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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Freira enfrenta ameaças de morte por apoiar sem-terra em MG



by Repórter Brasil






Geralda Magela da Fonseca, conhecida como "Irmã Geraldinha", vem apoiando a mobilização de dezenas de famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela desapropriação de fazenda em Salto da Divisa (MG)

Por Maurício Hashizume

Brasília (DF) - Para algumas pessoas, o ano que começou poderia realmente ser diferente e trazer momentos mais agradáveis, como sugere o cordial cumprimento de "feliz ano novo". Geralda Magela da Fonseca, freira católica da Congregação Romana de São Domingos (CRSD) que atua no Norte de Minas Gerais mais conhecida como "Irmã Geraldinha", é uma delas.

Nos últimos três anos - e especialmente em 2009 -, a religiosa conviveu com insistentes ameaças de morte. Integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Geralda vem dando suporte a posseiros e dezenas de famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Acampamento Dom Luciano Mendes, em Salto da Divisa (MG), no Vale do Jequitinhonha.

Nascida e criada em São Domingos do Prata (MG), na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), a freira de 47 anos, que tem 15 irmãos e exerce o cargo de vice-presidente do Grupo de Apoio e Defesa dos Direitos Humanos (GADDH) local, chegou a receber três ameaças por telefone num único dia.

"Quando me ameaçam, por trás da minha pessoa está o movimento. Eles sabem que, diminuindo a minha coragem de continuar com as lutas de conscientização e de busca da justiça para resolver a situação [de exclusão social], o movimento pode ter uma queda ou pode até desistir da caminhada", declara irmã Geraldinha, em entrevista à Repórter Brasil.

Desde 26 de agosto de 2006, ela acompanha e apoia a luta do MST pela desapropriação da Fazenda Monte Cristo, de 1,3 mil hectares, que já foi considerada improdutiva por dois laudos recentes. Sob intervenção em decorrência de irregularidades, a Fundação Tinô da Cunha se apresenta como dona da àrea. A entidade tem conexões com o atual prefeito de Salto da Divisa (MG), Ronaldo Cunha (DEM), da família Cunha Peixoto.

Irmã Geraldinha relembra as mortes de trabalhadores rurais no Massacre de Felisburgo, em 2004, e revela precoupação com a intensificação do clima de insegurança. O primeiro Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado pela freira em novembro de 2008. No começo de 2009, ela saiu em defesa de posseiros que vivem na Fazenda Monte Cristo e também foram ameaçados.

A partir do final de julho do ano passado, as ameaças se tornaram ainda mais frequentes. Segundo ela, novos BOs foram protocolado. Descobriu-se, então, que as ocorrências feitas em Salto da Divisa (MG) não estavam sendo encaminhados para a central da polícia de Jacinto (MG). No último dia 28 de outubro, houve uma audiência preliminar com a presença de alguns acusados, que foi seguida de mais ameaças. A irmã, porém, conseguiu reunir testemunhas e promete seguir em frente para ver quem está por trás disso.

Representantes da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR) já estiveram no acampamento para verificar a situação e uma reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALEMG) já foi realizada na Câmara Municial de Salto da Divisa (MG) para tratar do conflito agrário local.

A decisão mais importante sobre o caso, porém, permanece na responsabilidade do juiz Weliton Militão dos Santos, da 12ª Vara Federal Agrária de Belo Horizonte (MG). O processo nº 2006.38.00.008835-0, que trata da desapropriação da Fazenda Monte Cristo, ainda não recebeu parecer do magistrado.

"O latifúndio não deixa o desenvolvimento chegar no Vale do Jequitinhonha", afirma a religiosa da CPT. Eles não querem de jeito nenhum ceder a terra para a reforma agrária. Não aceitam que o processo de desapropriação da terra esteja caminhando", completa. Para ela, apenas a mobilização da sociedade civil pode mudar esse quadro de concentração. "O poder público pode fazer uma parte, mas o povo tem que despertar para a organização, que é a base para pressionar para que a situação seja resolvida".

Confira trechos da entrevista concedida por irmà Geraldinha à Repórter Brasil em meados de dezembro de 2009, na capital federal:

Repórter Brasil - Como está a situação atual em Salto da Divisa (MG)?
Geralda - A situação é de insegurança. No início deste mês [dezembro de 2009], uma pessoa fez ameaças dizendo que eu merecia morrer pelas coisas que eu vinha fazendo. Este trabalho de conscientização das famílias em busca dos seus direitos visa desembocar na desapropriação de terras improdutivas para reforma agrária e causa muito incômodo.

No dia que eu estava saindo de lá, o próprio sargento [da Polícia Militar] disse para que eu tomasse cuidado por que a situação depende de cuidados muitos especiais da minha parte. Tenho de evitar que ocorra qualquer "acidente", que não haja qualquer negligência da minha parte no que se refere à segurança que possa resultar na supressão da minha vida.

"Eles sabem que, diminuindo a minha coragem de lutar, o movimento pode ter uma queda"

Mas a senhora conta com proteção policial?
Sim. Na região, estamos recebendo o acompanhamento do sargento e dos comandantes que dão cobertura quando a gente precisa. Lá no Acampamento Dom Luciano Mendes, onde eu fico uma boa parte do meu tempo, eles estão sempre fazendo a ronda, passando várias vezes ao dia. Antes disso, tivemos a proteção, por um tempo, da Polícia Civil. Os agentes [da Polícia Civil] entraram em greve e a Polícia Militar passou a fazer a guarda.

Mas, na verdade, é o movimento [no caso específico, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)] que está sendo ameaçado. Quando me ameaçam, por trás da minha pessoa está o movimento. Eles sabem que, diminuindo a minha coragem de continuar com as lutas de conscientização e de busca da justiça para resolver a situação [de exclusão social], o movimento pode ter uma queda ou pode até desistir da caminhada.

Os acampados podem desistir do acampamento e voltar para a rua em função das ameaças e do medo. São pessoas de famílias humildes, pobres, que têm dificuldades. A maioria é de analfabetos. Eles dependem de alguém. E esse alguém, neste momento, sou eu, que estou lá contribuindo para a reflexão sobre os direitos que eles têm, para que eles possam realmente conquistar aquela área por meio da reforma agrária.

Em que pé está o processo da fazenda reivindicada pelos sem-terra?
A Justiça é muito lenta no Brasil. E, sobretudo no caso desta fazenda [Monte Cristo], ela parece mais lenta ainda por causa do poder que a família latifundiária [Cunha Peixoto] tem em relação ao Judiciário. Eles têm ainda muitos defensores na área política. E o povo de lá fica, de certa forma, desprotegido.

Foi feito um primeiro laudo do Incra que atestou a improdutividade da terra. Houve a contestação dos ditos "proprietários", que encomendaram um segundo laudo. Isso foi em 2006. Este segundo laudo, que só foi concluído no início de 2009, também deu que a terra era improdutiva. Agora a questão está nas mãos do juiz federal [da 12ª Vara Federal de Belo Horizonte (MG), responsável por conflitos agrários], aguardando parecer. Depois o processo será devolvido ao Incra para dar encaminhamento à desapropriação da fazenda.

Quantas famílias estão mobilizadas no Acampamento Dom Luciano?
A ocupação foi feita com quase 200 famílias [em 2006]. Hoje, com tantas ameaças e perseguições, foi instalado um clima de insegurança e muitos voltaram para a cidade. Alguns mudaram para outras cidades, preocupados com as possíveis perseguições por terem participado da ocupação. Nós estamos atualmente com 80 famílias no local. Essas 80 famílias estão resistindo com muitas dificuldades justamente por causa das ameaças.

O povo está muito preocupado. E uma das preocupações principais diz respeito à minha segurança. Eles falam que "se for para você perder a vida, a gente prefere desistir da terra". Temos trabalhado muito em cima disso: digo que "nem eu vou perder a vida e nem eles vão desistir da luta". E a luta é para vencer. Com fé em Deus e a união do povo nós vamos vencer, sim, e conquistar esta área. Esta área, na verdade, seria para essas 80 famílias, que estão há três anos e meio debaixo da lona preta. Mas há condição de assentar até mais por que existem muitos outros sem-terra sonhando também.

"A pobreza, a meu ver, está vinculada aos grandes latifúndios existentes no Vale do Jequitinhonha"
Como se explica essa forte associação existente entre o Vale do Jequitinhonha e a pobreza?
A pobreza, a meu ver, está vinculada aos grandes latifúndios existentes naquela região. O latifúndio não deixa o desenvolvimento chegar. Eles têm grandes extensões de terra. Cerca de 90% das terras de Salto da Divisa (MG) estão na mão de duas famílias, que inclusive têm laços de parentesco.

Isso prejudica muito, pois os pobres continuam cada vez mais pobres e os ricos, cada vez mais ricos. E a maior parte das fazendas é improdutiva. Não há máquinas e o gado é pouco. Não existe um vínculo empregatício dos trabalhadores dessas fazendas. Não são empregados de carteira assinada. São justamente pessoas que passam por lá [os chamados peões de trecho, que muitas vezes acabam aliciados para o trabalho escravo]; um ou outro têm empregados com carteira assinada.

Diante disso, o desenvolvimento só vai caindo. Em vez de melhorar, só cai. Mas é uma região muito rica. As terras produzem muito bem quando se planta. No Acampamento Dom Luciano Mendes, numa pequena área de 25 hectares [da Fazenda Manga do Gustavo, próximo à Fazenda Monte Cristo], o grupo consegue produzir para uma boa parte da sustentação daquelas famílias: com horta comunitária, plantação de milho, feijão etc. Se houver investimentos, com certeza haverá uma produção substantiva que poderá ajudar a solucionar o problema da pobreza na região do Vale do Jequitinhonha.

A produção para o bem comum não faz parte do latifúndio. Se fizesse, o plantio poderia mudar toda a imagem do Vale do Jequitinhonha. Acredito que os órgãos competentes se mobilizarão para que a reforma agrária se torne realidade não só em Salto da Divisa (MG), mas em toda a região, que é chamada de Vale da Miséria. O Vale do Jequitinhonha há de se tornar o Vale da Felicidade, da Produtividade e da Solidariedade: da repartição de riquezas.

Existem outros núcleos de mobilização por terra na região?
Na cidade mesmo de Jequitinhonha (MG), um acampamento se tornou, no começo de 2009, Assentamento Franco Duarte. Eles já estão com a terra dividida para as famílias, que estão construindo suas casas. Lá, o processo está caminhando. Em Felisburgo (MG), onde houve há cinco anos um massacre de sem-terra [pistoleiros destruíram o acampamento local, mataram cinco pessoas e deixaram outros 11 feridos], o processo de desapropriação também já se deu. Eles já vão receber a terra e serão beneficiados.

Mas o que ocorreu em Felisburgo (MG) não deixa de ser, ao mesmo tempo, um sinal que nos deixa amedrontado. Trata-se de uma referência negativa e preocupante. Assim como aconteceu lá, também pode acontecer em outros lugares. Membros da Justiça nos dizem que "não tem nada, não; são ameaças bobas". Os mesmos tipos de ameaça foram feitos lá e a Justiça não deu atenção. E aí houve aquele triste massacre...

Em Rubim (MG), existe também um outro assentamento que foi criado há mais de um ano meio. Tudo isso na mesma região do Vale do Jequitinhonha. Esses grupos organizados já conseguiram suas terras. Em Almenara (MG), existe o Acampamento 16 de Abril. Eles estão lutando para adquirir a terra e o processo de desapropriação da área ainda está em andamento.

A região tem muitas fazendas improdutivas. São grandes propriedades. É preciso que o Incra tome a sua posição, faça a avaliação, e dê uma destinação para essas fazendas. Assim como são muitos os sem-terra nos núcleos urbanos passando necessidade. Com certeza, se o Incra desapropriar, haverá muita gente disposta a produzir nessas terras improdutivas.

A maior parte das pessoas que moram nas cidades da região saiu da área rural. Os fazendeiros conseguiram colocar o gado e o ser humano saiu. Foram empurrados para as cidades, sem direito a nada. E lá estão. Alguns conseguem arrumar emprego, mas quem não consegue passa necessidade.

Como será possível superar esse quadro de ameaças?
O que vai quebrar isso mesmo é a organização do povo. O poder público pode fazer uma parte, mas o povo tem que despertar para a organização, que é a base para pressionar para que a situação seja resolvida.

"O poder público pode fazer uma parte, mas o povo tem que despertar para a organização"
Todos esses grupos que se organizaram, ocuparam as áreas e fizeram pressão são demonstrações de que a conscientização do povo é cada vez maior na região. Alguns até já conseguiram a terra. Isso vai, pouco a pouco, quebrando o poderio do latifúndio improdutivo. Era muito pior há algum tempo, segundo as pessoas contam. Matava-se com mais facilidade. Emboscadas eram feitas para colocar medo nas pessoas. Hoje, isso já diminuiu.

Eu não sou da região. Sou de perto de Belo Horizonte (MG). Acho muito estranho quando as pessoas contam que foram vítimas dessas emboscadas no final da década de 90.

Um senhor contou outro dia que, em 1997, teve os pneus do seu carro estourados por tiros. Ele estava junto com o advogado, preparando a papelada que seria usada para entrar com um processo contra um fazendeiro, depois de ter deixado uma propriedade da região sem direito a nada.

Diante das ameaças de pistoleiros que atiraram contra seu veículo, ele acabou entregando documentos. Mesmo assim, ele conseguiu recuperar parte da papelada e insistiu na tentativa de receber seus direitos na Justiça. Desta segunda vez, as provas foram retiradas pelos mesmos pistoleiros das mãos do próprio juiz. Resultado: ele nunca mais conseguiu recuperar os documentos e não conseguiu fazer a denúncia.

Na realidade, o próprio advogado dele teve medo. Disse que era "melhor a gente deixar para lá porque podemos perder a nossa vida, pois eu também perderei a minha vida se a gente continuar com isso". Saiu da cidade por um tempo e depois voltou. Até hoje tem medo que alguém apareça uma hora e tire a vida dele. A história recente desse senhor é uma comprovação do que eles são capazes de fazer com quem simplesmente pede justiça.

Aí a gente percebe quanto é forte a questão do latifúndio. Eles não querem de jeito nenhum ceder a terra para a reforma agrária. Não aceitam que o processo de desapropriação da terra esteja caminhando, que são grandes as possibilidades de entrega da terra às pessoas humildes, para que elas conquistem a liberdade de consciência e a liberdade de produzir na sua própria terra, sem depender dos detentores do poder para sobreviver.

HÁ ALGO NOVO NA PARAÍBA-

A GAMELEIRA DE TAMBAÚ
CONDE-PB

A CIDADE DE J.PESSOA, CRESCEU, MULTIPLICOU-SE,FOI MINHA CIDADE NOS ANOS 50/60.HOJE RETORNO E NÃO ENCONTRO A PAISAGEM DA MINHA INFÂNCIA.UMA TAMBAÚ PEQUENA, DAS GAMELERIAS,DO ELITE BAR, DOS BONDES,DO PONTO CEM RÉIS, DO BAR DE ONALDO, DO ESPAÇO PASSÁRGADA,ENFIM DAS SORVETERIAS, DO PICOLÉ REVESTIDO, OU, DO DE CASTANHA.
MUDOU! MAS SE PERDI TANTAS PAISAGENS GANHEI OUTRAS QUE NÃO CONHECIA, ALIÁS NÃO EXISTIA NA MINHA INFÂNCIA:A ESTAÇÃO CIÊNCIA -UMA NOVA VISÃO DA PRAIA, UMA CIDADE DE HOTÉIS NOVOS, DA LIVRARIA PREFÁCIO QUE VENDE CORDEIS, ENFIM DO CANYON DO COQUEIRAL!!!!!!!!!!!!!!!COM BAR EXCELENTE!
AGORA A MINHA CPITAL CRESCEU É UMA MOÇA MADURA, EM QUE O NOVO E ANTIGO SE DÃO AS MÃOS NAS SOMBRAS DOS SEUS VERDES CRESCIDOS.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Naná Vasconcelos começa os batuques para o Carnaval

Percussionista vai comandar, maisuma vez, abertura da folia no Recife
Foto: Chico Porto / JC Imagem


Do JC Online



Os ensaios para a tradicional abertura do Carnaval do Recife, que reúne dezenas de maracatus sob o comando de Naná Vasconcelos desde 2002 no Marco Zero, começam nesta quarta-feira (6).

Os encontros acontecem nas sedes das agremiações, às quartas, quintas, sábados e domingos até chegar o Carnaval. Nas sextas-feiras, o público pode acompanhar a evolução do ensaio, que serão realizadas na Rua da Moeda, a partir das 19h.

Nos dias 9 e 10 de fevereiro, dois ensaios gerais serão abertos ao público, às 19h, no Marco Zero.

COMO SE EXPLICA ISTO?

"O Governo do Estado PB inaugurou nesta quarta-feira (30), às 10h, o prédio onde funciona a Delegacia Especializada da Infância e da Juventude, na Rua Afonso Campos, Centro de João Pessoa, e fez a entrega de 22 motos, 1.200 coletes, 800 pistolas e 60 carabinas calibre .40, munições letais e não letais, mais um caminhão auto-bomba tanque, além de outros equipamentos às policias Militar, Civil e ao Corpo de Bombeiros. O governador José Maranhão foi representado pelo vice-governador Luciano Cartaxo."

LEIAM http://www.paraiba.pb.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=34325&Itemid=2

Um Caso de Amor na Rovolução de 30 JOÃO PESSOA- JOÃO DANTAS E ANAYDE BEIRIZ


Um Caso de Amor na Rovolução de 30

RETIRADO DE http://www.diariodosertao.com.br/opiniao.php?id=20090812125617
Por Nadja Claudino

Anayde Beiriz nasceu em 18 de fevereiro de 1905, em João Pessoa, na época cidade da Paraíba, e teve uma infância normal, brincando pelas ruas do Centro histórico e visitando as praias sempre acompanhada dos pais. Em 1922, Anayde concluiu o Curso Normal e passou a lecionar em uma escola de Cabedelo, ensinado a adultos as primeiras letras. Moça culta era a única mulher a participar dos saraus literários promovidos pelo médico José Maciel, intelectual que promovia esses encontros em sua residência. Num desses saraus, a professora conheceu João Dantas, adversário político de João Pessoa, presidente do Estado da Paraíba.

Anayde era uma moça avançada para a provinciana Paraíba da década de 20 do século passado, escrevia versos amorosos e de denúncia contra a condição em que vivia a mulher que, com o casamento, passava do domínio do pai para o domínio do marido, nunca podendo ter o controle total de sua vida. Ela recitava seus versos nos círculos de intelectuais do qual fazia parte. Nesse circulo a moça ganhou o apelido de a “pantera dos olhos dormente”.

João Pessoa assume o governo do Estado em 1928, e data dessa mesma época o começo do romance de Anayde com o advogado João Dantas, que era ligado ao Partido Republicano Paulista e fazia forte oposição ao governo de João Pessoa.

Em 1930, João Dantas viaja para o Recife fugindo das perseguições de seus inimigos. No período de maio a julho desse ano, Anayde e João Dantas trocam confidências através de correspondência remetidas entre os dois. Eram cartas de amor, algumas em versos, escritas pela professora, onde os dois podiam falar do seu amor livremente e matavam saudades da distância que os separavam. Um dia, a policia a serviço do Estado invade o apartamento de João Dantas à procura de armas e de documentos políticos, mas o que encontraram foi o diário que continha os poemas e relatos da intimidade do casal. Por um ato de vingança do governo do presidente João Pessoa contra João Dantas o diário e alguns bilhetes ficaram expostos na sede do jornal A União, transformando-se logo em objeto de curiosidade da sociedade paraibana. Dessa forma foi tornada pública a relação de João Dantas e Anayde, as confidências, os relatos das tardes que passaram juntos, os poemas eram do conhecimento de todos. Anayde passou a ser evitada por todos e sua cidade se transformou num ambiente hostil onde acusavam a jovem professora de concubinato. As moças de família, suas antigas amigas, viravam os rostos quando ela passava.

No Recife, João Dantas ficou sabendo do arrombamento de seu cofre e da publicidade dada às suas cartas e diários. E para lavar sua honra mata João Pessoa na Confeitaria Glória, na cidade do Recife, em 26 de julho de 1930. A morte de João Pessoa causou grande comoção popular em todo o Brasil e foi usada para apressar a vitória da Revolução de 30. A capital do estado da Parahyba do Norte na noite da morte de João Pessoa se transformou em palco de guerra, as casas e comércio dos aliados políticos de João Dantas foram saqueadas e incendiadas e Anayde teve que fugir para o Recife. Todos se referiam a ela como “a prostituta do homem que matou o presidente”. Em Recife, João Dantas é levado para a Casa de Detenção, onde segundo a história oficial se suicida para escapar da ira dos paraibanos. Anayde, dois dias antes da vitória da Revolução, em 22 de outubro de 1930, também se suicida.

O caso de amor entre João Dantas e Anayde, os dois odiados pelos paraibanos defensores de João Pessoa, recebeu o julgamento da sociedade conservadora e a ira dos revolucionários. O que seria apenas mais uma história de amor passou a ter um significado histórico que precisa ser recuperado da obscuridade a que foi relegado. João Dantas era um político apaixonado pelas suas idéias. Anayde era poeta e defendia em sua sensibilidade artística um mundo diferente, onde a mulher deveria exercer sua importância ao lado do homem, como assim o fez ao lado de João Dantas.

LEIAM
ANAYDE: UM LIVRO MUDA A HISTÓRIA
http://www.meiotom.art.br/res27.htm



Escritor mostra que grande amor da poetisa
não foi João Dantas, mas o médico Heriberto Paiva

Transcrito do "Correio da Paraíba", edição de domingo, 13/2/2005

O impacto do livro “Anayde Beiriz - Panthera dos olhos dormentes”, que o médico e escritor Marcus Aranha, 63 anos, vai lançar amanhã não tem como cenário os fatos em torno da Revolução de 30, mas a paixão vivida pela professora e poetisa paraibana e o então estudante de Medicina, Heriberto Paiva, que se tornaria oficial da Marinha do Brasil.

Metade das páginas do livro de Marcus Aranha é ocupada pela transcrição de um documento precioso: o diário de Anayde Beiriz, por ela própria intitulado “Cartas do meu grande amor”, que foi retirado do ineditismo a partir de um pedido do autor de “Panthera dos olhos dormentes” aos familiares de Anayde, através de Ialmita Grisi Espínola Guedes e Martônio Coutinho Beiriz. Junto ao diário, para enriquecimento do livro foram entregues documentos e fotos que permaneciam de conhecimento exclusivo da família de Anayde desde a tumultuada década de 30 do século passado.

Quase todas as cartas do diário deixam explícitas que a grande paixão de Anayde não foi o advogado João Dantas, mas o médico paraibano, que foi morar no Rio de Janeiro, e a quem ela chamava de “Hery”. Já o nome “Panthera dos olhos dormentes” era como amigos de Anayde já a chamavam antes dela conhecer Heriberto. Eles justificavam a designação porque diziam que, em seus contos, Anayde sempre colocava uma mancha de sangue e porque ela gostava de tudo que era vermelho. Tanto que, em carta, cujo teor completo está no livro de Marcus Aranha, Anayde revelou a Heriberto Paiva: “Crêem eles que eu sou trágica, que gosto desse amor que queima, dessa paixão que devora, dessa febre amorosa que mata...”.

Heriberto passou a chamá-la também de “pantera”, desde que ela lhe escreveu: “A pantera é bem humana, não é verdade, amor? Mansa, dócil, amorosa, em se tratando de ti; mas, para os outros. Eu queria poder esmagá-los, a todos... Contudo, gostei desse título de fera que eles me deram; escrevi um conto com esse nome e enviei-o para a ‘Tribuna do Pará’. Creio que brevemente será publicado”.

CONTESTAÇÃO

Marcus Aranha contesta o filme “Parahyba, mulher macho”, de Tizuka Yamasaki, lançado em 1983. Ele disse que “a tentativa de contar a história dela no cinema terminou em aviltamento, coisa não merecida”.

A patrocinadora de seu livro, através da Manufatura Editora, é a organização não governamental Parahyba Verdade, que, segundo ele, “começa a tentar desfazer a detratação mítica que fizeram com Anayde Beiriz”.

Aranha destaca que a autoria do livro “Anayde Beiriz - Panthera dos olhos dormentes” deve ser compreendida como trabalho de pesquisa, compilação e organização. Tanto que contou para isso até com dois autores de pesquisas no Rio de Janeiro, Walter Athayde de Barros Moreira e Marcos Antonio de Oliveira Araújo.

Para o autor, a leitura das cartas de Anayde e Heriberto podem ajudar a todos a uma conclusão de como era realmente a verdadeira personalidade da mulher, cujo centenário de nascimento comemora-se no próximo dia 18.

Exposição, amanhã

Confessando ser avesso a lançamentos “com solenidade, discursos e apresentações”, Marcus Aranha preferiu organizar a Exposição Iconográfica Anayde Beiriz, que será aberta ao público amanhã, às 09h00, no Sebo Cultural (Av. Tabajaras, Centro). O livro poderá ser adquirido no local da mostra, que, além de fotos inéditas de Anayde, tem objetos raros, como um telefone da década de 20 e uma vitrola de corda, ainda funcionando.

"Nós, mulheres, não temos meio termo no amor"

O trecho abaixo de uma das cartas de Anayde Beiriz a Heriberto Paiva é bastante revelador da personalidade ao mesmo tempo romântico e ousada da professora paraibana.
A carta é de 4 de julho de 1926.

“(...) O amor que não se sente capaz de um sacrifício não é amor; será, quando muito, desejo grosseiro, expressão bestial dos instintos, incontinência desvairada dos sentido, que morre com o objetivar-te, sem lograr atingir aquela atura onde a vida se torna um enlevo, um doce arrebatamento, a transfiguração estética da realidade... E eu não quero amar, não quero ser amada assim... Porque quando tudo estivesse findo, quando o desejo morresse, em nós só ficaria o tédio; nem a saudade faria reviver em nossos corações a lembrança dos dias findos, dos dias de volúpia de gozo efêmero, que na nossa febre de amor sensual tínhamos sonhado eternos.

Mas não me julgues por isto diferente das outras mulheres; há, em todas nós, o mesmo instinto, a mesma animalidade primitiva, desenfreada, numas, pela grosseria e desregramento dos apetites; contida, nobremente, em outras, pelas forças vitoriosas da inteligência, da vontade, superiormente dirigida pela delicadeza inata dos sentimento ou pelo poder selético e dignificador da cultura.

Não amamos num homem apenas a plástica ou o espírito: amamos o todo. Sim, meu Hery, nós, as mulheres, não temos meio termo no amor; não amamos as linhas, as formas, o espírito ou essa alguma coisa de indefinível que arrasta vocês, homens, para um ente cuja posse é para vocês um sonho ou raia às lides do impossível. Não, meu Hery, não é assim que as mulheres amam. Amam na plenitude do ser e nesse sentimento concentram, por vezes, todas as forças da sua individualidade física ou moral.

É pois assim que eu te amo, querido; e porque te amo, sinto-me capaz de esperar e de pedir-te que sejas paciente. O tempo passa lento, mas passa...

...E porque ele passa, e porque a noite já vai alta, é-me preciso terminar.

Adeus. Beija-te longamente, Anayde”

@ "ANAYDE BEIRIZ - PANTHERA DOS OLHOS DORMENTES",
de Marcus Aranha



A quem interessar comprar o livro de Marcus Aranha "Anayde Beiriz - Panthera dos olhos dormentes", pode fazê-lo pelos Correios.

O livro tem tem 169 páginas e mais 24 fotos em papel cuchê. Custa R$ 25,00. A despesa dos Correios é por conta do autor.

Para adquiri-lo faça assim:
1) Deposite R$ 25,00 na conta 135.197- 4, Agência 1617- 9, Banco do Brasil, em nome de Marcus Antonio Aranha de Macedo


2) Envie um e-mail para Marcus Aranha ( pois_e@ terra.com.br) avisando que fez o depósito e informando o “Número do documento” (NR. DOCUMENTO) contido no comprovante fornecido pelo Banco. Veja modelo abaixo desta mensagem.
Mande também o endereço para remessa do livro;

3) Comprovado o depósito, o livro será enviado pelo correio, sob registro.




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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Projeto Estação Nordeste serão o cantor Paulinho Moska e o paraibano Zé Ramalho.


Moska e Zé Ramalho cantam na Capital

As proximas atrações que o pessoense irá curtir pelo projeto Estação Nordeste serão o cantor Paulinho Moska e o paraibano Zé Ramalho.

A apresnetação de Paulinho Moska será na sexta-feira (8), na Praça Ponto do Cem Réis, no Centro de João Pessoa. Quem fará a abertura do show ficará a cargo da cantora Eleonora Falcone.

Ainda neste final de semana, na praia de Tambaú, o projeto traz o cantor Zé Ramalho. Ele canta no sábado (9). Quem abre o show é o cantor Paulo Vinícius.

O evento Estação Nordeste acontece na Capital desde sábado (2) e se estende até 30 deste mês, com apresentações sempre a partir das 21h.
Da Redação

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Cosan e mais 11 empregadores entram para a "lista suja"

Cosan e mais 11 empregadores entram para a "lista suja"

Inclusão da gigante sucroalcooleira e de outros 11 empregadores envolvidos em casos de escravidão foi confirmada nesta quarta-feira (31) pela atualização semestral do cadastro mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

Por Maurício Hashizume*

A Cosan, uma das maiores processadores de cana-de-açúcar do mundo, entrou para a "lista suja" do trabalho escravo. A inclusão da gigante sucroalcooleira e de outros 11 empregadores envolvidos em flagrantes de escravidão foi confirmada nesta quarta-feira (31) pela atualização semestral do cadastro mantido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A fiscalização que resultou na inclusão da Cosan na "lista suja" ocorreu em junho de 2007, na Usina Junqueira, em Igarapava (SP). Na ocasião, 42 trabalhadores foram libertados da unidade da Cosan. Dona da rede de postos Esso e detentora das conhecidas marcas de açúcar União e Da Barra, a companhia faturou, com todos os seus negócios, cerca de R$ 14 bilhões em 2008 e emprega 43 mil pessoas no período da safra. Ao todo, a Cosan possui 23 unidades produtoras - 21 em São Paulo e duas em construção, uma em Jataí (GO) e outra em Caarapó (MS) -, quatro refinarias e dois terminais portuários.

A Usina Junqueira foi incorporada pela Cosan em 2002 e tem capacidade para a moagem de 16 mil t por dia e produção de 24 mil sacas de açúcar e 900 m³ de etanol diários, segundo o site da própria empresa. A unidade de Igarapava (SP) faz parte de pelo menos dois pactos de responsabilidade empresarial: o Compromisso Nacional para a Melhoria das Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar, articulado pelo governo federal e lançado em junho de 2009, e o Protocolo Ambiental que faz parte do Programa Etanol Verde, do governo paulista, que concede certificados de boas práticas socioambientais a usinas e estabelece metas de redução de impactos.

Um quarto dos empregadores incluídos na atualização semestral da "lista suja" é do Oeste da Bahia, pólo de expansão do agronegócio nacional. Do total de 12, três são desta mesma região: José Alípio Fernandes da Silveira, que cultiva soja em São Desidério (BA); Nelson Luiz Roso e Ricardo Ferrigno Teixeira, que plantam algodão em Barreiras (BA). Quando da libertação das 82 pessoas (submetidas, segundo auditores, a condições degradantes e servidão por dívida na área de mais de 6 mil hectares) da Fazenda Campo Aberto, em março de 2007, Ricardo tinha como um de seus sócios Milton da Silva, pai do falecido piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna.

As 67 libertações ocorridas em março de 2005, na Fazenda Roso, não impediram que o agricultor Nelson aparecesse com destaque na publicação promocional de uma empresa de máquinas agrícolas. Assim como José Alípio, dono da Fazenda Bananal, onde houve cinco libertações em maio de 2007, foi citado como exemplo de produtividade em divulgação de fertilizantes.

Outro produtor de região de avanço do agronegócio adicionado ao rol dos infratores foi Cornélio Adriano Sanders, da Fazenda Progresso, em Uruçuí (PI). Em dezembro de 2005, ação fiscal encontrou vasilhames de produtos químicos sendo utilizados para armazenar a água consumida pelos arregimentados para limpar o terreno antes do plantio da monocultura de soja.

Outros nomes
Inclusão ímpar na "lista suja" foi a do engenheiro Francisco Antelius Sérvulo Vaz, que inclusive está anunciando a venda da Fazenda CEAP/Márcia Carla, em Codó (MA). Com extensão de 3 mil hectares, milhares de cabeças de gado, cavalos de raça e até pista de pouso particular, a propriedade foi flagrada com dois trabalhadores escravizados em dezembro de 2007.

Vinculado ao Partido da República (PR) do vice-presidente José Alencar, Francisco Antelius foi superintendente da Administração das Hidrovias do Tocantins e Araguaia (Ahitar), ligada à Companhia Docas do Estado do Pará (CDP), e comandou inclusive o Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes (Dnit) no Estado de Tocantins de 2008 até o início de 2009.

Entre os novos nomes da "lista suja", há ainda dois produtores rurais da Região Sul - Dirceu Bottega, de General Carneiro (PR) e José Agnelo Crozetta, de Rio Branco do Sul (PR). A inspeção na Fazenda Santa Rosa, de Dirceu, só foi possível graças a um adolescente que trabalhava por longas jornadas sem descansos regulamentares na colheita da erva-mate e fugiu para fazer a denúncia. Já a denúncia de trabalho escravo contra José Agnelo inclui relatos de humilhação de empregados.

Dois responsáveis por carvoarias paraenses também foram incluídas no cadastro do MTE. Carlos Luiz dos Santos, da Carvoaria do Carlinhos, em Ipixuna do Pará (PA), e Osvaldino dos Anjos de Souza, da Carvoaria do Osvaldino, em Goianésia do Pará (PA). Outro empregador do Pará que agora faz parte da "lista suja" é a empresa Laticínio Vitoria do Xingu S/A, da Fazenda Rio Xingu, em Altamira (PA), da qual 33 fora libertados em agosto de 2007.

José Pereira Miranda, produtor de café na Fazenda Córrego Caratinga, em São João do Manhuaçu (MG), completa a lista dos que foram inseridos. Operação da pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/MG) libertou 22 pessoas da propriedade em outubro de 2007.

Dez empregadores saíram definitivamente da "lista suja" após cumprir dos anos no cadastro, pagar todas as multas relativas aos autos de infração lavrados e não reincidir no crime. São eles: Antenor Duarte do Valle, CALSETE - Empreendimentos Ltda, Ernesto Dias Filho, Eustáquio Barbosa Silveira, Eustáquio da Silveira Vargas, Fazenda Paloma S/A - (Edmar Sanches Cordeiro), João Batista de Sousa Lima, Laminados e Compensados Santa Catarina Ltda, Leandro Volter Laurindo de Castilhos, Walderez Fernando Resende Barbosa. POR REPÓRTER BRASIL

FELIZ ANO NOVO COM REPONSABILIDADE POLÍTICA E SOLIDARIEDADE ENTRE NÓS E OS POVOS EM GERAL


Alexandra Maia e Chico
Canal de chicoealexandra

Coleção Aplauso na rede.


170 livros da Coleção Aplauso já estão disponíveis na rede. O governo de São Paulo lançou um site com todas as obras digitalizadas - é possível baixá-las em .txt. ou .pdf.

Há várias biografias disponíveis - Mazzaropi, João Batista de Andrade, Fernando Meirelles, Fernanda Montenegro, Gianfrancesco Guarnieri, além de roteiros comentados de filmes como Estômago, Cabra Cega e outros.

O site é bem legal. A navegação é fácil e na página de cada obra há um espaço (ainda vazio) para comentários dos leitores.
Acesse: www.aplauso.imprensaoficial.com.br


http://blog.estadao.com.br/blog/link/?title=colecao_aplauso_de_graca_na_web&more=1&c=1&tb=1&pb=1

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Cultura popular em cartaz na A Casa da Cultura RECIFE PE

Cultura popular em cartaz na Casa da Cultura
Publicado em 29.12.2009, às 18h32
Do JC Online

A Casa da Cultura, no bairro de São José, é palco da cultura popular até o dia 6 de janeiro. Com entrada gratuita, pastoris, blocos líricos, chorinho, maracatus e cavalo marinho subirão ao palco montado no local.

Diariamente, as apresentações acontecem às 14h, exceto no fim de semana (dias 2 e 3), cuja programação tem início previsto para as 10h. Confira a agenda:


29/12/09
A partir das 14h
Boi Estrela (Jaboatão dos Guararapes)
Banda Musical Euterpina Juvenil Nazarena (Nazaré da Mata)
Fandango do Mestre Geraldo (Recife)

30/12/09
A partir das 14h
Pastoril Coração de Maria (Recife)
Quinteto de Prata
Boca de Forno

31/12/09
A partir das 14h
Pastoril Estrela do Mar (Recife)
Reisado de Garanhuns (Garanhuns)
Noise e Viola (Recife)

02/01/10
A partir das 10h
Cavalo Marinho Boi do Canavial (Aliança)
Orquestra Popular da Mata Norte (Aliança)
Os diferentes

03/01/10
A partir das 10h
Boi Malabar (Recife)
Abreulimense do Choro
Reisado Imperial de Seu Geraldo (Recife)

04/01/10
A partir das 14h
Casa Menina Mulher (Ponto de Cultura)
Zé Arimatéia e o seu regional
Sergio Cassiano 2 (Recife)

05/01/10
A partir das 14h
BACNARÉ – Balé de Cultura Negra do Recife (Ponto de Cultura)
Boi Faceiro (Recife)
Grupo G7 de Goiana (Goiana)

06/01/10
A partir das 14h
Cavalo Marinho de Salustiano (Olinda)
Pastoril Sol Nascente/ Queima de Lapinha (Recife)
Bloco Lírico O Bonde (Ponto de Cultura)
Maracatu Piaba de Ouro (Ponto de Cultura)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

JOÃO PESSOA PB


A cidade ganha Academia Paraibana de Cinema que terá sede no Espaço José Lins do Rego, que bom, esperamos que tenha bons frutos, COMO O PROMETIDO OSCAR PARAIBANO QUE SERÁ ANUAL, WLLS LEAL será seu presidente

domingo, 27 de dezembro de 2009

J. Nabuco - Escritor, jornalista e diplomata brasileiro ainda é pouco publicado e estudado e aguarda a edição completa de sua obra


by Estadão...http://bit.ly/5SP45LUm acervo à espera de reavaliação

Escritor, jornalista e diplomata brasileiro ainda é pouco publicado e estudado e aguarda a edição completa de sua obra

Daniel Piza

Tamanho do texto? A A A A
Numa carta de 31 de maio de 1883, Joaquim Nabuco (1849- 1910) escreveu que tinha prometido fazer da vida um protesto contra a escravidão, "nada querendo dela, esperando como os escravos o meu dia". O dia da Abolição veio, quase cinco anos depois, e daqui a quatro dias o que vem é o Ano Joaquim Nabuco, uma série de eventos e lançamentos para celebrar o escritor, jornalista, advogado, diplomata e líder mais hábil e vistoso da campanha abolicionista. Cem anos depois de sua morte, ele ainda é um personagem pouco publicado e pouco estudado em contraste com sua importância - ou com a de outros recentes homenageados, Machado de Assis (2008) e Euclides da Cunha (2009), dois amigos e companheiros da Academia Brasileira de Letras.

Nabuco ainda está à espera do dia em que toda sua obra estará integralmente disponível nas livrarias. A carta citada, por exemplo, permanece inédita em livro (leia nas págs. 6 e 7) e foi encontrada pelo Estado ao lado de muitas outras nos arquivos da Fundação Joaquim Nabuco (Funaj), no Recife, responsável pela programação do ano. É endereçada ao Dr. Ubaldino Amaral, que havia criticado o fato de Nabuco não viver no Brasil àquela altura, depois de ter deflagrado - na companhia de André Rebouças, José do Patrocínio e outros - o movimento pela Abolição em 1880, com a fundação da Sociedade Abolicionista Brasileira. Nabuco explica a Amaral que estava no exterior "trabalhando para viver" e propagando suas ideias, elaborando inclusive os textos do livro que vai intitular Abolicionismo. Também reafirma a importância de manter sua independência política e financeira, em nome da causa maior.

Outra carta inédita que a Funaj digitaliza no momento, de 15 de fevereiro de 1888, ano em que a Lei Áurea é finalmente assinada pela princesa Isabel, confirma o papel de Nabuco na articulação internacional do movimento: ali ele conta ao senador francês Victor Schoelcher que havia estado pessoalmente com o Papa Leão XIII e que contava com a opinião pública francesa para pressionar o Brasil a decretar o fim da escravidão. Como sempre em Nabuco, as cartas são muito interessantes porque investidas de sua determinação histórica e de sua prosa estilosa. "A nação quer se purgar de sua vergonha e de seu crime", escreve ao parlamentar francês. E associa a Abolição brasileira de 1888 à Revolução Francesa de 1789: para Nabuco, o fim da escravidão não era apenas a extinção de uma segregação racial, mas também a oportunidade de dar aos brasileiros os princípios de cidadania.

Pouco depois, porém, seus medos recrudescem. Em outra carta inédita, de 2 de janeiro de 1889, Nabuco, que se diz um "liberal monárquico", critica os republicanos por seu ódio racial, pois "falam abertamente em matar negros como se matam cães" e parecem querer uma guerra civil no Brasil pós-abolição. Nabuco, em realidade, esperava que a princesa Isabel levasse o Brasil para o Terceiro Reinado, sucedendo a D. Pedro II, e não admitia que os brasileiros pudessem querer a república em lugar da monarquia. De fato, os primeiros anos da República pareceriam confirmar parte de seus receios, pelo autoritarismo militar; ao mesmo tempo, não trouxeram esse velho temor dos conservadores brasileiros, a guerra civil e o esfacelamento do país em distintas nações, como havia ocorrido nos vizinhos que adotaram o regime.

O quarto documento obtido nos arquivos pernambucanos é um manuscrito de um discurso feito na Argentina. Não está datado, mas é certamente posterior a 1888, porque nele Nabuco se refere à vitória sobre o "feudalismo escravista" e afirma que a causa abolicionista faz parte de uma utopia, a "paz americana", celebrando assim o ânimo futurista do Novo Mundo. Aqui já temos o estado de espírito do Nabuco tardio, que, graças ao Barão do Rio Branco, se reconciliou com o governo e assumiu a vaga de diplomata em Washington em 1905. Também se reconciliou com suas raízes religiosas, que datam de sua infância no Engenho de Massangana, em Cabo de Santo Agostinho, a 48 km do Recife, engenho que está em reforma para o ano comemorativo e foi visitado pelo Estado.

Das mais de 700 cartas escritas por Nabuco, cerca de 450 foram coligidas por sua filha Carolina e publicadas em dois dos 14 volumes de suas Obras Completas (não tão completas assim), publicadas pela Ipê em 1949. Entre outros volumes de cartas de Nabuco estão as que trocou com Machado de Assis, prefaciadas por Graça Aranha (recentemente reeditadas pela editora Topbooks), e com os abolicionistas britânicos, organizadas por Leslie Bethell (mesma editora). Há, portanto, muitas dezenas de cartas inéditas em livro. Felizmente, boa parte estará disponível em acervo digital em 2010. O próprio Nabuco gostaria de ver esse dia chegar, graças à liberdade de uma ideia chamada internet.

* COMENTÁRIOS

sábado, 26 de dezembro de 2009

A infância é vítima de negociatas-Caso Goldman- Sean Goldman






By NBC Apud Estadão
By Uol Folha on line- Silvana Bianchi, avó materna de Sean Goldman, 9, mostra caderno do neto em entrevista coletiva no Rio na tarde desta sexta-feira (25)



A infância é vítima de negociatas , não apenas na classe pobre, dentro das classes abastadas e médias a coisa é pior.É foco de negociatas, como das bravatas e conluios americanos, porque afinal, apesar de sermos um país emergente, e Obama dizer que Lula é o Cara, somos do terceiro mundo sim, pois não temos força em renovar o direito esclerosado, e um tribunal que não entende de história e infância .

PORQUE não ouvir a criança? Onde anda o Conselho tutelar do Rio, O ECA,aonde estão os especialistas sobre infância,onde anda Lula- O CARA, de Obama.Porque a criança nao pode ser ouvida, ou melhor só pode aos doze?Que quer dizer doze anos?

Que cognição tem esses magistrados que obedecem a Lei , mas não a vida e seu desenvolvimento? Piaget ocorreu em erros por definir faixas etárias fixas em sua proposta de estágios do desenvolvimento infantil, sem considerar o contexto e o tempo social.

Para fins políticos, pretende-se baixar a maioridade,para fins de delitos e crimes,assim como o voto, se redefiniu-se, aí há voz da criança e adolescentes? Não, como não houve para este rapto !Rapto sim, feito em conluio com a Mídia, com o senado americano e instâncias do poder no Brasil.A mídia tem acesso ao neto e acompanha-o durante a viagem, fotografa para o negócio midiático da NBC,mas seus parentes avós , não podem acompanhá-lo,porque?Onde esta a ética desta Emissora? Mas o que é Ética Americana?

Goldman vendeu seu filho a esta emissora, ele tem apenas um barco e é corretor de imóveis, segundo-Estadão-"

"ÉTICA

A atitude da NBC de pagar o voo para trazer S. e David Goldman para os EUA tem sido questionada como antiética. O canal de TV conta com uma exclusividade na história por pagar as contas do pai do menino, que não concedeu entrevistas para outros canais americanos depois de retornar. Goldman, para ter renda, aluga um barco e trabalha como corretor de imóveis."http://bit.ly/91TQuh

Cristopher Lasch(1932-1994) , historiador célebre americano, já falava dessa família decadente americana, absorvida pelos negócio e políticas , vestida de um narcisismo hipócrita e isso continua.

Como se não bastasse, a mídia manipula a Infância , como já afirmava Neil Postman, americano professor da Universidade de Nova York(1931-2003). Para ele, a singularidade das crianças está desaparecendo na submissão à mídia eletrônica, e a infância, passa a ser um artefato social, uma coisa, submetida ao capitalismo e não uma questão psicobiológica .

A família Americana está na mídia como uma das que não tem dado conta dos seus filhos, haja visto o que ocorre na suas escolas e no seu cotidiano em Drogas etc. fora porte de armas sem limites por crianças e adolescentes, vide Michael Moore.

O Sr Goldman se diz um pai sem fronteiras, é isso mesmo, esbarra em tudo e derruba tudo até no amor, sem limites de pacîencia para ouvir o filho aos doze anos, ou aos dezoito, mas a querela é política e não de paternidade.Não se respeitam as diferenças.Os professores de Sean foram ouvidos, o colégio e os amigos de doze anos? Não.


Não somos nós apenas o país das drogas ,alias, nos exportamos para eles também ,porque eles nos financia, já que esta é a terapia deles; a Psicanálise está abandonada por eles e também outras terapias.

Lars von Trier mostra em seu filme, como crítico que é dos EUA, da bestificação americana em várias obras suas, e no Anticristo faz menção das terapias idiotas- cognitivistas - dos americanos.

Neste país,Brasil, que precisamos de pessoas para adotar,contudo ,pune-se quem de fato por consaguinidade tem a guarda e a tutela da criança, é um modelo contraditório das políticas publicas, no sentido mais geral, da Adoção.
Vide abaixo mátéria da Folha On -Line:

.....
Sean tem uma irmã de um ano e cinco meses, filha da mãe Bruna Bianchi, morta em 2008, com o segundo marido. Segundo a avó, a irmã de Sean, Chiara, perguntou várias vezes por ele. Para a avó, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, foi "desumano" em sua decisão, que resultou na separação do menino da irmã.

"Moeda de troca"

Na opinião dela, o menino virou "moeda de troca" entre Brasil e Estados Unidos, já que a decisão de Mendes foi dada depois que o Senado americano suspendeu a votação de uma medida que estende por um ano programa de isenção tarifária que beneficia as exportações brasileiras. Depois que o retorno de Sean foi assegurado pela Justiça, o programa foi aprovado.

Em entrevista à emissora Fox News nesta quinta (24), o senador democrata Frank Lautenberg sugeriu uma relação direta entre a decisão do Supremo e o bloqueio comercial do qual ele foi autor. "Isso [a devolução do menino ao pai] não aconteceu porque fomos bonzinhos", disse ele. "Aconteceu porque nós decidimos ser duros e bloquear uma medida que daria ao Brasil o equivalente a US$ 2,5 bilhões em oportunidades comerciais." O Itamaraty nega qualquer relação entre os fatos.

Com a Folha de S.Paulo, em Washingtonhttp://bit.ly/5zbe4O

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Bischof, el arte de fotografiar



BY REVISTA Ñ EL CLARIN B AIRES VISITEM
Werner Bischof se sentía más artista que reportero gráfico. En el centenar de imágenes que se exhibe ahora en el Borges están las claves de esa creencia.
En el camino hacia Cusco Pisac, Perú 1954.
1 de 3
Una década le bastó a Werner Bischof para disparar su cámara con una intensidad que estremece. Eso es lo primero que se percibe al recorrer Bischof, el sueño de la verdad, que reúne más de un centenar de fotos –algunas inéditas– seleccionadas por Marco Bischof, hijo del fotógrafo, encargado de su archivo fotográfico y curador de la muestra. Son fotos que lo ponen a uno contra las cuerdas: revelan un modo singular de acercarse a los personajes, de capturar gestos y sentimientos. Un disparo milimétrico que sorprende a la realidad desprevenida.

La muestra es un completo recorrido por la obra de Bischof, que es también el de su corta vida y sus viajes. Arranca con sus primeras fotos de estudio, cuando ya estaba convencido: "Fue sólo una casualidad que la cámara y no el pincel se convirtiera en mi acompañante". Es que luego de estudiar fotografía en la escuela Kunstgewerbeschule nada menos que con Hans Finsler, viajó a París con la idea de iniciarse en la pintura, pero apenas estalló la guerra tuvo que regresar a Suiza. Después, se lanzó de lleno al fotoperiodismo: trabajó para las publicaciones más importantes del mundo y fue uno de los primeros miembros de la agencia Magnum, fundada por los legendarios Robert Capa, Henri Cartier Bresson, George Rodger y David Seymour.

Hay imágenes de la serie de fotos que tomó en la posguerra en Alemania, Hungría, Finlandia e Italia, entre otros países. "Entonces vino la guerra y así la destrucción de mi torre de marfil. El rostro del hombre sufriente se convirtió en el centro", escribió Bischof en su diario. Cada foto es un fragmento de las ruinas: personas convertidas en siluetas tétricas; el casco deshecho de un soldado entre los restos de un edificio. "Un tren de la Cruz Roja transportando niños a Suiza" nos acerca a la mirada perdida de unos chicos huérfanos húngaros. Sesenta años después, Marco Bischof se lanzó a la compleja tarea de encontrar a una de las niñas fotografiadas: filmó un documental donde incluyó su imagen, y –¿acaso artilugios del sueño de la verdad?– logró dar con ella.

No falta su famoso fotorreportaje sobre el hambre en la India, donde vivió seis meses. Publicada en 1951 en la revista Life, esta serie le dio fama internacional. Tan contundentes resultaron las fotos, que el gran Capa, al recibir los rollos para revelar, le escribió: "Sé cómo te sientes y es exactamente como nos sentimos todos cuando fotografiamos un episodio grandioso en la historia, sentimos que debiéramos hacer más y mejor. Pero lo que tienes es tan poderoso y tan bueno, que no pienso que valga la pena ir más allá". "Hambre en Dighiar", una de las fotos más conocidas de la serie, es una composición tan potente que uno no puede dejar de preguntarse si esa mujer implorante –una verdadera virgen devastada– es sólo resultado de la fotografía directa. Da la impresión de estar ante una pintura con luz bien teatral. Como si fuera necesario un respiro entre los golpes, el artista nos acerca también a una sutil bailarina de Bombay antes de la función y a una escuela de danza.

Las fotografías que tomó en Japón e Indochina son dolorosas y poéticas a la vez. Evidencian su destreza para vincularse con la gente: "Era un hombre con una gran sensibilidad, muy discreto: muchas veces antes de tomar una foto hacía dibujos –era un gran dibujante–, y recién cuando se establecía un contacto y un ambiente cómodo, tomaba la foto", comenta Marco Bischof.

Lo cierto es que Bischof lograba una empatía singular. Conmueve la imagen de un hombre, víctima de la explosión atómica de Hiroshima, que exhibe su desnudez desfigurada, o la de unos chicos esperando la llegada del emperador Hirohito. Los exteriores son pura melancolía, incluso en imágenes tan simples y bellas como una vista desde las alturas de Tokio o un secador de seda.

Algunas fotos son como pinturas. Eso se siente en "Camarín del streap-tease" (1951). Dos streapers japonesas se preparan para el show: una se arregla frente al espejo; la otra está tan abstraída que da la sensación de que sólo su cuerpo –que tapa pudorosamente– está allí. O en "Posada de agricultores", tomada en Hungría en 1947, que es como una bacanal pobre y pagana a puro claroscuro barroco, y en "Gente desempleada busca trabajo en la estación de tren", (Francia, 1954) por primera vez exhibida. Entre la bruma, una figura enigmática intercambia inesperadamente los roles, sorprendiendo al fotógrafo. Imperdibles.

La muestra se completa con una serie de fotos de México, Perú y Panamá, que van desde una íntima Frida Kahlo en su taller hasta imágenes de procesiones religiosas, la vida cotidiana y paisajes. No faltan sus fotos de EE.UU. composiciones bien dinámicas en las que experimentó tempranamente con el color.

Testigo clave de su época, Bischof reveló la compleja trama social. En Tokio, por ejemplo, puso el foco en bares de strip-tease, surgidos tras la ocupación americana. En Corea del Sur, capturó una imagen que cuesta olvidar: en un campo de prisioneros de guerra, los norteamericanos enseñan square dance a los prisioneros comunistas norcoreanos y chinos frente a una imponente réplica de la Estatua de la Libertad.

Es curioso: Bischof vivió bajo una aparente dicotomía. Sentía que "profundizaba demasiado la materia", que lo suyo no era periodismo: "En lo más profundo de mi ser, sigo siendo –y seré siempre– un artista", decía. "Fotógrafos de International Press cubriendo la guerra de Corea" condensa su inquietud por el trabajo del fotógrafo: el disparo de la cámara capaz de falsificar la realidad. "Cuando pienso –escribía– lo poco objetiva que puede ser una fotografía en ciertas circunstancias, entonces opino que la imagen puede ejercer una función tan falsa como la palabra".

Pero no hubo vértigo: cámara en mano, Bischof se lanzó al mundo. Y a pesar de que acaso no lo sospechó, atrapó el sueño de la verdad.
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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

ISTO É O BRASIL

BY UOL, VEJA MAIS LÁ

Professores reprovados em exame de temporários vão intermediar conflitos

Professores reprovados em exame de temporários vão intermediar conflitos
apud folha de sp dpo ESTADÃO
Os professores temporários de São Paulo que não passarem na prova de seleção da Secretaria Estadual da Educação serão destacados para trabalhos que incluem a mediação de conflitos internos nas escolas e visitas às casas dos alunos.

O programa, em criação pelo governo do Estado, leva o nome provisório de "professor mediador escolar e comunitário" e será instituído a partir do próximo ano letivo para atender a uma demanda que surgirá diante da nova legislação que regula o trabalho temporário dos servidores, aprovada neste ano.

A maioria dos docentes não concursados está sujeita à seguinte regra: quem for reprovado na avaliação não poderá lecionar em 2010, mas terá a garantia da recém-criada jornada mínima de 12 horas semanais em atividades extraclasse. Cerca de 88 mil temporários podem cair nesse grupo - a rede estadual de educação tem cerca de 230 mil professores entre efetivos e temporários.

Em princípio, os temporários mal avaliados com garantia de jornada básica fariam somente trabalhos de apoio nas salas de leitura. Mas como são profissionais com experiência letiva de três anos ou mais na rede, a secretaria quer aproveitar a formação pedagógica do grupo nos papéis de mediadores de conflito e professores visitadores, para os quais esses docentes devem ser capacitados.

Tais funções, segundo a Secretaria Estadual da Educação, pretendem incentivar maior participação das famílias na comunidade escolar e ampliar os círculos de Justiça Restaurativa, processo de reparação de danos e reconstrução da paz pelo diálogo. A Justiça Restaurativa foi implantada de modo experimental em escolas estaduais da zona sul da capital, de Guarulhos e São Caetano do Sul.

A rede estadual tem cerca de 5,3 mil escolas de ensino fundamental e/ou ensino médio e atende a cerca de 5 milhões de estudantes. A ideia inicial do programa é fixar um professor por colégio ou por turno para mediar conflitos e interagir com as famílias. A secretaria quer definir detalhes do programa até 20 de janeiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Um engodo chamado Procultura




BY http://www.culturaemercado.com.br/relatos/minc-entrega-ao-congresso-projeto-de-revogacao-da-lei-rouanet/
LEONARDO BRANT

Projeto de Lei que revoga a Lei Rouanet foi apresentado quarta pela manhã a José Sarney, presidente do Senado. Fruto de intensa discussão e consulta pública promovida pelo Ministério da Cultura, iniciativa representa retrocesso às conquistas do setor cultural. Mas o que está por trás dessa armadilha chamada Procultura? Revogar a Lei Rouanet é a melhor saída para resolver reivindicações históricas do setor cultural? Por que o MinC investe tanto em propaganda para impor o projeto à sociedade?

Acompanhado de músicos eruditos e populares, funkeiros, atores e artistas plásticos, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, apresentou, na manhã desta quarta-feira (16), ao presidente do Senado, José Sarney, o projeto de lei que visa revogar a Lei Rouanet para substituí-la por uma nova lei de fomento, denominada Procultura. Até então era chamada de Profic.

À saída do gabinete da presidência, enquanto músicos e dançarinos se exibiam no salão azul do Senado, Juca Ferreira explicou que o propósito do novo texto é ampliar os recursos destinados à cultura e fazer com que eles contemplem manifestações artísticas em todo o país.


Escoltado por artistas, o ministro pede benção a Sarney

De acordo com o ministro, o texto trazido ao Congresso resulta de um processo que envolveu toda a área cultural do Brasil, via consulta publica em que foram oferecidas mais de 2 mil propostas para aprimoramento do projeto. Ele disse que este não é um projeto só do ministério, é da área cultural em geral.

Na coletiva de imprensa concedida ontem por conferência telefônica, o MinC prometeu distribuir o texto aos jornalistas, mas o texto não veio a ninguém. O que está publicado logo abaixo veio de fontes do MinC, mas é extra-oficial.

Cultura e Mercado recebeu um texto antigo e publicou neste espaço precipitadamente. Assim que percebemos o erro, substituímos pela nova.

Apenas um material publicitário de fino acabamento e sofisticação no discurso, foi enviado à imprensa. Nele o MinC fala maravilhas de seu projeto, com inúmeros adjetivos e palavras bem colocadas.

Na coletiva o Ministro não soube responder às principais questões dos jornalistas. Da origem dos recursos do fundo ao valor gasto com publicidade para impor o Profic na goela dos cidadãos, o ministro trouxe apenas seu discurso pronto, repetido inúmeras vezes em sua turnê nacional em defesa de um projeto que não existia e que foi retalhado aos trancos e barrancos.

A tônica continua sendo pelo caminho da demonização do setor empresarial e do mercado que utiliza a lei. Segundo a tese do ministro, a prática desses agentes tem gerado problemas de concentração de recursos e desvios de conduta ao que considera interesse nacional.

Assim o ministro justifica o corte do incentivo. Pelo novo projeto o incentivo de 100% será eliminado. O mercado vê com grande preocupação a proposta, que deverá diminuir drasticamente o investimento privado no setor. Em troca, ele promete mais dinheiro público. Mas não demonstra de onde sairá o dinheiro do fundo. Como não existe uma fonte garantida, o fundo depende do orçamento governamental, volátil e sujeito a cortes constantes.


Capa do material publicitário distribuído pelo MinC

Depois de entregar o projeto ao presidente do Senado, com quem compartilhou todo o processo de construção da nova Lei, o ministro garantiu que ele será prioridade do Congresso em 2010.

No círculo pequeno, o ministro sentiu-se aliviado ao cumprir sua promessa, ainda que com 6 meses de atraso. E prepara-se para se descompatibilizar do cargo para concorrer às eleições em 2010. Deixa, ao apagar das luzes, o terrível legado de destruição do único instrumento de financiamento consolidado como política pública de cultura.

Depois de difilcultar a vida de artistas e produtores com portarias inconstitucionais e burocracias desnecessárias, o MinC adotou a postura de colocar-se como vítima da Lei Rouanet, justificando sua incompetência para lidar com as questões que envolvem dinâmicas de um mercado que desconhece, e por isso faz questão de esvaziar.

Tira da cartola uma lei que nasceu para extrair direitos adquiridos, enfraquecer o frágil mecenato brasileiro e fortalecer um discurso não confirmado em ações concretas e orçamento, de um Estado forte na área da cultura. E usa de artifícios democráticos, como consulta pública, por exemplo, para respaldar um projeto retalhado de e para o próprio órgão, ocupado por pessoas, salvo alguma exceções, sem qualquer histórico de militância na área cultural.

O processo de constução não foi transparente. Continuamos sem conhecer as contribuições dos cidadãos, das entidades legítimas e representativas e os critérios de utilização dessas contribuições no novo projeto de lei, bem como o peso de cada uma delas na tomada de decisões. Não sabemos, por exemplo, de onde veio a ideia do corte abrupto do incentivo, que o ministro garante ter compactuado com os 20 maiores investidores de cultura do país.

O comportamento padrão do MinC é de manipulação da informação e da confusão entre ideologia e verdade. Utiliza de maneira equivocada instrumentos de mediação e participação democrática, como fóruns, redes, debates e consultas. Em vez de ouvir os trabalhadores de cultura, prefere utilizá-los como mídia, espaço para impor seu discurso repetitivo e desconectado das diversas realidades da economia da cultura brasileira. Ele fala para um público certo, determinado, o único que lhe interessa para um futuro próximo, nas urnas. A situação geral da cultura pouco lhe importa.

O ano da cultura no Congresso tem um desfecho inesperado, com o SuperSimples passando à revelia do próprio MinC, e o Vale Cultura aprovado no Senado, após o desgaste sofrido com a distribuição de material considerado de fundo eleitoral pago com dinheiro público, rendendo ao ministro mais um processo com o Ministério Público Federal.

Clique e faça dowload da publicidade do MinC.

Faça download da mais recente versão não oficial do Procultura, publicada sexta-feira 18/12 às 22h46. Trata-se de uma versão PDF de um fax recebido diretamente do Congresso, onde foi protocolado o projeto de lei.

Google tem misteriosa contagem decrescente



Expresso PT
Sem colocar nenhuma palavra no campo de pesquisa do Google em inglês, ao clicar no botão "Sinto-me com Sorte" irá aparecer uma contagem decrescente que está a despertar curiosidade. Clique para visitar o canal Life & Style.
Raquel Albuquerque (www.expresso.pt)


O botão do Google "Sinto-me com Sorte" (I'm Feeling Lucky) do Google.com em inglês, normalmente leva-o para a página de topo da pesquisa que está a fazer. Mas, desta vez, carregar no botão sem colocar nenhuma palavra no campo de pesquisa traz-lhe uma contagem decrescente ainda por explicar.
Grandes algarismos azuis chegavam ao número 1308299 às 20h35 do dia de hoje. A contagem surge na versão em inglês do Google.com, mas não na versão do Google em português.
Ainda que sem explicação oficial pela Google, rapidamente surgiram especulações de que o motor de busca fazia contagem decrescente para o fim do mundo, segundo o jornal britânico ' Telegraph' .
No entanto, um cálculo permite concluir que a contagem deverá chegar a zero por volta do dia da passagem de Ano. Até confirmação do motivo da contagem decrescente, está aberta a possibilidade de especulação...

domingo, 20 de dezembro de 2009

São Paulo metrópole das utopias


Eu Recomendo


São Paulo metrópole das utopias
Maria Luiza Tucci Carneiro (organização)


Este livro é resultado da abertura dos arquivos do Deops/SP (Departamento Estadual de Ordem Política e Social do Estado de São Paulo), até então sob a guarda do Arquivo Público estadual. A obra mostra, por exemplo, como a cidade de São Paulo foi palco das grandes idéias e centro da resistência ao nazismo e fascismo. O livro apresenta também um vasto material iconográfico com fichas de suspeitos tidos como subversivos, imigrantes suspeitos de pertencer a movimentos revolucionários, fichas policiais, propostas de admissão de organizações, jornais proletários, manifestos, publicações estrangeiras, charges e fotos que retratam a força da resistência aos carrascos e perseguidores de utopias.

La utopía de la ciudad anarquista que renació digital

imagem Paulo Vasconcelos

Basado en La Ciudad Anarquista Americana, un libro prácticamente olvidado que Pierre Quiroule escribió en 1914, el artista plástico Ricardo Pons recrea la única utopía revolucionaria del anarquismo local. Multimedia y 3D para mostrar y contar el pensamiento de una época y de un movimiento.
Por: Horacio Bilbao
Fotos Videos

ANÁLISIS La utopía de Quiroule, según el epsecialista Juan Suriano. (Extracto de la entrevista con Suriano que realizaron Ricardo Pons y Néstor Restivo)
"No podemos los que tenemos en vista el mejoramiento económico y social de la especie, seguir colaborando en la obra insensata del capital, con sus ciudades inmensas y sus magnas empresas especulativas, factores forzosos de miseria y de ruinas", escribió Pierre Quiroule en La Ciudad Anarquista Americana, el libro que publicó en 1914, su utopía revolucionaria. Es ése el texto base que el artista Ricardo Pons usa para recrear la ciudad, y también la utopía de Quiroule. Y para componer su Ciudad Anarquista Digital.

Artística, histórica y hasta debatible en su blog, la obra que acaba de presentar Pons pasó de ser un work in progress a un intrincado mapa de archivos en soportes múltiples. No sólo reproduce el texto completo de Quiroule, sino que permite navegar un modelo 3D de la ciudad imaginaria, e incluye entrevistas, trabajos de investigación, fotografías e imágenes sobre el anarquismo, un actor político de peso en los primeros decenios del siglo pasado.

"Quiroule tuvo una larga militancia dentro del anarquismo, empezó muy temprano y casi hasta su muerte defendió las ideas libertarias. El era típicamente un difusor cultural", explica Juan Suriano, editor e historiador, y la voz que analiza el papel de Quiroule en anarquismo argentino y mundial en el trabajo de Pons.

Si bien este proyecto digital encapsula una obra literaria de Pierre Quiroule (La Ciudad Anarquista Americana) a través de una reedición completa, ésta se resignifica en la actualidad a través de herramientas de simulación virtual, imbricando el texto original de 1914 con un modelo 3D producido en el Siglo XXI. Y ése es todo un mensaje.

"Las moradas de la ciudad anarquista eran elegantes chalets de vidrio, de una sola pieza. Los había de varias formas, dimensiones y colores, predominando el naranjo, azul oscuro, el granate y el verde", escribió Quiroule hace casi cien años. Con el trabajo de la arquitecta Celia Guevara y la animación 3D, de Daniel Venditti, las poblaciones de las ciudades libertarias lucen bien actuales en el trabajo de Pons, y también fieles a lo que imaginó Quiroule.

Nunca superaban los 12 mil habitantes y tampoco tenían menos de 10 mil. Cuando la población aumentaba, se procedía a la elección de otro lugar para una nueva ciudad, a una distancia no menor de 20 kilómetros. Y el esquema se repetía. La mayoría de las casas tenían tres piezas, dos en la planta baja y una en la planta alta. "Había también casas de cuatro piezas, destinadas a los pocos comunistas que habían conservado las costumbres matrimoniales y familiares de antaño. Conviene decir que en la comuna anarquista, la mujer no asociaba su existencia a la de ningún compañero", aclaraba Quiroule.

El multimedia todo gira en torno a él, un prolífico autor anarquista que escribió en el diario La Protesta, y al libro, que es, además, una de las pocas utopías argentinas (otra es Argirópolis, de Sarmiento). "Es la única utopía escrita por un anarquista argentino y yo diría que en el mundo es una excepción", sostiene Suriano.

Inhallable por mucho tiempo, ahora está ahí, dando vueltas en Internet, recreada digitalmente por Ricardo Pons, que avisa que su reproducción es libre. Allí esta Quiroule también. El hombre que inventó un arma para liberar al mundo, y que escribió una utopía para mostrar cómo era ese mundo libre, se enfrenta al paso del tiempo y a los juicios sobre el pensamiento anarquista. Todo con la última tecnología, que también prometió utopías, aunque de la manera inversa a los que proponía Quiroule, para quien la felicidad humana sólo sería un hecho dando "marcha atrás a la civilización y al progreso modernos".

A expressão da crítica, com estilo

Antonio Arnoni Prado

by estadao


Exercícios de Leitura, coletânea de Gilda de Mello e Souza, ganha nova edição e reafirma sua escrita original e múltipla



Gilda de Mello e Souza (1919- 2005) inclui-se entre aquelas vozes de cultura cuja ausência, entre nós, a passagem dos anos só faz aumentar. Homenageada postumamente em 2008 com uma edição em que alguns dos intelectuais mais expressivos de São Paulo expuseram aspectos relevantes de sua obra de escritora, de ensaísta e de crítica (Gilda, A Paixão pela Forma, organizada por Sérgio Miceli e Franklin de Mattos), surge agora, publicada pela livraria Duas Cidades e a Editora 34, uma nova edição dos seus Exercícios de Leitura, originalmente lançados em 1980.

Para o leitor de hoje, trata-se de uma oportunidade de travar contato - num livro agora enriquecido de notas, informes e ilustrações valiosas - com a multiplicidade integradora de uma escrita singular e direta cuja maior virtude talvez seja a de harmonizar a "paixão pela forma" à capacidade de refazer a linguagem da arte na expressão mais funda de suas figurações e processos latentes, da literatura ao cinema, das artes plásticas ao teatro, da estética à crítica da cultura.

Nesse arranjo de intervenção sensível e intelecção rigorosa, dados novos são os achados na essência das obras e das personalidades artísticas, que se completam com uma espécie de contraponto inesperado e sempre inovador, a traduzir o voo largo da invenção crítica em formulações tão diferentes como a superação no tempo das divergências estéticas de Jean Maugüé e Claude Lévi-Strauss e a ótica da captação momentânea da imagem no traçado do desenho primitivo.

Frente a eles, a sensação do leitor é que as análises de Gilda se expandem a partir de segmentos aparentemente inconclusos, juntando a percepção iluminadora do fato concreto à teia infindável de suas articulações, não necessariamente intercorrentes, mas encerradas na complexidade das linguagens que as concebem ou transformam sob a lógica imprevisível da imaginação criadora. De tal modo que os cinco blocos em que se organiza o livro - estética, literatura, teatro, cinema e artes plásticas - se, de um lado, remetem a configurações específicas em códigos diferentes, de outro parecem depender de uma integração circular e intermitente, cujos avanços só se concretizam a partir da reinserção do que foi interrompido antes, posto entre parênteses ou provisoriamente descartado em nome da apreensão do conjunto.

Isso explica que nos textos de Gilda a conclusão muitas vezes se reconstrua e mude de rumo, não apenas corrigindo a progressão do argumento, como também - a exemplo do que ocorre na leitura de Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade - alterando as formulações iniciais da análise, para sugerir que o que antes se afigurava como uma visão neutra da História e uma oportuna revisão crítica da Inconfidência, acabe se transformando num episódio "extremamente empobrecido" do filme, quando o diretor se decide pela "valorização irrestrita" de Tiradentes, para deixar injustamente na sombra a admirável força de caráter com que Tomás Antonio Gonzaga enfrentou os seus algozes.

Como o leitor verá, longe de ser uma notação isolada, é a presença dessa ressalva que elucida - na leitura contígua de O Desafio, de Paulo César Saraceni - o descompasso "entre a função esclarecedora do diálogo e a função impregnante da imagem", quando o diretor, "por necessidade polêmica", nos diz Gilda, decide trazer para o primeiro plano os prolongados silêncios da inexpressividade pequeno-burguesa de Ana, deixando as sequências mais reveladoras das falas do protagonista para um plano secundário, o que não só desarranja o valor artístico das personagens, como estabelece "um equívoco perturbador que compromete as intenções de Saraceni". A tal ponto - ela observa - que "se fosse possível projetar O Desafio sem som, talvez víssemos surgir na tela um filme diametralmente oposto ao que foi imaginado", aparecendo Marcelo como uma personagem apagada, enquanto Ana "assume a autoridade do primeiro plano", invertendo paradoxalmente a perspectiva da fita.

É com essa estratégia de contenções e avanços, de interpolações e desvios que a vemos, nestes Exercícios de Leitura, desmontando armadilhas e driblando impasses ocultos seja nas transposições obsessivas do Fellini decadentista, seja nas dessacralizações míticas que vai escavando na filmografia de Visconti, ou mesmo na figuração elíptica dos signos do grotesco nos filmes de Glauber Rocha.

Em seu conjunto, o foco que move o livro são as mutações da linguagem a partir das exigências dos temas estudados, como se o estilo de Gilda fossem muitos estilos, como se à linguagem da memória correspondesse uma entonação que vem do passado sem perder a perspectiva do presente, para repensá-lo ou discuti-lo sem quaisquer dogmatismos. É dessa perspectiva que a variedade de registros nos permite reviver, por exemplo, a modernidade da geração da revista Clima; a dimensão formadora do "espírito brasileiro" de Roger Bastide; a superação da "miopia" que a prosa de Clarice Lispector põe abaixo, estilhaçando aquele acanhado "universo de lembranças e de esperas" a que então se resumia, no Brasil, o destino das mulheres.

Mas há ainda as revelações sobre os "testemunhos da realidade" brasileira, a nos mostrar, por exemplo, como o teatro de Jorge Andrade se antecipou em São Paulo aos estudos sociais, encarregando-se da tarefa realizada no Nordeste pelo romance de 1930; além de incursões que se espraiam da crônica para os domínios da estética, de onde Gilda refaz, no desespero subterrâneo dos clowns de Samuel Beckett, o caminho para interrogar, num contexto diverso, as obsessões paralelas da solidão de Antígona, em Anouilh, bem como os tormentos que Chekhov reservou a Natacha, ao afastá-la da submissão linear de Olga, Irina e Macha, para depois jogá-la à crueza do destino.

Dos tempos inaugurais da Faculdade de Filosofia, com os mestres franceses, aos primeiros ensaios intelectuais com o grupo de Clima, estes Exercícios de Leitura vêm demonstrar quanto pesaram no legado crítico de Gilda de Mello e Souza, num primeiro momento, a arte do inacabado, que lhe veio de Mário de Andrade, e cujo maior interesse foi pensar a crítica como uma técnica do inacabado, sempre aberta e provisória, destituída de qualquer preocupação teórica ou dogmática.

E, depois - num traço decisivo para a trajetória do grupo Clima -, aquela "paixão pelo concreto" (na expressão de Antonio Candido) que a presença de Paulo Emílio Salles Gomes infundiu aos companheiros da revista, distanciando-os do pensamento abstrato e das teorias, como um perito mais que um scholar, valorizando a "consciência da práxis" por meio de uma "escrita sem tempo, sem moda, que, como ele", nos diz Gilda, "soube preservar na disciplina da vida universitária o mesmo frescor da juventude - a confiança na aposta, o gosto arriscado do imprevisto".

Antonio Arnoni Prado é professor de literatura brasileira na Unicamp e autor, entre outros, de Trincheira, Palco e Letras - Crítica, Literatura e Utopia no Brasil (Cosac Naify)

sábado, 19 de dezembro de 2009

ENTREVISTA A GUSTAVO GUERRERO La encrucijada de la literatura latinoamericana

LA IDENTIDAD AL MARGEN. Es la característica de una fase pos-tradicional.
by http://www.revistaenie.clarin.com/notas/2009/12/20/_-02103830.htm





¿Es el fin? El ensayista y editor venezolano Gustavo Guerrero considera que, en todo caso, ha muerto una cierta manera de entender esta literatura. "Está mutando hacia otras partes", dice desde París, donde también habla sobre los libros-desechos y de las posibles estrategias para sobrevivir en una fase de identidad postradicional.
Por: Enrique Schmukler
LA IDENTIDAD AL MARGEN. Es la característica de una fase pos-tradicional.
Además de ser un crítico literario de prestigio –el año pasado obtuvo el premio Anagrama con el ensayo Historia de un encargo: "La catira", de Camilo José Cela– y profesor de literatura latinoamericana en la Universidad de Picardie Jules Verne, el venezolano Gustavo Guerrero cumple funciones como Consejero Editorial para Hispanoamérica en la editorial Gallimard. Allí forma parte también de la histórica Nouvelle Revue Française. Ubicado a espaldas del Museo de Orsay, el edificio donde Guerrero aceptó dialogar con Ñ es el mismo que Gastón Gallimard eligió para instalar su empresa a partir de 1930.

En junio de este año publicó un polémico artículo en Letras Libres titulado "La desbandada", pero fue el subtítulo de ese ensayo "(o por qué la literatura latinoamericana ya no existe)", el que generó un malentendido. No pocos leyeron que su autor anunciaba el certificado de defunción de la literatura latinoamericana. Al comenzar la entrevista desea dejar en claro este punto.
"En realidad –comienza– ese subtítulo lo añadió el editor de la revista. Yo no tengo una visión apocalíptica ni tampoco catastrófica de la literatura latinoamericana. No creo que esté desbandada en ninguna parte ni tampoco que la literatura latinoamericana haya muerto. Lo que ha muerto en todo caso es una cierta manera de entender esa literatura. Creo que la literatura latinoamericana se ha ido transformando, ha cambiado de piel y, en este contexto, han mutado sobre todo los presupuestos ideológicos con los cuales se utiliza esa denominación."

Esencialmente son dos los presupuestos ideológicos que, según Guerrero, ya no serían eficaces para dar cuenta globalmente de la "literatura latinoamericana". Se trata de los dos paradigmas principales que apuntalaron, hace 30 años, el nacimiento del "boom".

"Yo creo que los fundamentos principales que habían apuntalado el concepto de literatura latinoamericana en los años 60 eran dos: la meta-narrativa de la revolución cubana y la meta-narrativa del realismo mágico. Pues bien: estos dos fundamentos ya no son operacionales. Hoy en día la idea de una literatura latinoamericana está mutando hacia otros territorios. En los años 60, a la literatura latinoamericana se la observaba en el extranjero como una literatura básicamente vinculada al proceso revolucionario cubano, como una especie de vanguardia estética que era proyección de la vanguardia política de Cuba, o de la cultura del realismo mágico o aun del 'Barroco'. Ahora no es más así. Lo importante es observar esa mutación categorial. Eso es más importante para mí que andar anunciando la muerte o el fallecimiento de la literatura latinoamericana."

Existen varias razones por las que se vuelve muy difícil abordar la literatura latinoamericana como totalidad. En primer lugar, la superproducción de libros de autores del subcontinente ha derivado en una suerte de "balcanización" del panorama literario. "Hemos entrado en una cultura del exceso –dice Guerrero–, del crecimiento ilimitado, que ha tocado dos límites, uno de ellos es el ecológico, y el otro es el de la irracionalidad económica del mismo sistema. Hemos llegado a un momento en que los libreros a veces ni siquiera abren las cajas de libros que reciben porque no tienen lugar donde colocarlos en las librerías. Como en otros campos de la producción contemporánea, hay una sobreproducción editorial que produce libros-desechos, montones de desechos. Y por 'desechos' entiendo lo que Bauman: bienes que no han sido consumidos por nadie porque no han encontrado su público y cuyo único destinario es la industria del reciclaje".

La identidad perdida
Pero existe también un argumento cualitativo: la imposibilidad de trazar una carta actual de la "Literatura Latinoamericana" nace además de una relativización, por parte de los nuevos narradores, de la cuestión de una supuesta identidad común latinoamericana.

Para el ensayista "estamos entrando en una fase de identidades postradicionales, en donde el asunto identitario no es tan central, entre otras cosas, porque se ha debilitado la relación entre literatura y nación. Desde ese punto de vista, no creo que lo "latinoamericano" (así con comillas) haya desaparecido en realidad como tema, sino que ha mutado hacia otros lugares más discretos o excéntricos. Es decir, se lo concibe de una manera mucho más individual, fuera de un relato colectivo. Creo que la descripción de los problemas, situaciones de vida, conflictos, mitos e historia contemporáneos de los distintos países de América Latina, sigue siendo uno de los temas de la literatura latinoamericana, pero ya no se la concibe colectivamente como una preocupación vinculante y exclusiva. Además, la literatura latinoamericana no se piensa a sí misma en tanto búsqueda de una supuesta esencia común latinoamericana. Esa es, precisamente, la gran diferencia".

En este sentido, Guerrero sostiene que las imágenes de autor que reflejan los nuevos escritores tampoco se corresponden (por no decir que son antagónicas) con la iconografía patriarcal, que mostraban los escritores del "boom".

"La diferencia está otra vez en la ausencia o presencia de un relato latinoamericanista. Yo creo que un hombre como Cortázar, al menos al final de su vida, sí se sentía como un embajador de América Latina en Europa. Como también creo que Carlos Fuentes encarnó una cierta idea de México; o García Márquez, con su forma de ser dicharachera y un poco descosida, encarnó un cierto cliché caribeñista de la costa colombiana. Ellos, cada uno a su manera, quisieron ser portavoces de su propia cultura, de su continente o de su propio país. Aquí hay una diferencia: esto es algo que creo ya no les preocupa a los nuevos escritores. No pienso que Mario Bellatin se sienta ni embajador ni representante de ningún país o continente, tampoco creo que a Alvaro Enrigue, o a Rodrigo Rey Rosa les importen mucho estos asuntos".

Cuando aún no se habían aplacado del todo los estruendos del "boom", en 1980 Juan José Saer escribió en su ensayo "Una literatura sin atributos", una reflexión acerca de la literatura posrealismo mágico, que tiene que ver justamente con lo que propone Guerrero. Saer refiere allí los clichés de la literatura de nuestro continente, sobre todo aquella que gozaba de aceptación en Europa hace treinta años, emparentada con el realismo mágico y el compromiso político: "Es así –escribe Saer– como ciertas designaciones que deberían ser simplemente informativas y secundarias se convierten, por el solo hecho de existir, en categorías estéticas. Es lo que ocurre, por ejemplo, con la expresión 'literatura latinoamericana' (...) Se le atribuyen a la literatura latinoamericana la fuerza, la inocencia estética, el sano primitivismo, el compromiso político (...). Es necesario que todo producto tenga una apariencia necesariamente latinoamericana y que las obras editadas conserven cierto aire de familia. La literatura latinoamericana debe cumplir así, no una praxis iluminadora, sino una simple función ideológica".

¿De qué manera escapar del horizonte de expectativas vinculado a las estéticas de los años 60? La pregunta preocupa a Guerrero ya no sólo como crítico, sino también como el editor que es en Gallimard y que debe, muchas veces, lidiar con el gusto del lector europeo adiestrado a la estética del realismo mágico.


El otro boom

"A mí me interesa el paralelismo que se dio en Estados Unidos entre el boom de la literatura latinoamericana y el de la japonesa, en la década de 1960. Son dos booms que coincidieron en el tiempo, que generaron cada uno su propio canon. En el caso de la literatura japonesa el canon estuvo constituido por Kawabata, Mishima y Tanizaki; en la caso de la literatura latinoamericana, por Cortázar, Vargas Llosa, Fuentes y García Márquez. Lo interesante del caso japonés es observar cómo el surgimiento de estas figuras determinó no sólo el perfil internacional de la literatura de ese país –porque ese va a ser el perfil dominante durante muchos años–, sino también el concepto que los norteamericanos y europeos elaboraron de esa literatura, y que predeterminó un horizonte de expectativas. Durante muchos años,para que un libro japonés funcionara en los Estados Unidos tenía que parecerse a alguno de Kawabata, de Tanizaki o de Mishima, de lo contrario incluso no era considerado como un libro 'japonés'. Entonces ese tipo de horizonte de escucha internacional tiene una fuerza de coacción muy importante sobre el mercado. Hay mucho que aprender de la experiencia japonesa, porque Japón, a través de autores como Haruki Murakami o Kenzaburo Oé, ha logrado modificar e imponer a otros autores, de estéticas diferentes, y ha cambiado ese horizonte inicial. En el caso de Latinoamérica creo que estamos en esa coyuntura. En Europa todavía se espera que un autor latinoamericano suene a 'latinoamericano'. Pero quizás el éxito de Roberto Bolaño sea el signo más claro de que las cosas están cambiando. Ojalá que permita hacer evolucionar la mirada europea sobre la literatura de nuestro continente".


Y en Francia, ¿qué?

Así y todo, ¿el mercado editorial francés acepta (es decir, publica) a los autores que escriben por fuera de las estéticas canonizadas por el "boom"? La conclusión no es del todo reconfortante. "En Francia ya hemos pasado el período de euforia de la literatura hispanoamericana. Actualmente, estamos en un período en que la literatura extranjera no se vende demasiado bien y, dentro de esta rúbrica, lo que se vende básicamente es literatura traducida de la lengua inglesa. La literatura latinoamericana tiene una posición residual. Ya no estamos en la época del 'boom' en que teníamos una posición un poco más holgada. Ahora ocupamos un lugar desgraciadamente más limitado, aun en casos de autores de gran prestigio como Bolaño, que no ha llegado a tener aquí los niveles de venta que ha tenido en los Estados Unidos. Con todo, creo que editoriales como Seuil, Christian Bourgois y Gallimard, por citar sólo tres, han ido reflejando en sus elecciones esa diversificación en los modelos actuales de escritura. Si vas al catálogo de Bourgois, puedes encontrar nombres como los de Guillermo Fadanelli, Alan Pauls, Roberto Bolaño; si vienes al mío vas a encontrar a Rodrigo Rey Rosa, a Alvaro Enrigue o a Mario Bellatin; si vas al catálogo de Seuil, vas a encontrar a Martín Kohan, Jorge Volpi o a Santiago Roncagliolo. Digamos que la nueva generación sí ha sido traducida y publicada. No tiene, y eso es lo que lamentamos, los mismos niveles de venta ni de reconocimiento del gran público que tuvieron en su momento los escritores del 'boom' o sus epígonos (pienso en Isabel Allende, por ejemplo). Pero esperemos que esto sea sólo una cuestión de tiempo. En eso estamos trabajando".
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