Comunicação Social na Revolução dos Alfaiates Lançamento livro Florisvaldo Mattos

Em bom momento, o Prof Florisvaldo nos aponta o valor da Comunicação ( especificamente quanto as ações na Revolução dos Alfaiates,BA) .Hoje a comunicação, mesmo ampliada tecnologicamente, ainda é confinada à algumas classes sociais-redes sociais.Ainda somos  uma bolha fechada. da comunicação. A rua, a palavra,o grito entre o povo deve ecoar nas ruas.Agir com os braços, e as pernas, circular é fundamental. Lembro do poeta João Cabral -" muita diferença faz entre lutar com as mãos e abandoná-las para trás ..."A revolução dos Alfaiates foi a única e verdadeira  revolução ao pé da letra,entre nós,face o conceito em política de- Revolução.A palavra nas ruas,sua ação, nos panfletos, a discussão fez-se presencialmente. Leiam o post do professor abaixo. 
Paulo Vasconcelos







https://bit.ly/2nKcChf

Assembleia Legislativa da Bahia lançará no próximo dia 24, às 18 horas, em segunda edição, no Instituto Geográfico da Bahia, o livro intitulado A comunicação social na Revolução dos Alfaiates, de Florisvaldo Mattos


SALVE, SALVE, POVO BAHIENSE!
Jornal "Tribuna da Bahia", hoje caderno CIDADE, página 10, publica matéria cujo conteúdo realça o lançamento no próximo dia 24, às 18 horas, no IGHB (Piedade), de meu livro intitulado "A Comunicação Social na Revolução dos Alfaiates" sobre episódio famoso da história da Bahia, também chamado de Revolta dos Búzios, cujos 220 anos transcorreram precisamente no último domingo, dia 12.
Abaixo, o texto, o poema "Décimas da Liberdade e Igualdade", declamado pelos revoltosos de 1798, a reprodução da página da TB, ilustração do enforcamento de revoltosos, capa do livro e cópia do convite distribuído pela ALBA para o lançamento do livro.
Texto do jornal:
Pelos 220 anos da também chamada Revolta dos Búzios, que abalou o morno cenário colonial-urbano da então Cidade da Bahia, em agosto de 1798, a Assembleia Legislativa da Bahia lançará no próximo dia 24, às 18 horas, em segunda edição, no Instituto Geográfico da Bahia, o livro intitulado A comunicação social na Revolução dos Alfaiates, de Florisvaldo Mattos, em que, deixando aos historiadores a parte essencialmente histórica, o autor aborda o que considerou ponto crucial, o papel da comunicação social na dita insurreição, que visava libertar o Brasil-Colônia do jugo colonizador de Portugal sob o primado de múltiplas bandeiras, tais como independência da Capitania, implantação da república, abolição da escravatura, igualdade para todos, livre comércio com as nações do mundo, interrupção de vínculo com a Igreja do Vaticano, instituição do trabalho remunerado, melhoria do soldo militar e garantias para os plantadores de cana, fumo e mandioca, assim como para comerciantes.
Calcula-se que centenas de pessoas estivessem engajadas no pretendido levante, todos em sua maioria pertencentes à mais reduzida condição social, mas, segundo os estudiosos, apenas 33 deles foram processados, sendo 11 escravos, seis soldados da tropa paga, cinco alfaiates, três oficiais militares, dois ourives, um pequeno negociante, um bordador, um pedreiro, um professor, um cirurgião e um carpinteiro, e, desses, desbaratado o movimento, como exemplo máximo de sofrimento, crueldade e tragédia, somente sobre quatro recaíram as penas de enforcamento, seguido de esquartejamento e exposição de despojos fixados em postes e espalhados por vários pontos da cidade, dois deles soldados (Luiz Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas do Amorim Torres) e dois artesãos (João de Deus do Nascimento, mestre alfaiate, e Manoel Faustino dos Santos Lira, então oficial alfaiate, mas ex-escravo), livrando-se da punição severa um quinto personagem, Luiz Pires, também artesão, porque desaparecera, sem deixar rastros, numa Bahia colonial, cuja estrutura social se assentava no patriarcalismo e na economia escrava, com uma população estimada em menos de 200 mil habitantes, sendo 50 mil para o Recôncavo, menos de 60 mil para a Capital e menos de 100 mil para o resto da Capitania.
Baseado em fontes primárias e secundárias, em seu livro, o autor preferiu focar as suas lentes nas relações de comunicação que permitiram, seja no nível interpessoal, pela via oral, com predominância da conversa e do recado, seja no da comunicação manuscrita, com cartas, bilhetes e avisos, os revoltosos atuarem em dois planos: o da formação da consciência política e revolucionária e o da preparação para o levante, praticamente se esgotando nelas toda a engrenagem conspiratória, havendo, no entanto, um momento determinante que levou à frustração e ao fim trágico do movimento.
Foi quando, superando repentinamente as limitações da comunicação em círculo privado, na madrugada de 12 de agosto de 1798, a população foi surpreendida com uma série de textos manuscritos, em número de dez, afixados em locais públicos, para onde convergia grande número de pessoas, tais como portas de igreja, os chamados cantos do peixe, açougues, feiras de frutas e legumes, cais do porto, portas de quartéis, tendas de alfaiates e oficinas de artesãos, veiculando mensagens de conteúdo basicamente político-ideológico, em prol de uma reforma social. Deveu-se ao uso de um búzio de Angola, às vezes até preso na lapela, como uma das formas de identificação de conjurados, no trânsito diário por esses pontos, a opção posterior de se dar ao movimento a designação de Revolta dos Búzios, a preferida na atualidade.
A partir daí, deflagrada a perseguição, instalaram-se dois processos regidos por dois desembargadores fiéis à Corte de Portugal, um para investigação do que se passou a chamar "boletins sediciosos", espalhados pela cidade, e outro voltado para a reunião de preparação para o levante, que fora convocada para o dia 25 seguinte, no então chamado Dique do Desterro, naquele tempo um lugar afastado e ermo.
Foi sobre tal nova forma de comunicação que Florisvaldo Mattos centrou a sua análise, considerando que esses dez “boletins sediciosos”, apesar de manuscritos, foram para os revolucionários e para o movimento “o seu jornal, seu instrumento de divulgação de ideias e definições para um público mais amplo, que extrapolava o circuito da conspiração até aquele momento” e assim, tendo em vista esse aspecto, tomou-os como a mais expressiva e inovadora forma de comunicação indireta utilizada pelos participantes da conjuração, desempenhando, para a época, o legítimo papel de jornal manuscrito, por meio do qual os conjurados difundiram as suas ideias e projetos de reforma social, com sublevação da ordem constituída, para um público indeterminado - chamado por eles de Povo Bahiense -, com características de comunicação pública, unilateral e indeterminada, como seriam alguns anos depois - no Brasil e na Bahia - os jornais impressos, a Gazeta do Rio de Janeiro, em 1908, autorizada por carta-régia de dom João VI, e Idade D´Ouro do Brazil, em 1811, na Bahia.
Motivos de uma das devassas que apuraram a conspiração, segundo ele, esses dez boletins sediciosos visavam, em essência, alcançar um público, uma coletividade de pessoas, em apoio do movimento. Dirigidos ao Povo Bahiense, cinco eram encabeçados como Aviso, um como Nota e quatro como Prelo, palavra que sintomaticamente fazia ressoar a técnica de impressão inaugurada por Gutenberg, que deu origem a toda a uma consagrada cultura editorial e gráfica no Ocidente. Sob o título de Aviso ao Povo Bahiense, eis uma dessas conclamações:

Ó vós Homens Cidadãos, ó vós Povos curvados e abandonados pelo Rei, pelos seus ministros.
Ó vós Povos que estais para serdes Livres, e para gozardes dos bons efeitos da Liberdade; Ó vós Povos que viveis flagelados com o pleno poder do Indigno coroado, esse mesmo Rei que vós criastes; esse mesmo rei tirano é quem se firma no trono para vos vexar, para vos roubar e para vos maltratar.
Homens, o tempo é chegado para a vossa Ressurreição, sim para ressuscitardes do abismo da escravidão, para levantardes a Sagrada Bandeira da Liberdade.
A liberdade consiste no estado feliz, no estado livre do abatimento; a liberdade é a doçura da vida, o descanso do homem com igual paralelo de uns para outros, finalmente a liberdade é o repouso, e bem-aventurança do mundo.
A França está cada vez mais exaltada, a Alemanha já lhe dobrou o joelho, Castela só aspira a sua aliança, Roma já vive anexa, o Pontífice já está abandonado, e desterrado; o rei da Prússia está preso pelo seu próprio povo: as nações do mundo todas têm seus olhos fixos na França, a liberdade é agradável para vós defenderdes a vossa Liberdade, o dia da nossa revolução, da nossa Liberdade e da nossa felicidade está para chegar, animai-vos que sereis felizes para sempre.
Na verdade, para o autor, esses boletins constituíram-se no mais vigoroso instrumento de divulgação dos revolucionários de 1798, como nítida compensação à inexistência de meios impressos, sustentando que, em face das precariedades técnicas da época, devem ser comemorados, senão como ato legítimo de imprensa, como seu alvissareiro embrião e prova coletiva de vontade redentora e modernizadora da Colônia do Brasil, 220 anos depois.
LIVRO
A Comunicação na Revolução dos Alfaiates
Florisvaldo Mattos
2ª Edição. Salvador: ALBA, 2018, 208, p.

FLORISVALDO MATTOS - Dados biográficos sucintos
Nascido em Uruçuca, antiga Água Preta do Mocambo, na Região do Cacau da Bahia, quando ainda distrito de Ilhéus, residindo depois em Itabuna, onde cursou no Ginásio da Divina Providência, e transferindo-se depois para Salvador, Florisvaldo Mattos diplomou-se em Direito, em 1958, mas optou pelo exercício do jornalismo, no mesmo ano, integrando inicialmente a equipe fundadora do Jornal da Bahia, como extensão da militância cultural de parcela do grupo nuclear da Geração Mapa, atuante, nos anos 1960, sob a liderança do cineasta Glauber Rocha. Foi professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde ministrou disciplinas e ocupou cargos na Faculdade de Comunicação, e foi presidente da Fundação Cultural do Estado da Bahia, de 1987 a 1989; jornalista, escritor e poeta, desde 1995 ocupa a Cadeira 31, da Academia de Letras da Bahia. Atuação em jornais: Jornal da Bahia, Estado da Bahia, Diário de Notícias, Jornal do Brasil (RJ); afastou-se do jornalismo em 2011, no cargo de Diretor de Redação do jornal A Tarde, de Salvador, onde antes editou por quase 14 anos o caderno “A Tarde Cultural”, premiado em 1995 pela Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA, na categoria de Divulgação Cultural. É autor dos seguintes livros: Reverdor, 1965, Fábula Civil, 1975, A Caligrafia do Soluço & Poesia Anterior, 1996 (Prêmio Ribeiro Couto, da União Brasileira de Escritores), Mares Anoitecidos, 2000, Galope Amarelo e outros poemas, 2001, Poesia Reunida e Inéditos, 2011, Sonetos elementais, 2012, Estuário dos dias e outros poemas, 2016, e Antologia Poética e Inéditos, 2017 (todos de poesia); Estação de Prosa & Diversos, (coletânea de ensaios, ficção e teatro, 1997); A Comunicação Social na Revolução dos Alfaiates, 1998 (1ª edição), e Travessia de oásis - A sensualidade na poesia de Sosígenes Costa, 2004, ambos de ensaio.
DÉCIMAS SOBRE A LIBERDADE E IGUALDADE
Mote
Igualdade e Liberdade
No Sacrário da Razão
Ao lado da sã Justiça
Preenchem meu coração.
Décimas
Se a causa motriz dos entes
Tem as mesmas sensações
Mesmos órgãos, e precisões,
Dados a todos os viventes,
Se a qualquer suficientes
Meios da necessidade
Remir com equidade;
Logo são imperecíveis
E de Deus Leis infalíveis,
Igualdade e Liberdade.
Se este dogma for seguido,
E de todos respeitado,
Fará bem aventurado
Ao povo rude, e polido,
E assim que florescido
Tem da América a Nação
Assim flutue o Pendão
Dos franceses que a imitaram
Depois que afoitas entraram
No Sacrário da Razão.
Estes povos venturosos
Levantando soltos os braços
Desfeitos em mil pedaços
Feros grilhões vergonhosos,
Juraram viver ditosos,
Isentos da vil cobiça,
Da impostura, e da preguiça,
Respeitando os seus Direitos,
Alegres, e satisfeitos,
Ao lado da sã Justiça.
Quando os olhos dos Baianos
Estes quadros divisarem,
E longe de si lançarem
Mil despóticos Tiranos
Quão felizes, e soberanos,
Nas suas terras serão!
Oh! Que doce comoção
Experimentam estas venturas,
Só elas, bem que futuras,
Preenchem o meu coração.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Lições para estripar um homem: estripa-se o seu nome em praça suja..Lula Livre ..Captura do Face



Carlos Moreira
"...última lição para estripar um homem:
verificar com exato cuidado
se a baleia não quer vomitá-lo
se não possui uma flauta de pedra
ou uma antiga lira afiada
que faça arrepiar a terra:
neste caso foi inútil estripá-lo:
multiplicado milpartido libertado
ele rompe a corrente do tempo
e atinge maior o outro lado:
inútil o sono da vila enquanto /canta o estripado! "
(Carlos Moreira)

Tomo  emprestado de Luciana Hidalgo  e afirmo  - "falar da vileza de forma fina". Ela  é  essa faca fina, afiada. Como boa jornalista e escritora, vai em cima do fato e mostra suas filigranas rompendo estereótipos e justapondo o preto, o branco. Sua faca lexical é precisa. Como boa pescadora com faca,  destaca no livro  Lula Livre -Lula Livro* - lançado em 13.08, Carlos Moreira, um jovem e largo poeta (e olha que há muitos outros poetas de  musculatura farta participando da mesma obra). Luciana também participa, leiam sua postagem no Facebook. Paulo Vasconcelos

Futuramente, numa antologia poética que dê conta dos tempos de hoje, esse poema de Carlos Moreira certamente aparecerá como síntese do linchamento de um homem (um ex-presidente) sem precedente na história do país. É próprio da poesia falar da vileza de forma fina, situando-a na linhagem evolutiva da humanidade e da palavra. Leiam. É um dos ótimos textos do “Lula Livre – Lula Livro”, que será lançado hoje às 20h no Teatro Oficina do genial Zé Celso de Martinez Corrêa, em São Paulo.(Luciana Hidalgo)

primeira lição para estripar um homem:
estripa-se o seu nome em praça suja
sua língua na lama sua sombra na sombra
em cada passo um golpe de medo
e no segredo que nunca houve
as larvas de milhões de segredos
segunda lição para estripar um homem:
para saber sua altura usar a régua do porco
a régua do rato a métrica do nojo
a balança do fogo: cada quilo valerá
menos que o outro e cada centímetro
um corpo a menos: a menos que o corpo
se jogue da ponte ou do porto
e poupe o inútil trabalho da vila
de matar um homem morto
terceira lição para estripar um homem:
não se estripa um homem só:
estripam-se os avós e netos
amigos silêncios e objetos
que cercam o homem a ser estripado
e tudo deverá caber no mesmo saco
um mundo inteiro reduzido
ao suposto fato de que tudo
retornará ao nada de que foi originado
quarta lição para estripar um homem:
estripa-se a palavra do homem
o dito o não dito o interdito
naquilo que sendo fala também cala
o que o torna homem: sua palavra
de homem que agora estripada
vale nada ou menos o que a pele
diria à faca: bem-vinda, senhora
sinta-se em casa
quinta lição para estripar um homem:
após estripado lança-se tudo
no fosso do fundo do calabouço
entre outros tantos estripados
carcaças de sonhos pedaços de loucos
para que até o fim dos tempos
de nenhum corredor possa brotar
o vivo reflexo de seus olhos
sexta lição para estripar um homem:
a vila inteira deverá lavar a praça
as ruas as casas as igrejas as estradas
e a própria vila deverá mergulhar
e manchar o rio com o vermelho
que escorrer de suas roupas pálidas
e queimá-las numa fogueira imensa
e caminharem nus e em silêncio
cada um em direção à cova de sua casa
última lição para estripar um homem:
verificar com exato cuidado
se a baleia não quer vomitá-lo
se não possui uma flauta de pedra
ou uma antiga lira afiada
que faça arrepiar a terra:
neste caso foi inútil estripá-lo:
multiplicado milpartido libertado
ele rompe a corrente do tempo
e atinge maior o outro lado:
inútil o sono da vila enquanto
canta o estripado

"Lula Livre - Lula Livro" foi lançado no Teatro Oficina, 13.08.18,num grande ato literário-político-teatral, com o selo de garantia do genial José Celso Martinez Corrêa. Que festa. Entrada gratuita. Todos convidados.
Organizado por Ademir Assunção e Marcelino Freire, o livro reúne autores de todas as regiões do Brasil. São eles:
ademir assunção * ademir demarchi * adriane garcia * afonso henriques neto * alberto lins caldas * aldir blanc * alice ruiz * andréa del fuego * antonio thadeu wojciechowski * artur gomes * augusto de campos * augusto guimaraens cavalcanti * beatriz azevedo * bernardo vilhena * binho * caco galhardo * carlos moreira * carlos rennó * celso borges * celso de alencar * chacal * chico buarque * chico césar * claudio daniel * diana junkes * douglas diegues * edmilson de almeida pereira * edvaldo santana * eltânia andré * eric nepomuceno * evandro affonso ferreira * fabio giorgio * fabrício marques * fernando abreu * ferréz * flávia helena * frei betto * gero camilo * gil jorge * glauco mattoso * jessé andarilho * joca reiners terron * jorge ialanji filholini * josely vianna baptista * jotabê medeiros * juvenal pereira * karen debértolis * laerte * lau siqueira * linaldo guedes * líria porto * lucas afonso * luciana hidalgo * luiz roberto guedes * manoel herzog * marcelino freire * márcia barbieri * márcia denser * maurício arruda mendonça * noemi jaffe * patrícia valim * paulinho assunção * paulo césar de carvalho * paulo de toledo * paulo lins * paulo moreira * paulo stocker * pedro carrano * raduan nassar * raimundo carrero * ricardo aleixo * ricardo silvestrin * roberta estrela d’alva * rodrigo garcia lopes * ronaldo cagiano * rubens jardim * sandro saraiva * sebastião nunes * seraphim pietroforte * sérgio fantini * sérgio vaz * sidney rocha * susanna busato * tarso de melo * teo adorno * vanderley mendonça * waldo motta * wellington soares * wilson alves bezerra * xico sá

terça-feira, 14 de agosto de 2018

O BRASIL CANTA PELA BOCA DOS SEUS CANTADORES A MORTE DA DEMOCRACIA

https://bit.ly/2BbiOIt




O BRASIL CANTA PELA BOCA DOS SEUS CANTADORES DO NORDESTE COM A FORÇA E INDIGNAÇÃO DA MORTE DA DEMOCRACIA. FOI E É TRADIÇÃO DESTES CANTADORES, EMBOLADORES TRAZER POLÊMICAS DO PAÍS DESDE MUITO TEMPO, COMO HÁ EXEMPLO EM PERÍODOS DE ELEIÇÃO, MAS EM OUTROS  MOMENTOS HISTÓRICOS COMO A SECA, GETÚLIO, DITADURA ETC. O CORDEL E A CANTORIA FOI E É UM JORNALISMO POPULAR .ESCUTEM TODO ATÉ O FINAL
CLICK ABAIXO E VC IRÁ PARA O SOUNDCLOUD, ONDE VOCÊ OUVIRÁ O AUDIO.
-Obrigado a atriz e diretora Angela Barros por nos enviar, sabedora de minha pesquisa na área. *INFELIZMENTE NÃO CONSEGUIMOS IDENTIFICAR O CANTADOR/POETA

O BRASIL NA BOCA DOS POETAS BRASILEIROS

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

A indignação cívica nos faz revolucionários...Diálogos do Sul...


https://bit.ly/2Mant2u



Diálogos do Sul/Opera Mundi traz o artigo abaixo - de Nils Castro- panamenho, Prof catedrático, que ilumina nossas perspectivas políticas para toda América Latina. Destaque-se: Argentina,Bolívia, Brasil, Nicarágua e México entre outros países. Chama-me atenção aqui no Brasil, a força da massa camponesa, inclua-se aí jovens e velhos a gritar com força. A indignação,face ao golpe-ditadura judiciária, vem fazendo um bom contra fluxo que é combater, ir às ruas.A prisão de Lula , não sustentada juridicamente,como fase do golpe-ditadura eleva a indignação e a mobilização. Isto produz a pedagogia política fundamental na nossa condição de sujeitos/cidadãos. Desta feita a esta mobilização que se produz hoje é ganho.Mas, precisamos de  mais e mais nas ruas. Leia todo texto indo ao link - https://bit.ly/2MDYocd 
Paulo Vasconcelos


Nils Castro: para saltar do revés às vitórias na América Latina



Não somos fracos. Apesar do refluxo à onda que no início do século viu 15 anos de governos progressistas na América Latina, é falso que tenha terminado um suposto “ciclo”. Os povos não são máquinas. Uma nova marejada está por começar, se as lideranças de esquerda forem capazes de tirar as devidas lições dessa recente experiência.
Nils Castro
O combustível da passada onda foram as inconformidades sociais agravadas pela aplicação das políticas neoliberais. Apesar de que muitas organizações de esquerda da América Latina ainda não tinham superado todas as consequências do colapso soviético, amplos setores votaram contra o sistema imperante — mais que a favor de um novo projeto — elegendo candidatos críticos.
Como era de se prever, a reação não tardou em organizar sua contra ofensiva. Mas, mesmo assim, a direita está mais atrasada que nós na produção de novas propostas. Depois da crise que emergiu em 2008, balbuciou uns tímidos discursos sobre um capitalismo suavizado com regulações sociais, mas em pouco tempo voltou a fazer das suas. É certo que desde então a direita reatualizou métodos e estilos. Mas no afã de conseguir um roll back radical, logo retornou ao neoliberalismo duro.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

O DEBATE OU O DESBATE ENTRE CANDIDATOS À PRESIDÊNCIA DO BRASIL

por EL Pais
por Carta Capital

O nome dado ao encontro dos presidenciáveis- Debate já se desgastou, grande parte da população não mais acredita neste tipo de proposta. A Democracia demolida pelo Golpe não dá mais credibilidade nem as mídias, nem ao teatro ali posto pelos atores políticos, é um verdadeiro programa de humor de baixo nível.

Vivemos uma crise inominável e no meio desta, toda mídia institucionalizada, desacreditada,vem a  Band,umas delas, lança mão do Google/Youtube para buscar apoio ao espetáculo de mentiras e idiossincrasias ali posto.

O candidato Lula,que tem maior índice nas pesquisas, não esteve presente, nem seu representante o que torna o espetáculo mais grotesco e de falta de representabilidade.O apresentador , Boechat,  tenso não esconde sua perturbação e conduz o circo dos horrores sobre um azul- do cenário que lembra o lema do governo Temer fazendo- nos sentir como num programa do Golpe. 

Do outro lado o bate papo do 247, via Youtube, faz um simulação de debate para apresentar o Haddad, com o Lula estampado no fundo, mas na verdade é um propósito de esclarecer o Fernando Haddad e Manuel D´'Avila entremeando-se com videos de Lula que ilustram o lema do PT e sua coligação.  A proposta é limpa e tranquila, mas não atinge uma audiência igual a da Band que concorreu em dois espectros da TV aberta e via a web-Youtube.

Estando em Santos,SP ,desde quinta,  dia do debate assisto aos programas , na  sexta,10.09.18,saio às ruas e detenho-me em alguns locais no centro-Gonzaga e atento a comentários sobre o debate de ontem, tanto pela emissora dos Saad- Band como pela internet-Youtube/Google.

Colho as seguintes colocações:

.bom, aquilo era um bando de cachorro latindo uns para os outros e achando que os outros cachorros, que somos nós, tava acreditando no latido deles...

.não foi um debate, foi um DESBATE, cada um querendo bater no outro e só um ou dois bateram com palavras...gostei do Boulos...

.oia eu vou votar em Borsonaro porque ele num sabe de nada, assim talvez miore, ele tem cara de cachorro viralata esperto.

.sabe  quem me surpreendeu, Marina, parece que ela aprendeu a falar melhor, depois Boulos que lembrou Lula e  o Ciro que falou bem, o resto foi uma panaceia só, mas meu voto tá preso mas será solto no dia certo...

.até Meireles quis tirar uma casquinha do Lula pra ele,citando-o como convidado em governo anterior, vê mesmo!

.esse debate é uma afronta a nós, é tudo igual- um teatro dirigido por marqueteiros..só faltou o partido judicial do STF lá.

.bom, meu voto é Lula ou em quem ele mandar, como acho que os capa preta não vão solta-lo voto em Haddad, não quero nem saber como ele foi lá em São Paulo, mas o jeito dele me inspira confiança...

.bom eu vi o diabo incorporado num pastor, ou um cabo, parece que é um bombeiro, e minha filha ainda achou o desgraçado bonito.. é mole

.não vi a Band,  vi Manuela e Haddad e  Gabrielli pelo 247 muito bom, mas meu voto é Lula, quer dizer Haddad...

.gente esse Google é mais esperto que eu pensava eles juntam os dados do povo transitando pela internet no buscador deles e jogam os dados e quem quiser que acredite,é uma tramoia só a Band e o Google.Eram dois programas um pela Band e outro pelo Youtube...o negócio tá feio...

.o picolé de nada Alckmim é desavergonhado eita macho nojento, tá com o temeroso e com 24 anos de governo num fez porra nenhuma e agora quer prometer o ovo que o chuchu dele quer dar,  tem cada um...

.o tal do Dias parece que saiu da cova e passaram maquiagem nele e ainda se agarrou em Moro, tá doido...

. vou te falar , melhor o Lula não ter  estado na Band, ele ganhou mais, muito mais.. se for solto será eleito, a menos que os capa preta depois dele ser eleito inventem outra..mas o Haddad tem chances grandes junto com a Manuela...

.rapaz aquilo foi o encontro das  bestas eu só tiro o Boulos e olha talvez Ciro, aquilo tudo parecia contrato de Aécio/Temer para um programa novo e ele por trás da  maioria...

. de pessoas novas só mesmo confiáveis o Boulos e o Haddad o resto são raposas de rabo sujo...

. dona Marina ainda tem coragem de  se candidatar, que louca, ela é doida mesmo, mas a maquiagem tava boa, deve ser óleo de sebo...

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

A TERRA É DE DE NINGUÉM -VOZ ATIVA DO MST JOÃO PEDRO STEDILE





Veja e ouça a palavra de um Brasileiro que representa uma multidão de Brasileiros.
MST -Considerado um dos maiores  movimentos de lutas sociais no mundo, elogiado pelos grandes líderes mundiais , colaborador do novo pensar a terra- a agroecologia - a agroalimentação, a água, as sementes- a comida, o alimento orgânico.
A denúncia da intervenção  dos latifundiários, a burguesia  do campo- do agronegócio dos agrotóxicos, problema de saúde pública,
Para se ver ouvir e pensar o que é o MST!!!!!
É preciso urgente entender o que é é este movimento dos trabalhadores sem terra. Retirar o nome INVASÃO para OCUPAÇÃO.
Veja oVídeo, leia o texto abaixo
Retirado  http://www.mst.org.br/nossa-historia/
Paulo Vasconcelos

A História da luta pela terra

O Brasil é um dos países com maior concentração de terras do mundo. Em nosso território, estão os maiores latifúndios. Concentração e improdutividade possuem raízes históricas, que remontam ao início da ocupação portuguesa neste território no século 16. Combinada com a monocultura para exportação e a escravidão, a forma de ocupação de nossas terras pelos portugueses estabeleceu as raízes da desigualdade social que atinge o Brasil até os dias de hoje.

Lei de Terras

Em 1850, mesmo ano da abolição do tráfico de escravos, o Império decretou a lei conhecida como Lei de Terras, que consolidou a perversa concentração fundiária. É nela que se encontra a origem de uma prática trivial do latifúndio brasileiro: a grilagem de terras – ou a apropriação de terras devolutas através de documentação forjada – que regulamentou e consolidou o modelo da grande propriedade rural e formalizou as bases para a desigualdade social e territorial que hoje conhecemos.

Resistências Populares

Nos países centrais do sistema capitalista, a democratização do acesso à terra, a reforma agrária, foi uma das principais políticas para destravar o desenvolvimento social e econômico, produzindo matéria prima para a nascente indústria moderna e alimentos para seus operários.
No Brasil, nem mesmo as transformações políticas e econômicas para o desenvolvimento do capitalismo foram capazes de afrontar a concentração de terras. Ao longo de cinco séculos de latifúndio, também foram travadas lutas e resistências populares. As lutas contra a exploração e, por conseguinte, contra o cativeiro da terra, contra a expropriação, contra a expulsão e contra a exclusão, marcam a história dos trabalhadores. A resistência camponesa se manifesta em diversas ações e, nessa marcha, participa do processo de transformação da sociedade.
...continue lendo http://www.mst.org.br/nossa-historia/

terça-feira, 7 de agosto de 2018

A PALAVRA DE UM BRASILEIRO PARA BRASILEIROS " Amenas" isto








Não é atoa que um líder sabe falar  com o povo, pois veio do povo e agregou sua desgramática ou gramática da musculatura engendrada, colada a boca do costume com seus pares.A palavra não é menos palavra quando dita ao modo do povo. José Lins do Rego foi combatido em sua obra pela forma como punha a língua do povo . O escritor possuía uma briga com os gramáticos para se imantar na traição mais legítima de nosso idioma, a língua molhada no bico do povo, com a saliva da pronuncia do povo que esquenta e  dá propriedade ao nosso idioma , permitindo uma identidade nacional, doa em quem doer.

Lula diz e rediz o Brasil que se quer esquecer, que se quer escondido, mesmo sendo este Brasil a maioria do povo, cuja linguagem é assim, é dita pelo  o que a língua mais facilmente articulada pode soltar, iluminar o sentido .Este seu modo estilístico, além de aproximar a narrativa complicada do politiquês, economês etc., faz diminuir a distância entre ele e seus ouvintes.O povo identifica-se com  ele, por sua pronúncia  ao seu jeito de tocar e olhar. Este seu modo de ser, sua performance, causa inveja, causa repudio a classe média que tem medo de se ver lá atrás, como era. O brasil precisa falar o Brasil como o Brasil é ou, "AMENAS", que queira falar INGREIS.

João Guimarães Rosa e José Lins foram dois gênios, cada um no seu quadrado, mas  trouxeram à literatura , a baba da língua do povo, como assim também tentou Mario de Andrade , Oswald de  Andrade, Ascenço Ferreira, Manoel de Barros e tantos outros.Só que é assim, na literatura, livro, pode na fala não e agora José? E agora Marcos Bagno?

O vídeo curto , ora aqui posto, é uma aula de filosofia como diria Deleuze, em seu conceito de Literatura menor.
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domingo, 5 de agosto de 2018

Um Twitter sem censura-novo-Kim Dotcom



por wkipédia



O que será, que será que apronta Kim Dotcom ou  Sr.Kimble, alemão,44 anos, como é mais conhecido;já detido várias vezes, empresário  com conhecimento vasto na área do ciberespaço. Kimble diz que pretende tirar a censura que se prolifera no Twitter e Facebook, criando uma nova versão de um Twitter ou será mais uma cartada sua dentro do ciberespaço, apoderando-se de dados dos usuários, será? Vejama  matéria do EL observador jornal do Uruguai edição de  05.08.18 -https://bit.ly/2AFYAGo
Paulo Vasconcelos

Un Twitter sin censura, la nueva idea del creador de Megaupload


Kim Dotcom ya informó una serie de proyectos como un Megaupload 2.0 o un servicio de streaming de música como Spotify, Baboom; que todavía no se vieron funcionando. Sin embargo, ahora anunció estar creando su propio Twitter libre de censura.
Todo empezó ya que Twitter fue acusado de eliminar cuentas cuentas que tenían actitudes sospechosas, y perdió hasta un millón de usuarios en su comunidad. Principalmente era cuentas boots y algunas propagaban fake news. Pero también eliminó cuentas que emitían diversas opiniones sobre diferentes temas.
Es por esto que Dotcom se puso a desarrollar una nueva versión de Twitter, como una red social sin censura. Además declaró: "todo lo que se necesita es una alternativa real con protección de privacidad real y cero censura de una fuente confiable". Y agregó que Twitter se convertiría en el próximo Myspace, "como un pueblo fantasma en línea".
Con el objetivo de promover una aplicación que pueda proteger a los usuarios, respetar la privacidad y la libertad de expresión es que se embarcó en el desarrollo de una nueva red social. Y aseguró a través de su cuenta de twitter que la alternativa en la que está trabajando, está en sinergia con K.im. "Las redes sociales son un factor importante en nuestra estrategia. Sé lo que quieren los usuarios y lo obtendrán".
En tanto K.im es el servicio de almacenamiento que Dotcom anuncia y que muchos esperan como una continuación de Megaupload, que fue requisada por el FBI de Estados Unidos.
Dotcom considera que las compañías tecnológicas estadounidenses, se involucran en la manipulación de opiniones mediante la censura y promoción de prejuicios políticos. Incluso se considera que muchas de las cuentas que expulsó Twitter días atrás, eran usadas como armas políticas. Y esto recibió duras críticas por parte del Partido Republicano de Estados Unidos.

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Vivendo e aprendendo a Votar -Captura do Face por Angela Barros

O vídeo é de extrema didática e clareza.Nanna Castro é precisa no que fala.Precisamos divulgar o máximo possível.Ela é clara, põe os pontos nos is.Vamos aprender a votar dentro da estrutura Presidencialista, senão caímos num pseudo parlamentarismo perverso!!!! Créditos a Julia Tarraf Bates!

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Mário Cravo Jr. (1923-2018) Capturas do Facebook Florisvaldo Mattos



por https://bit.ly/1e5LwbJ




por :https://bit.ly/2P3Anxc 


Foto por youtube



Sempre conosco, Prof Florisvaldo Mattos ,UFBA , nos relembra a vida e obra de Mário Cravo Junior 1923/2018, símbolo das artes plásticas,da |Bahia ,do Brasil, e que fez eco no mundo ocidental; um personagem do movimento dos intelectuais baianos do século passado e que perpassa a vida se Salvador.Além das Artes Plásticas ele atuou na literatura-com sua poesia*.Sempre teve uma aproximação para com  a cultura popular em que plantou parte de sua obra. Vamos ao texto colhido no Facebook.
.Paulo Vasconcelos


Florisvaldo Mattos



No dia das exéquias e anunciada cremação do corpo do artista plástico Mário Cravo Jr. (1923-2018), às 16 horas, no Cemitério Jardim da Saudade, aproveito para, em sua memória, reproduzir texto constante de ensaio que escrevi sobre a Academia dos Rebeldes, que atuou na Bahia entre 1928 e 1933, na parte relativa às suas influências no movimento intitulado Caderno da Bahia, atuante entre 1948 e 1955, do qual o saudoso escultor e pintor foi membro e ativo líder.
Em preparo, o livro reunindo mais de uma dezena de ensaiso sobre literatura, artes e ciências humanas está previsto para lançamento ainda este ano, se Júpiter permitir. Aproveito também para ilustrar esta despretensiosa intervenção com três famosas esculturas de Cravo Jr. expostas em locais de Salvador.
1. NA ESTRADA DA LIBERTAÇÃO

Caderno da Bahia veio com uma novidade, a presença forte das artes plásticas, embora fosse predominante o cultivo das letras. Vale lembrar que, estranhamente, em nenhum dos movimentos anteriores (Samba, Arco & Flexa e Academia dos Rebeldes) havia participação clara das linguagens plásticas. A mais razoável explicação para tanto deve-se à predominância da arte acadêmica, presente em instituições de prestígio, como a Escola de Belas Artes, e representada por artistas do porte e conceito de Presciliano Silva, Alberto Valença e Mendonça Filho. As novas ideias germinaram fora desse circuito tradicionalista, a partir dos artistas plásticos Mário Cravo Jr. e Carlos Bastos, na volta de viagens e cursos realizados nos Estados Unidos, na França e no Rio de Janeiro, onde tomaram conhecimento da revolução estética. Além desses, o grupo se constituiu de outros artistas plásticos, entre os quais Jenner Augusto, Rubem Valentim, Lígia Sampaio e Mota e Silva, mantendo-se à distância o tapeceiro Genaro de Carvalho, embora da mesma geração e desígnio; dos ficcionistas Vasconcelos Maia, José Pedreira e Nelson de Araújo; dos poetas Wilson Rocha, Cláudio Tuiuti Tavares, Camilo de Jesus Lima e Jair Gramacho e dos jornalistas Heron de Alencar e Darwin Brandão, e intelectuais outros como Luís Henrique Dias Tavares, Adalmir da Cunha Miranda, Machado Neto e Pedro Moacir Maia, mas o movimento consagrado com o epíteto de “Caderno da Bahia” só adquire visibilidade a partir de 1948, com a primeira exposição baiana de arte moderna em que figuram artistas da geração. Abriu-se também para a fotografia e o cinema, para adquirir corpo com a publicação da revista que lhe daria nome, cujo primeiro número é deste mesmo ano, conseguindo somar seis edições, até encerrar-se em setembro de 1951. A ela assim se refere o escritor Vasconcelos Maia:

“O Caderno da Bahia começou sem muitas pretensões, mas, como se a nossa geração estivesse aguardando um veículo com que antes não contava, as adesões se precipitaram. Suas atividades ganharam fôlego. E logo relativo prestígio o cercou, não só aqui, como nos outros estados, onde se processava luta mais ou menos igual: a da afirmação dos talentos jovens na província eminentemente dominada pelo gosto acadêmico”.

É justamente no editorial inserido na edição de 17 de abril de 1950, no qual se percebem ressonâncias de ideias cultivadas pela Academia dos Rebeldes, agora hospedadas na atmosfera libertária do pós-guerra e das fortes aspirações de paz e igualdade social que se alastravam. O pensamento de esquerda responsável pela opção comunista de influentes rebeldes, açulado pela propaganda internacional de princípios marxistas difundidos a partir do sucesso da Revolução de 1917 e a instalação do comunismo na Rússia, a postura de rejeição a todas as formas de idealismo político, que desaguasse em regimes ditatoriais, e o claro propósito de abraçar tudo o que representasse fortalecimento do humanismo, eram visivelmente os esteios ideológicos em que repousava a disposição dos que editavam Caderno da Bahia.

O texto aponta como destino preferencial do grupo a “ampla e larga estrada da libertação, na qual marcha uma nova humanidade, na busca de um mundo de tranquilidade e de trabalho, de paz e de amor entre os povos”, reconhecendo este como seu roteiro, “a serviço da paz e da defesa e enriquecimento da cultura”, em contraposição ao outro, “o caminho sangrento e tortuoso do desespero, no qual as formas sociais historicamente decadentes, e mesmo superadas, tentam conservar seus privilégios de exploração e de injustiça”. Vasconcelos Maia diria, alguns decênios depois, que Caderno da Bahia era “um boletim literário e artístico, mas, como a situação política exigia, também político”. Ao definir as características do movimento, como a consciência do que buscavam, Maia alude ao essencial que lhe deu suporte: “Tínhamos tido e aprendido as lições da Semana de Arte Moderna de 22 e do movimento aqui liderado por Pinheiro Viegas”. Não havia por que negar, pois lá estava Walter da Silveira, da linha de frente da Academia dos Rebeldes, que se incorporara ao grupo de Caderno da Bahia. Era a projeção do que, entre os rebeldes, se constituiu em ponto de coesão para a atividade criadora. “A militância serviu de régua e compasso aos escritores que levantaram um projeto de modernidade – visceral e epidermicamente – afinado com a realidade de seu povo”, infere com percuciência o ensaísta Cid Seixas.

De hábitos presumivelmente herdados dos rebeldes, podem-se alinhar alguns, tais como um semelhante desejo de maior fruição da cidade, no dizer de Maia, “ideal para se viver - tranquila e pacata, sem assaltos” onde “pouca gente tinha automóvel e a grande maioria das pessoas andava de bonde”. Em timbre que repetia Jorge Amado, acentuava: “Os grandes vales, que foram utilizados como avenidas e se incorporaram ao processo de urbanização, eram hortas e pomares. O clima era agradabilíssimo, ameno”. O grupo vivenciou melhorias no setor de transportes urbanos, com as mudanças que se operaram no serviço de bondes elétricos, a partir da aquisição de unidades mais modernas – agora todos iguais e abertos, amarelos, com os números pretos, com capacidade cada para 50 passageiros, surgindo logo a seguir os bondes fechados de 46 passageiros sentados, que o povo apelidou de “Sossega Leão”, em alusão ao samba de sucesso do compositor baiano Assis Valente, “Camisa Listrada”.

A boemia também tinha seu lugar. Além de alguns espaços sobreviventes, como o Café das Meninas, os componentes de Caderno da Bahia se reuniam preferencialmente na Pastelaria Triunfo, misto de bar e mercearia, na Praça Municipal, mas, para dar um toque especial de fruição hedonista, criaram seu próprio espaço, o Bar Anjo Azul, um ambiente decorado em tons barrocos, que se tornaria um ícone local de sedução e sofisticações boêmias.

O ambiente recriava a atmosfera de doutrinas em moda na época, como o surrealismo e o existencialismo, refletindo-se na postura dos frequentadores. O interior imitava um bistrô parisiense, onde a música de preferência era o Jazz, na voz langorosa de Billie Holiday. Bebia-se pernod ou xixi-de-anjo, este uma especialidade da casa, à base de aguardente, de fórmula secreta, guardada a sete chaves.

Tal como os rebeldes, a frequência aos bordéis e cassinos figurava naturalmente na agenda do grupo. Relembra Vasconcelos Maia: “Íamos muito em grupo aos cabarés. Não tanto ao Tabaris, porque não tínhamos grana. Íamos mais aos rumbas, aos boleros. Apesar de moços, éramos muito conhecidos, Quando chegávamos nesses dancings, dominávamos o ambiente. Os donos e as dançarinas nos tratavam otimamente, era formidável. Jenner Augusto se arvorava a cantor, Mário Cravo a mágico, nosso amigo Jairo Saback fazia um número de música, ficávamos donos dos salões”. (Florisvaldo Mattos)


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*Adendo meu- face sua poesia:

Colhido em https://bit.ly/2Oodgfi
Facebook Umbanda Sagrada
POEMA DE EXU
Poema de Mario Cravo Jr. dedicado a Jorge Amado

POEMA DE EXU
Poema de Mario Cravo Jr. dedicado a Jorge Amado
Não sou preto, branco ou vermelho;
Tenho as cores e formas que quiser.
Não sou diabo nem santo, sou Exu!
Mando e desmando, traço e risco, faço e desfaço.
Estou e não vou. Tiro e não dou.
Sou Exu!
Passo e cruzo.
Traço, misturo e arrasto o pé.
Sou reboliço e alegria.
Rodo, tiro e boto; jogo e faço fé.
Sou nuvem, vento e poeira.
Quando quero, homem e mulher.
Sou das praias e da maré.
Ocupo todos os cantos;
Sou menino, avô, maluco até.
Posso ser João, Maria ou José.
Sou o ponto do cruzamento.
Durmo acordado e ronco falando.
Corro, grito e pulo.
Faço filho assobiando.
Sou argamassa, de sonho, carne e areia.
Sou a gente sem bandeira.
O espeto, meu bastão.
O assento? O vento! …
Sou do mundo,
nem do campo, nem da cidade.
Não tenho idade.
Recebo e respondo pelas pontas,
pelos chifres da Nação.
Sou Exu.
Sou agito, vida, ação.
Sou os cornos da lua nova;
a barriga da lua cheia!…
Quer mais?
Não dou, não tô mais aqui.

Pablo Neruda para os jovens na ditadura



No mais recente 12de julho, o mundo inteiro comemorou o dia do nascimento de Pablo Neruda. No Brasil, passamos ao largo e fundo em nossa ignorância. O que é mais um sintoma dos tempos bárbaros que atravessamos. Para que poesia? Para que lembrar um poeta comunista, ainda que dos maiores da civilização? Então recuperemos o que sempre nos falou a poesia de Pablo Neruda a seguir.
A primeira vez em que lemos o poeta, ele nos chegou no livro Vinte poemas de amor e uma canção desesperada. Destaco o que mais sentíamos:
"Poema 20
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros, ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Que importa que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor, e é tão longe o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo".
Mais adiante, iríamos conhecer o Canto Geral, o Confesso que Vivi, o Cem Sonetos de Amor, do qual é impossível não citar este magnífico:
"Poema XLIV
Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.
Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.
Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.
Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo".
Mas não conhecíamos tal beleza de Neruda sob o ditador Médici, quando a poesia era ao mesmo tempo resistência e luxo. Que luta íntima atravessávamos, meu Deus. No romance "A mais longa duração da juventude", me refiro ao pensamento do narrador, num aceso de discussão no Pátio de São Pedro, no Recife:
"Pregar a revolução com palavras e música é uma coisa. Fazer a revolução é outra coisa, eu diria, se soubesse em 1972 os acontecimentos de 1973. Mas ainda ali, percebo agora, eu seria injusto até a estreiteza e maledicência. Então os artistas não podem expressar o sentimento que corre na gente? Então é justo acusar de leviano, de traidor da revolução, quem escrever como homem poético o homem prático? Só a raiva, no que tem de embrutecedora, verá a canção da luta armada no Brasil dessa maneira. Se assim fosse justo e real, o que dizer de Lorca, de Víctor Jara, até mesmo de Neruda?"
Páginas depois, na praia de Porto de Galinhas, o romance narra um diálogo impossível de sensibilidades, quando o personagem Zacarelli faz a corte à musa do coração, que não o deseja:
"- Posso escrever os versos mais tristes esta noite – cito o verso.
- Mas é dia de sol, rapaz. – Alberto fala. – Pra que tristeza?
- Eu sei – respondo. – Eu me lembrei do poeta Neruda.
- Neruda é alegre mesmo quando fala de tristeza – Zacarelli fala. E olha para Iza: - Ninguém fala melhor sobre o amor que Neruda.
- Eu gosto mais de Vinícius de Moraes – Iza responde.
- Sim, ele também – Zacarelli se corrige rápido. – Aliás, em muitos poemas Vinícius é melhor que Neruda.
Iza sorri para a corte. O arqueiro incansável parece ter acertado uma flecha entre a defesa do castelo. No centro da ameia, o sorriso indica que foi alcançada, parece. Mas aparência, ar de bem-aventurança não significa aceitação do amor, como o julga a carência masculina. Quem está defendido para o engano? Zacarelli bem menos, pelo que começa, sentado na areia da praia. Cruza os braços, descruza-os, quer se sentir em uma cadeira imaginária, e só lhe resta apoiar os dois braços atrás de si. Mas assim posto ele perde eloquência, insubstituível para assaltar a pretendida, a que foi atingida no coração, na ameia do castelo. Então ele se curva para a frente e cruza as pernas como um iogue, numa acrobacia. E com as mãos de auxílio, fala:
- Vinícius tem uma qualidade a mais que Neruda: compõe música. Neruda não é compositor, é só poeta.
- Só? – pergunto.
- Entenda. Eu não estou dizendo que ser poeta é uma coisa menor. Mas o fato é que Vinícius joga bem em duas posições.
- Mas na poesia esquerda não joga como Neruda – volto.
- Você está certo – Alberto me apoia, embora não tenha lido uma só linha de Neruda. Mas conhece a fama do poeta comunista. Zacarelli sente a cisão. Ainda assim, não vai perder o coração de Iza. E rápido, avança:
- Eu acho que os poemas de ambos são em essência revolucionários.
Terrível, a reação feminina. Iza, Anita, Luísa, até mesmo Nelinha, adiantam os rostos como felinas a se dizerem "não me diz respeito". E o nosso amigo perde o cerco à fêmea. Então vai mais certeiro, o combatente cortejador:
- Quem fala bem sobre o amor, fala bem da revolução. É claro, mesmo que não queira, todo poeta é comunista. Mas quando expressa bem o amor, ele é um revolucionário em essência. Vinícius de Moraes tem uma composição que é sublime. Aquela que fala "ó minha amada de olhos ateus, teus olhos são cais noturnos cheios de adeus". Todo grande poeta socialista assinaria. Você não acha?
As estudantes de medicina assentem, mudas aprovativas. Ah, para quê? Não vá o artista acreditar no sucesso, nem vá o toureiro acreditar no olé do público da arena. Volta Zacarelli:
- Todos nós somos poetas. Quando estamos sob o fogo da paixão... – e ousado olha intenso para Iza - Todos nós no amor somos poetas. Por exemplo, – o louco avança mais – eu próprio seria capaz de escrever poesia agora. – E olha de novo somente para Iza, à beira do suicídio completo: - Você não acha?
- Eu não entendo de poesia – Iza responde. – Os meus poetas podem cantar em vão.
E sorri, desta vez em outro tom, num prenúncio de gargalhada. Zacarelli me falou, muitos anos depois, que ela sorriu como as vilãs de telenovelas gargalham. Que sorriso estúpido para uma imersão poética.
- Ali, ela mostrou o próprio nível – ele me falou, 30 anos depois. Mas não agora, enquanto ela sorri, no que é acompanhada por Luísa e Anita. Em mim se levanta uma nuvem de solidariedade ao amigo, de empatia, por ver nele uma condição que também podia ser minha. E falo, nada diplomático, agredido também pela quase zombaria:
- É uma falta grave não gostar de poesia.
- Eu não disse que não gosto – Iza responde. – Eu disse que não entendo.
- Mas a gente entende a poesia com o coração – respondo. – Não é preciso fazer uma análise científica.
Luísa levanta as suas coxas morenas, impudica, adepta do claro futuro dos medíocres:
- Iza está certa. Ela não tem obrigação de entender poesia. Ela tem outras preocupações.
- Mais poéticas? – pergunto.
- Sim, Ela deseja ser uma boa médica. Essa é a sua poesia.
- Entendo – Zacarelli murmura. Ele pode atacar, mas não sabe a medida. Pressente que a sua resposta seria a confissão de um talvez amante derrotado. – Entendo –e olha para nós. O olhar é um pedido de socorro, deseja 'uma pequena ajuda dos meus amigos', e nos diz sem fala: elas não fazem parte do nosso clube.
- Ela é uma médica consciente da sua poesia – eu digo.
- Isso mesmo – Iza responde, sem entender a ironia. – As pessoas são diferentes. Umas gostam mais de poesia, outras menos, outras nem gostam. Nós vamos mudar o mundo?
- Pretendemos – Zacarelli fala.
- É tudo que a gente quer. Vocês não? – Alberto pergunta.
- Sim Mas à nossa maneira – Iza fala.
- Gente, vamos beber – Tonhão fala em nome da boa vizinhança.
- À revolução – Zacarelli ergue o copo, com raiva.
- A todos nós – Narinha fala.
Naquela manhã, nos chegou o conhecimento de que não ficaríamos bêbados por mais que bebêssemos. Levantamos os braços, fizemos pose em uma jangada na praia com os punhos fechados. Quisemos até subir no coqueiro, o que não conseguimos por absoluta inabilidade. Mas lá no alto, se um de nós pudesse ver adiante, falaria: senhores, seremos postos à prova de toda nossa convicção poética. Barbárie à vista".Leia o 
*URARIANO MOTA
Autor de “Soledad no Recife”, recriação dos últimos dias de Soledad Barrett, mulher do Cabo Anselmo, entregue pelo traidor à ditadura. Escreveu ainda “O filho renegado de Deus”, Prêmio Guavira de Literatura 2014, e “A mais longa duração da juventude”, romance da geração rebelde do Brasil