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terça-feira, 27 de julho de 2010

O FADO NASCEU NO BRASIL, PÁ!

por santhaela


CEPE


POR HOMERO FONSECA RECIFE PE- CLIQUE NO TÍTULO E VÁ DIRETO AO ORIGNAL- EU RECOMENDO É MEU CONTERRÂNEO



HOMERO FONSECA
Quando eu estava pesquisando para escrever a nota “O frevo que não é frevo” deparei-me com uma informação curiosa: a possibilidade de o fado estar entre os componentes da origem dos blocos e das marchas-de-bloco (que Nélson Ferreira batizou, por imposições da discografia comercial, de frevo-de-bloco). E, ao final da pesquisa, veio-me a surpresa maior: o próprio fado, música nacional portuguesa, definidor da própria identidade lusitana, não nasceu em Portugal, mas... no Brasil!
Vamos por partes.
Quando eu era editor da revista Continente, publicamos, na edição nº 50, de fevereiro de 2005), o artigo “Frevo e fado: uma saudade só”, de autoria do escritor português António de Campos, em que ele destrincha, com abundantes informações, a influência do fado nos blocos e marchas-de-bloco do Carnaval do Recife. Ele começa citando a temática comum aos dois gêneros musicais, a saudade. Depois, informa que, em 1888, no Recife, surgiu o Clube Carnavalesco Canna Verde, dança folclórica do Minho, donde boa parte da colônia portuguesa procedia, apontando a agremiação como “o mais antigo ancestral do bloco carnavalesco misto” (que somente apareceria com as feições nos anos 20 do século XX, com o Batutas da Boa Vista), que se apresentava cantando fados. Outros grupos do mesmo gênero desfilavam no Recife, como Os Fadistas, Imigrantes Portugueses, Bairrinos Portugueses e o Canna Roxa.
Finaliza Campos:
“Com toda essa efervescência do começo do século, com “fados de arrebatar” cantados por portugueses acompanhados por crioulas orquestras de pau-e-corda; Saudade de Portugal em Pernambuco anulada de pandeiro na mão; jornais carnavalescos publicando poemas onde o eu lírico do poeta se confunde com o fado e clubes desfilando em pleno centro do Recife vestidos à moda dos ranchos portugueses e dos grupos de desfilantes das juninas marchas populares lisboetas, nada seria mais justo do que admitir que tal burburinho de vida deitou raízes e frutos, deixou no modo de trajar dos blocos de Carnaval de Pernambuco e, fundamentalmente, no modo próprio de se compor frevos para aqueles blocos – uma Saudade sabendo a Portugal.”
Em Vitória de Santo Antão, cidade próxima ao Recife, de colonização açoriana, os clubes de fados estavam no auge na década de 1920, havendo ainda hoje um remanescente ativo: o Clube de Fados Taboquinhas, fundado em 1924. Como os atuais blocos líricos, esses grupos portavam um flabelo (espécie de estandarte retangular de madeira) e desfilavam protegidos por cordões.
A jornalista e pesquisadora Maria Alice Amorim (“O avesso e o plural na folia”, in: Jadir de Morais Pessoa: Aprender e ensinar nas festas populares) relata que o Taboquinhas, provavelmente derivado do Caninha Verde, ganhou esse nome por conta das taboquinhas (espécie de bambu) pintadas de verde, de cerca de 1,5m de comprimento, que os desfilantes carregam, batendo-as no chão para marcar o ritmo. Maria Alice conclui, enfaticamente: “E a música tem evidente vinculação com o frevo-de-bloco, inclusive pela presença de instrumentos de pau e corda: violino, rabeca, cavaquinho, violão, atabaque, pandeiro. As coreografias consistem em evoluções no cordão.” Evidenciado, portanto, o parentesco mais próximo da marcha-de-bloco com o fado do que com o frevo, vamos à segunda parte.
E o fado, de onde veio?

O FADO NASCEU NO BRASIL, PÁ!

Para minha surpresa, no decorrer da pesquisa, encontro a constatação de que a origem do fado estaria no Brasil.
Mário Souto Maior, folclorista pernambucano já falecido, afirma em seu “Dicionário de Folclore para Estudantes” (http://www.soutomaior.eti.br/mario/paginas/dic_f.htm): "O fado é uma canção popular portuguesa, mas de origem brasileira. Quando a corte portuguesa se estabeleceu no Brasil, em 1808, os nobres gostaram muito do lundu brasileiro. De volta a Portugal, os nobres e músicos lusitanos deram ao lundu, com algumas modificações, o nome de fado, como é conhecido hoje.”
A tese é defendida por ninguém menos que Cầmara Cascudo, em entrevista à revista Manchete (nº 619, de 29/02/1964):
“Veja você se não é curioso: o desafio, que é português, vem pro Brasil e se torna popular, e o fado, que é eminentemente brasileiro, se torna canção nacional em Portugal. Os portugueses que voltaram com D. João VI é que levaram o fado.”
E Mário de Andrade foi mais longe, em sua “Pequena História da Música”, esclarecendo que, nascendo no Brasil, a partir do lundu de origem africana, o fado foi levado para Portugal por marinheiros, sendo introduzido pouco a pouco nos bairros típicos da cidade de Lisboa.

Mas o que dizem os patrícios a respeito?
O mais comum é proclamar-se serem desconhecidas as verdadeiras origens do fado, mas a própria Enciclopédia Luso-Brasileira reconhece a origem brasileira do ritmo nacional português. Discute-se se o fado chegou via marinheiros ou estudantes, assim como as influências da cultura árabe e das canções medievais. Possivelmente, tendo como matriz o lundu, a canção surgida no Rio de Janeiro incorporou em Portugal aqueles outros elementos, até tomar a configuração atual, marcada pelo lirismo, pelo sentimento da saudade, pelo canto vocal e forte participação da guitarra portuguesa.
Se foi levado a Portugal pela corte portuguesa retornada, por estudantes brasileiros em Lisboa ou por marinheiros saudosos – é objeto de controvérsias, mas a origem brasileira parece patente, com as misturas que, em Lisboa e Coimbra, lhes foram acrescentadas, dando-lhe o tempero especificamente lusitano e regional.
O musicólogo norte-americano Joe Bendel (professor da NYU) refere-se ao fado como produto de um fenômeno denonimado “reverse cultural colonialism” (colonialismo cultural reverso):
“In what might be called reverse cultural colonialism, many musicologists consider the Brazilian fado a product of Brazilian popular musical forms, re-imported back into Portugal, where it perhaps mixed with lingering Moorish influences. The traditional fado is often described with terms of wistful longing, telling stories of love and loss among the Portuguese working class.” Que traduzo mais ou menos assim: “No que talvez possa ser chamado “colonialismo cultural reverso', muitos musicólogos consideram o fado resultado de formas musicais brasileiras, re-importado para Portugal, onde talvez tenha se misturado à longa influência mourisca. O fado tradicional é frequentemente descrito com termos como melancolia e saudade, contando histórias de amor e perda entre a classe trabalhadora portuguesa.”
Portanto, se a marcha-de-bloco (elemento tão forte da identidade pernambucana) veio do fado (elemento definidor por excelência do caráter lusitano), este, em última instância, seria oriundo do banzo africano (musicalmente expresso no lundu).
Esses são os sinuosos caminhos do hibridismo cultural.
E viva a marcha-de-bloco, viva o fado e viva o lundu!

Veja excelente resumo das discussões do lado de lá do Atlântico sobre as origens do fado no saite:


http://74.125.93.132/search?q=cache:NSGBKkoepNkJ:www.samba-choro.com.br/s-c/tribuna/samba-choro.0004/0258.html+hist%C3%B3ria+do+fado&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

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Paulo Vasconcelos

sábado, 24 de julho de 2010

Nara Leão a musa dos Trópicos' de Cássio Cavalcante EU RECOMENDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!




O livro 'Nara Leão a musa dos Trópicos' de Cássio Cavalcante foi lançado em João Pessoa no dia 30, às 19h, no Zarinha Centro de Cultura, em Tambaú. Nara Leão mais que uma cantora, foi uma das personagens do Brasil mais importante na época em que viveu.
Musa da Bossa Nova, o apartamento de seus pais foi um dos berços do movimento musical que ganhou o mundo. O primeiro disco foi uma surpresa, resgatou o samba de morro quando se esperava o amor, o sorriso e a flor.
Foi porta voz de toda população intelectual do país após o golpe militar de 1964, no Show de protesto 'Opinião' ao lado de Zé Kety e João do Vale. Quando todos estavam protestando cantou com o Brasil 'A Banda'.
Lançou talentos como Chico Buarque de Holanda e Edu Lobo. Apoiou artista no inicio da carreira como Martinho da Vila e Fagner.
Foi à primeira cantora consagrada que deu apoio ao movimento música tropicalismo, foi simpática a Jovem guarda. Também foi a primeira a gravar um disco só de músicas de Roberto e Erasmo Carlos. Ainda foi o primeiro artista brasileiro a gravar no sistema de compact disc, o CD. Não aderia a modas, as fazia. O Texto na orelha do livro é do cineasta Cacá Diegues.
O Autor - Cássio Murilo Coelho Cavalcante, administrador, cearense, nascido em Fortaleza, casado. Adepto a oficina literária do escritor Raimundo Carrero desde 2003. Teve inicio na literatura como contista. Tem contos publicados em antologias como nos cinco números de 'Contos de Oficina', organizados por Raimundo Carrero e Antologia das Águas.
Organizou e participou do livro os 'Mistérios de Cada Um'. Publicou ainda na revista Caruaru Hoje e nos Jornais Gazeta do Escritor e Gazeta Nossa. Nesse último se tornou colaborador com a coluna Bate-papo Literal onde entrevista os principais nomes que fazem a literatura pernambucana.
Já passaram pela coluna, Raimundo Carrero, Abelardo da Hora, Marcus Aciolly, Fátima Quintas e Luzilá Gonçalves entre outros. Lança em março deste ano o livro Nara Leão A Musa dos Trópicos, uma biografia da cantora. Secretário Geral da UBE – PE, União Brasileira dos Escritores Secção pernambucana. Coordena dois projetos da UBE, Ficção em Pernambuco na livraria Saraiva e A Cultura e a Arte em Pernambuco, na livraria Cultura.

CONTINENTE !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


EU RECOMENDO CURTAM UMA REVISTA 'SERIA, BACANA, DE BRASILEIROS PARA O BRASIL E MUNDO.
LEIAM SOBRE-DOCE BRASIL HOLANDÊS- MONICA SCHMIEDT-
ENTENDA QUEM SÃO OS WANDERLEY(S) VAN DER LEY
CLIQUE NO TÍTULO E VÁ A MATÉRIA NO ORIGINAL-ASSISTA PRÉVIA DO DOC

ADEUS A PAULO MOURA

A emocionante despedida de Paulo Moura
Olá, amigos

Essa semana, o incomparável Paulo Moura nos deixou. Mas dois dias antes, os seus grandes amigos músicos maravilhosos como ele fizeram uma singela e emocionante despedida na varanda da clínica onde ele se encontrava internado.

Mesmo sem forças, ele fez questão de se juntar aos músicos e tocar pela última vez a música "Doce de Coco" de Jacob do Bandolim, acompanhado ao piano por Wagner Tiso.

Uma bela despedida. É difícil não se emocionar. Viva Paulo Moura e vivam para sempre os grandes músicos da música brasileira.

http://blogdodenilsonsantos.blogspot.com/2010/07/emocionante-despedida-de-paulo-moura.html

segunda-feira, 19 de julho de 2010

EUA impedem Cuba de comprar remédios contra o câncer

EUA impedem Cuba de comprar remédios contra o câncer
em 13/07/2010 (38 leituras)
Várias personalidades importantes da Revolução Cubana participaram da XVIII Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, entre elas Juan Carlos Machado, diretor do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (Icap) e um dos responsáveis pelas brigadas de trabalho voluntário em Cuba. Em entrevista a A Verdade, ele fala sobre os 50 anos que o Icap completa este ano, das brigadas de trabalho voluntário e do movimento de solidariedade a Cuba no Brasil e no mundo.



A Verdade – Qual o trabalho do Icap?
Juan Carlos Machado – O Icap é continuação do processo revolucionário cubano; Foi uma das primeiras medidas adotadas pela revolução para criar um elo, entre povo e povo, que pudesse significar solidariedade e amizade com Cuba, que ficou muito tempo separada do mundo. Isso aconteceu porque Cuba era um país que fizera uma revolução na América Latina e no Caribe – e o imperialismo e o capitalismo romperam todo tipo de relação conosco, exceto o México, o único que conosco manteve relações diplomáticas. Então, para poder mostrar os resultados do que viria a ser a revolução, o governo revolucionário criou o Instituto Cubano de Amizade com os Povos, a fim de que os amigos de Cuba que quisessem conhecer a realidade do nosso país, pudessem ir lá vê-la e difundi-la em seus países. Hoje estamos cercados, do mesmo modo que estávamos no primeiro dia. Assim, se não tivéssemos criado o Icap em dezembro de 1960, hoje teríamos de criá-lo. O bloqueio, a desinformação, a calúnia contra Cuba, os cinco presos provam isso.

A Verdade – Como se estrutura o Icap?
Juan - O Icap tem uma direção em Cuba, uma presidência do Instituto, e, além disso, tem diferentes funcionários que atendem à Europa, América Latina, África, Ásia, Oriente Médio e América do Norte (incluindo Porto Rico, Canadá e Estados Unidos). Cuidamos, entre outras coisas, da migração cubana ao exterior e do acampamento internacional para as Brigadas de Solidariedade. Também foram se criando, pouco a pouco, em Cuba, delegações ou representações do Icap que são “casas de amizade”. Essas casas atendem aos amigos, ao trabalho de solidariedade, aos estudantes que realizam atividades políticas, aos embaixadores, às personalidades que vão visitar Cuba em cada lugar. E, dessa forma, o Icap funciona integralmente com os amigos, no exterior e dentro do país.

A Verdade – Quais as principais atividades do Icap nesses 50 anos?
Juan - Diria que a primeira foi – e é – promover a solidariedade que temos com os povos da África, América Latina e Caribe. O Icap tem sido o condutor dessa linha de solidariedade com todos os países da Africa subsaariana (países geralmente em piores condições que os demais). E Cuba tem tido uma atenção direta com estes países subsaarianos, fortalecendo relações e trazendo muitas crianças que ficaram órfãs por lá, vítimas das guerras que mataram seus pais. Muitas dessas crianças têm chegado a Cuba com dois ou quatro anos de vida. E Cuba as tem atendido, preparado, proporcionado educação, carreira acadêmica – até há alguns já com três títulos. Elas têm aprendido diferentes profissões. Algumas têm podido retornar. Outras ainda permanecem em Cuba e nosso país tem dado uma atenção especial a isso. Na América Latina, a partir dos golpes militares, também houve muita emigração de dirigentes políticos. Então o Icap sentiu-se na responsabilidade também de atender a todos esses exilados, que desde o primeiro momento têm sido alimentados e e cuidados. Essa era outra tarefa muito importante para a América Latina e o Caribe. Outro objetivo é manter sempre informado o mundo, por meio dos amigos de Cuba, sobre o bloqueio dos EUA ao país. Sobre todos os danos que esse bloqueio causa a Cuba. Isso é uma tarefa permanente do Icap e de todas as associações de amizade que se criam. E o primeiro objetivo das associações, além de divulgar o bloqueio, é divulgar que os EUA não permitem que compremos medicamentos de lá para crianças de três ou quatro anos com câncer, obrigando-nos a percorrer o mundo todo para obtê-lo. Impedem a medicina para as crianças! É um bloqueio criminoso e genocida. E o Icap tem como princípio estar sempre informando tanta gente sobre o bloqueio. Até cidadãos americanos não podem fazer turismo em Cuba. Por que, se a Constituição de seu país diz que cada cidadão é livre de visitar qualquer país? Menos Cuba? Também durante a guerra do Vietnã, em 1967, fizemos uma campanha muito forte por aquele país, até mesmo oferecendo nossa própria vida. E demos nosso sangue aos vietnamitas. E o Icap também promoveu toda essa ajuda humanitária e informação para o Vietnã. O mesmo fizemos por Angola e pela África, mantendo toda a informação oferecida aos povos desses países. Não com os governos, mas de povo a povo, independentemente de se o governo é de esquerda.
Também tivemos o caso de Elián González, depois o dos cinco prisioneiros cubanos nos EUA – e estamos com essa missão histórica de lutar até que os cinco retornem, informando a todo o mundo que não são terroristas. Cuba triunfou, demonstrou que, mesmo estando tão perto dos EUA, podemos ser livres. Eles não vão entender nunca como Cuba, uma ilha bloqueada há 50 anos, pode se manter, por tantos anos, na história.

A Verdade – Qual a importância das Convenções de Solidariedade a Cuba?
Juan - As Convenções são encontros anuais que avaliam o que se fez no movimento de solidariedade a Cuba e dizem o que precisamos continuar fazendo. O bloqueio prossegue, o caso dos cinco também, mas as tarefas não são iguais. Por isso as Convenções são tão importantes. Primeiro porque esclarecem as coisas. Segundo, cada um conhece a situação da sua região. Também trazemos as inquietações e preocupações. Aqui trazemos, por exemplo, o representante da Escola Latino-Americana de Medicina (Elam) que mostra a dificuldade para os médicos revalidarem os diplomas [obtidos em Cuba] no Brasil. Já essa convenção foi muito importante porque fizeram coisas antes desta Convenção Nacional. Houve 13 convenções estaduais de solidariedade a Cuba. O maior número da história! Isso ajudou muito ao acúmulo de informações para esta convenção nacional. Também como resultado tivemos a participação certa do Brasil nos acampamentos de trabalho voluntário. Nos primeiros anos (de 95, 96 e 97) tivemos pouca participação do Brasil. Mas à medida que se foram criando as associações de solidariedade e foi lhes dada uma estrutura, não é só certa a participação como querem cada vez mais vagas para as Brigadas de Solidariedade. Sabemos o sacrifício que fazem os brasileiros para participar – pegam o dinheiro do fim de ano, pegam dinheiro emprestado... mas digo: nos primeiros anos das brigadas, a situação financeira era igual.

A Verdade – Qual o papel das brigadas?
Juan - As brigadas cumprem três objetivos fundamentais. Primeiro, conhecer Cuba, por meio de conferências sobre a sociedade e economia e suas diferenças com os Estados Unidos. Também se conhece sobre cultura e saúde pública. Isso é a teoria dada por funcionários. O segundo objetivo são as visitas aos centros de trabalho e estudo, às comunidades, encontro com a Associação de Combatentes Revolucionários Cubanos, encontro com os Comitês de Defesa da Revolução, encontro com a Federação das Mulheres, etc., para que possam conversar e os brigadistas perguntarem, e eles responderem, e assim conhecerem a realidade, de forma prática. Não só em Havana, mas em visita a outras províncias do país, para que possam ver como as decisões e o trabalho do governo da revolução têm chegado em todo o resto do país. Terceiro, temos que manter o trabalho voluntário, como defendeu o Che. Mantê-lo vivo para que cada um dê parte do seu sangue no trabalho, sem ter que receber a parte. Isso tudo ajuda a criar uma consciência humana. Assim, depois que você trabalhou no acampamento, que carregou caixas de tomate do campo, quando vai comer um tomate ou um vegetal dá graças aos operários e camponeses que produziram aquilo porque sabe o trabalho que se fez até se ter o tomate. Antes, a pessoa comia dois ou três tomates picados, alguns jogava fora, mas agora não: se comprar dois tomates, irá comer os dois tomates. É outro tipo de consciência. Então, por ano, se realizam de 12 a 15 brigadas por acampamento, delas participando cerca de 1.800 pessoas. E agora estas pessoas estão mudadas.

A Verdade – Quais as próximas metas do Icap?
Juan - Continuar criando solidariedade com os países aos quais nos falta chegar, como as pequenas ilhas do Oceano Pacífico. Temos que chegar a mais lugares. Temos já uma associação de amizade com Israel! Seu governo é mau, mas seu povo é bom. Com solidariedade, também podemos combater governos maus. Também temos que fortalecer a amizade com os povos com que já temos laços. Não só chegar aos países com laços, mas chegar ao povo norte-americano. Quando o povo norte-americano tiver consciência do fato dos Cinco Heróis, logo obrigarão Barack Obama a promover a libertação dos cinco, como fizeram com Elián. Naquele caso, quando o povo norte-americano tomou consciência da injustiça do caso de Elián, Elián regressou a Cuba. Foi assim!

A Verdade – Como é a participação de brigadistas vindos dos Estados Unidos?
Juan - Eles têm uma participação ativa de mais de 40 anos, na chamada brigada Venceremos. Essa brigada vem todos os anos, mesmo com seus membros correndo o risco de ser presos ou sofrer multa muito alta e ameaças psicológicas. Sabemos que o trabalho que fazem dentro do país é muito importante para a solidariedade a Cuba.

Eduardo Augusto, Paulo Tiecher e Geysa Karla

* Site do ICAP: www.icap.cu

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Alan Pauls na UFSC


Evento: Alan Pauls na UFSC
Festejado pelo mundo afora como um dos mais expressivos e impactantes escritores latino-americanos surgidos na última década, Alan Pauls estará em Florianópolis na segunda-feira dia 14, às 18:30h, no Auditório da Reitoria da UFSC. Autor de "O passado", seu romance mais famoso, levado ao cinema em 2007 por Hector Babenco, o escritor argentino é o próximo convidado do ciclo "O Pensamento no século XXI", promovido pela Secretaria de Cultura e Arte e Pró-Reitoria de Pós-Graduação da UFSC. Sua palestra na Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) este ano é uma das atrações mais aguardadas do evento, devendo ultrapassar o sucesso de público de sua visita ao Brasil em 2007, quando falou ao lado da psicanalista Maria Rita Kehl sobre a provocação O amor é uma doença? Em Florianópolis, Pauls profere a conferência Elogio do Sotaque, no quarto encontro do ciclo O Pensamento do Século XXI deste ano, que já trouxe o italiano Emanuele Coccia, a francesa Liliane Meffre e o norte-americano Christopher Dunn para debater questões emergentes da arte e do pensamento de vanguarda contemporâneos. Ganhador do conceituado prêmio Herralde, de literatura em língua espanhola, com "O passado", Pauls tem também História do Pranto traduzido no Brasil (pela Cosac Naify, em 2008) e uma obra breve, porém muito aclamada pela crítica internacional, com 11 títulos, vários deles traduzidos para o inglês, francês, alemão e outros idiomas. Nascido em Buenos Aires en 1959, Pauls é licenciado em letras, professor universitário, tradutor e colaborador em suplementos culturais, tanto em crítica cinematográfica quanto literária. Mantém uma coluna periodicamente na Folha de S.Paulo. Escreveu ensaios sobre literatura argentina, particularmente sobre a obra de Manuel Puig, Borges e Roberto Arlt. É autor de três novelas: “El pudor del pornógrafo”, publicada em 1984, “El coloquio”, de 1990, e “Wasabi”, 1994, todas traduzidas para o francês e outras línguas. Neste ano, a publicação de História del Pelo (História do cabelo), pela editora Argentina Anagrama, notabilizou-o como um dos mais brilhantes escritores da nova geração e concretizou o segundo volume da anunciada trilogia sobre os anos 70, que incluem o pranto, o cabelo e o dinheiro, designados pelo autor como os grandes fósseis e obsessões da época em questão. Neste último romance, um homem obcecado com o corte perfeito do cabelo e pelas suas reflexões capilares (eurecas epifânicas) serve como metáfora para uma humorada crítica contra a literatura testemunhal que recorre aos métodos mais convencionais, à frivolidade e à política. A despeito da influência da cultura francesa, Paul confessa sentir-se tão endogâmico como todo bom escritor argentino e é sobre a relação entre o universal e o particular em sua literatura que vai abordar na conferência. O passado gira em torno da saga de um casal que luta para se afastar e não se reduzir aos fantasmas do que foram, sobre o que o autor comenta: “Mais que a lembrança, os rastros do passado sempre assombram o presente e o futuro. Quando decretamos novos começos, ilusórios ou não, nem por isso conseguimos apagar nossa história: podemos apenas contá-la mais uma vez, quem sabe revisá-la ou corrigi-la, para pior ou para melhor”. Contardo Calligaris, quando do lançamento da versão cinematográfica do romance, observou que os personagens de Pauls circulam por interiores abarrotados de restos do passado: livros, fotografias, quadros, os inúmeros objetos que, a cada mudança de casa, confirmam que nunca conseguimos deixar para trás os vestígios de nossa vida pregressa. “À primeira vista — diz Calligaris —, isso pode parecer estranho. Afinal, estamos acostumados a pensar que, na modernidade, os indivíduos são definidos por suas potencialidades futuras mais do que pelo passado. Não é assim? Pois é, não exatamente. A modernidade começa quando paramos de deixar que a tradição diga quem somos. Mas se o legado da tradição se torna menos relevante, é justamente porque o que me constitui é minha história - não apenas a intensidade do momento e a audácia de meus planos, mas o conjunto das experiências que vivi”. O escritor, cineasta, dramaturgo, intérprete, tradutor argentino radicado na França Edgardo Cozarinsky é o próximo convidado do Ciclo. Sua conferência está marcada para o dia 1° de julho (quinta-feira), às 18h30min, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH). Matéria de Raquel Wandelli (jornalista, SeCarte). Contatos: (48) 99110524 - 37219459 www.secarte.ufsc.br