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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Um Caso de Amor na Rovolução de 30 JOÃO PESSOA- JOÃO DANTAS E ANAYDE BEIRIZ


Um Caso de Amor na Rovolução de 30

RETIRADO DE http://www.diariodosertao.com.br/opiniao.php?id=20090812125617
Por Nadja Claudino

Anayde Beiriz nasceu em 18 de fevereiro de 1905, em João Pessoa, na época cidade da Paraíba, e teve uma infância normal, brincando pelas ruas do Centro histórico e visitando as praias sempre acompanhada dos pais. Em 1922, Anayde concluiu o Curso Normal e passou a lecionar em uma escola de Cabedelo, ensinado a adultos as primeiras letras. Moça culta era a única mulher a participar dos saraus literários promovidos pelo médico José Maciel, intelectual que promovia esses encontros em sua residência. Num desses saraus, a professora conheceu João Dantas, adversário político de João Pessoa, presidente do Estado da Paraíba.

Anayde era uma moça avançada para a provinciana Paraíba da década de 20 do século passado, escrevia versos amorosos e de denúncia contra a condição em que vivia a mulher que, com o casamento, passava do domínio do pai para o domínio do marido, nunca podendo ter o controle total de sua vida. Ela recitava seus versos nos círculos de intelectuais do qual fazia parte. Nesse circulo a moça ganhou o apelido de a “pantera dos olhos dormente”.

João Pessoa assume o governo do Estado em 1928, e data dessa mesma época o começo do romance de Anayde com o advogado João Dantas, que era ligado ao Partido Republicano Paulista e fazia forte oposição ao governo de João Pessoa.

Em 1930, João Dantas viaja para o Recife fugindo das perseguições de seus inimigos. No período de maio a julho desse ano, Anayde e João Dantas trocam confidências através de correspondência remetidas entre os dois. Eram cartas de amor, algumas em versos, escritas pela professora, onde os dois podiam falar do seu amor livremente e matavam saudades da distância que os separavam. Um dia, a policia a serviço do Estado invade o apartamento de João Dantas à procura de armas e de documentos políticos, mas o que encontraram foi o diário que continha os poemas e relatos da intimidade do casal. Por um ato de vingança do governo do presidente João Pessoa contra João Dantas o diário e alguns bilhetes ficaram expostos na sede do jornal A União, transformando-se logo em objeto de curiosidade da sociedade paraibana. Dessa forma foi tornada pública a relação de João Dantas e Anayde, as confidências, os relatos das tardes que passaram juntos, os poemas eram do conhecimento de todos. Anayde passou a ser evitada por todos e sua cidade se transformou num ambiente hostil onde acusavam a jovem professora de concubinato. As moças de família, suas antigas amigas, viravam os rostos quando ela passava.

No Recife, João Dantas ficou sabendo do arrombamento de seu cofre e da publicidade dada às suas cartas e diários. E para lavar sua honra mata João Pessoa na Confeitaria Glória, na cidade do Recife, em 26 de julho de 1930. A morte de João Pessoa causou grande comoção popular em todo o Brasil e foi usada para apressar a vitória da Revolução de 30. A capital do estado da Parahyba do Norte na noite da morte de João Pessoa se transformou em palco de guerra, as casas e comércio dos aliados políticos de João Dantas foram saqueadas e incendiadas e Anayde teve que fugir para o Recife. Todos se referiam a ela como “a prostituta do homem que matou o presidente”. Em Recife, João Dantas é levado para a Casa de Detenção, onde segundo a história oficial se suicida para escapar da ira dos paraibanos. Anayde, dois dias antes da vitória da Revolução, em 22 de outubro de 1930, também se suicida.

O caso de amor entre João Dantas e Anayde, os dois odiados pelos paraibanos defensores de João Pessoa, recebeu o julgamento da sociedade conservadora e a ira dos revolucionários. O que seria apenas mais uma história de amor passou a ter um significado histórico que precisa ser recuperado da obscuridade a que foi relegado. João Dantas era um político apaixonado pelas suas idéias. Anayde era poeta e defendia em sua sensibilidade artística um mundo diferente, onde a mulher deveria exercer sua importância ao lado do homem, como assim o fez ao lado de João Dantas.

LEIAM
ANAYDE: UM LIVRO MUDA A HISTÓRIA
http://www.meiotom.art.br/res27.htm



Escritor mostra que grande amor da poetisa
não foi João Dantas, mas o médico Heriberto Paiva

Transcrito do "Correio da Paraíba", edição de domingo, 13/2/2005

O impacto do livro “Anayde Beiriz - Panthera dos olhos dormentes”, que o médico e escritor Marcus Aranha, 63 anos, vai lançar amanhã não tem como cenário os fatos em torno da Revolução de 30, mas a paixão vivida pela professora e poetisa paraibana e o então estudante de Medicina, Heriberto Paiva, que se tornaria oficial da Marinha do Brasil.

Metade das páginas do livro de Marcus Aranha é ocupada pela transcrição de um documento precioso: o diário de Anayde Beiriz, por ela própria intitulado “Cartas do meu grande amor”, que foi retirado do ineditismo a partir de um pedido do autor de “Panthera dos olhos dormentes” aos familiares de Anayde, através de Ialmita Grisi Espínola Guedes e Martônio Coutinho Beiriz. Junto ao diário, para enriquecimento do livro foram entregues documentos e fotos que permaneciam de conhecimento exclusivo da família de Anayde desde a tumultuada década de 30 do século passado.

Quase todas as cartas do diário deixam explícitas que a grande paixão de Anayde não foi o advogado João Dantas, mas o médico paraibano, que foi morar no Rio de Janeiro, e a quem ela chamava de “Hery”. Já o nome “Panthera dos olhos dormentes” era como amigos de Anayde já a chamavam antes dela conhecer Heriberto. Eles justificavam a designação porque diziam que, em seus contos, Anayde sempre colocava uma mancha de sangue e porque ela gostava de tudo que era vermelho. Tanto que, em carta, cujo teor completo está no livro de Marcus Aranha, Anayde revelou a Heriberto Paiva: “Crêem eles que eu sou trágica, que gosto desse amor que queima, dessa paixão que devora, dessa febre amorosa que mata...”.

Heriberto passou a chamá-la também de “pantera”, desde que ela lhe escreveu: “A pantera é bem humana, não é verdade, amor? Mansa, dócil, amorosa, em se tratando de ti; mas, para os outros. Eu queria poder esmagá-los, a todos... Contudo, gostei desse título de fera que eles me deram; escrevi um conto com esse nome e enviei-o para a ‘Tribuna do Pará’. Creio que brevemente será publicado”.

CONTESTAÇÃO

Marcus Aranha contesta o filme “Parahyba, mulher macho”, de Tizuka Yamasaki, lançado em 1983. Ele disse que “a tentativa de contar a história dela no cinema terminou em aviltamento, coisa não merecida”.

A patrocinadora de seu livro, através da Manufatura Editora, é a organização não governamental Parahyba Verdade, que, segundo ele, “começa a tentar desfazer a detratação mítica que fizeram com Anayde Beiriz”.

Aranha destaca que a autoria do livro “Anayde Beiriz - Panthera dos olhos dormentes” deve ser compreendida como trabalho de pesquisa, compilação e organização. Tanto que contou para isso até com dois autores de pesquisas no Rio de Janeiro, Walter Athayde de Barros Moreira e Marcos Antonio de Oliveira Araújo.

Para o autor, a leitura das cartas de Anayde e Heriberto podem ajudar a todos a uma conclusão de como era realmente a verdadeira personalidade da mulher, cujo centenário de nascimento comemora-se no próximo dia 18.

Exposição, amanhã

Confessando ser avesso a lançamentos “com solenidade, discursos e apresentações”, Marcus Aranha preferiu organizar a Exposição Iconográfica Anayde Beiriz, que será aberta ao público amanhã, às 09h00, no Sebo Cultural (Av. Tabajaras, Centro). O livro poderá ser adquirido no local da mostra, que, além de fotos inéditas de Anayde, tem objetos raros, como um telefone da década de 20 e uma vitrola de corda, ainda funcionando.

"Nós, mulheres, não temos meio termo no amor"

O trecho abaixo de uma das cartas de Anayde Beiriz a Heriberto Paiva é bastante revelador da personalidade ao mesmo tempo romântico e ousada da professora paraibana.
A carta é de 4 de julho de 1926.

“(...) O amor que não se sente capaz de um sacrifício não é amor; será, quando muito, desejo grosseiro, expressão bestial dos instintos, incontinência desvairada dos sentido, que morre com o objetivar-te, sem lograr atingir aquela atura onde a vida se torna um enlevo, um doce arrebatamento, a transfiguração estética da realidade... E eu não quero amar, não quero ser amada assim... Porque quando tudo estivesse findo, quando o desejo morresse, em nós só ficaria o tédio; nem a saudade faria reviver em nossos corações a lembrança dos dias findos, dos dias de volúpia de gozo efêmero, que na nossa febre de amor sensual tínhamos sonhado eternos.

Mas não me julgues por isto diferente das outras mulheres; há, em todas nós, o mesmo instinto, a mesma animalidade primitiva, desenfreada, numas, pela grosseria e desregramento dos apetites; contida, nobremente, em outras, pelas forças vitoriosas da inteligência, da vontade, superiormente dirigida pela delicadeza inata dos sentimento ou pelo poder selético e dignificador da cultura.

Não amamos num homem apenas a plástica ou o espírito: amamos o todo. Sim, meu Hery, nós, as mulheres, não temos meio termo no amor; não amamos as linhas, as formas, o espírito ou essa alguma coisa de indefinível que arrasta vocês, homens, para um ente cuja posse é para vocês um sonho ou raia às lides do impossível. Não, meu Hery, não é assim que as mulheres amam. Amam na plenitude do ser e nesse sentimento concentram, por vezes, todas as forças da sua individualidade física ou moral.

É pois assim que eu te amo, querido; e porque te amo, sinto-me capaz de esperar e de pedir-te que sejas paciente. O tempo passa lento, mas passa...

...E porque ele passa, e porque a noite já vai alta, é-me preciso terminar.

Adeus. Beija-te longamente, Anayde”

@ "ANAYDE BEIRIZ - PANTHERA DOS OLHOS DORMENTES",
de Marcus Aranha



A quem interessar comprar o livro de Marcus Aranha "Anayde Beiriz - Panthera dos olhos dormentes", pode fazê-lo pelos Correios.

O livro tem tem 169 páginas e mais 24 fotos em papel cuchê. Custa R$ 25,00. A despesa dos Correios é por conta do autor.

Para adquiri-lo faça assim:
1) Deposite R$ 25,00 na conta 135.197- 4, Agência 1617- 9, Banco do Brasil, em nome de Marcus Antonio Aranha de Macedo


2) Envie um e-mail para Marcus Aranha ( pois_e@ terra.com.br) avisando que fez o depósito e informando o “Número do documento” (NR. DOCUMENTO) contido no comprovante fornecido pelo Banco. Veja modelo abaixo desta mensagem.
Mande também o endereço para remessa do livro;

3) Comprovado o depósito, o livro será enviado pelo correio, sob registro.




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