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domingo, 20 de dezembro de 2009

La utopía de la ciudad anarquista que renació digital

imagem Paulo Vasconcelos

Basado en La Ciudad Anarquista Americana, un libro prácticamente olvidado que Pierre Quiroule escribió en 1914, el artista plástico Ricardo Pons recrea la única utopía revolucionaria del anarquismo local. Multimedia y 3D para mostrar y contar el pensamiento de una época y de un movimiento.
Por: Horacio Bilbao
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ANÁLISIS La utopía de Quiroule, según el epsecialista Juan Suriano. (Extracto de la entrevista con Suriano que realizaron Ricardo Pons y Néstor Restivo)
"No podemos los que tenemos en vista el mejoramiento económico y social de la especie, seguir colaborando en la obra insensata del capital, con sus ciudades inmensas y sus magnas empresas especulativas, factores forzosos de miseria y de ruinas", escribió Pierre Quiroule en La Ciudad Anarquista Americana, el libro que publicó en 1914, su utopía revolucionaria. Es ése el texto base que el artista Ricardo Pons usa para recrear la ciudad, y también la utopía de Quiroule. Y para componer su Ciudad Anarquista Digital.

Artística, histórica y hasta debatible en su blog, la obra que acaba de presentar Pons pasó de ser un work in progress a un intrincado mapa de archivos en soportes múltiples. No sólo reproduce el texto completo de Quiroule, sino que permite navegar un modelo 3D de la ciudad imaginaria, e incluye entrevistas, trabajos de investigación, fotografías e imágenes sobre el anarquismo, un actor político de peso en los primeros decenios del siglo pasado.

"Quiroule tuvo una larga militancia dentro del anarquismo, empezó muy temprano y casi hasta su muerte defendió las ideas libertarias. El era típicamente un difusor cultural", explica Juan Suriano, editor e historiador, y la voz que analiza el papel de Quiroule en anarquismo argentino y mundial en el trabajo de Pons.

Si bien este proyecto digital encapsula una obra literaria de Pierre Quiroule (La Ciudad Anarquista Americana) a través de una reedición completa, ésta se resignifica en la actualidad a través de herramientas de simulación virtual, imbricando el texto original de 1914 con un modelo 3D producido en el Siglo XXI. Y ése es todo un mensaje.

"Las moradas de la ciudad anarquista eran elegantes chalets de vidrio, de una sola pieza. Los había de varias formas, dimensiones y colores, predominando el naranjo, azul oscuro, el granate y el verde", escribió Quiroule hace casi cien años. Con el trabajo de la arquitecta Celia Guevara y la animación 3D, de Daniel Venditti, las poblaciones de las ciudades libertarias lucen bien actuales en el trabajo de Pons, y también fieles a lo que imaginó Quiroule.

Nunca superaban los 12 mil habitantes y tampoco tenían menos de 10 mil. Cuando la población aumentaba, se procedía a la elección de otro lugar para una nueva ciudad, a una distancia no menor de 20 kilómetros. Y el esquema se repetía. La mayoría de las casas tenían tres piezas, dos en la planta baja y una en la planta alta. "Había también casas de cuatro piezas, destinadas a los pocos comunistas que habían conservado las costumbres matrimoniales y familiares de antaño. Conviene decir que en la comuna anarquista, la mujer no asociaba su existencia a la de ningún compañero", aclaraba Quiroule.

El multimedia todo gira en torno a él, un prolífico autor anarquista que escribió en el diario La Protesta, y al libro, que es, además, una de las pocas utopías argentinas (otra es Argirópolis, de Sarmiento). "Es la única utopía escrita por un anarquista argentino y yo diría que en el mundo es una excepción", sostiene Suriano.

Inhallable por mucho tiempo, ahora está ahí, dando vueltas en Internet, recreada digitalmente por Ricardo Pons, que avisa que su reproducción es libre. Allí esta Quiroule también. El hombre que inventó un arma para liberar al mundo, y que escribió una utopía para mostrar cómo era ese mundo libre, se enfrenta al paso del tiempo y a los juicios sobre el pensamiento anarquista. Todo con la última tecnología, que también prometió utopías, aunque de la manera inversa a los que proponía Quiroule, para quien la felicidad humana sólo sería un hecho dando "marcha atrás a la civilización y al progreso modernos".

A expressão da crítica, com estilo

Antonio Arnoni Prado

by estadao


Exercícios de Leitura, coletânea de Gilda de Mello e Souza, ganha nova edição e reafirma sua escrita original e múltipla



Gilda de Mello e Souza (1919- 2005) inclui-se entre aquelas vozes de cultura cuja ausência, entre nós, a passagem dos anos só faz aumentar. Homenageada postumamente em 2008 com uma edição em que alguns dos intelectuais mais expressivos de São Paulo expuseram aspectos relevantes de sua obra de escritora, de ensaísta e de crítica (Gilda, A Paixão pela Forma, organizada por Sérgio Miceli e Franklin de Mattos), surge agora, publicada pela livraria Duas Cidades e a Editora 34, uma nova edição dos seus Exercícios de Leitura, originalmente lançados em 1980.

Para o leitor de hoje, trata-se de uma oportunidade de travar contato - num livro agora enriquecido de notas, informes e ilustrações valiosas - com a multiplicidade integradora de uma escrita singular e direta cuja maior virtude talvez seja a de harmonizar a "paixão pela forma" à capacidade de refazer a linguagem da arte na expressão mais funda de suas figurações e processos latentes, da literatura ao cinema, das artes plásticas ao teatro, da estética à crítica da cultura.

Nesse arranjo de intervenção sensível e intelecção rigorosa, dados novos são os achados na essência das obras e das personalidades artísticas, que se completam com uma espécie de contraponto inesperado e sempre inovador, a traduzir o voo largo da invenção crítica em formulações tão diferentes como a superação no tempo das divergências estéticas de Jean Maugüé e Claude Lévi-Strauss e a ótica da captação momentânea da imagem no traçado do desenho primitivo.

Frente a eles, a sensação do leitor é que as análises de Gilda se expandem a partir de segmentos aparentemente inconclusos, juntando a percepção iluminadora do fato concreto à teia infindável de suas articulações, não necessariamente intercorrentes, mas encerradas na complexidade das linguagens que as concebem ou transformam sob a lógica imprevisível da imaginação criadora. De tal modo que os cinco blocos em que se organiza o livro - estética, literatura, teatro, cinema e artes plásticas - se, de um lado, remetem a configurações específicas em códigos diferentes, de outro parecem depender de uma integração circular e intermitente, cujos avanços só se concretizam a partir da reinserção do que foi interrompido antes, posto entre parênteses ou provisoriamente descartado em nome da apreensão do conjunto.

Isso explica que nos textos de Gilda a conclusão muitas vezes se reconstrua e mude de rumo, não apenas corrigindo a progressão do argumento, como também - a exemplo do que ocorre na leitura de Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade - alterando as formulações iniciais da análise, para sugerir que o que antes se afigurava como uma visão neutra da História e uma oportuna revisão crítica da Inconfidência, acabe se transformando num episódio "extremamente empobrecido" do filme, quando o diretor se decide pela "valorização irrestrita" de Tiradentes, para deixar injustamente na sombra a admirável força de caráter com que Tomás Antonio Gonzaga enfrentou os seus algozes.

Como o leitor verá, longe de ser uma notação isolada, é a presença dessa ressalva que elucida - na leitura contígua de O Desafio, de Paulo César Saraceni - o descompasso "entre a função esclarecedora do diálogo e a função impregnante da imagem", quando o diretor, "por necessidade polêmica", nos diz Gilda, decide trazer para o primeiro plano os prolongados silêncios da inexpressividade pequeno-burguesa de Ana, deixando as sequências mais reveladoras das falas do protagonista para um plano secundário, o que não só desarranja o valor artístico das personagens, como estabelece "um equívoco perturbador que compromete as intenções de Saraceni". A tal ponto - ela observa - que "se fosse possível projetar O Desafio sem som, talvez víssemos surgir na tela um filme diametralmente oposto ao que foi imaginado", aparecendo Marcelo como uma personagem apagada, enquanto Ana "assume a autoridade do primeiro plano", invertendo paradoxalmente a perspectiva da fita.

É com essa estratégia de contenções e avanços, de interpolações e desvios que a vemos, nestes Exercícios de Leitura, desmontando armadilhas e driblando impasses ocultos seja nas transposições obsessivas do Fellini decadentista, seja nas dessacralizações míticas que vai escavando na filmografia de Visconti, ou mesmo na figuração elíptica dos signos do grotesco nos filmes de Glauber Rocha.

Em seu conjunto, o foco que move o livro são as mutações da linguagem a partir das exigências dos temas estudados, como se o estilo de Gilda fossem muitos estilos, como se à linguagem da memória correspondesse uma entonação que vem do passado sem perder a perspectiva do presente, para repensá-lo ou discuti-lo sem quaisquer dogmatismos. É dessa perspectiva que a variedade de registros nos permite reviver, por exemplo, a modernidade da geração da revista Clima; a dimensão formadora do "espírito brasileiro" de Roger Bastide; a superação da "miopia" que a prosa de Clarice Lispector põe abaixo, estilhaçando aquele acanhado "universo de lembranças e de esperas" a que então se resumia, no Brasil, o destino das mulheres.

Mas há ainda as revelações sobre os "testemunhos da realidade" brasileira, a nos mostrar, por exemplo, como o teatro de Jorge Andrade se antecipou em São Paulo aos estudos sociais, encarregando-se da tarefa realizada no Nordeste pelo romance de 1930; além de incursões que se espraiam da crônica para os domínios da estética, de onde Gilda refaz, no desespero subterrâneo dos clowns de Samuel Beckett, o caminho para interrogar, num contexto diverso, as obsessões paralelas da solidão de Antígona, em Anouilh, bem como os tormentos que Chekhov reservou a Natacha, ao afastá-la da submissão linear de Olga, Irina e Macha, para depois jogá-la à crueza do destino.

Dos tempos inaugurais da Faculdade de Filosofia, com os mestres franceses, aos primeiros ensaios intelectuais com o grupo de Clima, estes Exercícios de Leitura vêm demonstrar quanto pesaram no legado crítico de Gilda de Mello e Souza, num primeiro momento, a arte do inacabado, que lhe veio de Mário de Andrade, e cujo maior interesse foi pensar a crítica como uma técnica do inacabado, sempre aberta e provisória, destituída de qualquer preocupação teórica ou dogmática.

E, depois - num traço decisivo para a trajetória do grupo Clima -, aquela "paixão pelo concreto" (na expressão de Antonio Candido) que a presença de Paulo Emílio Salles Gomes infundiu aos companheiros da revista, distanciando-os do pensamento abstrato e das teorias, como um perito mais que um scholar, valorizando a "consciência da práxis" por meio de uma "escrita sem tempo, sem moda, que, como ele", nos diz Gilda, "soube preservar na disciplina da vida universitária o mesmo frescor da juventude - a confiança na aposta, o gosto arriscado do imprevisto".

Antonio Arnoni Prado é professor de literatura brasileira na Unicamp e autor, entre outros, de Trincheira, Palco e Letras - Crítica, Literatura e Utopia no Brasil (Cosac Naify)

sábado, 19 de dezembro de 2009

ENTREVISTA A GUSTAVO GUERRERO La encrucijada de la literatura latinoamericana

LA IDENTIDAD AL MARGEN. Es la característica de una fase pos-tradicional.
by http://www.revistaenie.clarin.com/notas/2009/12/20/_-02103830.htm





¿Es el fin? El ensayista y editor venezolano Gustavo Guerrero considera que, en todo caso, ha muerto una cierta manera de entender esta literatura. "Está mutando hacia otras partes", dice desde París, donde también habla sobre los libros-desechos y de las posibles estrategias para sobrevivir en una fase de identidad postradicional.
Por: Enrique Schmukler
LA IDENTIDAD AL MARGEN. Es la característica de una fase pos-tradicional.
Además de ser un crítico literario de prestigio –el año pasado obtuvo el premio Anagrama con el ensayo Historia de un encargo: "La catira", de Camilo José Cela– y profesor de literatura latinoamericana en la Universidad de Picardie Jules Verne, el venezolano Gustavo Guerrero cumple funciones como Consejero Editorial para Hispanoamérica en la editorial Gallimard. Allí forma parte también de la histórica Nouvelle Revue Française. Ubicado a espaldas del Museo de Orsay, el edificio donde Guerrero aceptó dialogar con Ñ es el mismo que Gastón Gallimard eligió para instalar su empresa a partir de 1930.

En junio de este año publicó un polémico artículo en Letras Libres titulado "La desbandada", pero fue el subtítulo de ese ensayo "(o por qué la literatura latinoamericana ya no existe)", el que generó un malentendido. No pocos leyeron que su autor anunciaba el certificado de defunción de la literatura latinoamericana. Al comenzar la entrevista desea dejar en claro este punto.
"En realidad –comienza– ese subtítulo lo añadió el editor de la revista. Yo no tengo una visión apocalíptica ni tampoco catastrófica de la literatura latinoamericana. No creo que esté desbandada en ninguna parte ni tampoco que la literatura latinoamericana haya muerto. Lo que ha muerto en todo caso es una cierta manera de entender esa literatura. Creo que la literatura latinoamericana se ha ido transformando, ha cambiado de piel y, en este contexto, han mutado sobre todo los presupuestos ideológicos con los cuales se utiliza esa denominación."

Esencialmente son dos los presupuestos ideológicos que, según Guerrero, ya no serían eficaces para dar cuenta globalmente de la "literatura latinoamericana". Se trata de los dos paradigmas principales que apuntalaron, hace 30 años, el nacimiento del "boom".

"Yo creo que los fundamentos principales que habían apuntalado el concepto de literatura latinoamericana en los años 60 eran dos: la meta-narrativa de la revolución cubana y la meta-narrativa del realismo mágico. Pues bien: estos dos fundamentos ya no son operacionales. Hoy en día la idea de una literatura latinoamericana está mutando hacia otros territorios. En los años 60, a la literatura latinoamericana se la observaba en el extranjero como una literatura básicamente vinculada al proceso revolucionario cubano, como una especie de vanguardia estética que era proyección de la vanguardia política de Cuba, o de la cultura del realismo mágico o aun del 'Barroco'. Ahora no es más así. Lo importante es observar esa mutación categorial. Eso es más importante para mí que andar anunciando la muerte o el fallecimiento de la literatura latinoamericana."

Existen varias razones por las que se vuelve muy difícil abordar la literatura latinoamericana como totalidad. En primer lugar, la superproducción de libros de autores del subcontinente ha derivado en una suerte de "balcanización" del panorama literario. "Hemos entrado en una cultura del exceso –dice Guerrero–, del crecimiento ilimitado, que ha tocado dos límites, uno de ellos es el ecológico, y el otro es el de la irracionalidad económica del mismo sistema. Hemos llegado a un momento en que los libreros a veces ni siquiera abren las cajas de libros que reciben porque no tienen lugar donde colocarlos en las librerías. Como en otros campos de la producción contemporánea, hay una sobreproducción editorial que produce libros-desechos, montones de desechos. Y por 'desechos' entiendo lo que Bauman: bienes que no han sido consumidos por nadie porque no han encontrado su público y cuyo único destinario es la industria del reciclaje".

La identidad perdida
Pero existe también un argumento cualitativo: la imposibilidad de trazar una carta actual de la "Literatura Latinoamericana" nace además de una relativización, por parte de los nuevos narradores, de la cuestión de una supuesta identidad común latinoamericana.

Para el ensayista "estamos entrando en una fase de identidades postradicionales, en donde el asunto identitario no es tan central, entre otras cosas, porque se ha debilitado la relación entre literatura y nación. Desde ese punto de vista, no creo que lo "latinoamericano" (así con comillas) haya desaparecido en realidad como tema, sino que ha mutado hacia otros lugares más discretos o excéntricos. Es decir, se lo concibe de una manera mucho más individual, fuera de un relato colectivo. Creo que la descripción de los problemas, situaciones de vida, conflictos, mitos e historia contemporáneos de los distintos países de América Latina, sigue siendo uno de los temas de la literatura latinoamericana, pero ya no se la concibe colectivamente como una preocupación vinculante y exclusiva. Además, la literatura latinoamericana no se piensa a sí misma en tanto búsqueda de una supuesta esencia común latinoamericana. Esa es, precisamente, la gran diferencia".

En este sentido, Guerrero sostiene que las imágenes de autor que reflejan los nuevos escritores tampoco se corresponden (por no decir que son antagónicas) con la iconografía patriarcal, que mostraban los escritores del "boom".

"La diferencia está otra vez en la ausencia o presencia de un relato latinoamericanista. Yo creo que un hombre como Cortázar, al menos al final de su vida, sí se sentía como un embajador de América Latina en Europa. Como también creo que Carlos Fuentes encarnó una cierta idea de México; o García Márquez, con su forma de ser dicharachera y un poco descosida, encarnó un cierto cliché caribeñista de la costa colombiana. Ellos, cada uno a su manera, quisieron ser portavoces de su propia cultura, de su continente o de su propio país. Aquí hay una diferencia: esto es algo que creo ya no les preocupa a los nuevos escritores. No pienso que Mario Bellatin se sienta ni embajador ni representante de ningún país o continente, tampoco creo que a Alvaro Enrigue, o a Rodrigo Rey Rosa les importen mucho estos asuntos".

Cuando aún no se habían aplacado del todo los estruendos del "boom", en 1980 Juan José Saer escribió en su ensayo "Una literatura sin atributos", una reflexión acerca de la literatura posrealismo mágico, que tiene que ver justamente con lo que propone Guerrero. Saer refiere allí los clichés de la literatura de nuestro continente, sobre todo aquella que gozaba de aceptación en Europa hace treinta años, emparentada con el realismo mágico y el compromiso político: "Es así –escribe Saer– como ciertas designaciones que deberían ser simplemente informativas y secundarias se convierten, por el solo hecho de existir, en categorías estéticas. Es lo que ocurre, por ejemplo, con la expresión 'literatura latinoamericana' (...) Se le atribuyen a la literatura latinoamericana la fuerza, la inocencia estética, el sano primitivismo, el compromiso político (...). Es necesario que todo producto tenga una apariencia necesariamente latinoamericana y que las obras editadas conserven cierto aire de familia. La literatura latinoamericana debe cumplir así, no una praxis iluminadora, sino una simple función ideológica".

¿De qué manera escapar del horizonte de expectativas vinculado a las estéticas de los años 60? La pregunta preocupa a Guerrero ya no sólo como crítico, sino también como el editor que es en Gallimard y que debe, muchas veces, lidiar con el gusto del lector europeo adiestrado a la estética del realismo mágico.


El otro boom

"A mí me interesa el paralelismo que se dio en Estados Unidos entre el boom de la literatura latinoamericana y el de la japonesa, en la década de 1960. Son dos booms que coincidieron en el tiempo, que generaron cada uno su propio canon. En el caso de la literatura japonesa el canon estuvo constituido por Kawabata, Mishima y Tanizaki; en la caso de la literatura latinoamericana, por Cortázar, Vargas Llosa, Fuentes y García Márquez. Lo interesante del caso japonés es observar cómo el surgimiento de estas figuras determinó no sólo el perfil internacional de la literatura de ese país –porque ese va a ser el perfil dominante durante muchos años–, sino también el concepto que los norteamericanos y europeos elaboraron de esa literatura, y que predeterminó un horizonte de expectativas. Durante muchos años,para que un libro japonés funcionara en los Estados Unidos tenía que parecerse a alguno de Kawabata, de Tanizaki o de Mishima, de lo contrario incluso no era considerado como un libro 'japonés'. Entonces ese tipo de horizonte de escucha internacional tiene una fuerza de coacción muy importante sobre el mercado. Hay mucho que aprender de la experiencia japonesa, porque Japón, a través de autores como Haruki Murakami o Kenzaburo Oé, ha logrado modificar e imponer a otros autores, de estéticas diferentes, y ha cambiado ese horizonte inicial. En el caso de Latinoamérica creo que estamos en esa coyuntura. En Europa todavía se espera que un autor latinoamericano suene a 'latinoamericano'. Pero quizás el éxito de Roberto Bolaño sea el signo más claro de que las cosas están cambiando. Ojalá que permita hacer evolucionar la mirada europea sobre la literatura de nuestro continente".


Y en Francia, ¿qué?

Así y todo, ¿el mercado editorial francés acepta (es decir, publica) a los autores que escriben por fuera de las estéticas canonizadas por el "boom"? La conclusión no es del todo reconfortante. "En Francia ya hemos pasado el período de euforia de la literatura hispanoamericana. Actualmente, estamos en un período en que la literatura extranjera no se vende demasiado bien y, dentro de esta rúbrica, lo que se vende básicamente es literatura traducida de la lengua inglesa. La literatura latinoamericana tiene una posición residual. Ya no estamos en la época del 'boom' en que teníamos una posición un poco más holgada. Ahora ocupamos un lugar desgraciadamente más limitado, aun en casos de autores de gran prestigio como Bolaño, que no ha llegado a tener aquí los niveles de venta que ha tenido en los Estados Unidos. Con todo, creo que editoriales como Seuil, Christian Bourgois y Gallimard, por citar sólo tres, han ido reflejando en sus elecciones esa diversificación en los modelos actuales de escritura. Si vas al catálogo de Bourgois, puedes encontrar nombres como los de Guillermo Fadanelli, Alan Pauls, Roberto Bolaño; si vienes al mío vas a encontrar a Rodrigo Rey Rosa, a Alvaro Enrigue o a Mario Bellatin; si vas al catálogo de Seuil, vas a encontrar a Martín Kohan, Jorge Volpi o a Santiago Roncagliolo. Digamos que la nueva generación sí ha sido traducida y publicada. No tiene, y eso es lo que lamentamos, los mismos niveles de venta ni de reconocimiento del gran público que tuvieron en su momento los escritores del 'boom' o sus epígonos (pienso en Isabel Allende, por ejemplo). Pero esperemos que esto sea sólo una cuestión de tiempo. En eso estamos trabajando".
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

ELZA DIAS PACHECO






Há pessoas que nascem e fazem florescer outras pessoas com a delicadeza de borboletas ou lirios e com a emoção.
Elza Dias Pacheco foi uma delas.
Amiga,fraterna, chegando a ser materna com todos, todos aqueles que estavam com ela.
Lutadora, persistente e perseverante, forte , batalhadora, verdadeira e até explosiva- face ao monte maior da emoção que a guiava.
Sua partida deixa uma fenda enorme em mim e em muitos dos quais provaram de sua forca, doçura e amizade.
Fica nesta fenda labirintos corroídos de saudades e de lembranças, e assim é a vida.
Mas parafraseando DRUMMOND, DE TUDO FICA UM POUCO, E FICA sua imagem de mulher mãe, pesquisadora e amiga sobretudo.
Meu luto será para sempre pois seu lugar já não será ocupado, como amiga ,orientadora, pois meu tempo também é parco.
Mas ficará seu riso, e sua imagem de força.
Não direi adeus, direi até, para que eu possa sonhar ao menos com ela.
Lamento o egoísmo das pessoas que ˜não permitiram eu compartilhar pela última vez seu rosto, mas enviando cobrancas.Lamentável, estas não conhecem a delicadeza das borboletas, dos lirios e da doçura de crianca a quem ela sempre defendeu.
Mas, a vida passa como passou ela, Elza .

Lancamento

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Greenpeace



Greenpeace surpreende delegados dos EUA em Copenhaga
Ativistas do Greenpeace exbiram, no exterior das janelas da sala onde os delegados dos EUA presentes na Cimeira de Copenhaga tomavam o pequeno-almoço, uma faixa com a frase "Tio Sam tu tens de salvar o Planeta"

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Livro sobre Nelson Ferreira é lançado nesta terça-feira






A jornalista Angela Fernanda Belfort lança, nesta terça-feira, às 20h, no Biruta Bar, no Pina, o livro Nelson Ferreira - O dono da música. Fã do compositor, a jornalista decidiu escrever a obra após sentir falta de um acervo de pesquisa organizado sobre o autor de Evocação Nº 1.

Até chegar às 193 páginas do livro, Angela Belfort entrevistou familiares do compositor, como sua sobrinha, Lucia Helena Gondra, o já citado Luiz Ferreira, além de ter pesquisado em acervos dos jornais locais e da Fundação Joaquim Nabuco. As fotografias em preto e branco que ilustram o livro foram cedidas pelo arquivo do Jornal do Commercio, Fundação Joaquim Nabuco, Museu da Cidade do Recife e no acervo de Samuel Valente.

Serviço

Lançamento do livro Nelson Ferreira - O dono da música, de Angela Fernanda Belfort
Quando: terça-feira (15), às 20h
Onde: Biruta Bar (Rua Bem-te-vi, 20, Pina)
Quanto: R$ 10, no lançamento
Informações: abelforte@globo.com

Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR, com informações da repórter Tatiana Meira

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Portugal perdeu o dobro dos empregos da UE


http://bit.ly/7NXztW11h36m by Jornal de Notícias PT







A destruição de emprego em Portugal foi mais do dobro da diminuição verificada na União Europeia, com uma redução de 1,1 por cento em território nacional, que compara com a descida de 0,5 por cento, que é também a verificada na zona euro.

O emprego na União Europeia (UE27) e na zona euro continuou a diminuir no terceiro trimestre de 2009, devido à crise económica e financeira, segundo uma primeira estimativa hoje divulgada pelo Eurostat, e Portugal não escapa à regra.

Entre o segundo e o terceiro trimestre de 2009, o número de pessoas com um emprego diminuiu 0,5 por cento para 221,6 milhões na UE27, dos quais 144,8 milhões na zona euro (ZE16) em que diminuiu na mesma proporção, segundo o gabinete de estatísticas das Comunidades Europeias.

Em Portugal, no mesmo período, a destruição do emprego foi superior à média europeia, com uma quebra de 1,1 por cento do número de pessoas com um emprego.

Os números agora divulgados mostram uma estabilização da destruição de emprego na zona euro, e um abrandamento do ritmo de queda na União europeia no seu conjunto.

Face ao terceiro trimestre de 2008, a primeira estimativa do Eurostat aponta para uma quebra do emprego de 2,1 por cento na zona euro, e de 2 por cento no conjunto da União Europeia. Em Portugal, a diminuição cifrou-se em 3,1 por cento.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Adesão Paulo Vanucci x264

Eduardo Galeano - Mundo se rifa (1/3)





Entrevista com o ministro Paulo de Tarso Vanucchi sobre as ações na Secretaria Nacional de Direitos Humanos no Governo LULA




Ministro discute temas variados na área de Direitos Humanos, tais como: processo histórico da tortura no Brasil e em específico da tortura na Ditadura Militar (1964-1985); participação de autoridades civis nesse período ditatorial; direitos dos idosos das crianças e dos homosexuais, entre outros assuntos relevantes que mostram os avanços dessa área nos até agora quase 7 anos do Governo LULA a quem o ministro se julga um eterno aprendiz.

Em novo livro, McCarthy tematiza a adolescência de uma nação

No romance épico ‘Meridiano de sangue’, Cormac McCarthy tematiza a adolescência de uma nação, os Estados Unidos, que cresceu por meios e motivos equivocados Em novo livro, McCarthy tematiza a adolescência de uma nação
Maicon Tenfen, Jornal do Brasil LEIA MAIS EM IDEIAS E LIVROS JB RIO

RIO - Não deixa de ser curioso que dois dos maiores best sellers da década possam ser lidos como panfletos feministas: os três longos volumes da trilogia Milênio, do sueco Stieg Larsson, e o polêmico O código Da Vinci, de Dan Brown. No primeiro caso, temos um narrador politicamente correto (e chato!) acostumado a interromper a ação para apresentar dados estatísticos capazes de provar que as mulheres nórdicas ainda são vítimas de violência; no segundo, muito mais ambicioso, somos apresentados a uma narrativa concebida com o firme propósito de revisar a história do cristianismo e nela destacar o papel das lideranças femininas. Junto a enredos bem amarrados e um texto que desça redondo, dotar os personagens de discursos consagrados na atualidade é imprescindível a um romance de sucesso.

A constatação, entretanto, leva a uma pergunta que, devido ao policiamento ideológico atualmente promovido pela academia, está prenhe de ludismo e perigo simultâneos: visto que a retórica das minorias não contaminou apenas os best sellers, mas também uma literatura que se pretenda mais culta e elevada, é justo que questionemos se ainda existiria um romancista disposto a tratar do universo masculino sem a ressalva de dúvidas, culpas e crises de identidade. Em outras palavras: alguém com coragem de escrever sobre a essência de uma figura tão difamada como o homem branco ocidental?

A resposta é sim, e este romancista se chama Cormac McCarthy. Nunca foi muito conhecido no Brasil. Sempre que se falava nas tendências contemporâneas do romance americano, ocasião em que nomes como Philip Roth, John Updike e Paul Auster são obrigatórios, o de McCarthy ficava escondido pela expressão “e outros”. A realidade se inverteu com o sucesso do filme Onde os fracos não têm vez, dos irmãos Coen. Naturalmente, os Oscar arrematados pelos Coen foram benéficos a McCarthy e seus leitores. Junto ao livro que deu origem ao filme, edições mais caprichadas dos seus romances ficaram ao alcance das nossas mãos. É o caso de A estrada, espécie de ficção científica que remonta a trajetória de um pai e um filho em meio ao caos pós-nuclear, e do coringa da coleção, o romance mais denso e representativo de McCarthy, livro que há muito só podia ser encontrado nos sebos (com sorte) ou importado de Portugal: Meridiano de sangue. Desde que o crítico Harold Bloom ombreou McCarthy com Melville e Faulkner no que tange à canônica tradição do romance americano, Meridiano de sangue, tornou-se um artigo de primeira necessidade até agora distante dos leitores brasileiros.

A recente abundância de boas edições somada às adaptações cinematográficas (A estrada também chegará aos cinemas nos próximos meses) e ao Prêmio Pulitzer há pouco angariado por McCarthy significam que ele finalmente passará à esquerda da expressão “e outros”? Para a crítica, talvez. Para os leitores? Embora conte histórias agitadas, com personagens fortes e cenas memoráveis, a literatura de McCarthy – ao contrário da de Paul Auster – não possui nenhum facilitador comum aos best sellers, ou seja, não se vale de um texto que desça redondo e tampouco dá importância aos discursos da moda. Por causa de um estilo quase bíblico que abusa do polissíndeto e das constantes descrições de carnificinas, não é fácil embarcar na obra de McCarthy. Vencida a resistência inicial, todavia, basta virar as páginas e cavalgar no rumo do horizonte.

Sim, Meridiano de sangue é um western, mas um western visceralmente oposto ao que conhecemos dos filmes de Hollywood e dos incorretos bangue-bangues de espaguete. Não há honra, muito menos heroísmo ou dignidade entre os personagens, e essa ausência de códigos de conduta sequer é questionada ao longo da narrativa. Ninguém sente remorsos ou problematiza o sofrimento do outro pela simples razão de que não existe o outro. Existe apenas a necessidade de matar, uma necessidade que nem sempre está clara para quem puxa o gatilho e coleciona os escalpos das vítimas. Praticamente não encontramos mulheres no livro, do mesmo modo que não encontramos condições minimamente civilizadas de mediar antagonismos. A violência e a morte são as únicas possibilidades de troca e resolução de conflitos.

Embora possua traços de romance histórico – McCarthy amparou-se em amplo material de pesquisa – Meridiano de sangue mais parece um bildungsroman às avessas, um romance de formação – ou de deformação – em que o protagonista passa da juventude à maturidade e, antes de encontrar o sentido da vida, depara-se com um vazio incontornável (e o pior: sem se dar conta disso, deixando todas as angústias para o leitor). Desde a primeira página, acompanhamos a trajetória de um personagem identificado apenas como Kid, garoto de 15 anos que foge de casa e torna-se um vadio a caminho do sul. Estamos em 1849-1850. Com o apoio logístico e financeiro de autoridades texanas e mexicanas, forças paramilitares são enviadas para escalpelar a maior quantidade possível dos índios que vivem no sudoeste dos EUA.

O objetivo da missão é vago, talvez liberar a área para o garimpo de ouro, mas nada disso diz respeito a Kid, que logo se engaja numa das tropas, liderada pelo mercenário Glanton e por uma das figuras mais enigmáticas de toda a obra de McCarthy: o albino e imberbe juiz Holden, símbolo do mal absoluto, pistoleiro que dança e toca rabeca e afirma que nunca dorme e nunca vai morrer. Matar é o destino do grupo, matar os outros e a si mesmos, matar primeiro os índios, depois os mexicanos e, numa guinada catártica, os próprios homens que os contrataram para o massacre. Épico com os sinais trocados, Meridiano de sangue tematiza a adolescência de uma nação que cresceu por meios e motivos equivocados. Depois de lê-lo, fica mais fácil compreender as diversas expedições punitivas que os EUA promoveram ao redor do mundo, especialmente a loucura Bush.

Tudo é relatado com uma ambiguidade desconcertante, e esse é o grande mérito do romance. Culto e apocalíptico, o narrador criado por McCarthy permanece acima dos acontecimentos, não julga, não interfere, não sofre nem se espanta com a redundância das chacinas. Se aprova ou não a barbárie, fica por conta do leitor, mas é fato que não se dá ao trabalho de polinizar a trama com correção política, nem mesmo pela boca dos personagens. Seria um erro confundir essa sinceridade narrativa com machismo ou chauvinismo.

Testosterona, entretanto, é o que não falta a Meridiano de Sangue.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Que os pobres louvem os pobres.

GIUSEPPE COCCO

Os governos Lula fizeram uma política dos pobres, e é ela que constitui o quebra-cabeça sem solução para a oposição.

PELA PRIMEIRA vez a economia brasileira não foi abalada pelo choque exógeno. Outra grande inovação: o Brasil se tornou um ponto de referência -ao mesmo tempo- do processo constituinte que atravessa a América do Sul e dos esforços de democratização da governança mundial da globalização. Como nas economias centrais (mas sem precisar mobilizar o mesmo volume de recursos), o governo Lula interveio para restaurar o crédito e subsidiar a produção industrial. Mas a verdadeira novidade é que as políticas sociais são hoje o motor da retomada do crescimento.

Um numero crescente de estudos já indicava que as transferências de renda (em particular o programa Bolsa Família) contribuíam para a redução sem precedentes da desigualdade de renda e para a pujança do consumo dos pobres (que as estatísticas chamam de "classes D e E").
Pesquisa do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) revelou a existência de um potente coeficiente multiplicador: o aumento de R$ 1,8 bilhão do Bolsa Família (em 2005 e 2006) provocou um crescimento adicional do PIB de R$ 43,1 bilhões. A transferência de renda não apenas reduz a desigualdade mas também mobiliza o trabalho (cria riqueza).

Lembremos agora as duas grandes críticas ao primeiro governo Lula. A dogmática neoliberal gritava pelas "portas de saída", contra transferências de renda desfocadas e assistenciais. A doxa desenvolvimentista esnobava a "esmola" e gritava pela mudança radical de política econômica.

São dois fundamentalismos -opostos entre eles- que criticam o governo Lula em nome de uma mesma fé na moeda: "In God we trust" está gravado nas notas do dólar, "Deus seja louvado" naquelas do real. Para uns, o mercado é Deus, com suas taxas de juros (e lucro). Para outros, Deus é o Estado e suas taxas de crescimento (industrial) e pleno emprego.

Nos dois casos, o critério de justiça é transcendental: o dinheiro é divinizado. Nele, o valor assume uma existência soberana. A vida vai depender do dinheiro, e não o dinheiro da vida.

Claro, as duas justiças não são equivalentes: a religião do mercado não distingue entre ganhos financeiros e lucros industriais -para seus sacerdotes, Lula é o diabo que inferniza o paraíso terrestre dos ricos. A dogmática do Estado afirma a necessária inclusão dos pobres pelo emprego industrial. No segundo caso, chega-se até a indignar-se diante da miséria.

Não por acaso, os desenvolvimentistas constituem vertente importante do governo. O problema é que eles enxergam Lula como um anjo que, descendo à Terra, deveria aplicar a justiça: decretar a baixa das taxas de juros para o crescimento econômico criar empregos e riqueza.

Só que a economia real comuta as duas razões transcendentais: as taxas de juros podem ser substituídas por aquelas da inflação, e vice-versa. A fé no poder abstrato da moeda não nos diz nada das relações de força que significam quanto ela "vale", quer dizer, da moeda enquanto relação social.
O horizonte de outra política depende, pois, da ruptura dessa comutação, quer dizer, de quanto a mobilização democrática é capaz de manter a moeda dentro de seu sistema de significação sem deixar que seja arrastada do lado da fé e da transcendência.

Essa ruptura não depende da aplicação de um critério abstrato de justiça, mas da produção de uma outra justiça: não mais o valor do soberano (seja ele o mercado ou o Estado), mas aquele dos pobres: dos muitos enquanto muitos.

Foi a política social que permitiu fazer a necessária (e ainda moderada) inflexão na política econômica (o PAC e a amplificação dos outros investimentos sociais de educação e saúde) sem que a chantagem da inflação se reconstituísse. Não se trata nem de macro nem de microeconomia, mas da mobilização democrática e produtiva da multidão dos pobres.

Os governos Lula fizeram uma política dos pobres, e é ela que constitui o quebra-cabeça sem solução para uma oposição estonteantemente incapaz de inovação.

A política dos pobres torna obsoletas as equações econômicas: o 0,8% do PIB (em transferências de renda: Bolsa Família e Beneficio de Prestação Continuada) é muito mais potente do que os 6% gastos em juros da dívida pública. A justiça não depende mais de um anjo que desça do céu, mas da metamorfose de todos os homens em anjos. Nas notas do real poderemos escrever: "Que os pobres louvem os pobres".

Nas eleições de 2010, será necessário dar mais um passo na direção que leva do 0,8% ao 6%, quer dizer, a constituição de uma renda universal incondicionada para os mais pobres.



GIUSEPPE COCCO , 53, cientista político, doutor em história social pela Universidade de Paris, é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É autor, entre outras obras, de "MundoBraz: O Devir Brasil do Mundo e o Devir Mundo do Brasil".

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1112200909.htm

El hombre que asombra al mundo

El presidente de Brasil, Luiz Inácio Lula Da Silva.- ALEX MAJOLI
by EL PAIS ES http://www.elpais.com/articulo/internacional/hombre/asombra/mundo/elpepuint/20091211elpepuint_1/Tes

O homem que assombra o mundo e o Brasil, nas concessões e escandâlos internos que envolvem seu governo.Sem dúvida um homem que apresentou melhor o Brasil, mas que também foi decorrência de um passado-como mostra Zapatero ao pontuar o lugar de F.H.Cardoso.Seu depoimento forte e bom para o Brasil; permita que o PT saiba tirar proveito disso abrindo mais e mais os olhos para os escândalos e alianças que o partido faz e não esconde.Bom, também para nós, nordestinos, que temos um estereótipo aqui no Sudeste e Sul de preguiçosos e pouco altivos.
Paulo A C Vasconcelos





El presidente de Brasil se ha convertido en el líder indiscutible de América Latina y una referencia para todos los políticos. Brasil ha pagado este año toda su deuda, crece a buen ritmo y se ha llevado los Juegos de 2016

JOSÉ LUIS RODRÍGUEZ ZAPATERO 10/12/2009


EL PAÍS SEMANAL ofrece este domingo su número especial 'LOS CIEN DEL AÑO'. Hombres y mujeres iberoamericanos que han marcado 2009. Retratados por Mariano Rajoy, Javier Solana, Lydia Cacho, Bigas Luna, Tom Ford, Vicente del Bosque y 91 firmas más. Como adelanto, el perfil del presidente de Brasil, Lula Da Silva, personaje del año 2009, trazado por el presidente del Gobierno, José Luis Rodriguez Zapatero

Este es un hombre cabal y tenaz, por el que siento una profunda admiración. Lo conocí en septiembre de 2004, tras la incorporación de España a la Alianza contra el Hambre que él lideraba, en una cumbre organizada por Naciones Unidas en Nueva York. No podía haber sido mejor la ocasión.

Luiz Inácio Lula Da Silva
Lula da Silva
A FONDO

Nacimiento:
27-10-1945

Lugar:
Garanhuns

La noticia en otros webs

* webs en español
* en otros idiomas

Luiz Inácio Lula da Silva es el séptimo de los ocho hijos de una pareja de labradores analfabetos, que vivieron el hambre y la miseria en la zona más pobre del Estado brasileño nororiental de Pernambuco.

Tuvo que simultanear sus estudios con el desempeño de los más variopintos trabajos y se vio obligado a dejar la escuela, con tan sólo 14 años, para trabajar en la planta de una empresa siderometalúrgica dedicada a la producción de tornillos. En 1968, en plena dictadura militar, dio un paso que marcó su vida: afiliarse al Sindicato de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo y Diadema.

De la mano de este hombre, siguiendo el sendero abierto por su predecesor en la Presidencia, Fernando Henrique Cardoso, Brasil, en apenas 16 años, ha dejado de ser el país de un futuro que nunca llegaba para convertirse en una formidable realidad, con un brillante porvenir y una proyección global y regional cada vez más relevante. Por fin, el mundo se ha dado cuenta de que Brasil es muchísimo más que carnaval, fútbol y playas. Es uno de los países emergentes que cuenta con una democracia consolidada, y está llamado a desempeñar en las décadas siguientes un creciente liderazgo político y económico en el mundo, tal y como ya viene haciendo en América Latina con notable acierto.

Lula tiene el inmenso mérito de haber unido a la sociedad brasileña en torno a una reforma tan ambiciosa como tranquila. Está sabiendo, sobre todo, afrontar, con determinación y eficacia, los retos de la desigualdad, la pobreza y la violencia, que tanto han lastrado la historia reciente del país. Como consecuencia de ello, su liderazgo goza hoy en Brasil del respaldo y del aprecio mayoritarios, pero mucho más importante aún es la irreversible aceptación social de que todos los brasileños tienen derecho a la dignidad y la autoestima, por medio del trabajo, la educación y la salud.

Superando adversidades de todo orden, Lula ha recorrido con éxito ese largo y difícil camino que va desde el interés particular, en defensa de los derechos sindicales de los trabajadores, al interés general del país más poblado y extenso del continente suramericano. Sin dejar de ser Lula, en esa larga marcha ha conseguido, además, ilusionar a muchos millones de sus conciudadanos, en especial aquellos más humillados y ofendidos por el azote secular de la miseria, proporcionándoles los medios materiales para empezar a escapar de las secuelas de ese círculo vicioso.

Al mismo tiempo, en los siete años de su presidencia, Brasil se ha ganado la confianza de los mercados financieros internacionales, que valoran la solvencia de su gestión, la capacidad creciente de atraer inversiones directas, como las efectuadas por varias compañías españolas, y el rigor con que ha gestionado las cuentas públicas. El resultado es una economía que crece a un ritmo del 5% anual, que ha resistido los embates de la recesión mundial y está saliendo más fortalecida de la crisis.

Tras convertirse en el presidente que accedía al cargo con un mayor respaldo electoral, en su cuarto intento por lograrlo, Lula manifestó que es inaceptable un orden económico en el que pocos pueden comer cinco veces al día y muchos quedan sin saber si lograrán comer al menos una. Y apostilló: "Si al final de mi mandato los brasileños pueden desayunar, almorzar y cenar cada día, entonces habré realizado la misión de mi vida".

En ese empeño sigue este hombre honesto, íntegro, voluntarioso y admirable, convertido en una referencia inexcusable para la izquierda del continente americano al sur de Río Grande. Tiene una visión del socialismo democrático que pone el acento en la inclusión social y en la justicia medioambiental para hacer posible una sociedad más justa, decente, fraterna y solidaria.

Brasil ocupará pronto un lugar en el Consejo de Seguridad de Naciones Unidas, está a punto de convertirse en toda una potencia energética y en 2014 albergará el Campeonato Mundial de Fútbol. Cuando nos vimos en octubre en Copenhague, Lula lloraba de felicidad, como un niño grande, porque Río de Janeiro acababa de ser elegida ciudad organizadora de los Juegos Olímpicos de 2016. La euforia que le inundaba no le impidió tener el temple necesario para venir a consolarme porque Madrid no había sido elegida y fundirnos en un abrazo.

A mí no me extraña nada que este hombre asombre al mundo.

José Luis Rodríguez Zapatero es presidente del Gobierno español.

A corrupção


A ação de corromper é tão velha quanto a nossa existência, todavia a forma como ela se expande é que me deixa intrigado.Quem não foi corrompido ou corrompeu?
Fomos Corrompidos na cultura e no capital pelos Portugueses e espanhóis na batalha pelo país – O Brasil- Nossos índios, na verdade sujeitos , cidadãos, já foram corrompidos pela próprio nome ÍNDIOS.
O estado , velho conhecido dentro do contexto da política consolidou esta ação quase como marco regulatótorio de seus procedimentos.A publicidade o faz descaradamente: a mentir seduzir para efeito do consumo, e nós , acreditamos e fazemos postular seus ensinamentos.
A escola e a universidade nos corrompe pelos aceites que fazemos e conluios, e acatamos amavelmente, e tudo corre como se nada ocorresse.
O povo , no que chamamos de Democracia, somos corrompidos pelo não cumprimento do que nos foi proposto enquanto plataforma de governo em todas as instâncias.
Mas nos admiramos da corrupção que os governantes fazem , desconhecendo meandros deste ato.
A ÉTICA e a MORAL, ficam quietas pois elas somos nós e ai como ficamos.
É necessário nos provermos de uma atitude mais critica e severa para não cairmos em utopias, falácias desta questão que estão ao nosso lado, no dia a dia, em casa , no trabalho, na velha lei do Gerson , no tirar proveito de alguém.
O estado e o governo somo nós e nos recogitamos muitas vezes em apenas atacar sem proceder uma reflexão dura em relação a nós e nossas práticas.
Não estou a defender a Corrupção mas tentando se possível aclarar a dimensão disto.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

NBrasileiro testa mão biônica pioneira na Itália


Brasileiro testa mão biônica pioneira na Itália

Guilherme Aquino
De Milão para a BBC Brasil

A mão artificial foi criada por pesquisadores italianos

O ítalo-brasileiro Pierpaolo Petruzzello foi o primeiro paciente a testar uma mão biônica capaz de realizar movimentos seguindo ordens do cérebro.

Petruzzello, de 26 anos, teve metade do antebraço esquerdo amputado após um acidente automobilístico. Ele foi selecionado entre três candidatos para testar a mão biomecânica e realizou a cirurgia com a equipe médica da Universidade Campus Biomédico de Roma.

Com a mão biomecânica, que usou por 30 dias, ele foi capaz de fechar os punhos, fazer o movimento de uma pinça e mexer um dos dedos com a nova mão nos trinta dias em que esteve conectado ao membro biônico.

“Este foi o tempo determinado pelas autoridades sanitárias europeias. Eu poderia ter ficado mais quatro, cinco meses, um ano, ninguém sabe por quanto tempo ele poderia ter ficado no meu organismo sem que houvesse uma rejeição do meu corpo”, disse ele à BBC Brasil.

Petruzzello, filho de pai italiano e mãe brasileira, perdeu o antebraço em agosto de 2006 e foi operado em novembro do ano passado.

A mão artificial foi criada por pesquisadores da Scuola Superiore Sant’Anna, de Pisa, na Itália.


Pierpaolo Petruzzello passou por testes antes de receber a mão biomecânica

“Foi o meu pai quem procurou se informar sobre as pesquisas em curso e viu de perto o projeto. Ele me disse que achava que era uma coisa boa para mim antes de pensar em colocar uma mão prostética. Este é um projeto muito importante. Eu ainda tenho um braço inteiro, mas penso em quem perdeu ambos os braços ou as pernas”, disse Petruzello.

“Quando vejo que consigo realizar trabalho fico muito contente. A dor física eu sinto e suporto, mas a dor mental é pior. Eles alfinetavam o meu coto de braço para que eu aprendesse a reagir ao estímulo. Pela primeira vez no mundo, foi possível mexer os dedos de uma mão conectada ao corpo, sem o uso da musculatura, sem ainda ter sido implantada, com a força do pensamento. Foi um gol para mim”, disse.

A mão testada pesava dois quilos, os dedos são em alumínio, os mecanismos internos são de aço, a palma e cobertura são de fibra de carbono.

“A etapa seguinte seria a de implantar. Sei que o peso da mão foi reduzido já para seiscentos gramas”, disse ele à BBC Brasil.

Os movimentos são criados a partir de impulsos do sistema nervoso do paciente. Um grupo multidisciplinar, composto por bioengenheiros, ortopedistas, neurologistas e neurocirurgiões, conseguiu reconstruir uma “ponte” entre a mão artificial e o cérebro do paciente.


Petruzzello passou 30 dias com a mão artificial

Quatro eletrodos foram inseridos nos nervos do pulso e do antebraço de Petruzzello e são os responsáveis pelo trânsito gravado de informações entre o homem e a sua mão e vice-versa. Os filamentos são biocompatíveis, com espessura de 10 milionésimos de milímetro (10 nanômetros) e comprimento de 180 nanômetros. Cada um deles possui oito canais para a passagem de impulsos entre o cérebro e o membro.

“Conseguimos fazer o primeiro passo, de testar um novo eletrodo microscópico, com a dimensão de um fio de cabelo, e inseri-lo nas terminações nervosas do braço natural”, explica o cirurgião Paolo Maria Rossini.

Durante dois meses, o paciente foi estimulado durante seis horas diárias pelo eletrodo a decifrar os estímulos enviados pela mão robótica. Desta forma, ele poderia reaprender a movimentar o futuro membro.

O professor Paolo Maria Rossini reconhece a dificuldade extrema desse primeiro passo.

“O cérebro quando perde um membro reorganiza-se de forma aberrante e provoca sensações equivocadas, chamamos isso de síndrome do membro-fantasma. O paciente sente dores associadas à parte do corpo que não existe mais. Ao longo do treino, este fenômeno diminuiu muito, foi cancelado, mas, infelizmente, três meses depois de retirarmos os eletrodos, as dores voltaram”, explica ele.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Estudo relaciona Chico Buarque a temática de 'Raízes do Brasil'



Monica Ramalho, Jornal do Brasil
http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/12/04/e04124538.asp

RIO - Língua Cantada é uma coleção de bolso que analisa alguns dos mais marcantes discos da música brasileira. Lançada pela editora Língua Geral, reúne textos de poetas, críticos, escritores, músicos, produtores e acadêmicos sobre seus álbuns favoritos, de artífices como Lenine, Sérgio Sampaio, Caetano Veloso e Lupicínio Rodrigues (sobre este, leia resenha na página ao lado). Uma pátria paratodos: Chico Buarque e as raízes do Brasil, de Heloísa Maria Murgel Starling, discute o clássico Paratodos, lançado em 1993. O disco celebrou meio século de vida do compositor e marcou sua volta à seara musical após a feitura do seu primeiro romance, Estorvo. O repertório parece radiografar o íntimo do artista.

“Pela primeira vez num trabalho de Chico abre-se a possibilidade para essa exposição: o disco aborda a força de uma temática que, condensada em alguns motivos básicos, percorre suas faixas de ponta a ponta e traz a confirmação da passagem do tempo e das alterações que esta passagem acarretou em sua produção musical”, aponta a autora.

No entanto, o estudo vai além do disco supracitado e interpreta o cancioneiro de Chico Buarque como um todo, entrelaçando determinadas temáticas com fundamentos de outro clássico, o precursor Raízes do Brasil, de 1936, feito com as tintas do historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), pai de Chico.

As canções Fado tropical e Não existe pecado ao sul do Equador, parcerias com Ruy Guerra, ambas de 1973, inauguram as citações mais explícitas do pensamento paterno no inventário sonoro de Chico Buarque. O argumento do frevo composto para a trilha da peça teatral Calabar, de 1975, aparece originalmente no segundo capítulo de Raízes do Brasil. Diz o trecho: “Corria na Europa, durante o século 17, a crença de que aquém da linha do Equador não existe nenhum pecado”.

Em 1984, Chico gravou o samba Pelas tabelas, reafirmando seu diálogo com o famoso ensaio do pai, através das “tênues e tensas relações entre o mundo privado e a esfera pública”, nas palavras de Starling. Em abril daquele ano, o povo brasileiro saiu às ruas em passeatas pelas Diretas Já. O protagonista de Pelas tabelas mistura sua vida pessoal ao grande acontecimento político. Ele caminha pelo asfalto cabisbaixo, depois de esperar em vão pela amada num local previamente combinado. Acaba cruzando com a massa popular, que reivindica o direito ao voto. Esta canção, aliás, remete a um texto de Gustave Flaubert (1821-1880), no qual o escritor narra as desventuras de um rapaz que também se viu abandonado pela amada e vagou, frustrado, pelas vias públicas parisienses até se misturar a um comício, em 1848. Flaubert, Sérgio e Chico, cada um ao seu modo, provaram que estavam à frente do seu tempo, ao falar do particular com a intenção de ser universal.

Quando descreve em Paratodos a linhagem geográfica dos Buarque de Holanda, Chico configura as raízes da formação histórica brasileira (“O meu pai era paulista/ Meu avô pernambucano/ O meu bisavô mineiro/ Meu tataravô baiano”). São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais e Bahia, curiosamente, são os quatro estados que mais interferiram na gênese política, econômica e social do país. O compositor crê na possibilidade de construir uma paisagem brasileira com colagens de eventos privados, depositando o sentido de deslocamento da nação “entre o que virá e não vem, entre o que é tão recente que algo ainda permanece à espera de conclusão, e tão deteriorado que também não conseguiu envelhecer”.

O álbum Construção, de 1971, também consta entre os melhores de Chico Buarque. Nos primeiros meses da década de 70, o compositor retornou ao Brasil após um exílio voluntário na Itália, motivado pelo decreto do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 1968. Indignado com o clima que reinava no país, agarrou caneta e papel e compôs Apesar de você, descendo o sarrafo no governo de Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), mas com palavras ambíguas, capazes de driblar a censura. Só uma audição muito apurada notaria que os versos não descrevem uma briga de namorados. No entanto, mesmo sob a mira da censura, Chico repetiu o feito, cinco anos depois, com a antológica O que será?, gravada pela primeira vez no disco Meus caros amigos.

Sabemos que a obra de Chico Buarque é das mais completas e complexas da nossa música popular. Ele extrai das melodias “o máximo de rendimento verbal” e sabe aproveitar o melhor dos parceiros, sejam o maestro soberano Tom Jobim, o amigo da família Vinicius de Moraes, ou, ainda, Francis Hime e Edu lobo, seus contemporâneos.

Ler sobre suas músicas só propicia a vontade de ouvi-las mais uma vez e sempre. Aliás, esta pode ser a outra finalidade do livro, cujo projeto gráfico se assemelha à capa de Paratodos, assinada por Gringo Cardia. Em primeiro plano, no disco, está o 3 x 4 de um Chico Buarque bem jovem, fichado pela polícia pelo roubo de um carro. Ao redor, rostos bem brasileiros, de homens e mulheres de idades e traços variados.

O maior ganho deste estudo é a impressão de que as mais férteis criações vêm espontaneamente, através de heranças familiares, da observação do mundo em volta e também de enredos e personagens que podem se desdobrar em novos capítulos e interpretações.

Heloísa Starling relaciona algumas canções de Chico Buarque que, de certo modo, se complementam. Benvinda reaparece, 10 anos adiante, na letra de Tango de covil. Outra canção e Angélica podem citar, na ordem do trágico, a mesma recusa às forças de repressão e de extermínio que a personagem de Ela desatinou instaurou no mundo da festa. Uma terceira canção, Atrás da porta, por sua vez, parece devassar o momento de dor intensa imediatamente anterior a Olhos nos olhos. É o dom de Chico Buarque transpor à partitura visões e sentimentos que pertencem à eternidade.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

"Precisamos de uma catástrofe no mundo rico"




O mundo rico finge não saber que tem de mudar para fazer face aos problemas ambientais. Só uma tragédia de proporções nunca vistas poderá despertar as consciências, afirma Jonathon Porritt, decano dos "gurus verdes" no Reino Unido. Clique para ler mais sobre a Cimeira de Copenhaga.
Luís M. Faria e Luísa Schmidt (www.expresso.pt)


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Jonathon Porritt
Recentemente esteve em Portugal Jonathon Porritt, uma personalidade que não será exagero descrever como uma das vozes mais importantes entre os chamados 'gurus verdes' britânicos. Há três décadas que vem exercendo uma influência transversal, primeiro como director dos Friends of the Earth, e mais tarde, entre 2000 e 2009, como "chairman" da Comissão para o Desenvolvimento Sustentável no Reino Unido. Os confrontos que nesta última qualidade teve com membros do próprio governo que o nomeara demonstram bem a sua independência. Actualmente as polémicas têm mais a ver com a sua ligação ao Optimum Population Trust, uma organização que defende a limitação de nascimentos. Quanto ao Forum for The Future, outro grupo do qual é fundador e líder, procura associar empresas e comunidades segundo princípios de justiça e sustentabilidade.
Clique para ler mais sobre a CIMEIRA DE COPENHAGA

Conferencista num colóquio organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian, Porritt desenvolveu as ideias do seu mais conhecido livro, "Capitalism: As If the World Matters". A sua visão é de uma nova economia, com uma definição de bem-estar que seja compatível com crescimento lento, e não bloqueie as principais virtudes do capitalismo -- em especial o espírito de inovação permanente.
Manifestando entusiasmo pelo "new green deal", Porritt citou o exemplo das "smart grids", que nos EUA começaram a funcionar apenas seis meses após tomada a decisão ("Incrível!", diz). E acha que Copenhaga produzirá forçosamente algum acordo. Não será o acordo ideal, mas será melhor do que nada.
Na sua intervenção, disse que precisávamos de uma catástrofe para fazer mudar qualquer coisa. Suponho que não se tratou de estratégia retórica.
Não. Infelizmente, falei em sentido literal. Encontramo-nos presos numa situação em que as pessoas precisam de negar o que está a acontecer. É demasiado desconfortável o que está a acontecer, e a mudança que se pede à sociedade é demasiado grande. A única maneira de sacudir essa negação é um choque tão profundo e tão doloroso no sistema que não teremos outra escolha senão fazer essas mudanças.
Quando diz choque, não se está a referir a algo como aparece em "The Day After", ou outros filmes do género.
Achei interessante que, quando aconteceu o furacão Katrina, associado como estava às alterações climáticas, houve um grande efeito na América. Mas não durou muito tempo. Claro que estamos a ver estes fenómenos por todo o mundo. A Austrália é o país a observar aqui. Atravessa a maior seca em dez anos. A sua principal área agrícola está a perder produtividade. Os cursos de água estão cinco por cento abaixo do seu nível normal. Tiveram os piores fogos florestais da sua história. As pessoas na Austrália não estão em negação. Podem ver o que acontece, e sabem que têm de mudar. Quando se sofrem choques desse género, nasce um sentido de compromisso.

Acha que o desaparecimento de uma nação inteira, por exemplo uma daquelas nações-ilhas do Pacífico, teria efeito no resto do mundo?
Teria por certo um efeito simbólico. E seria uma enorme traição à nossa responsabilidade para com todas as nações hoje em dia. Quanto a afirmar que seria o tipo de choque ao sistema de que falávamos antes, não sei. As pessoas tornaram-se muito complacentes em relação ao sofrimento dos pequenos estados-ilha. Lamento dizer, mas acho que os choques têm de ser no mundo rico, não no mundo pobre.
Quão prováveis são esses choques no futuro próximo?
Não há dúvida de que algumas das mudanças induzidas pelo clima, em especial extremos de clima, inundações, secas, temperaturas muito altas, fogos florestais, estão a aumentar de ano para ano. A indústria seguradora fez a análise disso num relatório em que mostra como esses eventos estão a aumentar.
De qualquer modo, sempre tivemos fogos, secas, inundações... Acha que isso chega?
São os extremos que vão provocar o choque. A minha impressão é qie estamos muito próximos desse momento. Fogos florestais no sul da Europa, por exemplo, são mais sérios actualmente do que estávamos habituados.
Portanto, paradoxalmente, dada a iminência da catástrofe, acha que podemos estar optimistas?
Acho que sim, porque eventualmente daremos a volta à situação. Usaremos uma combinação de tecnologia, boa economia - baseada no bem-estar em vez do crescimento - e um inquérito mais profundo sobre a natureza da Humanidade para mudar as coisas.
Tem dito que os políticos, nesta matéria, já perderam quarenta e cinco anos. Quer desenvolver?
Começámos a examinar os dados sobre destruição e alterações climáticas nos anos 60. Isso levou à Cimeira da Terra em 1992. Desde então sabemos exactamente o que está a acontecer ao planeta. Podemos ver o dano por nós mesmos. Mas não mudámos a natureza das nossas economias. Continuamos neste ciclo em que olhamos para o crescimento gerado pelo consumo como o veículo para melhorar o padrão material de vida das pessoas. Não podemos fazer isso para nove biliões de pessoas. O planeta entrará sistematicamente em colapso com esse nível de agressão económica. As pessoas têm de aprender a viver nos limites ambientais de que todos dependemos.
Quando fala em público sobre essa nova economia, já alguém o acusou de desejar implantar uma forma de socialismo disfarçado?
Já. (risos). Na América, por exemplo, muita gente associa o desenvolvimento sustentável não apenas ao socialismo, mas ao comunismo. Mas eu não vejo as coisas dessa forma. Vejo, sim, um modo muito mais sofisticado, justo e equitativo de criar riqueza. Se se achar que uma paixão pela justiça social nos torna socialistas, eu admito.
Vêem em si um europeu, logo um socialista.
Bem, algumas pessoas na América pensam de facto que qualquer europeu é por definição um socialista. Não me preocupa muito. Sinceramente, acho que esses rótulos cada vez significam menos.
Quem é que lá representa posições semelhantes às suas?
Há uma pessoa chamada Lester Brown, que dirige um influente 'think tank' há muito tempo. Há empreendedores muito bons, por exemplo Paul Hawkins, que tem escrito imenso sobre os vários modos de criar riqueza. Há arquitectos que têm escrito sobre o design para um mundo diferente. Há muita gente, mas têm talvez menos peso no sistema político.

Os media podiam ser um recurso para criar uma cultura sustentável. Mas vemos que eles próprios se encontram em crise. Os seus proprietários são cada vez menos, e têm inúmeros interesses na economia eles próprios. O jornalismo encontra-se em crise como profissão. Como vê o papel dos média?
Tenho sentimentos mistos. Em muitos aspectos, os media têm sido úteis a gerar uma consciência pública. O tipo de jornalismo que temos na Europa e na América desempenhou um papel importante a mostrar como estes problemas são. Mas há duas questões. Uma, os media continuam a pensar que a ciência não se encontra estabelecida, continuam a procurar equilíbrio ("balance"), aqui uma voz a dizer que as alterações climáticas existem, ali outra a dizer o oposto... Ainda acham que precisam sempre de uma voz dissidente.
A segunda questão tem a ver como os media funcionam na economia actual. Trata-se de empresas grandes, no coração da sociedade capitalista. Os seus interesses directos estão envolvidos na economia como ela existe. Isso é um problema estrutural.
A transição para um modelo sustentável poderá ser feita culturalmente. Implicará uma falta de democracia, com um modelo como o chinês, ou teremos uma quantidade de problemas sociais?
Acho que os problemas sociais serão muito difíceis de resolver. Vamos ter de mudar para uma economia de crescimento lento, pelo menos no mundo rico, pois o mundo pobre precisa de crescimento mais acelerado. Isso levanta vários problemas. Um, como é que pagamos esta gigantesca massa de dívida (uma das razões porque temos uma economia de crescimento rápido é para pagar a dívida)? Outra, como é que financiamos as pensões, etc. E outra, como é que mantemos o compromisso com o pleno emprego, ou tanto emprego como possível. Podemos ter uma economia de baixo crescimento e o nível de inovação que temos hoje em dia? Inovação é o dínamo de uma sociedade capitalista. Podemos mantê-la numa economia de baixo crescimento?
O sistema económico hoje em dia baseia-se na concorrência permanente, entre empresas e entre países. Como é que isso joga com essa perspectiva de uma economia de crescimento lento?
Os governos podem flexionar todos os instrumentos de que dispõem. Há três anos, antes da recessão económica, a China achou que o seu nível de crescimento, a nove e meio por cento, era muito elevado. Estava a gerar uma quantidade excessiva de problemas ecológicos e sociais. Portanto foi decidido apontar antes para um nível de sete e meio por cento. Acreditam?
Já há trabalhos de economistas a estudar esses modelos de nova economia de crescimento lento?
Há muito poucos modelos macroeconómicos alternativos. O único realmente sofisticado foi escrito por um economista chamado Peter Viktor, que fez projeçção económica para o governo canadiano a fim de mostrar como um modelo económico de baixo crescimento pode mesmo assim gerar empregos e segurança, garantir investimentos, etc.
Um dos temas de que falámos ontem, levantado por Lipovetsky quando falou da viciação em consumo, foi a necessidade de encontrar novas formas de vida -- e de felicidade.
Acho que essa é a abordagem correcta. Setenta por cento do produto interno bruto americano vem do consumo. Setenta por cento. Temos de nos afastar disso, se queremos encontrar soluções sustentáveis. Não se pode mudar nada sem mudar as aspirações das pessoas. Na América, cinquenta e cinco por cento das pessoas falam do consumo como a sua actividade recreativa preferida. Acredita? Temos de criar alternativas igualmente aspiracional. E acho que muito disso terá a ver com a abordagem comunitária à regeneração, melhoria do equilíbrio entre trabalho e vida, melhorar oportunidades, passar tempo a fazer as coisas que realmente queremos fazer, em lugar de fazer todas as coisas loucas que é preciso para ganhar o dinheiro para fazer o que queremos. Acho que tudo isso é perfeitamente possível, mas de momento não temos nenhum discurso político convincente sobre porque é que o bem-estar - não falo da felicidade, termo um pouco suspeito - podia tornar-se o veículo de crescente coesão social, crescente segurança comunitária, crescente prosperidade de diferentes tipos, não apenas monetária. Deixámo-nos armadilhar pelo discurso do crescimento económico como o fornecedor de tudo o que a humanidade deseja.
Qual foi o impacto daquele relatório "Prosperity without Growth"?
Teve um grande impacto. Curiosamente, foi o mais descarregado de todos os documentários que a comissão para o desenvolvimento sustentável produziu. Tem sido muito usado por académicos, por funcionários públicos. É uma mensagem difícil de fazer passar, porque as pessoas não gostam de desafiar o crescimento. Mas as companhias começam agora a pensar como podem prosperar numa economia de baixo crescimento. Como se mantém a competitividade mesmo sem manter o crescimento.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

TELEFÔNICA AINDA NAO RESOLVE CASO DO MEU TELEFONE


A TELEFÔNICA AINDA NÃO RESOLVEU MEU CASO, DO MEU FONE, CONTINUA MUDO E JA CHEGAM CONTAS EM CASA, PODE?
AGORA NÃO PAGUE E VERÁ O QUE ACONTECE, O PODER DE PUNIR DESTES OLIGOPÓLIOS É PIOR QUE O PODER DA NORMA ESTATAL; E MAIS, TEM O PODER DE COIBIR VOCÊ AO MERCADO COMO TODO FALANDO DE SUA INADINPLÊNCIA PERANTE OUTROS ÓRGÃOS.É COMO DIZ DELEUZE A SOCIEDADE DO CONTROLE.
PRECISAMOS IR ÀS RUAS ABRIR A BOCA EM FRENTE A ELES, ESTAMPAR O BARULHO E A INDGINAÇÃO CARA A CARA , A WEB, NÃO É TUDO, VAMOS USÁ-LA PARA FALAR A VERDADE DESTA EMPRESAS VERGONHOSAS QUE DETÉM O PODER DA COMUNICAÇÃO NO NOSSO PAÍS. É REPUDIANTE PERVERSO O QUE ELES FAZEM E FICAMOS MUDOS SEM NADA PODER FAZER.PRECISAMOS IR AS RUAS E BATER PANELAS, FAZER BARULHO FRENTE AS SUAS LOJAS.

Morre Quitéria Maria, uma das maiores lideranças indígenas de Pernambuco

Do Jornal do Commercio PE LEI MAIS LÁ

Os povos indígenas de Pernambuco perderam uma de suas principais lideranças na noite de ontem. Após quatro dias de internação, a índia pancararu Quitéria Maria de Jesus, de 82 anos, faleceu em decorrência de complicações de diabetes, na cidade baiana de Paulo Afonso. Quitéria Binga, como era conhecida, teve importante participação no movimento demarcatório das terras de sua etnia, além de ter sido grande incentivadora da preservação da cultura Pancararu. Pernambucana de Jatobá, Quitéria era Casada e deixa sete filhos, netos e bisnetos.

Entre as principais realizações da líder pancararu, destaca-se a criação da primeira casa de parto e da primeira creche em terras indígenas no País. De acordo com a administradora regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Estela Parnes, o trabalho desenvolvido por Quitéria Binga era reconhecido internacionalmente. “Ela tinha uma importância realmente efetiva na luta dos índios pela conquista de seus direitos. Há poucos anos, representou o Brasil em um evento mundial no Canadá e sempre que podia estava viajando para levar a causa adiante. Ela era uma lutadora e deixará um importante legado para seu povo”, comentou.

Há dez anos convivendo com a doença, Quitéria vivia na Aldeia Brejo dos Padres, em Jatobá, no Sertão do Estado. “Mesmo com a doença, ela nunca deixou de brigar pelo que acreditava. Enfrentou posseiros, fez vigília e nunca se intimidou com ameaças de ninguém. A Funai perde uma conselheira, uma parceira. Os índios perdem uma mãe e uma guerreira”, acrescentou Estela Parnes. Quitéria Binga deverá ser enterrada em sua cidade natal.

ETNIA - Em Pernambuco, os índios da etnia pancararu vivem em uma área de aproximadamente 8 mil hectares entre os municípios de Petrolândia, Jatobá e Tacaratu, no Sertão do São Francisco. Sua população é estimada em aproximadamente 4 mil pessoas e a base da economia é a agricultura, tendo como principais culturas o feijão, o milho e da mandioca. Os índios também comercializam a pinha, fruta típica da região e têm no artesanato uma fonte de renda complementar.

O centro da reserva, cujas terras foram demarcadas em 1942, é a localidade de Brejo dos Padres, onde vivia Quitéria Binga. Há também diversas outras comunidades importantes como Tapera, Serrinha, Marreca, Caldeirão, Bem-Querer e Cacheado.

Morales quer 'diálogo transparente' com sucessor de Lula




Marcia Carmo
Enviada especial da BBC Brasil a La Paz

Morales disse que mantém uma relação 'fraterna' com Lula

Um dia depois de ser reeleito, o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta segunda-feira que espera ter um “um diálogo transparente e sincero” com quem quer que venha a suceder Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto em 2010.

Falando em La Paz, Morales afirmou que tem uma relação "sincera e fraterna" com Lula e que Brasil e Bolívia sempre manterão o diálogo.

"Quando tivermos problemas de mercados e de preços, estaremos prontos para resolver, com o diálogo mais sincero, mais transparente", disse.

"Temos responsabilidades conjunturais e com nossos países. E o diálogo será sempre a via das definições, também na questão dos hidrocarbonetos."

‘Momento duro’ para Lula

Morales disse que “às vezes, é preciso resolver de forma conjunta as demandas e problemas de ambos os países”, em um momento em que o Brasil reduz a importação de gás boliviano e em que há uma queda da cotação do gás no mercado internacional.

Morales contou que, na época da nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, logo depois que assumiu a Presidência em 2005, tentou "falar várias com o presidente Lula", "inclusive por meio de seus ministros", mas não conseguiu.

"Se apresentou o problema da nacionalização e foi um momento muito duro para o companheiro Lula", recordou.

Naquela ocasião, o anuncio afetou diretamente a Petrobras, maior investidora direta na Bolívia.

'Diálogo sincero'

O presidente boliviano disse que hoje a Bolívia exporta gás para o Brasil e Argentina com "preço solidário" e sugeriu que espera que os mercados vizinhos também sejam acessíveis para a exportação do produto têxtil boliviano.

Para ele, os acordos "devem ser de (produtos) complementares" e o produto boliviano deve ter espaço "regional".

O novo Congresso Nacional boliviano, eleito domingo, deverá regulamentar os projetos da nova Carta Magna, ratificada em janeiro num referendo. Entre estes capítulos está o de hidrocarbonetos que, segundo analistas, concede mais poder ao Estado sobre as petroleiras.

Mas uma nova lei para o setor vem sendo debatida entre o governo e estas companhias e, no próximo ano, a expectativa é de que a discussão sobre a nacionalização volte à agenda entre os dois países.

O presidente boliviano fez ainda um balanço das eleições do domingo, destacando que seu percentual de votação deverá superar as expectativas quando forem somados os votos do exterior.

"Creio que chegaremos aos 67% da votação", disse.

Clique Leia mais na BBC Brasil: Morales se declara presidente reeleito na Bolívia

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Computador não melhora a educação, diz Carr - Ethevaldo Siqueira

Data: 06/12/2009
Veículo: O ESTADO DE S. PAULO - SP
Editoria: ECONOMIA E NEGÓCIOS
Coluna: Ethevaldo Siqueira
Jornalista(s): Ethevaldo Siqueira
Assunto principal: OUTROS

Ethevaldo Siqueira
"Não há nenhuma prova de que o uso de computadores na escola primária melhora a qualidade da educação, assim como não há nenhum fundamento na ideia tantas vezes divulgada de que o projeto denominado Um Laptop por Criança (OLPC, na sigla em inglês) possa fazer uma revolução no ensino. É puro modismo."
Essas palavras são de ninguém menos que Nicholas Carr, escritor renomado e especialista em tecnologia da informação (TI), em entrevista exclusiva ao Estado, concedida quarta-feira passada, em São Paulo.
Para ele, muitos pais e professores têm essa ilusão de que o computador poderá tornar seus filhos mais inteligentes e acelerar sua aprendizagem. Os jovens devem, é claro, aprender a usar o computador, mas como ferramenta de mil utilidades.
Sobre uma entrevista que concedeu à revista norte-americana Atlantic, de julho-agosto de 2008, em que teria afirmado que o Google está tornando os usuários menos inteligentes, Nicholas Carr retifica: "A revista destacou apenas um aspecto. O que afirmei foi que o uso excessivo da internet e, em especial, do Google, está tornando as pessoas cada dia mais estúpidas, por causa, principalmente, da perda da capacidade de reflexão que decorre da falta de leitura de livros e jornais".
CLOUD COMPUTING
Entusiasta da computação em nuvem (cloud computing), ele diz que o mundo vive a passagem da worldwide web para o worldwide computer. Nuvem é a metáfora que representa a internet em escala global. Munidos apenas de um browser, podemos baixar tudo dessa nuvem: sistema operacional, conteúdos, aplicativos e o próprio computador virtualizado.
Ao falar em São Paulo na semana passada, Nicholas Carr focalizou a temática de seu último livro: The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google, que parte da analogia entre as empresas de distribuição de energia elétrica e, de outro lado, a computação em nuvem, mostrando a passagem ocorrida, há um século, da produção de energia em cada empresa ou propriedade para a distribuição das grandes empresas públicas de eletricidade.
É natural e razoável que as pessoas e as empresas ainda não confiem na computação em nuvem e tenham muitas preocupações, em especial quanto à segurança e confiabilidade. Mas esse quadro tende a mudar, segundo Nicholas Carr: "Já vivemos muitas situações de baixa confiabilidade e insegurança em nossos PCs. As coisas, entretanto, melhoraram muito e já não nos preocupamos tanto. Milhões de clientes de bancos norte-americanos já convivem com a internet sem grandes problemas. É claro que sempre devemos estar atentos ao risco de fraude e de ataque de hackers, como em qualquer outro ambiente. Mas, com a evolução da computação em nuvem, essa nova internet será mais segura e confiável. Os grandes players de cloud computing já oferecem um ambiente muito mais seguro".
MOBILIDADE
A cada dia, o celular se torna um dispositivo de computação mais poderoso. "No passado, o telefone era um aparelho usado apenas para falar. Hoje tem numerosas aplicações e a comunicação de voz em breve não será a mais utilizada. O futuro da computação, em minha visão, será em grande parte um aspecto da mobilidade. Isso vai acelerar ainda mais a computação em nuvem, pois quando as pessoas se movimentam elas querem não apenas se comunicar, mas também ter acesso a dados e informações. Isso vale para diversas situações, quando estamos em casa, no escritório, em viagem. Sempre vamos querer acessar a nuvem, a qualquer hora e em qualquer lugar."
Com a expansão da terceira geração do celular (3G) no mundo, cresce o tráfego de dados de alta velocidade na internet, com volumes cada dia maiores de vídeo baixados de sites como o YouTube. Com isso, a internet tende a sofrer uma espécie de congestionamento generalizado, tornando-se mais lenta, pois o comportamento dos usuários está mudando. Isso já ocorre quando apenas 10% dos celulares no mundo são 3G. Imagine o que ocorrerá quando 50% dos 4,5 bilhões de usuários do celulares migrarem para a terceira geração.
"NÃO HAVERÁ COLAPSO"
Mesmo diante dessas evidências e de previsões pessimistas, Nicholas Carr não crê nos riscos catastróficos de um colapso da internet em escala mundial, como têm sido previstos por alguns especialistas - entre os quais o vice-presidente da AT&T, Jim Ciccone, e o criador da Ethernet, Bob Metcalfe.
O argumento fundamental contra essa visão pessimista é o crescimento contínuo da infraestrutura da internet - que é um bom negócio para os fornecedores e que não irá mudar. Essa ampliação permanente da capacidade de tráfego da internet dará vazão ao volume sempre maior de dados de alta velocidade.
"A internet tem provado ser uma rede extremamente flexível" - diz Nicholas Carr. "Assim, mesmo com essa mudança de comportamento do usuário, com o volume de vídeo do YouTube ou a chegada dos filmes em alta definição, eu não creio em nenhuma catástrofe. É possível que ocorram problemas localizados, mas nada parecido com colapso de âmbito mundial."

domingo, 6 de dezembro de 2009

"La ciénaga", elegida como la mejor película latinoamericana de la década

"La ciénaga", elegida como la mejor película latinoamericana de la década

La ópera prima de la directora argentina Lucrecia Martel fue elegida como la mejor película latinoamericana de la década, según una encuesta entre críticos, académicos y profesionales del cine en Nueva York.

Por: EFE BY EL CLARIN REVISTA Ñ

OPERA PRIMA. Graciela Borges, Mercedes Morán en La ciénaga, la película que consagró a la directora.

La asociación Cinema Tropical, dedicada a la promoción del cine latinoamericano en Estados Unidos, difundió hoy los resultados de su encuesta, en la que Martel es la gran ganadora, ya que sus tres largometrajes figuran entre los diez seleccionados como los mejores de la década 2000-2009.

Para esta asociación, el hecho de que los expertos consultados hayan seleccionado las tres cintas que Martel ha realizado hasta la fecha es "una impresionante hazaña".

Las otras dos películas son "La mujer sin cabeza" (2008) y "La niña santa" (2004), que se hicieron con el octavo y noveno puesto, respectivamente.

De México, cuatro cintas figuran entre las diez seleccionadas: "Amores Perros" (2000), de Alejandro González Iñárritu, que quedó en el segundo puesto; "Luz silenciosa" (2007), de Carlos Reygadas, en el tercero; "Y tu mamá también" (2001), de Alfonso Cuarón, en el sexto; y "El laberinto del fauno" (2006), de Guillermo del Toro, en el décimo.

Las cintas de los directores mexicanos conocidos como "los tres amigos" (Cuarón, Del Toro y González Iñárritu) recaudaron en conjunto 56 millones de dólares en Estados Unidos, según apunta Cinema Tropical, que destaca igualmente sus respectivos trabajos en "películas de gran perfil internacional" y su alianza para impulsar la productora Cha Cha Cha Films.

De Brasil se ha seleccionado "Ciudad de Dios", de Fernando Meirelles en el cuarto puesto, y el documental "Autobús 174", de José Padilha y Felipe Lacerda, en el número cinco; al tiempo que de Uruguay figura en el séptimo puesto "Whisky", de Juan Pablo Rebella y Pablo Stoll.

"La idea de crear esta lista tiene una doble misión: por una parte servir de promoción para honrar el gran trabajo fílmico de la región en los últimos años, y por otra, rendir tributo a los profesionales que han ayudado a la difusión del cine latinoamericano", afirmó el director de Cinema Tropical, Carlos Gutiérrez, en un comunicado.

Para realizar esta encuesta, Cinema Tropical consultó a 33 profesionales de Nueva York que han contribuido a la promoción y difusión del cine latinoamericano en el país, y todos ellos seleccionaron un total de 121 películas de catorce países de la región.


Argentina, al frente

Argentina es el país con la mayor cantidad de cintas en esa lista general, con un total de 37 menciones, seguida de Brasil, con 30.

"A pesar del hecho de que muchas de las películas mencionadas nunca consiguieron estrenarse en Estados Unidos y que aún el cine latinoamericano tiene mucho que conquistar en este país, la lista demuestra que hay una gran riqueza de películas que se producen en la región año tras año", aseguró la organización.

Como ejemplo, cita el caso del director de cine brasileño Eduardo Coutinho, que, aunque "sigue siendo desconocido para la mayoría del público en Estados Unidos", tiene cuatro películas en la lista general: "Jogo da cena", "Edificio Máster", "Peäes" y "O fim e o principio".

Igualmente, señala al argentino Pablo Trapero, quien tiene cuatro películas en la lista general, así como su compatriota Carlos Sorín, con tres, y el mexicano Carlos Reygadas, con otras tres.

"Esta década que está a punto de concluir marcó un hito en el cine latinoamericano. Nunca antes las películas de América Latina habían gozado de tanta popularidad de crítica y taquilla a nivel internacional", aseguró Díaz.

En su opinión, "esta lista no es sólo un claro recordatorio de la gran calidad y abundancia de cine que han emergido de Latinoamérica en los últimos diez años, sino que también es una celebración de la madurez del cine de la región que ahora es considerado a la par con lo mejor del cine mundial".