REDES

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Preta Ferreira, Maria do Planalto e Sidnei obtêm habeas corpus na Justiça







Finalmente a vergonha bateu no TJSP. O Escárnio, o desmando operam em todo Brasil, não confiamos na justiça, acabou-se o estado de direito.A justiça agora  é o acaso. Estamos no pior regime ditatorial.O mundo não nos reconhece  mais como democracia, disto já sabiamos , apenas precisamos da certidão.Já temos! Bem-vindas irmãos de luta que deram seus gritos e pagaram caro por todos nós que não demos a cara a bater.O Brasil será eternamente grato a vocês.

Abaixo matéria Preta Ferreira, Maria do Planalto e Sidnei obtêm habeas corpus
Desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo finalmente admitem arbitrariedades das prisões injustas das lideranças sem-teto após 100 dias 
As lideranças sem-teto Janice Ferreira (a Preta), Sidnei Ferreira – ambos filhos da coordenadora da Frente de Luta por Moradia Carmem Ferreira da Silva – e Maria do Planalto acabaram de receber a concessão de habeas corpus dos desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. Após 100 dias presos sob acusações frágeis e arbitrárias, os integrantes do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC) devem deixar a prisão entre hoje e amanhã (11).
A expectativa é que na próxima semana, Ednalva Franco também seja libertada. “Como a base da prisão é a mesma, esperamos que todos sejam libertados em breve. A justiça tem adotado essa linha meio sádica de soltar alguns de cada vez, mas está claro que as acusações são vagas e não estão bem documentadas”, explicou a advogada Maíra Machado Frota Pinheiro.
Apesar da libertação, as lideranças sem-teto vão ter de cumprir medidas cautelares bastante restritivas. “Eles não poderão se relacionar com outros investigados ou testemunhas do processo, nem podem circular nas ocupações. Isso é um problema grave porque elas moram nas ocupações, suas famílias estão lá. Então a medida cautelar impacta de forma agressiva a vida delas”, comentou a advogada.
As lideranças foram presas em 24 de junho. Naquele dia a Polícia Civil cumpriu 17 mandados de busca e apreensão, além de nove mandados de prisão temporária, sendo quatro efetivados. Depois, em 11 de julho, outras 19 lideranças foram denunciadas pelo Ministério Público Estadual e tiveram mandados de prisão expedidos, entre elas, Carmem. No entanto, as acusações e parte das testemunhas são as mesmas de um processo em que ela foi inocentada, por falta de provas.



















Brasil: paralización de reforma agraria amenaza campamentos del MST

Esta es mi tierra - Brasil: Desarrollismo y discriminación

O rumo do rio é reza-Thiago Calçado

Thiago Calçado por Gramho.com



Dr. Aldo Ambrózio fala no Facebook:


Um deleite desfrutar da poesia do amigo Thiago Calçado no período de descanso após o almoço!
Recomendo o livro "O rumo do rio é reza" a todos cujos espíritos ainda não foram embrutecidos, seja pela peleja diária nestes tempos de atrito contínuo, seja pelas tristezas da alma que, às vezes, nos esmagam e nos separam do encontro com o outro e a vida!
Fica, de brinde, um dos poemas deste livro sofisticado e sensível que faz lembrar um outro poeta, no caso, Manoel de Barros, que também tinha uma certa intimidade com as coisas que ainda não foram amarradas e amordaçadas pelos conceitos:
O Rasgo do Rio
Aprendi com o matuto:
O rio tem duas bandas
E um rasgo no meio.
De um lado é lá.
Do outro, cá.
O fundo a gente nunca sabe onde tá.
Sabe só que onde não dá pé dá peixe.
Nadar é verbo de quem deixa de fazer coisas
Pra ser todinho travessia.

**** Breve Resenha do seu último Livro aqui

EQUATORIANOS TOMAM O PARLAMENTO

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Faremos como equatorianos...para a luta





É GRAVE EQUADOR


EQUADOR AGORA outubro 2019


GENTE VERSUS TECNOLOGÍA: LA BATALLA DECISIVA






Internet es un invento del enemigo (Foto: Pablo Domrose)


Em recente artigo aqui publicado   Ainda é possível resgatar a internet? Será? por Outras Palavras por Outras Palavras, com uma pequena introdução minha, o  presente artigo de José Roberto Duque -Mission Verdad  Internet es un invento del enemigo (Foto: Pablo Domrose) GENTE VERSUS TECNOLOGÍA: LA BATALLA DECISIVA  cruza-se com o que foi dito, ou seja, a internet a serviço do fascismo , do controle de uma nova guerra: a da desinformação e escravidão ideológica dos onipotentes sobre os povos em desenvolvimento ou sub desenvolvidos.

Destaque-se que a energia elétrica  foi a grande revolução  do séc XVIII e o  XIX-/XX de modo popularizado e com ela vem a industrialização e a revolução chamada Cibernética em que  aparecem as grandes corporações, como no caso a Microsoft. Durante muito tempo fomos escravos para navegar pela web via Microsoft, depois vieram outros navegadores incluso os livres- como Linux, mas sem energia o que somos?
O capital se avantajou, comeu, roeu, matou e nos fez dependentes de um consumo incomensurável!
Somos, construimos nossa subjetividade debaixo dos caracóis do consumo.
De outro lado temos que ver que nossa escrita, como esta -agora- está amarrada a um app, a um navegador, ou e a uma nuvem.Se nos privam destes aonde estará nossa memória, nossa escrita?
Como nos lembra Duque "Somos adictos o dependientes porque así nos moldearon: la electricidad, el plástico, la divisa extranjera y últimamente las tecnologías de la información son la nicotina y el azúcar del cuerpo social.."Estamos desarmados! Sem se considerar o analfabetismo que ainda temos mundo a afora.Vivemos ma época perigosíssima de dependências e nisto resulta a nova escravidão bélica.   Somos gente? ou ja somos robots humanos de carne e osso, estamos no pós humano? Paulo Vasconcelos.


Leiam o texto 

GENTE VERSUS TECNOLOGÍA: LA BATALLA DECISIVA


El reciente bloqueo del acceso a los productos Microsoft a Venezuela no se diferencia, en lo esencial, de los ataques al sistema eléctrico nacional, el sabotaje a la gasolina y al gas doméstico; el corte violento del acceso a bienes esenciales o francamente accesorios tiene un objeto, un fin, y por lo general da resultados. Los efectos pueden ser de mayor o menor calado, pero pocas personas y casi ninguna sociedad sale ilesa de una operación de este tipo.
Incluso en la larga y desconcertante caligrafía de los ataques, el procedimiento es el mismo: te acostumbro o te habitúo (te creo el hábito) a consumir equis producto; cuando te portas mal, te corto el suministro de ese producto y entras en crisis, en un estado que puede ser solo desconcierto o escalar peldaños cercanos al pánico.
De un siglo para acá nos crearon adicción o dependencia a determinadas sustancias, muy difíciles de abandonar una vez que forman parte de nuestro cuerpo individual, social o ideológico. El ser humano de la era industrial lo sabe: azúcares, alcoholes, grasas saturadas, cosméticos, vestido; religión, Internet, otras drogas. No hay que ser heroinómano o alcohólico para saber, aunque sea de refilón o por referencias, lo que padece un cuerpo con síndrome de abstinencia.

***

Somos adictos o dependientes porque así nos moldearon: la electricidad, el plástico, la divisa extranjera y últimamente las tecnologías de la información son la nicotina y el azúcar del cuerpo social venezolano, y probablemente hemisférico y planetario. Los primeros elementos a veces nos han faltado, pero luego han regresado: se va la luz, padecemos, llega la luz y nos recuperamos. Pero las tecnologías de la información se sostienen en un sustrato tan frágil y movedizo que sus propietarios (EEUU y un puñado de hegemonías corporativas) serían definitivamente estúpidos si no nos la truncaran.
No es difícil imaginarse a Venezuela sin electricidad, gas o combustibles (ya pasamos por eso); imaginarse a qué escombros quedarían reducidos nuestro funcionamiento como sociedad, nuestro sistema nervioso y nuestra capacidad de respuesta ante una agresión si nos faltara Internet, ya es bastante más complicado.

EL ENEMIGO INVENTÓ INTERNET

El enemigo ha trabajado arduamente en la tarea de hacernos creer que sin Internet la vida en el mundo actual es imposible. La vida sin Internet es posible, pero en plena guerra contra Estados Unidos y media docena de sus lacayos, un país sin Internet está concediendo una ventaja decisiva.
El enemigo probablemente tiene entre sus planes desconectarnos indefinidamente ("hasta que cese la usurpación", por ejemplo) de Internet. Y esto es más fácil de lo que puede cualquiera imaginar. Ya hemos vivido dos o tres episodios de corte masivo pero temporal de la conexión. Hemos sobrevivido. Pero no hemos vivido aún el ataque conjunto, que si viene con planificación y sincronía puede ser mortífero.

***

Las anteriores reflexiones nos llevaron a repasar la anatomía de la droga o factor de dependencia fundamental que nos ocupa en este momento, y henos aquí metidos de lleno en la revisión atenta en un sistema circulatorio crucial: el gigantesco cableado suboceánico que trae y lleva datos a través del mundo. Agarras uno de esos cables, lo cortas por la mitad y ahí tienes sus partes: dos capas de plásticos diversos, una de cables de acero, una de aluminio, otra de policarbonato; un tubo de cobre, una capa de vaselina (sí, con vaselina nos zamparon Internet los dueños de la comunicación) y por último la médula, la fibra óptica.
Diseccionas un torso humano y comienzas: dermis, epidermis, grasa, músculos, huesos, cartílagos, vértebras y tal, hasta llegar a la médula, al coctel de sustancias e impulsos energéticos que comunica al cerebro con el resto del planeta hombre o mujer.
Diseccionas la sociedad venezolana y ahí tienes dos cuerpos o miembros que parecen idénticos pero social y políticamente están diferenciados: cada uno con su partido o estructura, sus niveles superestructurales o ideológicos, sus fuentes de financiamiento, sus formas organizativas, sus ramificaciones e individualidades, y allá al fondo la sustancia fundamental del entramado político: ese coctel donde conviven el odio y el amor, los resentimientos y la conciencia histórica, el oportunismo y el sano sentido de la oportunidad; el sentido de pertenencia y los criterios de propiedad: el chavismo y el antichavismo.
Las líneas finales de esta breve incursión pretenden llegar a cierta profundidad del cable subacuático y subterráneo, misterioso y a veces diáfano, llamado pueblo resistente de Venezuela. No tocaremos la fibra óptica o médula espinal; tengo razones de seguridad estratégica para no exponer aquí más allá de dos o tres manifestaciones físicas de ese tumulto de células y conexiones del nivel celular de nuestra materia.
Leia mais  em http://bit.ly/2OwVpGl

This Is Neoliberalism ▶︎ Introducing the Invisible Ideology (Part 1)

Ainda é possível resgatar a internet? Será? por Outras Palavras




http://bit.ly/2AUNLOb
Abrindo
O Surgimento da internet - 1969-no Brasil 1988, a época foi visto como um milagre, uma revolução, muitos a saudaram como a grande democracia ,como "árvore do conhecimento-Pierre Levy". Vimos contraditos a ele  por Virillio, Baudrillard, P.Breeton e outros mais .Portanto na mesma época de eclosão já existiam críticas ao alvoroço dos otimistas.Hoje percebemos vários fundamentos destes críticos, aqui citados como verdadeiros. Como aqueles, (Virillio, Baudrillard e Breton) diziam  a  revolução foi a estratégia motriz  do capitalismo e do neoliberalismo. Americanos não pregam prego em estopa ou sabão, assim como foi com o Rádio e a Tv. Agora precisamos perceber que por trás dela há as grandes corporações como Google, Facebook, Twitter, Amazon ,Microsoft, Apple que a travestiu  e manipulou-nos. 
O panopticom de Jeremy Bentham fincou-se, foi realizado, eclodiu o  grande irmão que a tudo vigia e cobra, administra, controla e não entra no viés da democracia.Houve a anestesia pelo novo. Na verdade há uma grande ditadura do capital , do perverso em nome do ágil,  moderno e facilitador de condutas, do tempo e da expansão dos tempos ou sobretempos.Não creio em saídas para este mito tão facilmente , não acredito em democracias virtuais, se já não há no real. Haveremos de padecer muito para um saída  próximo ao que ainda chamamos de democracia.O mundo ainda não entrou na internet, morre-se de fome e bala, que o  diga América Latina, Oriente Médio, Ásia e Africa e até mesmo os EUA e Europa. Se antes, da internet a palavra - para uso  da informação e comunicação sempre foi cruel para  simular a realidade textual/ discursiva, com a web o perverso chegou aos extremos , juntaram-se palavra e  imagem.  A cumplicidade foi perfeita.O custo é alto, o real foi desmantelado - simulacrado , o colonialismo é grande e o mercado das grandes corporações  e elites revestiu-nos criou uma segunda pele pelo modus virtual . Como trocarmos esta pele ? Outras palavras , com sua matéria nos ajuda , talvez  a pensar Paulo Vasconcelos
Abaixo materia de Outras Palavras  http://bit.ly/2AUNLOb


Ainda é possível resgatar a internet?

Da anarquia à ditadura: corporações aproveitaram-se do “espírito livre” da rede para exercer seu poder econômico e impor “capitalismo de vigilância” e manipulação política. Diante do inferno, surge a ideia de regras democráticas




Ensaio de Paul Starr
Em apenas duas décadas, as tecnologias digitais e a internet passaram do sonho excitante de uma nova era revolucionária à encarnação do medo de um mundo que deu muito errado. A revolução digital agora ameaça minar valores que deveria ter feito avançar – liberdade pessoal, democracia, conhecimento confiável e mesmo livre competição. A tecnologia não fez isso para nós sozinha, nem que tropeçamos distraidamente em um universo distópico alternativo. O regime tecnológico atual surgiu de escolhas perigosas, por ignorar lições do passado e permitir que o poder privado agisse sem regulamentação.
Esses problemas — monopólio, vigilância e desinformação — resumem o que deu errado e o que precisamos enfrentar, rever e corrigir se quisermos ter alguma esperança de recuperação da promessa das novas tecnologias.
O crescimento explosivo da economia digital nos anos 1990 e início dos anos 2000 parecia validar a ideia de que era melhor deixar os mercados por sua própria conta. A internet dessa era foi o maior triunfo do neoliberalismo. Depois que o governo norte-americano financiou avanços chave, e em seguida abriu a rede para o desenvolvimento comercial, a inovação digital e o empreendedorismo criaram novos meios online de trocas, novas riquezas e novas comunidades. Mas essa economia digital agora parece completamente diferente, com o crescimento das plataformas monopolizadoras. Amazon, Facebook, Google, Apple e Microsoft controlam ecossistemas inteiros do mundo digital, dominando os principais pontos de convergência de comércio e notícias.
Assim como a internet dos primórdios alimentou a ilusão de que era inerentemente apoiadora da competição, também espalhou a ilusão de que era intrinsecamente protetora da autonomia pessoal. Afinal, ninguém obrigava você a revelar sua verdadeira identidade online. Contudo, o mundo digital de hoje fez com que fosse possível o sistema de vigilância mais abrangente que já existiu. Aparelhos em rede rastreiam cada movimento e comunicação que fazemos. Uma nova forma de empreendimento emergiu do que Shoshana Zuboff chama de “capitalismo da vigilância”, ao passo que o Google, Facebook e outras empresas varrem dados sobre nossas vidas, preferências, personalidades e emoções “para práticas comerciais ocultas de extração, predição e vendas”.
A realidade acabou sendo menos graciosa. A economia digital destruiu o modelo de negócios tradicional do jornalismo, e resultou em um declínio dramático dos jornais profissionais. E como Google e Facebook dominam a publicidade digital, não surgiu nenhum outro modelo alternativo capaz de financiar as mesmas capacidades de comunicação, particularmente a níveis regional e local. Enquanto isso, plataformas de redes sociais substituíram os velhos detentores da mídia de massa, moldando a exposição do público às notícias e ao debate a partir de seus algoritmos. Agora, esses algoritmos – que estão por exemplo na linha do tempo do Facebook, no sistema de buscas da Google, nos mecanismos de recomendação do YouTube e nos assuntos do momento do Twitter – influenciam quais conteúdos e pontos de vista ganham visibilidade entre os usuários. Ao invés de promover um debate público melhor informado, no entanto, as redes sociais tornaram-se poderosos vetores de desinformação, polarização e ódio.
Como chegamos na crise atual e o que podemos fazer com ela tornaram-se perguntas urgentemente políticas.

A virada neoliberal

O crescimento da internet e da economia digital é uma história paradigmática da tecnologia estadunidense a partir da Guerra Fria. A revolução digital começou sob a égide do Estado, moveu-se para o mercado, e agora tornou-se um emblema de tudo que pode dar errado, quando os atores dominantes do mercado não são limitados pela lei.
Dos anos 1940 ao início dos 1970, o governo norte-americano financiou e guiou grande parte do desenvolvimento de computadores e comunicação eletrônica, principalmente via Departamento de Defesa. Foi lá dentro que um escritório, chamado Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, fundou e supervisionou a ARPANET, precurssora da internet.
Nos meados do século XX, os Estados Unidos também regularam extensivamente as telecomunicações. Embora a AT&T tivesse um monopólio efetivo, políticas regulatórias restringiam tarifas telefônicas, promoviam serviço universal e barravam a discriminação, exigindo que as empresas telecom agissem como veículos públicos. Devido ao tratamento dado aos investimento de capital, o sistema regulatório deu à AT&T um incentivo para que dedicasse amplos fundos à pesquisa. Seu braço para esta atividade, chamado Bell Labs, produziu uma extraordinária variedade de avanços, incluindo as redes de dados, o transístor, o laser e a telefonia celular. Os avanços da Bell estavam sujeitos ao licenciamento compulsório, o que significava que estavam disponíveis para que outros construíssem inovações a partir deles.
Graças a essa economia mista, as indústrias de computadores e telecomunicações nos EUA desenvolveram enorme liderança sobre seus equivalentes em outros países. Foi o motivo da dianteira e da vantagem comparativa do país em inovação digital. Mais tarde, criou-se o mito de que gênios individuais, que trabalhavam em suas garagens, nos trouxeram computadores e a internet. Mas seu trabalho não teria sido possível sem os investimentos e avanços técnicos que o governo e a indústria de telecomunicações regulada já haviam dado.
Não obstante, o regime regulatório das empresas de telecomunicação teve uma desvantagem grave. Deu à AT&T o poder de controlar cada aspecto da rede de telefones, incluindo quais aparelhos poderiam se conectar a ela. Como qualquer monopólio, a AT&T procurou proteger sua posição privilegiada. Depois que o Departamento de Defesa dos EUA recebeu, em 1964, uma proposta de uma rede de comunicação similar à internet, um executivo da AT&T disse “Até parece que vamos permitir a criação de um competidor contra nós mesmos”. A lei, até aquele ponto, estava do lado desta empresa.
O envolvimento do governo norte-americano nos computadores e telecomunicações começou a declinar no final da década de 1970 e 1980, coincidindo com a virada neoliberal geral na política. Aqui uso o termo “neoliberal” especificamente para referir-me às ideias e políticas que buscam criar mercados e depender das forças do mercado. O arsenal neoliberal inclui medidas como a privatização, acordos de livre-comércio, desregulamentação, cortes de impostos e redução do investimento social. O que distingue o neoliberalismo do laissez-faire do século XIX é que ele foi erguido após um período de construção liberal e social democrática do Estado. Em linhas gerais, neoliberalismo deve sua origem filosófica a Friedrich Hayek e seu círculo, nos anos 1940, e emergiu como força política após Margaret Thatcher e Ronald Reagan, no final da década de 1970 e 1980.
Politicamente falando, no entanto, a desregulamentação difere de outras medidas orientadas ao mercado. Algumas formas de desregulamentação atraem apoio de liberais e progressistas proeminentes — incluindo o senador Ted Kennedy e Ralph Nader — pelo motivo de que as agências regulatórias foram capturadas pelas indústrias que elas deveriam regular, e já não serviam mais ao público. Limitar o poder da AT&T teve o feliz apoio de todo o espectro ideológico.
Embora o grande passo viesse apenas em 1984, quando um tribunal quebrou a AT&T, o governo norte-americano já tinha começado a afrouxar o monopólio do telefone àquela época. Em dois casos, em 1956 e 1968, autoridades norte-americanas reduziram o controle da AT&T sobre aparelhos que ligavam-se à rede de telefones. Esses passos desreguladores iniciais, combinados com o desenvolvimento subsequente de microcomputadores, abriram caminho para que, entre os anos 1970 e 1980, consumidores e empresas adquirissem modems (que permitiam que computadores conversassem entre si) e acesso discado aos primeirosbulletin boards online [redes rudimentárias e fechadas, anteriores à internet].
Por algum tempo, parecia que essas redes proprietárias — as “três grandes” eram CompuServe, o líder original nos anos 1980; America Online (AOL), que cresceu rapidamente na década de 1990; e Prodigy — dominariam os “serviços de informática”. Cada empresa tinha sua própria fonte de notícias, grupos de discussão, serviços de email e regras. Por exemplo: a AOL restringia seus fóruns ao máximo de 23 pessoas, efetivamente limitando o alcance de qualquer usuário individual. Naquele momento, não era de maneira alguma óbvio de que a internet – originalmente limitada ao uso governamental, mais tarde estendida às universidades e institutos de pesquisa – emergiria como a estrutura da comunicação eletrônica.
Mas a internet tinha uma arquitetura mais aberta, incluindo um princípio chamado “end-to-end” [“ponta-a-ponta”], que a diferenciava de outras redes. Como Lawrence Lessig explicou, em 2001, “Esse modelo regula onde a ‘inteligência’ em uma rede é colocada. Aconselha que a inteligência seja colocada nas aplicações” — ou seja, entre os usuários de qualquer fim da rede, e não no centro, com o administrador. Como resultado, diferente das redes proprietárias, a internet não precisava de permissão: convidava à inovação e a decentralizava.
Abrir a internet ao acesso mais amplo, incluindo o desenvolvimento comercial, era, então, simultaneamente um movimento em direção ao mercado e em oposição ao controle proprietário da própria rede. Foi isso que aconteceu na primeira metade da década de 1990, quando regras contra o uso comercial da internet eram derrubadas, o “backbone” [espinha dorsal] da rede foi privatizado e uma série de novas aplicações foi criada, incluindo a World Wide Web. Muitos desses novos softwares foram inclusive desenvolvidos em uma base não-proprietária, de código aberto, apesar de isso não refletir nenhum requerimento legal ou técnico (de fato, uma nova arquitetura de controle poderia ser construída sobre a internet – é o que as plataformas online farão mais tarde).
A política da internet nos anos 1990 era menos ideológica. Em 1992, quando Bill Clinton e Al Gore defendiam o desenvolvimento da chamada “superrodovia informacional”, estavam sinalizando uma mudança geracional. Como senador, Gore fez mais do que qualquer outro na política nacional para expandir a internet.
LEIA MAIS EM http://bit.ly/2AUNLOb

Irene Ravache | Persona em Foco |

terça-feira, 8 de outubro de 2019

El Frasco, medios sin cura: ONU… ¡Oh, no!

A Escola não é uma empresa- o ataque estratégico do neoliberalismo à educação

Christian Laval  http://bit.ly/30YeG6a

Christian Laval  http://bit.ly/30YeG6a


Christian Laval  http://bit.ly/30YeG6a

O Blog da Boitempo nos oferece uma reflexão de mão dupla : educação e neoliberalismo escrito por Christian Laval,1954- Frances da Universidade de Nanterre.Suas obras são focadas na Sociologia, Filosofia e desenvolvimento Ensino-Educação.Há que se destacar o foco do que é o utilitarismo  presente em suas miradas, daí o entrave no sistema capitalista do utilitarismo e conhecimento.Paulo Vasconcelos

Abaixo Artigo Blogboitempo


Desde o início da sua expansão o neoliberalismo mirou a escola, o sistema escolar e a universidade, pois esses são lugares fundamentais de formação de um certo tipo de subjetividade.


O ataque estratégico do neoliberalismo à educação



Por Christian Laval.

Desde o início da sua expansão o neoliberalismo mirou a escola, o sistema escolar, a universidade etc. Isso por várias razões diferentes, mas uma das motivações fundamentais é que se trata de um lugar de formação de um certo tipo de subjetividade. Em termos mais simples, é o lugar de criação de um “capital humano”, pensado como tal, que vai alimentar um sistema produtivo baseado na concorrência generalizada. Por isso, acredito que estudar, analisar o sistema educacional neoliberal é absolutamente fundamental para compreendermos o que é o neoliberalismo.
O neoliberalismo não é apenas uma política econômica monetária, não é só austeridade… ele é muito mais do que isso. Trata-se de uma política, uma estratégia mesmo, que visa modificar a sociedade e transformar o “humano” enquanto tal. E transformar como? Procurando transformar justamente os seus valores, transformar as relações de cada indivíduo consigo mesmo. Ou seja, ele difunde um modo de relação capitalista do indivíduo consigo mesmo, fazendo com que cada indivíduo se considere um capital.
E, para isso, é preciso começar muito cedo, muito jovem, a considerar que os estudos são, acima de tudo, um investimento que deve produzir uma renda, que deve ser rentável. A escola neoliberal tem como alicerce a eficiência, o desempenho, a rentabilidade. E, portanto, cada indivíduo deve se ver, rapidamente e desde cedo, como um empreendedor de si mesmo, um gestor de si mesmo, portanto, que cada um se considere um “capital”. A partir daí, temos uma matriz, uma matriz antropológica se quiser, que permite visar uma mudança muito mais global, muito mais geral da sociedade. Os neoliberais têm uma reflexão estratégica sobre a forma de mudar a sociedade e o homem.
Na verdade, as políticas neoliberais são políticas que visam oficialmente tornar a escola mais eficiente, melhorar o seu desempenho, porque esse é o ideal – ou a “ideologia” de fundo, digamos assim – do neoliberalismo. Mas, além disso, o neoliberalismo acredita que é capaz de realizar melhor do que outras soluções um objetivo progressista antigo: a igualdade. Como? Fazendo com que cada indivíduo possa levar as suas capacidades o mais longe possível. Por quê? Como? Simplesmente estimulando a competição, a concorrência entre os alunos, através de testes e avaliações sistemáticas, mas também fazendo os professores, as escolas competirem entre si.
Em resumo, para obter esse melhor desempenho da escola, essa igualdade, basta, segundo os neoliberais, instilar, instalar em toda parte situações de mercado, isto é, situações de concorrência. E, em primeiro lugar, a concorrência local. Os pais precisam poder escolher a escola e, para isso, precisam se transformar em consumidores. A ideia fundamental é que os pais sejam responsáveis… em razão do próprio dinheiro que têm de gastar… sejam responsáveis pelo investimento que fazem pelos filhos. Em resumo, o modelo aplicado é o que os neoliberais chamam de “soberania do consumidor”. E do qual decorreriam todas as vantagens.
Isso conduz não a uma escola com um desempenho melhor, mas a uma escola com um desempenho pior. Foi comprovado na França, na Europa, nos Estados Unidos e em muitos outros países, que a concorrência conduz a uma segregação escolar generalizada e sistemática. O que resulta numa queda do nível de educação no conjunto da população escolar. Portanto, o objetivo não é alcançado, ele apenas aumenta as desigualdades entre as crianças e entre as famílias.
* Tradução de Mariana Echalar.
Veja pequeno vídeo e  mais em http://bit.ly/2OqJauW

COMEMORAÇÕES A MERCEDES SOSA E VIOLETA PARRA ...SOMOS TELESUR

DUAS GRANDES MULHERES: MERCEDES  SOSA - ARGENTINA E VIOLETA PARRA - CHILENA,
AMBAS LEVARAM AO MUNDO NOSSA LUTA,NOSSA FACE INDÍGENA DOS ORIGINÁRIOS DA AMÉRICA DO SUL.DEVEMOS MUITO AS DUAS,PRECISAMOS DIVULGÁ-LAS MAIS.
FORAM LUTADORAS PELOS DIREITOS HUMANOS DE TODOS OS POVOS.

Investigadores de América Latina debaten sobre racismo y discriminación en Educación Superior por Nodal




alma preta

A Nodal -Ar -subscreve uma matéria  sobre o  racismo presente nas Universidades.
Especialmente no Brasil a coisa é feia.
Aliás faz muito tempo que o fato existe e queremos ignorar. Quantos professores de face indígenas ou negros temos , não só no ensino médio ou superior, com destaque para o sudeste? .Eu pelo menos nenhum.E olha que estando num centro como São Paulo deveria ocorrer a presença destas etnias.
A Usp teve vários casos de discriminação a negros Africanos como alunos, isto já faz tempo cerca de 6 anos e hoje permanece. Até quando conviveremos com o país negro  ou de rosto indígena e não aceitando o outro.A mídia especialmente televisiva é culpada disto,ela replica o que já existe entre a população,.Não temos nem em novelas em telejornais presença do negro e dos nossos índios, quando temos, os indígenas a maquiagem tenta borrar os traços com seus artifícios.Somos hipócritas e pervertidos.
O Brasil precisa mostrar sua cara!

Investigadores de América Latina debaten sobre racismo y discriminación en Educación Superior

La Universidad Nacional de Tres de Febrero (UNTREF), a través de la Cátedra UNESCO Educación Superior y Pueblos Indígenas y Afrodescendientes en América Latina, en el marco de su Iniciativa para la Erradicación del Racismo en la Educación Superior, y el Centro Interdisciplinario de Estudios Avanzados (CIEA), presentan el 6° Coloquio Internacional “Educación Superior y Pueblos Indígenas y Afrodescendientes en América Latina. Las múltiples formas del racismo y la discriminación racial”, que se realizará el 6 y 7 de noviembre, de 10:00 a 20:00 horas, en el Auditorio de la Sede Rectorado Centro de la UNTREF, ubicado en Juncal 1319, CABA. La actividad es gratuita. Por consultas: redesial@untref.edu.ar
Diversas formas de racismo y discriminación racial persisten en los sistemas de Educación Superior en pleno siglo XXI, tanto abiertamente “visibles” en los comportamientos de las personas, como de carácter sistémico o estructural que están naturalizadas y frecuentemente resultan “invisibles”. Esta edición del Coloquio estará dedicada a dar a conocer e intercambiar reflexiones sobre las diversas formas en que el racismo y la discriminación racial se manifiestan hoy en la Educación Superior.
La conferencia inaugural estará a cargo de Marcia Mandepora Chundary, ex rectora de la Universidad Indígena Boliviana Guaraní y de Pueblos de Tierras Bajas “Apiaguaiki Tüpa” y directora ejecutiva de la Fundación para la Educación en Contextos de Multilingüismo y Pluriculturalidad (FUNPROEIB).
Participarán también Aníbal Jozami, rector de la UNTREF; Jaime Perczyk, rector de la Universidad Nacional de Hurlingham y Presidente del Consejo Interuniversitario Nacional (CIN), Alta Hooker Blandford, rectora de la Universidad de las Regiones Autónomas de la Costa Caribe Nicaragüense y Coordinadora de la Red de Universidades Indígenas Interculturales y Comunitarias Abya Yala (RUIICAY); Jorge Calzoni, rector de la Universidad Nacional de Avellaneda y vicepresidente de Organismos de Cooperación y Estudio y Redes de la Unión de Universidades de América Latina y el Caribe (UDUAL); Francisco Tamarit, coordinador general de la Conferencia Regional de Educación Superior (CRES 2018) y Daniel Mato, director de la Cátedra UNESCO Educación Superior y Pueblos Indígenas y Afrodescendientes en América Latna, director adjunto del Centro Interdisciplinario de Estudios Avanzados – UNTREF, Investigador Principal CONICET); entre otros.
Leia mais em :   http://bit.ly/2ViINEm

Tutaméia entrevista Eduardo Moreira

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

EQUADOR SITUAÇÃO GRAVÍSSIMA










As condições desumanas dos entregadores de aplicativos e a escravidão modernas...


Brasil arrasa con los premios del Festival de Biarritz

Recuento: semana 01a 07.09 HISPANTV

Escrevo hoje sob o impacto da bela notícia: a prefeita de Paris, Anne Hidalgo






Luciana Hidalgo por Twitter
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Não precisa ser parente da prefeita de Paris Luciana, você já é parente dos povos pensantes, de cabeça e um grande ser, isto já basta. Seus posts são apreciados de forma alarmante, isto já prova como você é querida e prefeita de sua cabeça.Bravo!

Post de Luciana Hidalgo Facebook

Nos últimos vinte anos morei entre Brasil e França, num ir-e-vir que solidificou na minha cabecinha superpensante a ideia de um mundo mais igualitário. Quando estava no Brasil, admirava o trabalho de Lula para tirar milhões de brasileiros da miséria; na França, acompanhava o dia a dia de um país onde a miséria já não existe. E isso porque lá direitos humanos formam a base consolidada de uma vida justa. Uma vida mais justa, sem que a justiça social seja criminalizada como “esquerda”, “comunismo” ou “marxismo”.
Escrevo hoje sob o impacto da bela notícia: a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, com a aprovação da Câmara de Vereadores, concedeu ontem a Lula o título de Cidadão Honorário de Paris. A Lula, o preso político, o proscrito, o banido da ágora.
Sob o impacto da notícia, leio o comunicado da Prefeitura de Paris distribuído à imprensa ontem, que traz numa só página tudo o que eu adoraria ver reconhecido pelas instituições brasileiras. A Prefeitura destaca em Lula seu empenho em reduzir a desigualdade social, mas não é só. Denuncia também que “sua condenação o levou à inelegibilidade” num momento em que era o “favorito” à presidência. E acrescenta: “A Comissão de Direitos Humanos da ONU pediu às autoridades brasileiras que assegurassem os direitos civis e políticos de Lula, sobretudo o de ser candidato. Esse direito foi recusado, mesmo diante dos inúmeros apelos de ex-presidentes europeus, parlamentares franceses e juristas internacionais que denunciaram a inconsistência das provas apresentadas pela acusação. (...) O jornal americano The Intercept revelou que o juiz autor da condenação entrou num acordo com os procuradores da Lava Jato para impedir Lula de concorrer à eleição presidencial de 2018.” Frase-conclusão do comunicado: “(...) são todos os defensores da democracia no Brasil que estão sendo atacados”.
Esse honroso e justo título a Lula chega apenas quinze dias depois da inauguração em Paris do Jardin Marielle-Franco. Anne Hidalgo deu esse nome a um lindo jardim suspenso no quartier das estações de trem L’Est e Nord. Numa grande placa está escrito: “O nome desse jardim rende tributo a Marielle Franco da Silva, nascida no Rio de Janeiro em 1979 e eleita vereadora em 2016. Militante engajada contra a discriminação racial, pelos direitos das mulheres e dos LGBTQ, ela orgulhosamente se definia como ‘mulher, negra e da favela’. Foi assassinada ao lado do motorista Anderson Pedro Gomes em 2018, quando combatia os abusos da intervenção militar nas favelas.”
Pois é. Esses dois gestos, vindos do país fundador dos “droits de l’homme”, têm muito a ensinar. Se cada brasileiro que visitasse Paris fosse obrigado a ter aulas de direitos humanos, o Brasil a essa altura seria um país melhor, muito melhor. Lula não teria sido linchado das formas mais vis e Marielle estaria viva. Vive la France! E viva o Brasil que pode surgir dos escombros da democracia.
(uma curiosidade: quando estava em Paris, muitas pessoas perguntavam se eu era parente da prefeita; não sou – e é uma pena, já que Anne Hidalgo é só inteligência, humanismo e elegância)

Coluna da Fernanda Torres na Folha de São Paulo de hoje (06/10/2019)


Fernanda Montenegro e Fernanda Torres papelop

Não há o que comentar, o texto é suficiente para os lúcidos, talvez não para os desatinados ou obstinados a uma cegueira ideológica.Mas como podem existir estes tais destinados ou cegos por uma desrazão chamo aqui atenção.O texto da carta é pleno e se confirma pelos milhões de nacionais e internacionais - pessoas que conhecem as duas  grandes atrizes e mulheres afeitas a luta

Compartilhado de Gabriela Malvezzi Facebook retirado da Folha de São Paulo 
(06/10/2019

Mãe
Espanta em seu livro a lucidez afiada de uma mulher de quase um século
Minha mãe, no dia 16 você completa 90 anos.

O seu pai, seu Vitorino, quando chegou à sua idade, deu de apostar uma corrida contra o tempo. “Vou aos cem!”, ele dizia, já surdo, batucando uma música imaginária com os dedos, que era incapaz de escutar.

A paralisia infantil o deixou manco de uma perna, mas ele inventou um jeito próprio de caminhar, acompanhado de um larí, larí... que transformava a passada coxa num trejeito de Chaplin.
Vitorino tinha certeza de que morreria aos 33 anos, idade em que Cristo foi posto na cruz. Não morreu, e eu pude conviver com a sensibilidade de artesão, que você tem dele, com as bochechas que todas nós herdamos e com a delicadeza que nenhuma das mulheres da família tem.

Fernando Torres também era um homem doce. Torturado e doce. Bebia, mas nunca nos ofendeu ou te impediu de ser quem era.

Já o burocrata que te chamou de sórdida, ex-cocainômano que agredia mulher e filho, e diz ter sido curado de um tumor pela graça divina, já esse, pode bem ter se livrado do mal físico. Mas faltou, ao Deus que ele cultua, dar cabo da agressividade e da misoginia do cordeiro grosso.

Estranhos homens esses, que batem e xingam em nome de Deus.

Quando você completou 70 anos, me disse que havia cumprido o ciclo furioso de peças, novelas e filmes. Não havia nada mais a esperar da vida. Quatro meses depois, foi indicada ao Oscar de melhor atriz, por “Central do Brasil”.

Trabalhar sempre foi a sua sina. Sua alegria, sua mania, seu destino e sua sina.
Agora, com a autobiografia, o que seria um ponto final tornou-se farol, uma luz de integridade em meio ao obscurantismo carola dos adoradores de fuzis.

Eu cresci te vendo beijar outros homens em cena como beijava o meu pai. Isso nunca corrompeu a solidez da nossa família. Mas o prefeito do Rio de Janeiro, tão beato quanto ausente, mandou recolher,na Bienal do Livro, os exemplares de uma história em quadrinhos com um beijo gay.
Num país que mata crianças e nega educação, saúde e saneamento às famílias dessas crianças, tratar um beijo como ameaça é sinal não só de oportunismo político, como também de pequenez moral.
O episódio inspirou sua foto de bruxa diante da fogueira de livros. Sórdida, exclamou o burocrata convertido. A injúria, no entanto, detonou uma onda de respeito e admiração à sua figura. Resposta outra, que não a agressão no mesmo nível, sempre baixo. A solidariedade como antídoto para inocular os Savonarolas.

Teu livro é o testemunho de uma autodidata, neta de imigrantes e filha de um operário com uma dona de casa que, por meio da prática obstinada de um ofício, sobreviveu aos inúmeros reveses sociais e políticos que, volta e meia e sempre, acometem o Brasil.

A morte de Getúlio, a renúncia de Jânio, o AI-5, a campanha frustrada das Diretas-Já, o confisco de Collor, a coalizão corrompida da social-democracia e a ascensão da teocracia armada, os tombos e levantes que nos condenam a começar do zero “ad aeternum”, filtrados pelos olhos de uma Sísifo mambembe.

Quem sabe, quando eu fizer 70 e você passar dos cem, teremos vencido o horror de agora? Horror que promete deixar o legado de um país sem Rádio MEC, sem TBC ou Oficina, sem cinema novo nem velho, sem MPB e rock, sem Arena e sem Asdrúbal, sem Dulcina, Bibi, Dercy e Cacilda, sem Antunes e Nelson.

Terra arrasada. Esse é o horizonte. Sigamos.
O partidarismo, à esquerda e à direita, nunca foi o seu norte. Avessa a dogmatismos, você fez do drama existencial da comédia humana a sua matéria. Penso que foi isso o que te fez uma mulher do presente, não importa a época.

Comemoraremos os seus 90 com uma missa no lugar em que celebramos, todos os anos, a partida do papai. Apesar da profunda devoção cristã, você jamais nos impôs a sua fé. Você jamais nos impôs crença, diploma, sucesso, nada. Você ensinou os seus filhos a serem, na medida do possível, livres.
Nas suas memórias, você narra o último delírio teatral do Fernando, com ele já doente, querendo ensaiar a peça “É...”, de Millôr Fernandes. Na mesa da sala de jantar, você se dispõe a ler com ele, até que meu pai se cala, ao perceber que não há elenco presente.

A cena é puro Beckett e lembra o final de “Seria Cômico se Não Fosse Sério”, em que você, Alice, cuidava dele, do marido, Edgar, vítima de um derrame. Vida e arte sempre se confundiram na nossa casa.

Chorei muito com o seu relato. Espanta, nele, a lucidez afiada de uma mulher de quase um século.
Feliz aniversário, minha mãe. Que o Brasil, tão trágico, bruto e desesperado entenda, com gente como você, o quanto a arte e a criação podem fomentar amor, progresso e civilização.
Evoé, novos artistas.

Fernanda Torres

Amazonía en llamas- Sonia Guajajara -Por Nacho Lemus TELESUR


BREVE DOCUMENTÁRIO EL ODIO SOBRE LULA E SEUS PERSEGUIDORES AGUARDEM POR TELESUR