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segunda-feira, 15 de junho de 2020

A nossa história democrática é toda complicada. TA FODA.....

foto L.ZAGATO I FACEBOOK



Flagra do facebook LUCIANA ZAGATO....https://bit.ly/2YyNtYO

Adoro mudar de ideia. Ver coisas que me fazem perceber que eu não estou tão certa quanto pensava.
Vocês são bons nisso, é por isso que eu não saio daqui.
Tem sempre alguém que escapa desse ciclo do ‘eu sou melhor porque eu sabia, eu avisei, eu sei que você não presta, não me misturo e vamos todos morrer’. Ou, pelo menos, consegue enxergar algo além da luta do bem contra o mal. Tem gente que ajuda a tentar entender como viemos parar aqui e não está preocupado em mostrar o quanto é mais puro, digno e ilustrado que o outro.

No fundo, louco mesmo é quem diz que entende o Brasil.

Eu estava me achando muita coisa porque estou conseguindo reduzir o consumo durante a pandemia, porque não compro nada além do necessário, porque não sinto necessidade de sair e, principalmente, não preciso.
É fácil xingar as pessoas que estão indo ao shopping da posição em que eu estou.

Aí aparece alguém, e foram várias ideias interessantes que pintaram por aqui, pra dizer que não é bem assim.

A nossa história democrática é toda complicada. Nós criamos uma constituição maravilhosa, cidadã, mas entupida de regras a serem regidas por lei complementar, cheia de labirintos vestidos de ‘vamos contemplar todo mundo’, mas cujas saídas só foram acessadas pelo poder e pelo dinheiro, como sempre.
A classe média, tanto tempo privada da informação e do acesso, viu a superinflação estourar, fazer compras para o mês inteiro assim que saía o pagamento, aplicar no overnight quando sobrava algum e ver o mercado mundial de produtos entrar aos poucos no país. Entramos feito zumbis na sociedade de consumo mundial.
Nos anos FHC, essa classe média que antes não sabia de nada, começou a entender um pouco o jogo. Dinheiro forte, inflação controlada. O cidadão médio passou a saber quanto tinha e começou a fazer planos. O problema era a quantidade de dinheiro para pagar impostos que não eram revertidos em benefícios.
Nos anos Lula foi muito parecido. Com dois fatores importantes na percepção do brasileiro: o primeiro foi a ascensão da ideia de transparência na coisa pública. Ideia que o PT levou adiante, ainda que com muitas falhas. O segundo foram os programas sociais e a relevante melhora do IDH.
A classe média se concentrou nas falhas. A corrupção era intensa e disseminada ainda na ditadura, mas nada podia ser dito ou investigado. Os ricos e poderosos usavam o governo e continuaram usando nos anos FHC e nos anos do PT, mas a democracia foi aperfeiçoando os mecanismos de investigação e a conta caiu exclusivamente no colo do PT. Sim, havia corrupção e aparelhamento do Estado, mas não começou ali, só mudaram as mãos dos intermediários. A construção do antipetismo, curiosamente, está vinculada ao acesso à informação e posteriormente à distorção da informação. O fato é que o brasileiro médio, quando consegue entender um pouco a dimensão do estrago que é o Brasil, se assustou e tratou de encontrar o seu demônio. O PT representava o apodrecimento do sistema e era preciso romper brutalmente com o sistema. Deu no que deu.
Enquanto isso, o segundo fator: os pobres saíam da miséria. Tanto o modelo do PSDB quanto do PT eram de consumo. O PT trabalhou para inserir o pobre na sociedade de consumo. Ninguém lutou pela redução da desigualdade. Não se mexe com os milionários do Brasil, essa sempre foi a única lei.
Agora, não importa se o modelo de consumo está em decadência no mundo e você está puto porque o povo vai pro shopping em plena pandemia. Os pobres foram jogados no mercado, ninguém se preocupou com educação, visão, futuro. Eles aprenderam que deixar de ser miserável é consumir e não é justo tirar isso deles de uma hora para a outra. Não de dentro do meu apartamento confortável, do meu emprego (ainda) seguro, do alto dos meus diplomas. Se meu modo de vida dispensa o consumismo, isso é um privilégio e não uma escolha.
Mas existe algo ainda mais cruel nesse governo. O Bolsonaro, que é um ignorante, quer a abertura porque faz essa conta de dono de padaria: se o comércio não abre o Brasil quebra. E, como bom psicopata, tem essa pulsão de morte, quer guerra, quer ver sangue, então, se estão dizendo que é horrível abrir o comércio, aí sim ele quer abrir o comércio, morra quem morrer.
Mas o Guedes é outra história. Como eu já disse, é para as classes mais baixas e a classe média mais medíocre (incapaz de entender um contexto mais amplo) que a abertura do comércio é mais importante. São eles que querem suas vidas vinculadas ao consumo de volta. Os ricos não estão olhando para os shoppings. Ainda que suas noites de insônia sejam mais confortáveis em lençóis Trousseau, eles estão de olho no mercado, nas bolsas, nos índices econômicos. Esqueçam a produção, a indústria, o emprego. O ultraliberalismo só tem olhos para os bancos. Por que o Guedes quer ajudar apenas as grandes empresas a sair da crise? Porque elas tem ações, capital aberto, elas podem desestabilizar o mercado financeiro. Só por isso. Preocupação zero com o país.

Nós precisamos começar a entender quem é o inimigo e odiar as pessoas ou ideias certas. Bolsonaro e Doria querem nos matar, ou não se importam se morrermos, pois estão de olho na popularidade. Guedes quer tirar de nós a nossa humanidade.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

GABRIEL PRESENTE!!!!!!!!!!!

https://bit.ly/2XOqgm2


BRASILEIROS PROGRESSISTAS DE LUTO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

MATÉRIA DO INSTITUTO LULA VINDA DE J.LIVRES
Com pesar, comunicamos o falecimento de Gabriel Rodrigues dos Santos, jovem
de 19, militante apaixonado e cheio de energia transformadora. Em muitos momentos, Gabriel esteve nas ruas encampando a bandeira Lula Livre e,
por mais de uma vez, visitou a Vigília Lula Livre, em frente a Polícia Federal
em Curitiba, onde estava preso injustamente aquele que era sua inspiração
de vida, o ex-presidente Lula.
Gabriel faleceu na manhã desta quarta-feira, 10, na UTI do Incoor, em
decorrência de complicações de uma infecção que acometia seus pulmões
já há três meses. De origem pobre, Gabriel vendia balas e amendoins nos
trens de Carapicuíba e encontrou na militância política um sentido para seguir sobrevivendo e transformando sua realidade.
Deixamos aqui como memória e homenagem esta narrativa sobre Gabriel publicada em junho de 2017 nos Jornalistas Livres, por Anderson Bahia. Gabriel Rodrigues dos Santos. Presente!
No dia 13 de dezembro de 2016, a Assembleia Legislativa de São Paulo
(ALESP) vivia mais um dia tenso. Dezenas de estudantes secundaristas
lotavam a galeria da Casa. Na mesa diretora, deputados liam o relatório da
CPI da Merenda, que seria votado pelos demais membros do parlamento
logo em seguida. À medida que a leitura transcorria, seu conteúdo revelava
que políticos citados em supostos desvios da merenda escolar não seriam enquadrados dessa forma no documento. Os estudantes se exaltaram e os
 policiais militares entraram em ação. Novas cenas de repressão se iniciavam.
“Começamos a gritar palavra de ordem e a xingar alguns deputados. Foi quando
os policiais partiram em nossa direção e um deles foi tentar levar o Anderson”,
narra Gabriel Rodrigues dos Santos, 16 anos, estudante do 8° ano da Escola Estadual Dona Maria Alice Crissiuma Mesquita, situada em Carapicuíba, grande
São Paulo. O outro estudante que, segundo ele, seria detido pela Polícia Militar chama-se Anderson Ribeiro, diretor da União Paulista dos Estudantes
Secundaristas (UPES).
O que aconteceu em seguida é lembrado com detalhes pelo jovem. “Assim
que um policial segurou o Anderson para levá-lo, eu reagi, puxando-o para
tentar evitar. Outro policial me prendeu pelos braços e saiu me arrastando t
ambém”. As cenas seguintes são relatos de desproporcionalidade e uso
excessivo de força. Gabriel – um garoto magro medindo 1,70 metro – foi
enforcado pelo policial. Seu rosto já se avermelhara e lágrimas escorriam-lhe
pelos olhos. “Ouvia gente gritando para me soltarem porque eu poderia morrer”. Arrastado até um elevador com mais policiais presentes, recebeu três socos
na barriga e na costela, além de dois fortes tapas no rosto.
Gabriel foi levado para um Departamento Policial. Em sua companhia foram a deputada estadual Márcia Lia (PT) e um advogado da assessoria da sambista e também deputada estadual Leci Brandão (PCdoB). Na delegacia, policiais
chegaram a fazer menção de que seu destino seria a Fundação Casa, um
Centro de Atendimento Socioeducativo, mas a intervenção da deputada impediu.
O estudante foi liberado após a chegada de sua mãe, Ana Rodrigues dos Santos,
 43 anos.
Esses fatos encerraram um episódio marcante da política em São Paulo e que
teve repercussão nacional. Ainda no primeiro semestre daquele ano, em 3 de
maio, dezenas de estudantes ocuparam o plenário da ALESP. Movidos pela indignação com manchetes de jornais e telejornais, dando conta da existência
de um esquema de fraude e desvio da merenda escolar na rede pública
 estadual de ensino, entraram ali dispostos a só saírem depois de os
deputados se comprometerem a aprovar uma Comissão Parlamentar de
 Inquérito (CPI) para apurar o caso.
As manchetes fartamente reproduzidas em todo país tratavam de um desdobramento da Operação Alba Branca, deflagrada em 19 de janeiro de 2016 pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. De acordo
com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)
de Ribeirão Preto, entre 2013 e 2015 as fraudes chegaram a R$ 7 milhões.
Entre os investigados estava Fernando Capez, deputado pelo PSDB e presidente
do parlamento estadual.
Os estudantes cumpriram o que prometeram. Três dias depois, na tarde do dia
6 de maio, deixaram o local e, na parte externa, comemoraram a conquista das
10 assinaturas que ainda faltavam para a criação da CPI da Merenda Escolar.
Foi um feito e tanto.
Nos quatro anos anteriores, nada menos que 26 CPIs foram enterradas na ALESP. A base de apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), com ampla maioria, sempre atuou de forma rápida para evitar que qualquer investigação sobre os
atos do governo fosse aberta.
Mas essa foi difícil conter. As principais emissoras de televisão, rádios e jornais cobriram amplamente os três dias de ocupação. Isso levou a uma grande mobilização de entidades da sociedade civil organizada, de artistas e intelectuais
em solidariedade aos estudantes. Ainda na primeira noite, o cantor Chico César, conhecido pela música “Mama África” e dezenas de outros sucessos, compareceu ao local. Ele ouviu o relato dos jovens, manifestou seu apoio e cantou várias músicas para eles. Instantes após a sua saída, o Padre Júlio Lancellotti,
responsável pela Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, chegou com pães e chocolate quente feitos por moradores de rua sob sua coordenação. A doação era o gesto de apoio daquela pastoral à manifestação das meninas e meninos. Num breve e empolgante discurso, ele destacou que “em tempos de injustiça, praticar a desobediência civil é uma virtude”.
O relatório aprovado naquele 13 de dezembro listou 20 nomes envolvidos
no caso. Nenhum de político com mandato. Os nomes de Luiz Roberto dos
 Santos, o “Moita”, ex-chefe de gabinete da Casa Civil na gestão de Alckmin,
além de Jéter Rodrigues e José Merivaldo dos Santos, ex-assessores de Fernando Capez, foram os que mais se aproximaram daqueles com poder de decisão na administração pública.
Apesar da blindagem política que os mantém impunes, os principais suspeitos de liderar o esquema saíram com a reputação manchada. O engajamento de uma geração de estudantes secundaristas, que já tinham chamado a atenção do país inteiro após ocuparem mais de 200 escolas no final de 2015 contra a proposta de “reorganização” escolar que poderia levar ao fechamento de dezenas delas, era responsável por isso.

Vendedor de amendoins

É meio dia. Na estação Barra Funda do metro de São Paulo, milhares de
pessoas trafegam freneticamente. Integrada com outras duas linhas da
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e mais um terminal
rodoviário, cotidianamente centenas de milhares de pessoas circulam pelo local. Todo dia, nesse horário, Gabriel também chega ali. Vindo da periférica
Carapicuíba, cidade onde nasceu e reside até hoje, anda sempre com
uma mochila carregada de doces. Até às 17h, alterna entre as linhas 8 e 9
vendendo amendoins, chicletes e balas. Antes de anoitecer, retorna para a
casa e em seguida vai à escola.
Negro, com um bigode sutil de adolescente cujos hormônios começam a moldar um corpo de adulto, Gabriel é o sexto filho entre oito irmãos. Seus pais são separados há seis anos. Ele mora no bairro Vila Lourdes com a mãe e quatro irmãos: Gleice, 21 anos, Juliana (17) e os gêmeos João Victor e João Augusto (15). Liliane, 22, mudou-se para Curitiba há cinco anos e desde então não recebe notícias dela. Cláudio, 28, está preso há 4 anos, acusado de participação em tráfico de drogas. O mais velho, Eduardo, morreu em 2011 na linha 8 da CPTM. Deslocava-se para o trabalho de manhã cedo quando caiu na linha do trem, após ser empurrado pela multidão que todo dia aglomera-se nas estações. Até hoje a família não recebeu a indenização que requisitou à Justiça. Sobre o pai, só sabe que mora na capital. Não tem contato com desde que ele e sua mãe se separaram.
Todo dia o jovem que desafiou deputados e contribuiu para difundir na sociedade o escândalo sobre o desvio da merenda escolar de diversas crianças e adolescentes iguais a ele repete essa rotina. De 2014 para cá, entretanto, as atividades políticas passaram a alterar esse script. Atraído pela identidade construída pelo Partido dos Trabalhadores de atuação em favor das classes populares, reforçada pela imagem e atuação do ex-presidente Lula, Gabriel se envolveu na campanha de reeleição da então presidente Dilma Rousseff. Vinha duas vezes por semana para a capital e também nos fins de semana. Se informava sobre as atividades que a militância realizaria e, sem conhecer ninguém, se somava a elas. Distribuía panfletos em grandes pontos de concentração de pessoas (estações de metrô e avenidas principais), participava de caminhadas, carreatas e etc.

Contra o impeachment de Dilma.
Esse envolvimento iniciou-se em sua própria cidade, na eleição municipal de 2008. Ainda criança, pregou adesivos da campanha do então candidato a prefeito pelo PT Sérgio Ribeiro, que seria eleito e reeleito em 2012. Na reeleição de Ribeiro, dividiu seu tempo com vindas a São Paulo para participar também das atividades de campanha de Fernando Haddad, que numa arrancada surpreendente sairia de 7% das intenções de voto para se tornar prefeito da maior cidade da América do Sul. Gabriel driblava sua mãe dizendo que “ia bem ali”. Só retornava cinco ou seis horas depois.
“Nem sei como começou direito. Em 2008, era criança ainda e participava por participar. Mas em 2010 (na primeira eleição de Dilma), vi toda aquela discussão contra ela, por ser mulher e apoiada por Lula. Isso despertou minha atenção porque já tinha noção dessa ligação do Lula com as pessoas mais pobres e ser contra ele me incomodava por isso”, explica.
Após a eleição que reelegeu Dilma, o campo político que foi derrotado nas urnas, liderado pelo candidato Aécio Neves (PSDB), iniciou uma série de ações para reverter o resultado eleitoral. Todo esse processo culminaria no impeachment da presidente eleita no final de agosto de 2016. Mas entre uma data e outra, a polarização política na opinião pública e nas redes sociais ganhou as ruas.
No ano de 2015, um total de sete grandes manifestações foram realizadas em todo país. Três convocadas por organizações como Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Movimentos dos Sem Terra (MST) – em março, agosto e dezembro -, e quatro (em março, abril, agosto e dezembro) chamadas por organizações criadas para fazer oposição aos governos de Lula e Dilma, como “Vem Pra Rua”, “Revoltados On Line” e Movimento Brasil Livre (MBL). Gabriel participou de todas aquelas que os movimentos sociais realizaram.
Em 2016, as atividades realizadas contra o impeachment de Dilma e a favor da democracia multiplicaram-se exponencialmente. A condução coercitiva do ex-presidente Lula, em 4 de março daquele ano, foi recebida por muitos como um excesso do juiz Sergio Moro, no bojo da operação “Lava Jato”, conduzida a partir de Curitiba. Nos dias seguintes ao episódio, uma pesquisa de opinião simulando o cenário eleitoral para a Presidência da República indicava Lula liderando a corrida eleitoral pelo cargo que ocupou entre 2003 e 2011. Esse fato, somado a proximidade da primeira votação do impeachment na Câmara dos Deputados, que ocorreria em 17 de abril, suscitou centenas de atividades em todo o país.
Comitês pela democracia em dezenas de universidades, divulgação de manifestos assinados por artistas, intelectuais, juristas e políticos, vários debates nas redes sociais elevaram a temperatura da política no país. Do ponto de ônibus ao botequim, passando pela padaria e a igreja. Em todos os lugares alguém falava sobre o assunto.
Na capital paulista, Gabriel se tornou figura corriqueira nas principais atividades. Com um traquejo de garoto travesso e comunicativo, adquirido na lida diária da venda de doces, se aproximava das pessoas com facilidade. Inquieto, como é característico de adolescentes da sua idade, circulava entre os vários grupos presentes nas atividades. Com um tempo, percebeu ali também uma oportunidade de aumentar seus dividendos. Passou a revender broches com frases que ouvia serem pronunciadas nas palavras de ordens repetidas pelos manifestantes, como “não vai ter golpe” e “fora golpistas”.
Não demorou para Gabriel ser chamado pelo próprio nome nas atividades políticas. Isso também se refletia em seu perfil na rede social “Facebook”. Hoje tem 2.677 amigos, sendo a maioria filiados ao PT, PCdoB e PSOL. Seu álbum de fotos tem várias em que ele aparece junto de figuras conhecidas, como Lula e Gleisi Hoffmann, seus preferidos. Mas também Dilma Rousseff, Jandira Feghali, Vanessa Grazziotin e Lindbergh Farias.
Os contatos não se limitam ao momento das fotos. Como vai às principais atividades e já é reconhecido nelas, tem contato com os ativistas via WhatsApp também. Gabriel integra vários grupos, onde se informa sobre fatos e opiniões dos acontecimentos da política. Durante a entrevista, por vezes inverteu o papel perguntando sobre a maior possibilidade da saída de Temer: via impeachment no Congresso Nacional ou cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Aniversário com Lula


Lula e Gabriel celebram juntos.
“Nasci em 27 de outubro de 2000. É o mesmo dia em que Lula faz aniversário”, frisa. A coincidência da data o levou a comemorar seu último aniversário junto com o ex-presidente e seu maior ídolo. “Alguns militantes decidiram fazer uma surpresa para o Lula e foram até o Instituto (Lula). Eu fui junto. Passei o dia lá, esperando para dar os parabéns para ele. Quando acabou uma reunião em que ele estava com a bancada do PT em Brasília, o encontramos e pude cumprimentá-lo”, descreve.
O mais recente encontro entre eles ocorreu dia 31 de maio. Marcaram, inclusive, a próxima data em que vão se ver. No dia 10 de junho, durante a posse da direção estadual do diretório PT paulista, Lula combinou de receber sua filiação e anunciá-la publicamente.
Engana-se quem acha que o ato de se filiar é mero capricho do garoto. “Quero ser candidato a vereador em Carapicuíba, em 2020”. Quando perguntado se esse é o maior objetivo da sua vida, ele responde que sim. “Já pensei em estudar Direito também, mas a maior coisa que eu penso mesmo é ser candidato”.
As limitações materiais da sua família fizeram com que ele assumisse responsabilidade cedo. Mas isso também foi uma opção sua. Sua mãe trabalha como vendedora numa loja no endinheirado Shopping Iguatemi, em Pinheiros. Com a renda desse trabalho, ela arca com as despesas da família. Os irmãos que moram com que ele não trabalham. No bairro, divertem-se todos os dias na quadra de esportes. “No esporte sou meio coxinha”, ele diz abrindo um sorriso inocente. Pergunto se o esporte dele é ganhar dinheiro. “Quem não gosta, né?”, responde rindo novamente.
Com o dinheiro que ganha com as vendas de doces, costuma comprar roupas e ir ao cinema. Assiste a maioria dos lançamentos. Prefere as salas do shopping JK. Sua mãe, segundo ele, diz que não é preciso ajudar em casa. Em momentos de maior restrição, vai ao supermercado e compra alguns alimentos. “Mas só às vezes mesmo”, diz.
A desenvoltura que tem em conversar e fazer brincadeira com as pessoas não é a mesma diante de circunstâncias que animam muitos garotos de sua idade. “Você namora, Gabriel? Tem alguma gatinha?”, pergunto. O rosto muda de feição. Fica com uma expressão nitidamente envergonhada, faz alguns segundos de silêncio e responde sorrindo novamente, só que com a voz mais baixa: “Sou de Deus”.
Saímos dos bancos situados na parte externa da biblioteca Mário de Andrade, na rua São Luís, centro de São Paulo, onde fizemos a entrevista, em direção à estação república do metrô. Descemos as escadas e, no sentido contrário, uma mulher branca, maquiada, de cabelos pretos subia pela escada rolante. “Olha ela”, fala em voz alta. A moça olha assustada e Gabriel ri alto. A cena indica que suas tardes de trabalho estão repletas de descontrações como essa.
Momentos depois nos despedimos. Lá iria Gabriel, com a sua alegria juvenil e acanhada, mesclada ao encantamento com a política e o sentimento de que, ao participar dela, podemos mudar a vida das pessoas para melhor.
Publicado em junho de 2017 no Jornalistas Livres.

segunda-feira, 8 de junho de 2020

A quarentena é por causa disso.




Paulovas


 Flagra FACEBOOK Célia Galvão




Para os desinformados, os que querem se desinformar... que desligam a televisão e vendam os olhos para uma realidade que não querem enxergar... seja por insensatez, por falta de empatia, por idolatria ou fanatismo... enfim, para qualquer um que ainda não compreendeu o momento.
Essa doença tá fazendo vítimas de todas as idades: bebês, crianças, adolescentes, adultos, idosos. Cada um de nós reage de forma diferente, e que bom seria se tivéssemos a certeza que nós, nossos filhos, familiares, reagissem bem a ela... mas infelizmente não é assim.
Não é a Globo! Não é a Folha! Não era o Mandeta! Parem de achar que tudo gira em torno de um plano para derrubar o presidente. Existe uma coisa chamada visão holística que consiste em olhar o problema por todos os lados, não apenas o lado que nos interessa, ou pelo menos achamos que nos interessa.

Para quem está comparando o número de mortes da Covid com Sarampo, H1N1, Dengue, Malária, Aids, Fome, Miséria, Corrupção... o faz por ignorância ou má fé. Reflita sobre a consequência dos seus atos.
O isolamento ou distanciamento social não vai evitar que pessoas morram amanhã. Não vai evitar que pessoas se contaminem amanhã, mas o isolamento pode e deve diminuir a velocidade das mortes, das contaminações.
A quarentena é por causa disso.
Nenhuma dessas doenças ou situações matou mais de mil pessoas por dia, todos os dias.
Entendam...
A quarentena é por causa da quantidade de leitos, médicos, enfermeiros, equipamentos e remédios!
Se não nos isolarmos, teremos o colapso do atendimento e muitas pessoas terão que morrer em casa... Ja está acontecendo. E o pior, ainda vão continuar morrendo de Sarampo, H1N1, Dengue, Malária, Aids, Câncer, Infarto, Covid, e outras 'causas mortis'. Porque não vai ter atendimento para todos.
É para DESACELERAR a velocidade das contaminações!
Parem de comparar. Busquem informações sérias, sem paixões, sem adorações, sem idolatria, sem fanatismo... reflitam
Eu já entendi, mas muitos não.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

.... uma quarentena dentro de outra quarentena

Boaventura Sousa Santos. “A democracia nunca foi compatível com o ...
B. DE S. SANTOS POR SOL.SAPO.PT




UM FILÓSOFO NA PANDEMIA COM A LUCIDEZ DOS....

"A quarentena provocada pela pandemia é, afinal, uma quarentena dentro de outra quarentena. Superaremos a quarentena do capitalismo quando formos capazes de imaginar o planeta como nossa casa comum e a natureza como nossa mãe originária, a quem devemos amor e respeito. Ela não nos pertence. Nós é que lhe pertencemos. Quando superarmos esta quarentena, estaremos mais livres das quarentenas provocadas por pandemias." (from "A cruel pedagogia do vírus (Pandemia Capital)" by Boaventura de Sousa Santos)

quarta-feira, 3 de junho de 2020

.... não consigo nem conjugar oralmente a palavra esperança... ...CIDA MOREIRA




A imagem pode conter: Cida Moreira
CIDA  MOREIRA  POR SEU FACEBOOK




FLAGRA FACEBOOK
Cida Moreira está se sentindo cansada.
Ontem domingo,as manifestações daqui que não podem morrer... não chego a ficar com esperança,mas desejo que continuem nos próximos dias,se mais não fora pelos milhares de mortos, índice que ainda vai crescer imensamente,por causa da gripezinha,e da violência implícita ...e choro pelos milhares de negros mortos cruelmente no Brasil todos os dias.. Não suportei ver a imagem daquele homem sufocado por um joelho branco...foi absolutamente doloroso ver aqueles olhos dizendo que não podia respirar...e uso uma pobre metáfora pra dizer que morri e morro sem poder respirar o ar abençoado da vida,e da humanidade claramente perdida.... Lá,aqui,em muitos lugares... indizível dor no peito,no coração e na alma.... não consigo nem conjugar oralmente a palavra esperança... só consigo balbuciar Maiaskovski,que ao voltar pro mundo depois de ter ficado muito tempo congelado pede que o ressuscitem porque era poeta e ansiava o futuro,e quer que seu amor reapareça numa alameda do zoológico,onde pretende viver..com os bichos....boa noite....

sexta-feira, 15 de maio de 2020

A LAUREATE E O ENGANO AOS ALUNOS -ROBOTIZANDO O CONHECIMENTO

APUBLICA.ORG 
Já se sabia disto há anos, desde 2015/16, com movimentos  de alunos alunos contra EAD.
Agora se torna mais pública a notícia, mas o fato é velho. Vejam o flagra no Face:


FLAGRA DO FACE

"Faz uns dias, foi denunciado que a Laureate - corporação internacional que explora o ensino superior privado em vários países, entre eles o Brasil - estava colocando, às escondidas, robôs para corrigir os trabalhos dos alunos.
Agora está demitindo os professores dos cursos de educação à distância. Já mandou embora 120, evidentemente sem qualquer preocupação com a quase impossibilidade de realocação dos profissionais neste momento de pandemia.
Eles serão substituídos por "tutores", com salários quase 80% menores, e os professores dos cursos presenciais ganharão a responsabilidade extra de supervisionar os cursos à distância.
Quando foi flagrada botando os robôs para avaliar trabalhos dissertativos por meio de palavras-chave, a Laureate lançou uma nota hipócrita dizendo que queria "liberar a agenda" dos professores para que investissem "mais tempo na relação direta com seus alunos", já que o "objetivo é sempre humanizar ainda mais a relação de ensino e aprendizagem".
Acho que ninguém caiu na lenga-lenga deles. Agora o propósito real foi desvelado de vez: ampliar a exploração da mão de obra docente e reduzir despesas às custas da qualidade do serviço oferecido.
A defesa da educação privada é feita, muitas vezes, com base na ideia de "pluralidade de métodos de ensino", "projeto pedagógico pessoal" e coisas do tipo. Parece que estamos no tempo do Colégio Abílio, aquele que Raul Pompéia espinafrou em O Ateneu, mas que Luiz Edmundo, menino pobre beneficiado com uma bolsa, exaltou em suas memórias: a realização do sonho de um educador, que colocava sua alma na instituição. (O Ateneu é um dos pontos altos da literatura brasileira, mas as memórias de Luiz Edmundo também não são de se jogar fora.)
Independentemente do julgamento que façamos dessas experiências, o fato é que esse tempo passou há muito. O ensino privado é um negócio de grandes corporações que se guiam exclusivamente pelas planilhas de custos e pela expectativa de lucro dos investidores.
Com um Estado que tenta impor normas e fiscalizar, a situação já é ruim. Com o Estado entregue ao livre-mercadismo, quando não a serviço direto dos tubarões do ensino, como é o caso do Brasil (as regras de funcionamento das instituições privadas têm sido sistematicamente relaxadas nos últimos anos e a família de Paulo Guedes investe fortemente no setor), é o caos.
Creio que o melhor, no caso do ensino privado, é igual ao da medicina privada: proibir, em nome de valores igualitários, republicanos e democráticos."
(Link para as reportagens nos primeiros comentários.)

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Antibióticos, morcegos e a próxima pandemia

Por Soledad Barruti | Tradução de Tadeu Breda, no Blog da Editora Elefante

OUTRAS PALAVRAS nos brinda com este artigo, aliás este texto marca o lançamento, pela Editora Elefante — parceira de Outras Palavras — de Pandemia e Agronegócio.Vale ler e quiça adquirir o livro.Como vivemos e o quê comemos  e sob quais condições? Vale!



Antibióticos, morcegos e a próxima pandemia

https://bit.ly/2WG7iMV
Cozinhamos em nossas panelas as doenças de amanhã. Relação predatória com a natureza, abuso dos “aditivos” nas fazendas industriais e ambição do agronegócio tornam a Terra um lugar bizarro e cada vez mais perigoso

1.
“Sabemos que outra pandemia será inevitável. Está chegando. E também sabemos que, quando isso acontecer, não teremos medicamentos, vacinas, profissionais de saúde ou capacidade hospitalar suficientes”, disse Lee Jong-wook, então diretor da Organização Mundial da Saúde, em 2004. O discurso foi proferido quando o planeta tentava se recuperar do susto surgido com a gripe aviária, que eclodiu em Hong Kong em 2003.
O médico alertou para um fato muito difícil de ouvir: que um surto pior poderia acontecer a qualquer momento. Em 2009, por exemplo, quando outro vírus saltou de um porco para se tornar Influenza A que, a partir do México, alcançou o mundo inteiro; ou em 2012, quando a síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers) emergiu dos camelos da Arábia Saudita, infectando pessoas em 27 países.
“Não devemos temer os mísseis, mas os vírus”, disse Bill Gates em uma palestra no Ted Talk em 2015, depois que o ebola quebrou os limites corporais de uma espécie de morcego, em 2014, para se converter em um pesadelo para os seres humanos.
“É uma emergência”, “Precisamos nos preparar”, “Precisamos controlar os vírus”: os documentos oficiais de várias agências das Nações Unidas, organizações globais como a Fundação Gates e vários governos estão cheios de advertências semelhantes. Mas nada foi feito para impedir a covid-19. Talvez porque em nenhum desses espaços de poder houve intenção de nomear de maneira clara e contundente o principal fator desencadeante dessas doenças: a relação abusiva e predatória que estabelecemos com a natureza, em geral, e com os outros animais, em particular.
Vacas, porcos, galinhas, morcegos, não importa de qual animal estejamos falando. Se não os extinguimos com destruição de seus habitats, os engaiolamos, acumulamos, mutilamos, transportamos, engordamos, medicamos e deformamos para aumentar sua produtividade. Forçamos os limites de seus corpos e anulamos seus instintos como se fossem coisas, por meio de técnicas ensinadas nas universidades, repetidas em conferências empresariais e testadas em laboratórios. Um negócio de bilhões de dólares.
Nunca andei de camelo ou visitei os mercados asiáticos, onde macacos, pássaros e tatus são vendidos vivos em pequenas caixas, mas visitei um bom número de fazendas industriais na América Latina — esses lugares de onde vem a comida que julgamos menos exótica e cruel, mais civilizada e mais segura. E nessas granjas aprendi que, em questões como ética, empatia e saúde pública, a diferença entre o que é oferecido em Wuhan e o que preenche as gôndolas dos nossos supermercados é imaginária.
As pragas não são uma novidade, mas estão avançando: duzentas novas doenças infecciosas zoonóticas surgiram nos últimos trinta anos, e nenhuma é resultado da nossa má sorte.
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Visitei Rosalía de Barón em 2011 enquanto fazia a pesquisa para meu livro Malcomidos. Ela, uma produtora de ovos da província de Entre Ríos, na Argentina, sabia perfeitamente: seu galinheiro era uma mina de ouro, mas tinha uma fraqueza: poderia desencadear uma praga a qualquer momento.
“Desde que sou assim, vivo entre os ovos”, disse, abaixando a mão até próxima do chão, quando entramos no galpão que continha cerca de quarenta mil galinhas em plena produção. Rosalía era uma mulher forte, quase 40 anos de idade, olhos azuis claros, cabelos loiros gastos e o orgulho de administrar um negócio próspero: oitenta caixas de ovos diários da melhor qualidade. Cerca de dez vezes mais do que sua própria fazenda produzia quando menina, no mesmo espaço. O truque? Concentração automatizada. O galinheiro moderno não tem terra, nem arbustos, nem sol, mas gaiolas de cerca de quarenta centímetros, onde as galinhas vivem por quatro anos, empilhadas em grupos de dez. As gaiolas estão umas sobre as outras e próximas umas das outras, tornando o local um labirinto completamente coberto de penas, bicos e patas que, à primeira vista, é impossível saber a qual galinha pertencem.
Tente imaginar: dez galinhas esmagadas em um espaço onde nem mesmo uma única delas entraria confortável; não há como bater as asas, deitar-se, virar-se ou satisfazer qualquer um de seus requisitos biológicos além de comer, defecar e dar um ovo por dia.
Quando as galinhas estão amontoadas, elas só conseguem subir uma na outra, se enroscar e enfiar a cabeça pelas barras até que os pescoços estejam cheios de feridas, em carne viva. A situação é tão estressante que, dentro de semanas, se tornam canibais. Para impedi-los de comer um ao outro, alguns dias depois de nascerem, as galinhas têm a ponta do bico amputada. Assim, os bicos crescem achatados, como se tivessem atingido uma parede com força.
Que não se matem, mantendo a produção ao máximo: esse é o objetivo. Para alcançá-lo, os produtores lançam mão desse tipo de intervenções: mutilações, controle de luz, sons constantes, vários dias de fome e sede — neste caso, para que sobrevivam apenas as mais fortes. São quinze ou vinte dias sem comida ou água. As galinhas morrem como um brinquedo cuja bateria vai se acabando: consumidas, deitadas uma em cima da outra, com olhos secos, bicos abertos, emitindo um suspiro quase inaudível. Para as que sobrevivem, a ração é renovada e, no dia seguinte, mágica: um novo ovo, o cacarejo infernal; e também medo, carne podre, o cheiro de morte em vida.
Visitar fazendas industriais pela primeira vez tem algo de monstruoso: nem os olhos, nem os pulmões, nem a mente estão preparados para apreender o que acontece lá. O que você vê, o que se ouve dos manipuladores de animais — tão normais quanto um vizinho, um tio, um dentista. A informação chega em etapas: a sistematização da crueldade, a negação da dor (que é evidente). A única justificativa para tudo são as leis do mundo do dinheiro, tão absurdas, tão perversas.
Theodor W. Adorno disse que era preciso olhar para os matadouros e dizer “são apenas animais” para entender a origem de Auschwitz. Diante dessas granjas, tão naturalizadas, tento entender como chegamos até aqui.
Rosalía explicou o que sabia e me disse algo que achava fascinante: “Eu só trabalho duas horas por dia, o resto é feito sozinho”, e apertou um botão que fez o galinheiro começar a se mover. Abaixo das gaiolas, as esteiras transportavam os ovos para o local onde seriam medidos e embalados. Outras esteiras transportavam as fezes, que serão enterradas em uma fossa a poucos metros do galpão. Na mesma coreografia da máquina, bebedouros são reabastecidos e alimentadores se enchem de milho, vitaminas e corante para as gemas alaranjadas que o mercado está pedindo hoje em dia. A precisão da fábrica parecia mostrar que tudo estava sob controle. Os materiais frios e duros cobriam todo o processo com assepsia, apesar da merda, dos fluidos, dos olhos pustulentos e das penas voando.
“No entanto”, continua Rosalía, “nada é tão fácil”. A fazenda tinha um perigo à espreita. “Qual?”, perguntei. “As doenças. As galinhas parecem fortes, mas uma pode ficar doente, e isso seria o fim.”
Pensei nos dias em que as galinhas passam sem água nem comida: se resistem a isso, não são fracas, disse a mim mesma. Mas aprendi imediatamente que não. Galinhas não sobrevivem a uma gripe. A gripe é o calcanhar de Aquiles.
LEIA TODO ARTIGO EM : https://bit.ly/2WG7iMV

terça-feira, 5 de maio de 2020

O BRAZIL NÃO CONHECE O BRASIL, O BRASIL TÁ MATANDO O BRASIL - MORRE ALDIR BLANC


Aldir Blanc 1946/2020 (Foto: Divulgação)

A revista Forum ( https://bit.ly/2KY68Xl) presta homenagem á um poeta, músico, na verdade um dos grandes cronistas na música brasileira. Deixa-nos num tempo histórico  em que a miséria se propaga como coisa comum num gol da pandemia do Corona, coisa que  em que ele já prenunciava em sua obra- "o Brasil tá matando o Brasil".Com ele também nos deixa o ator Flavio Migliaccio- por suicídio, de uma dor- da desumanidade presente, que ele documenta em carta deixada.1934/2020- este fato um adendo deste blogueiro.
static1.purepeople.com.br/articles/2/26/09/12/@...


F.Migliaccio po r
www. purepeople.com.br

Leiam abaixo a matéria: https://bit.ly/2KY68Xl




Aos 73 anos, Aldir Blanc morre por coronavírus no Rio

Autor de "O Bêbado e o Equilibrista", imortalizada na voz de Elis Regina, entre centenas de outras composições, Blanc, de 73 anos, foi diagnosticado com Covid-19 no dia 23 de abril

No dia 17 de abril, logo após a sua internação, a Fórum publicou uma crônica em homenagem a Aldir Blanc. Leia aqui.
Um dos maiores compositores da música popular brasileira, Aldir Blanc, morreu na madrugada desta segunda-feira (4) no Hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, onde estava internado com coronavírus. A informação foi divulgada pela Rádio Tupi.
Com infecção generalizada em decorrência do novo coronavírus, Aldir Blanc estava internado no CTI do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, desde o dia 15 de abril. 
Autor de “O Bêbado e o Equilibrista”, considerada o hino da anistia, imortalizada na voz de Elis Regina no final da década de 70, entre centenas de outras composições, Blanc, de 73 anos, foi diagnosticado com Covid-19 no dia 23 de abril.
A sua filha Isabel dava quase diariamente notícias sobre o estado de saúde do pai. Nos últimos dias, ela se mostrou preocupada com o quadro agravado do compositor, que teria piorado na resposta ao tratamento.
Aldir Blanc surgiu para o público ao lado do eterno parceiro João Bosco, em 1972, em um projeto do jornal carioca O Pasquim chamado “Disco de Bolso”. Na época o semanário lançava um compacto simples, pequeno disco de vinil com duas canções. De um lado um artista consagrado, que no caso foi Tom Jobim com “Água de Março” e, do outro, a dupla com a canção “Agnus Sei”.
A dupla João Bosco e Aldir Blanc fez centenas de canções inesquecíveis como “Mestre Sala dos Mares”, “Kid Cavaquinho”, “Nação”, “Tiro de Misericórdia” entre várias outras.
Aldir também compôs com vários outros autores como César Costa Filho, Cristovão Bastos, Moacyr Luz, Guinga entre outros. Aldir publicou também vários livros como cronista, entre eles “Rua dos Artistas e Arredores”, Direto do Balcão, “Porta de Tinturaria”, “O Gabinete do Doutor Blanc” entre outros.

O jornalista Rodrigo Vianna postou um lindo vídeo em sua homenagem na TV Afiada. Veja aqui. https://bit.ly/2KY68Xl
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DO FACEBOOK FLAGRA
Angela Carrato
1aatS fponmsorhedgA reportagem do JN sobre a morte do compositor Aldir Blanc, mais uma vítima do coronavirus, destacou, dentre as centenas de letras maravilhosas que ele deixou, uma que se tornou hino da campanha em defesa da anistia aos exilados e presos politicos no Brasil: O Bêbado e a Equilibrista.
Só que o JN não entrou em maiores detalhes sobre essa época, pois não deve ser nada confortável para a família Marinho.
Em 1979, quando essa canção surgiu, na voz de Elis Regina, no LP Essa Mulher, nada sobre presos politicos e exilados podia ser divulgado pela mídia. Pouco depois, a censura prévia foi revogada. Era o início da abertura política.
Mesmo assim, para continuar agradando aos militares no poder, a TV Globo manteve-se firme com sua própria censura. Vale dizer: a família Marinho era quem dava a última palavra sobre o que podia ou não ser noticiado em seus veículos.
A título de exemplo, ela ignorou os comícios pelas eleições diretas-já, que tiveram início logo em seguida.
Quando, em função do elevadíssimo número de pessoas que compareciam a esses comícios, tornou-se impossível ignorá-los, a Globo partiu para a mentira descarada.
Foi assim com o comício pelas diretas-já em São Paulo, noticiado de forma ultra ligeira, como se fosse a comemoração do aniversário da cidade.
Data dessa época o surgimento do slogan "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo", que os populares gritavam para demonstrar sua indignação.
As empresas da família Marinho só desembarcaram do apoio ao golpe civil-militar de 1964, cinco décadas depois, quando em 2014, publicamente pediram desculpas.
Desculpas, pelo visto, nada sinceras. Tanto que em 2016, os Marinho estavam novamente vez à frente de um outro golpe. Esse, no qual estamos mergulhados e sem luz no fim do túnel.
Golpe que é também responsável pela morte de Aldir Blac.
Ninguém melhor do que Aldir sabia que "o Brazil não merece o Brasil".
SOS Brasil. (Angela Carrato)