REDES

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

A equipe de Bolsonaro não está numa bolha do algoritmo do facebook ou instagram por post de P .A Farias

Tomo aqui um post-Facebook de Pedro Américo de Farias -tomado de outro autor Helder Aragão.Pedro Américo é escritor, pernambucano- Ouricuri, formado em Letras e durante muito tempo foi radicado no Recife, onde tive um bom convívio com o mesmo. Paulo Vasconcelos



PRESTEM BEM ATENÇÃO, querida gente petista e feminista. Se liguem pra ver a realidade por dentro.
Via Helder Aragão deMelo (TranscrevoTum amigo que se aventurou nessa seara sinistra):
“Textão sobre minha experiência em grupos de whatsapp que apoiam o BOZO nos últimos dias: a pior possível. Mas fiquei com uma certeza após o Ibope de ontem: analistas estão errando feio por não conhecerem o que ocorre no subterrâneo de muitos grupos de zap que apoiam Bolsonaro.
Desde que começou a campanha eleitoral, alguns amig@s me incluem em grupos de whatsapp a favor de Bolsonaro. Meu celular chegou a ficar até 4 grupos de apoiadores do coiso. 

Educadamente pedia pra sair, mas nas ultimas semanas fui (re)incluído em três grupos e fiquei em todos com um objetivo: curiosidade sobre o que os move a favor dessa figura do mal.
O que presenciei nesses grupos foi um trabalho aparentemente orquestrado por profissionais de marketing digital. Não posso afirmar se a origem é da cúpula da campanha do candidato, mas ele é o beneficiado direto da disseminação de notícias falsas através de vídeos editados que são muito mais difíceis de vc, por mais esperto que seja, não cair na armadilha da informação errada.
A tática é simples, mas deplorável: vale tudo para ganhar a presidência e os vídeos pelo zap tem sido cruciais, pois vêm dos seus amigos. A TV terá influencia zero nessa campanha.
São grupos grandes (muitos já completos) com objetivo claro de disseminar montagens que parecem ser verdade e, ao que consta na última pesquisa IBOPE, deu certo contra as mulheres que foram as ruas nesse final de semana.
A quantidade de vídeos editados mostrando mulheres com seios de fora no meio da multidão como se fossem no evento de sábado salta os olhos. Isso juntamente com palavras de baixo calão contra as participantes. “Atenção mulheres! Vcs se sentem representadas por essas “vadias”?” Palavras de um dos administradores do grupo que pedia para repassar o vídeo e a pergunta. Posts bem preparados para o whatsapp.
Num dos vídeos, o evento de sábado foi ligado a um outro acontecimento em que mulheres radicais quebram imagens sacras na visita do papa Francisco ao Brasil. Fato deplorável mas quem vê pensa que aconteceu sábado no evento do #Elenao.
Aos berros, um dos administradores pede para mostrar no grupo da família as tias, as mães, as avós... e mostrar o que a turma do “PT” e “Ciro” querem para o país. Na sequencia, a solução seria Bolsonaro com sua frase de impacto: Deus acima de tudo...
Quando o filho de Bolsonaro chama as mulheres de esquerda de feias ou outros adjetivos sabe o que faz: coloca gasolina nesses grupos que move a campanha do pai.
A subida de Bolsonaro não se deu, nem de longe, por conta do ataque de Alckmin ou Marina ou Ciro ao Haddad na TV como alguns analistas sugerem. Mas, sim, por cota do ataque orquestrado contra o evento de sábado das mulheres de forma velada nas redes sociais sem deixar rastro: via whatsapp.
A equipe de Bolsonaro não está numa bolha do algoritmo do facebook ou instagram como a dos demais candidatos, pois eles sabem como furar a bolha e falar para os indecisos.
Os candidatos democratas são fracos nas redes sociais e falam para os “convertidos” em suas bolhas algorítmicas. Não foi a toa que, mesmo após o evento de sábado, o candidato do mal cresceu exatamente nas mulheres e nos pobres.
Ou os candidatos democratas atuam forte nas redes sociais para falar fora da sua caixa com antídotos contra essa disseminação de vídeos montados via zap e contra essa ação de difamação das mulheres que foram as ruas sábado ou é melhor JÁ IR SE ACOSTUMANDO com Bolsonaro presidente em 2019.
Espero que não.”

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Carta dos presidenciáveis Fernando Haddad e Manuela D’Ávila à comunidade do Ensino Superior no Brasil

LEIAM COM ATENÇÃO:




Esta carta significa, em primeiro lugar, o reconhecimento do papel fundamental que cada um de vocês desempenhará no nosso projeto de resgate do ensino superior como fator de desenvolvimento e significa, sobretudo, o nosso compromisso de reconstrução de um Brasil mais desenvolvido e mais justo.
Durante os governos Lula e Dilma, duplicamos o número de jovens nas universidades federais e promovemos uma efetiva revolução, abrindo as portas da universidade para os jovens oriundos do ensino público, para os negros, indígenas e quilombolas, para os filhos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Criamos 18 novas universidades federais, instituímos o Programa de Reestruturação das Universidades Federais (Reuni), que promoveu a expansão da rede federal e a ampliação do número de vagas no ensino superior público.
Fizemos o novo ENEM e o SISU. Investimos na expansão de 173 novos campi para regiões que antes eram pouco atendidas ou totalmente desatendidas pelo governo federal e adotamos ações afirmativas para o ingresso e a permanência dos alunos com maior vulnerabilidade social.
Estamos certos de que foi esta uma das principais razões para tanto ódio destilado contra os nossos governos: o acesso dos segmentos sociais mais pobres e historicamente explorados às universidades e institutos federais, subvertendo 500 anos de exclusão.
*Expansão de Vagas*
A chapa Fernando Haddad e Manuela D’Ávila compromete-se firmemente com o resgate do Plano Nacional de Educação (PNE), garantindo uma nova fase de expansão, com qualidade do ensino superior e da educação profissional e tecnológica. Para isso, revogaremos a nefasta Emenda Constitucional 95, que congela por 20 anos os investimentos em educação e nas demais políticas sociais. Comprometemo-nos ainda com o estabelecimento de um diálogo permanente com universidades, institutos federais e comunidades locais.
*Assistência Estudantil*
Em nossos governos, construímos um novo perfil de estudantes. Hoje, 66% possuem renda familiar de até 1,5 salário mínimo per capita. O processo de expansão do número de vagas e democratização do acesso à universidade pública por meio das cotas foi complementado com a criação do Programa Nacional da Assistência Estudantil (PNAES), que hoje garante a permanência de um contingente significativo de jovens em sala de aula.
Precisamos garantir e ampliar a permanência efetiva dos nossos alunos em sala de aula, por meio de investimentos crescentes na assistência estudantil, na recuperação e ampliação das moradias de estudantes e restaurantes universitários.
*Autonomia Universitária*
Reafirmamos nosso compromisso com a democracia e a autonomia universitária. Não permitiremos a perseguição a professores e gestores acadêmicos pelos censores de plantão, que se esforçam para tolher a liberdade de cátedra. Em 13 anos de governos do PT, nunca censuramos, perseguimos ou tolhemos nenhum professor, pesquisador, gestor ou grupo de pesquisa. Reagiremos aos movimentos obscurantistas, propondo uma Educação com Ciência e Cultura.
*Ciência e Tecnologia para Todos*
Não podemos deixar de salientar o papel estratégico dos investimentos em ciência e tecnologia. As universidades e os institutos federais são essenciais para a produção do conhecimento científico e tecnológico, na pesquisa básica e na pesquisa aplicada.
Reverteremos os cortes nos investimentos em ciência e tecnologia, impostos pelo golpe. Voltaremos a ter um financiamento expressivo e estável. Entendemos que todas as instituições universitárias federais são de ensino, pesquisa e extensão e todas devem ter apoio tanto para a formação de quadros profissionais quanto para a pesquisa científica de ponta, a produção cultural, os estudos nas ciências humanas e na filosofia.
Não compactuamos com a concepção da década de 1990, segundo a qual apenas poucas universidades devem ser centros de pesquisa, enquanto a maioria fica à míngua, sem apoio para desenvolver suas áreas de excelência acadêmica.
Temos uma concepção generosa de universidade. Para nós, ela deve ser pública, gratuita, ampla no acesso, pertinente nas políticas de permanência e de excelência na produção científica.
As universidades e os institutos federais são estratégicos na construção de uma nação desenvolvida e soberana. Não somente na formação de profissionais, mas também na conformação de um pensamento crítico e democrático, na pesquisa científica em temas estratégicos, como as tecnologias aeroespaciais e engenharias (civil, elétrica, eletrônica, computacional, naval, química, mecânica etc.), e no estímulo às indústrias digitais, exploração de petróleo, pesquisa agropecuária, energias limpas, mudanças climáticas, segurança cibernética e formulação e execução de políticas públicas.
As instituições universitárias e os institutos federais serão partes essenciais desse esforço de desenvolvimento. Instituições de fomento, como CNPQ, Capes e fundações de amparo à pesquisa, terão seu orçamento recomposto e ampliado de forma profunda.
Estabeleceremos um amplo diálogo para o desenvolvimento de uma política de ciência e tecnologia à altura dos desafios do Brasil.
*Da creche à pós-graduação*
Nossa visão de mundo e nosso Plano de Governo não opõem ensino superior à educação básica. Concebemos a educação como uma política pública sistêmica. Por isso, daremos absoluta prioridade à educação, investindo da creche à pós-graduação.
Estamos assumindo compromissos e metas muito audaciosos. Para isso, precisaremos da mobilização das comunidades universitárias e dos institutos federais, não apenas durante a campanha eleitoral, mas também, e sobretudo, na difícil tarefa de governar após dois anos de desmonte do Estado promovido pelo golpe.
Reverteremos os retrocessos, resgataremos o projeto vitorioso liderado pelo presidente Lula
e avançaremos ainda mais.
Enfrentaremos forças poderosas. Mas confiamos na união de professores, reitores, estudantes, técnicos e trabalhadores, familiares de alunos e toda a sociedade para edificarmos juntos um país democrático, justo e sustentável.
Um abraço,
Fernando Haddad, presidente
Manuela D’Ávila, vice

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

A DIVA QUE SE VAI -ÂNGELA MARIA- ELA SIM!!!!!!!





    O Brasil está de luto com a partida de uma grande artista -âNGELA MARIA- carioca, radicada em São Paulo, nos deixa um vácuo. Fez a História de nossa MPB. Influenciou milhares de cantores, intérpretes, como -Elis Regina- que declarava publicamente seu gosto àquela cantora.
    Fez no rádio a glória da MPB, junto com tantas outras e outros cantores. Ela foi nossa bailarina mor da música brasileira e nos mostrou ao mundo, mas nada melhor que um produtor Cultural falando de  nossa querida Angela Maria que se foi.Aqui vai sua postagem no instagram dele.Refiro-me ao Luiz Nogueira, que por sua vez conjuga sua fala a de Caetano, vejam abaixo:

  • "Essa semana foi dura. Se foi Tito Madi e agora nossa Sapoti. Caetano Veloso fez esse deslizamento psicanalítico, elevando Ângela à uma suíte que embala nossa identidade negra e que está tão profunda em nosso inconsciente que nem percebemos. Luiz Nogueira



    Por Caetano Veloso:
    Angela Maria é uma das figuras mais importantes da nossa cultura. Ouvi sua voz ao longo das décadas de minha formação e ainda fiquei assombrado com a musicalidade que ela exibia nos shows com #CaubyPeixoto já em décadas mais recentes. Vi de perto sua figura mulata (tinha o apelido de "Sapoti", fruta de cor castanha quase humana, que hoje, infelizmente, quase ninguém no Rio ou em São Paulo sabe o que é, levando muitos a concluirem que é coisa nordestina, embora se diga que o apelido lhe foi dado pelo gaúcho Getúlio Vargas) nos domingos do Programa Paulo Gracindo, no auditório da Nacional, na Praça Mauá. Seu repertório de sambas-canções, boleros, marchinhas e sambas de carnaval segue vivo em minha cabeça e me meu coração. Uma cantora vocacionada, uma luz na história do nosso povo. Olho o auto-retrato de Emanoel Araújo na parede de minha sala e penso que essas xilogravuras, as esculturas posteriores e a energia no comando da Pinacoteca e no Museu Afro Brasil não seriam o que são se não tivéssemos tido a voz e a beleza de Angela no fundo da nossa sensibilidade. Vidas e obras como as de Angela Maria são prova de que o povo Brasileiro não pode ser reduzido a mesquinharia de nenhum tipo. 🌹

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O GRITO VIVO DO POETA- PABLO NERUDA






Ao meu entender todo sujeito, cidadão, tem uma missão política irrecusável. Se omite-se, o faz para encobrir seu lado político, mas esta interface existe .
Pablo Neruda -1904/1973-foi um poeta que jamais recusou sua face política. 
Atuou na política, tendo cargos públicos e defendeu seu povo, não só  do Chile mas de todos os continentes, em especial os da América do Sul.Nenhum Nobel recobre sua missão poética e política ,ele era vasto.
Com muitos amigos no Brasil, nos anos 40 lotou em São Paulo o estádio do Pacaembú, para uma homenagem a Luis Carlos prestes, em que declamou para o público seus poemas. Nesta ocasião já senador da Republica Chilena.
Após 1945 logo depois de  ter nos visitado  foi cassado e perseguido.Sua obra Canto Geral é uma epifania lírica- um épico- em defesa da América Latina.O Brasil de Fato- https://bit.ly/2N05dUR- por Mayara Paixão presta-lhe justa Homenagem, em tempos de tantas derrotas em nossa América, e em especial o BRASIL. Paulo Vasconcelos

Um poeta que cantou a identidade latino-americana: Pablo Neruda

Neste 23 de setembro, completam-se 45 anos da morte do literata que versou e integrou o Partido Comunista chileno



Está meu coração nesta luta. 


Meu povo vencerá. 


Todos os povos vencerão, um por um. 


Trecho do poema "Um povo vitorioso" (1950)
Há 45 anos, a América Latina perdia um de seus maiores escritores: o chileno Pablo Neruda (1904 - 1973). Amigo pessoal de Salvador Allende, presidente do Chile que promoveu transformações sociais no país na década de 1970 e foi deposto por um golpe militar, Neruda é reconhecido como um dos poetas mais relevantes do século 20. Não por acaso, recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1971.
Para um país no qual a memória histórica é algo sagrado, o Chile guarda viva a presença de Neruda, como conta Franco López, chileno há oito anos no Brasil e pesquisador em América Latina: "Neruda é uma referência para qualquer chileno, algo que você vai aprender desde pequeno. Qualquer criança com cinco, seis anos no colégio vai estar recitando um poema de Neruda, vai conhecer a poesia e faz parte da nossa memória histórica".
Até hoje, a causa de sua morte não é certa. Ele morreu doze dias após o processo de golpe dos militares. A versão oficial alega que tenha sido causa natural, em decorrência de um câncer de próstata que o poeta carregava. Para muitos chilenos, porém, permanece a ideia de que ele foi envenenado pela ditadura neoliberal de Augusto Pinochet. Seu corpo já foi exumado quatro vezes.
Durante sua militância política, Neruda compôs a chamada ‘Geração de 1938’ e integrou as fileiras do Partido Comunista, em busca de uma sociedade mais justa e que conseguisse fazer uma transição para o regime socialista. Poeta engajado, muitos mitos também foram criados em torno de seu trabalho. Um deles se refere à participação do chileno no chamado Realismo Socialista, corrente artística da então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) entre as décadas de 1930 e 1960.
O pesquisador em literaturas hispânicas e assistente de pesquisa na Yale University (EUA), Gabriel Lima, explica que, apesar da comum associação, ela não é correta. "Neruda, já nos anos 60, fez um balanço crítico das atividades do stalinismo na União Soviética e sempre se colocou contra a doutrina do realismo socialista que preconizava uma utilização da arte como forma de propaganda política", conta. 
Salvador Allende e Pablo Neruda (Foto: Fundación Allende)

Amor e política

Neruda é muito conhecido por suas obras que versavam sobre o amor, mas seu trabalho vai além disso. Em uma época na qual a literatura sul-americana ainda era marcada por muitos regionalismos, ele demonstra um conhecimento grande sobre a poesia europeia e ajuda na renovação do verso na América Latina. Sua obra é dividida entre o amor e a política.
"Ele participa de um processo de construção da identidade latino-americana que vai ser fundamental para todos os escritores que virão depois", explica Lima.
Uma de suas obras mais conhecidas é Canto Geral, publicada em 1950 e escrita em meio a Guerra Fria e um contexto de perseguição aos comunistas em diversos países, inclusive no Chile. "Nela, ele canta o Partido Comunista chileno, a luta dos trabalhadores espanhóis, a Revolução Russa e inúmeros processos de luta popular na América Latina, então diria que essa é a obra mais importante do ponto de vista político e literário". 

Contradições

Assim como muitos escritores brasileiros, Neruda também é apontado por carregar contradições em sua obra. Uma das principais delas diz respeito às mulheres e a forma como são abordadas nos seus escritos. São versos como:

Corpo de mulher, brancas colinas, coxas brancas,


pareces-te com o mundo na tua atitude de entrega.


O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti


e faz saltar o filho do mais fundo da terra.


Trecho do poema "Canto de mulher" (1924)
Desde a década de 1990, porém, a crítica literária acompanha os avanços da sociedade e tem se preocupado, cada vez mais, com questões ligadas às mulheres.
"A crítica aponta uma certa idealização excessiva da figura da mulher e uma delegação à mulher do prazer sexual do homem, a atribuição a mulher de papeis que sejam mais significativamente ligados ao prazer sexual do que outra coisa. Existem esses aspectos problemáticos na poesia dele, o que hoje vem sendo discutido, como na obra de muitos escritores", explica Gabriel Lima. "A gente sabe que todos os seres humanos são repletos de contradições".

Legado

Lado a lado com suas contradições, Pablo Neruda deixou mais do que uma herança intelectual para a literatura latino-americana. Aos amantes de sua obra, ou admiradores de sua trajetória profissional, a afirmação de que as sociedades atuais têm muito a aprender com seu legado é comum.
"Fica o legado do Neruda tanto quanto ativista político quanto como poeta para todos nós que hoje estamos enfrentando processos de crescimento do ódio na América Latina, de ameaças, de governos antidemocráticos. Neruda, pouco antes de morrer, escreveu "Yo no voy a morirme, salgo ahora, en este dia lleno de volcanes, hacia la multitud, hacia la vida" (saio do meu leito para a vida, para as multidões)", opina Lima.
O chileno Franco López também relembra a atualidade de Neruda. "É alguém que sempre está presente, que eu particularmente identificaria como um latino-americanista. Tem um poema muito interessante que, a partir da chegada de Hugo Chávez no poder, diz que a cada cem anos Simón Bolivar renasce nos povos."
Hoje, o Chile, assim como outros países da América Latina, vive uma onda conservadora sob o governo de Sebastián Piñera. Político de centro-direita, ele interrompeu uma trajetória de dez anos de governos progressistas no país.
Simón Bolívar, citado no poema de Neruda, foi um chefe político e militar líder das revoluções que levaram à independência de países como Venezuela, Peru e Bolívia, ficamos com a esperança do poeta: “Desperto a cada cem anos quando desperta o povo.”

Edição: Michele Carvalho

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

AUGUSTO ROA BASTOS - AGUARDEM MATÉRIA EM VÁRIOS POSTS



Há escritores raros, muito raros, Augusto Roa Bastos é um desses. Pouco conhecido entre nós, sobretudo nos tempos presentes. Ele, no entanto, é de uma atualidade absurda nos atuais tempos em que o Brasil passa por um Golpe Supremo.Aguardem matéria. P Vasconcelos
"Augusto Roa Bastos. (Asunción, Paraguay, 13 de junio de 1917 - Asunción, Paraguay, 26 de abril de 2005). Narrador y poeta, es considerado el escritor paraguayo más importante del siglo XX y uno de los grandes novelistas de la literatura hispanoamericana.
Su infancia transcurre en Iturbe -pequeño pueblo culturalmente guaraní-, escenario y objeto referencial casi constante de su mundo novelístico. Participa en la guerra del Chaco entre su país y Bolivia, experiencia que aprovecha para su novela Hijo de hombre (1960), obra que abarca cien años de historia paraguaya. Es de destacar el rigor técnico con que el autor traza su relato, así como la fuerza de la prosa mestiza con que transcribe el habla regional.
Opuesto al régimen dictatorial de su país, vive casi siempre en el extranjero (especialmente en Buenos Aires) y ejerce como periodista, conferenciante y profesor.

Entre sus libros figuran varias colecciones de cuentos: El trueno entre las hojas (1953), El baldío (1966), Madera quemada (1967), Los pies sobre el agua (1967), Moriencia (1969) y Cuerpo presente (1971). Su obra más relevante es la novela Yo, el supremo (1974), inspirada en la vida del que fuera dictador de Paraguay entre 1814 y 1840. En ella profundiza en las raíces del español paraguayo, potenciando la creación de neologismos, deformaciones y continuos juegos tanto léxicos como sintácticos.
Además de escribir varios guiones cinematográficos, otras de sus obras son El pollito de fuego (1974), Lucha hasta el alba (1979), La vigilia del almirante (1992), El fiscal (1993), Contravida (1995) y Madame Sui (1995).
En 1989 obtiene el Premio Cervantes y, al año siguiente, la Orden Nacional del Mérito de Paraguay." ( https://bit.ly/2xrb3K6 )


"... a literatura, como toda arte, assume um dever, talvez inconsciente, mas é um dever: a necessidade de servir ao outro. E servir quer dizer estar em atitude de entrega, oferecendo. Isso cria laços solidários que estão conspirando justamente contra a cadeia de barbarização que não reconhece valores deste tipo. A materialização e a desumanização coletivas sempre tiveram vai-e-vens. Acho que estamos nos preocupando demais e espero que logo os sintomas desta forma da decadência humana se apaguem, buscando novas maneiras de participação social, de formar parte da trama de decisões, e não como simples espectadores do que ocorre na sociedade. E isso já está acontecendo. As pessoas reagem e se unem, como aconteceu na Argentina. Essa participação já é, em princípio, solidariedade. É preciso dar-lhe mais tempo. Pensemos que se a sociedade começa com mais de um (dois já são um germe de comunidade, porque nada do que um faça deixará de afetar ou beneficiar o outro), ambos têm deveres. E, neste sentido, a educação para a participação tem que ser chave. Viemos de uma educação bastante individualista e isso não nos ajuda para nada. Pense que um só homem não é nada frente o universo".  entrevista - parte a Jéferson Assunção(https://bit.ly/2t1r5cc)

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Por que Voto em HADDAD . Captura do face







Luiz Eduardo Soares por https://bit.ly/2xsma4Q


A matéria abaixo me chega via Caio Clímaco (Facebook), um jovem sério, pesquisador que produz um trabalho jornalístico de alta conta. Ele é bacharel em Ciências do Estado pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestrando em Ciências para o Desenvolvimento Estratégico pela Universidad Bolivariana da Venezuela. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Classes Sociais e Grupos de Interesse. Sua atuação   nas mídias digitais conjuga um jornalismo sério e responsável.
Luiz Eduardo Soares , por sua vez, carioca, cientista político, antropólogo, professor universitário, pesquisador na área da violência , romancista, mostra no texto abaixo detalhes de uma geografia politica a que estamos submetidos. Sua narrativa é clara e toma focos importantes entre os candidatos ora postos para a presidência da república.Suas argumentações são densas em seus  argumentos seguros e, ainda mais, sustentados por sua experiência enquanto teórico e agente político em governos.


POR QUE VOTO EM HADDAD
Luiz Eduardo Soares*
As eleições de 2018 são dramaticamente decisivas para o país.
Ciro Gomes é um dos políticos mais inteligentes e preparados de nossa história republicana e propõe ao país uma transformação importante, dispondo-se a enfrentar os interesses do capital financeiro com o propósito de retomar o desenvolvimento e reduzir as desigualdades, tendo em vista sempre a defesa da soberania nacional, profundamente ameaçada pelo atual governo ilegítimo. Considero sua aliança com Katia Abreu -candidata a vice- compreensível, no esforço de evitar o isolamento, mas não subestimo os riscos aí envolvidos, uma vez que, mesmo tendo sido contrária à farsa do impeachment, ela tem um histórico extremamente negativo, no que diz respeito ao meio ambiente, à preservação das terras indígenas e à luta contra o trabalho escravo.
Todavia, há uma dificuldade mais relevante: Ciro é um homem na ventania. Quero dizer o seguinte: o candidato atua e se situa no mapa político como indivíduo, isto é, como um agente desprovido de vínculos orgânicos com organizações democráticas da sociedade civil e movimentos sociais. Seu partido, embora proveniente de uma origem respeitável, há muito tempo afastou-se da identidade que Brizola tentou construir. Por isso, Ciro transita entre zonas distintas do espectro político conforme cálculos táticos, apoiados em seu projeto pessoal, que por mais generoso que seja é, antes de tudo, seu próprio projeto. E, como sabemos, as conjunturas, sobretudo nesse período de constante instabilidade, são centrípetas e agonísticas. A taxa de imprevisibilidade da candidatura do PDT é elevada. Quando os críticos lhe cobram pelo temperamento explosivo erram o alvo. O que é explosivo, incerto e errático é seu destino político, porque condenado a ser moldado por decisões individuais, sob os constrangimentos das diferentes conjunturas. Sim, trata-se de um grande homem, mas é um indivíduo. E o que há lá fora é ventania.
Por fim, Haddad. Vamos lá.
O PT vinha perdendo seus laços com os movimentos sociais porque, a despeito das enormes conquistas dos governos Lula, os melhores de nossa história, não estava sendo capaz de realizar sua autocrítica, publicamente, extraindo daí todas as consequências. Entretanto, o Partido dos Trabalhadores e os movimentos sociais se reencontraram. Velhos militantes decepcionados, como eu mesmo, voltaram à trincheira comum. A aprovação do partido, que caíra vertiginosamente, retornou à marca de 24%. Críticos contumazes, como eu mesmo, cerraram fileiras com os antigos companheiros. Desafetos resolveram colocar a gravidade da situação política acima de desentendimentos, por mais significativos que fossem. Por que? Eis a resposta -há aqui muito de testemunho pessoal. Creio que o processo de afastamento foi revertido pela brutalidade com que as elites passaram a agredir o partido, chegando ao ponto de negar as conquistas alcançadas, tentando apagar da memória coletiva o fato de que Lula concluiu o segundo mandato com 85% de aprovação popular e se recusou a sequer considerar a hipótese de aceitar a mudança das leis para buscar um terceiro mandato, que lhe cairia nas mãos por gravidade, mesmo sem campanha. Apesar da grande mídia insinuar que o presidente terminaria por copiar os passos de Chaves, ele fez o contrário, dando a maior demonstração possível -não consigo imaginar outra que fosse comparável- de que, acima de tudo, respeita o Estado democrático de direito, o qual, paradoxalmente, não o respeitou, desrespeitando-se a si mesmo, negando sua própria natureza, mergulhando o país no arbítrio de violações sucessivas.
Por uma questão de honestidade intelectual, importa assinalar que o presidente FHC não resistiu ao canto da sereia, ele que, com seu partido, condena o “bolivarianismo”. Mas é claro que a compra de votos para que se viabilizasse a reeleição e a mudança das regras de jogo, enquanto o jogo era jogado, não feriram a sensibilidade moral da mídia conservadora, a qual não apenas calou-se, cúmplice, como apoiou a candidatura do PSDB à reeleição, cancelando, com o despudor que lhe é próprio, os debates entre os candidatos, nos quais FHC teria de responder por seus malfeitos na economia, na política, na ética.
A campanha pelo impeachment foi tão cínica, venal e repulsiva, que infiltrou e disseminou na opinião pública o veneno do antipetismo, o grande mal que nos assola e divide. Desde aquele momento, impunha-se, para qualquer democrata, resistir com o antídoto: o anti-antipetismo. Era preciso e urgente denunciar o perigo escandaloso das generalizações, não apenas aquelas que estendiam para o conjunto dos membros do partido qualquer acusação que atingisse algum de seus membros, como aquelas que comprometiam todas as conquistas históricas do partido e de seus governos ao conectá-las a erros econômicos específicos e recentes. E ainda aquelas generalizações que conectavam crise econômica a corrupção. O antipetismo escapou ao controle dos comunicadores que o gestaram, vestiu o uniforme do fascismo e retirou dos armários em que se escondiam, envergonhados, o racismo, a sede de vingança, os cavaleiros da barbárie.
O processo grotesco foi sendo conduzido por vazamentos seletivos, estrategicamente distribuídos. E por decisões evidentemente artificiais. Direitos foram violados sob o silêncio de uns e os aplausos da mídia conservadora. O que era importante e necessário combate à corrupção, converteu-se em método de desconstituição política, ideologicamente orientado. A Justiça degradou o direito e a 

Constituição corrompeu-se na exceção.
Para quê incendiaram o país e o contaminaram com esse ingrediente patológico, o ódio feroz ao PT, transfigurado em signo do mal? Para levar ao poder, em nome da luta contra a corrupção, os que mais fundo enterraram seus pés no pântano. Mas é claro que havia uma razão superior para que se perpetrasse tamanha traição ao que um dia chamaram pátria. Era preciso aproveitar a oportunidade para impor guela abaixo do povo brasileiro, que jamais o aceitaria pelo voto, uma agenda neoliberal extremada, liquidando direitos sociais e o patrimônio nacional, inclusive ambiental. Eis, enfim, o propósito do golpe. Havia duas metas a cumprir para garantir a continuação da política ruinosa em curso: (1) excluir Lula das eleições, a qualquer preço; (2) difundir a versão mais primária da ideologia liberal nas camadas médias. Segundo essa concepção tosca haveria uma oposição entre Estado e Sociedade. No âmbito dessa visão de mundo primitiva, o Estado atuaria como predador, a serviço dos interesses de seus operadores (governantes, legisladores e funcionários): os sangue-sugas sorveriam a energia e os frutos do trabalho da sociedade, a qual seria um saco de batatas, um aglomerado de indivíduos -como gostava de dizer Margareth Tatcher. 

Conclusão: para salvar o Brasil, seria necessário reduzir o Estado ao mínimo e liberar o mercado, porque a sociedade entregue a si mesmo, livre das garras do Estado e de seus impostos escorchantes (que só serviriam para alimentar políticos e funcionários), se desenvolveria a pleno vapor, harmoniosa e feliz. Como vêem, não há mitologia mais adequada para justificar o darwinismo social. A pobreza e as desigualdades seriam expressões da distribuição desigual do mérito. É nesse ponto que a corrupção torna-se central: o sangue drenado do corpo social alimenta o vampiro imoral, o mal supremo, a mãe de todos os males: a corrupção. Desse modo, uma ideologia política, travestida de descrição objetiva e neutra da “realidade”, ganha a alma que falta ao discurso economicista e suscita o ódio que a radica nas redes intersubjetivas que formam opiniões coletivas.
Nesse sentido, a corrupção é a linguagem que engata percepções, valores e afetos, no âmbito da ideologia neoliberal. Corrupção, enquanto tema midiaticamente associado ao impeachment de natureza golpista, é antes de tudo o veículo da ideologia anti-Estado, anti-Política, é a dramaturgia do ódio, a conclamação ao linchamento, a exaltação da vingança, o combustível do punitivismo e a dupla negação: por um lado, da sociedade como conjunto de contradições, constelação de classes sociais em conflito; por outro lado, do Estado, como espaço de luta por hegemonia.
Em síntese, eis aí o resultado: Lula preso e excluído da disputa eleitoral, que ele venceria no primeiro turno; o neoliberalismo disseminando-se como o outro lado da moeda da corrupção; a recusa à Política como apanágio da moralidade popular. Enquanto isso, o país segue sendo entregue aos interesses internacionais e a grande massa da população volta a mergulhar na miséria, ouvindo dia e noite a cantilena anti-Política. Para varrer o PT do mapa, para vetar Lula, foi preciso tentar ferir de morte a política, como atividade humana imprescindível na democracia, e a própria República. O lugar do público foi tragado pelo vórtice do mercado. O coletivo reduzido ao ajuntamento de indivíduos. As desigualdades acabaram justificadas pelo mérito.
Sabem qual é o nome disso, desse fenômeno monstruoso? Bolsonaro.
Nesse contexto, se vejo assim o país, como eu poderia não apoiar Haddad? Claro que, além disso, além do que julgo ser meu dever --confrontar sem medo o anti-petismo, resistir à tentação de capitular (por exemplo, aceitando que uma vitória do PT produziria muito desgosto nas hostes opostas e geraria uma atmosfera excessivamente tensa no país)--, além de tudo isso, há o candidato, Fernando Haddad, um dos políticos jovens mais talentosos, preparados e inteligentes de sua geração. Estão mais do que claros seus compromissos com a democracia (e a urgentíssima democratização da mídia), a soberania nacional e os direitos humanos, com a luta contra o racismo, as desigualdades, e com a defesa do meio ambiente, das sociedades indígenas e das minorias. Chega de violações aos direitos e de manipulação. Está em jogo o futuro do país.

*Luiz Eduardo Soares é antropólogo, cientista político, pós-doutor em filosofia política e uma das maiores autoridades do Brasil em segurança. Ocupou os cargos de secretário nacional de Segurança Pública e o de coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio de Janeiro, entre outros. Luiz Eduardo é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Tem vários livros publicados, entre eles os best-sellers Cabeça de Porco, com MV Bill e Celso Athayde; e Elite da Tropa que tem como co-autores dois ex-membros do BOPE, André Batista e Rodrigo Pimentel. O filme Tropa de Elite (de José Padilha) e o livro Elite da Tropa nascem da mesma matéria prima, e dialogam entre si.
Na década de noventa, Luiz Eduardo publicou principalmente livros de ensaios e de interesse acadêmico; além do romance O experimento de Avelar, em que narra o encontro entre um professor, angustiado com o deserto de utopias, e um ex-membro da policia da ditadura militar, acusado de ter participado do assassinato de um renomado intelectual. Em 2000, lançou Meu Casaco de General, em que revela sua experiência como coordenador de Segurança Pública do Rio. Corajoso, ele denunciou a chamada “banda podre” da polícia, fez propostas para moralizá-la e acabou demitido do cargo. Sofreu ameaças e buscou exílio nos Estados Unidos, onde escreveu o livro, trabalhou como pesquisador do Vera Institute of Justice (NY) e foi professor visitante de três universidades – Columbia, Pittsburgh e Virginia. 
Em seguida, Luiz Eduardo escreveu livros importantes sobre questões relacionadas com a violência, voltados para o público em geral. Entre esses, Cabeça de porco, resultado de uma pesquisa com jovens envolvidos no tráfico de drogas, e Elite da Tropa, em que aponta para a realidade através da ficção e mostra a violência do ponto de vista do policial. Um trecho do prefácio que assina diz: “Sonhamos com o dia em que poderemos celebrar a reconciliação entre a sociedade e as instituições policiais, entre os membros de cada comunidade e os policiais. (...) é preciso, no entanto, como ensinou Nelson Mandela, olhar nos olhos a verdade e reconhece-la, sem meias palavras e subterfúgios, sem hipocrisia e retórica política”. Veja abaixo a lista completa de livros de Luiz Eduardo Soares

domingo, 16 de setembro de 2018