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quinta-feira, 1 de junho de 2017

HÁ UM POETA NA PRANCHA DO PARANÁ



Luiz Felipe Leprevost nasceu em 21/03/1979, Curitiba - PR, onde vive. É formado em artes cênicas pela CAL (Casa de artes de Laranjeiras – RJ). Prosador e poeta.  trabalhou como atorbailarino contemporâneodiretor teatral, dramaturgo, músico, compositor e interprete. 
Ele é um machado poético múltiplo de linguagens apuradas desfiando por entre as artes gerais uma perfomance inédita de um joven que tem ganas por ser vario e na densidade poética tem maestria. Sua literatura , seja na prosa ou poesía, mescla-se como que se chama de pop, prefiro dizer uma lirica nova. 
Sua construcão poética asssuta-nos, mas  o que beber em intensidade: 

com cadência/da estrela cadente/decadente 
caiu/pra sempre (caiu in  Fôlego (2002) 

Seu prefaciadorEdival Perrinitambém poeta ,aponta  em
em Fôlego (2002):”queremos entender o não entendível.Aí começa  o trabalho de descontrução”, tão presente e tão norte da poesía..”e assim assoletramos com sede esses poemas Leprevost: 

como a rede dos pescadores/pode aprosionar/um mar tão grande?( Fôlego 2002) 
Ou em outro poema: 

Cordas vão e voltam cordas voam em volta cordas em vão envoltas cordas    arrebentam (Fôlego (2002) 
 E mais outros: 
  
 E enfim encontro o futuro 
  
 Estrada onde os lírios não são borracha de pneus 
 Esfarelado no asfalto( Ode mundana,2006) 
                                                                   
E este: 
Teu medo tem digitais traduzidas/lambe a ferida das patas, teme amputá-las/e não quer ferir a lingua/el é didático,prático conciso/palestra sobre o não eito,adestra os desejos,molesta os dejetos….Ode mundana,2006) 

Um novo poema inédito: 

…..a primeira dama caindo no choro 
presidiário aprendendo a fazer tricô 
doutorando indo caçar na rua na madruga fria 
o gótico cheirando rapé no cemitério ao meio-dia 
um irmão encontrando alguém pra odiar fora da família 
latifundiário chegando no mar com um pranchão debaixo do sovaco 
jornalista ardendo de amor por um mundo que não volta 
tentando atravessar a linha do horizonte que foge 
ator pornô fazendo sua festa de aniversário de 74 anos 
o religioso fundamentalista prestando vestibular pra história 
costureira costurando um rasgo na própria carne 
mau hálito da manhã de uma cidade imutável….. 

Sua mais recente obra é o livro de contos Salvar os pássaros (2013, ed. Encrenca). Também é autor do romance E se contorce igual um dragãozinho ferido, Ed. Arte e Letra. 2011finalista do Prêmio SESC/Record de Literatura, 2010,. Publicou ainda Ode mundana (2006, Editora Medusa - poemas). Inverno dentro dos tímpanos (2008, Kafka Edições - contos), Barras antipânico e barrinha de cereal (2009, Editora Medusa - contos) e Manual de putz sem pesares (2011, Editora Medusa – contos). 
Integra as antologias de poesia Roteiro da poesia brasileira, anos 2000, Global Editora e Peso Pena, publicada pela editora Black Demon Press. No momento trabalha em seu novo romance Dias Nublados. 

segunda-feira, 22 de maio de 2017

DRUMMOND NA PAREDE por Marcilio Godoi

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https://www.facebook.com/marcilio.godoi



" drummond na parede
em itabira as sete faces do poeta se deixam entrever mais ou menos sutilmente. no amargor de ferro e ausência das montanhas exiladas, na alma pura de pedra de suas gentes, nos seus balcões desconfiados de longa espera, na topografia ondulante de seus opostos brancos, no jogo de suas casas de planos desfeitos, nos seus retorcidos de timidez e recusa, na serena carta de névoa de seus silêncios.
mas há ainda uma outra coisa que senti em itabira, uma funda abissal tristeza, parada na chaga da imensa flor em chamas que incendeia seu mapa ou o voo panorâmico sobre o seu solo, pele e corpo revirados por monstros carterpillar amarelos e crueis.
imaginava que a empresa que despeja dejetos mortais diariamente no desastre ambiental que antecipa sem disfarce algum em barragem dentro da cidade houvesse ao menos de cuidar da memória de seu filho mais célebre. qual nada.
constato que carlos drummond de andrade é, em itabira, e por assim dizer, um ilustre e um desconhecido. a cidade em geral guarda dele, não por sua própria culpa, claro está, uma visada confusa, prosaica, superficial, quase picaresca, recheada de causos, inverdades e rasas apressadas exegeses.
muito distantes e de certa forma negando a existência das idiossincrasias universais do autor de carta a stalingrado, os habitantes e visitantes da cidade não têm oportunidade acesso mediado às essenciais práticas de decifração das infinitas camadas de seu universo literário, seu caráter múltiplo e sequer, salvo guerreiras e honrosas exceções, desconfiam do descomunal valor se sua obra, hoje tomada na cidade sem uma curadoria integrada que exerça proporcionalmente a difusão plena e científica de suas complexidades, suas "inquietudes poéticas" para usar uma expressão de antonio candido.
foi com inconsolável desalento que constatei o olhar quase colegial, isolado, sobre o monumental legado drummondiano, em sua cidade natal. a despeito da ótima formação, da simpatia e do empenho abnegado dos atuais profissionais que lidam com seu espólio lírico expositivo, vê-se que estão todos de pés acorrentados e mãos atadas, sem orçamento, sem apoio de políticas, sem mediação, sem intercâmbio que promova a constante prática de decifração que o maior poeta brasileiro indiscutivelmente requer e merece.
tem casa, tem fazenda, tem memorial, tem centro cultural drummond em itabira. todos muito precariamente providos de um corte diagonal sobre a obra do poeta naquela que deveria ser a cidade-centro de sua inigualável referência, revelando-a dignamente em um conteúdo crítico à altura de seu povo, a todo visitante que nesse nosso vasto e complicado mundo procura desesperadamente pela dose de inigualável beleza presente no sentimento drummondiano."

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