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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Poemas de Riso e Siso - Assis Lima -


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*Assis Lima ( por http://bit.ly/2FeDe1F)


Foto Editora Confraria doVento




"A poesia anda escassa
e por isso avessa
aos menores vasos.
Sem leveza e forma,
sem fluxo, sem graça..."

Assis Lima, cearense, hoje já adaptado em ser paulistano, é um poeta do agir no encontro com os seus. Sejam pacientes, amigos e leitores, sim, ele é médico psiquiatra/psicanalista e por isso talvez fique atento às silabas, às afirmações da poesia do humano. Ao mesmo tempo na poesia ele é ação linguística, estética de um leitor magnânimo.

Seu novo livro, Poemas de Riso e Siso – Confraria do Vento (2017), como o próprio título diz, tem como tema a graça, o humor - sisudo-riso.

Como poeta ele denuncia, como no verso acima, a escassez da poética dos dias atuais, mas nos oferece vias para ver e ler as boas obras, como nas suas obras editadas e outros tantos que ele lê em gulodice.

Esta obra mostra um Assis mais leve, mas nem por isto releva o grave nos seus versos contaminados pelo verso popular, que lembra a poesia dos cordéis, alguns:

Ingazeiras anuns caranguejos
guaiamuns, aratus.
Arruda
ramos de vassourinhas.
Mangue,
corais vulcânicos.
Verde-azul, o mar.
Reinos força, raça.
(Itacaré, pág. 560)

Ora ele vem no siso filosófico, mas entremeia-se ao riso:

Existo em meio a dualidades
ora dividido, ora conciliado.
Em algum momento passarei a 3D?
(Dualidades, pág. 31)

Ronaldo Correia de Brito, ao apresentar a obra recente deste autor, afirma com uma sutileza de borboletas em voos a obra, de modo a deixar pouco o que se falar, como aqui agora eu estou a fazê-lo:

“A geografia de Assis Lima não foi a antiga dinastia Thang, época em que na China cada homem era um poeta. Mas uma paisagem agreste, ali no Crato, Cariri cearense, em sítios onde o riso e o siso eram praticados como expressão poética do viver.
Os 56 poemas que compõem este livro se misturam entre o grave e o hilário, numa dosagem contida e refinada. Um humor arrancado por vezes de ângulos de pedras, permeando poemas epigramáticos e sentenciosos....”

Mas como o verso já dizia, meu amigo se esqueceu, risos, digo Ronaldo, mas permita-me como todo o carinho que lhe tenho, Assis é uma coruja sabida; à espreita do coloquial ele brinca de esconde-esconde:

Para bom entendedor,
um cisco
é Francisco.
Basta?
(Meia palavra, pág. 77)

Assis é misterioso, ora sem enigmas, mas como na vida tudo está entre um e outro sua poesia replica de forma abundante tal dualidade humana, mas uma das mais intensas dualidades é o seu estilo que se embrenha entre uma poesia dita cheia de graça   e que alguns não gostam do discurso poético nordestino e Assis rompe e mostra o outro lado da sua poesia, que não se situa em léxico ou estética regional e alcança epifanias de um poeta maduro, pela dita dualidade aqui apontada.
...
No embate das ondas
o mar sem começo
se apossa de mim
(Horizonte, pág. 13)

Ou

Casa do Eu,
simples eu,
que tem caroço e casca.
(Escuta, pág. 35)

Deixemos com nossos leitores outras considerações de uma leitura atenta microscópica, que saboreei a casca e o caroço deste fruto voraz - Poemas de Riso e Siso -  degustando também as ilustrações de Lula Wanderley.

*ASSIS LIMA é cearense, do Crato. Médico pela Universidade Federal de Pernambuco, especializou-se em psiquiatra, em São Paulo, onde reside. É autor do livro Conto popular e comunidade narrativa (Prêmio Sílvio Romero - Funarte). Organizou a coletânea Contos populares brasileiros - Ceará.  É coautor, com Ronaldo Correia de Brito, dos infantojuvenis Baile do Menino DeusBandeira de São JoãoArlequim de Carnaval e O pavão misterioso. Publicou os livros de poesia Poemas arcanosMarco misteriosoChão e sonho e Terras de aluvião.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

UM POETA NÃO SABIDO NOS MEIOS SUDESTINOS-UM GRANDE POETA..CAPTURAS DO FACE




...Já então é tudo pedra
os dias, os desenganos.
Rios secaram neste rosto, casca
de barro, areia causticante.....


Desiludamos , nao leremos nem um terço dos bons poetas, este era um-Max Martins- lembrado no facebook por  Vasco Cavalcante, poeta paraense .Conheci Max, sua obra , no começo dos anos 2000, via William Aguiar, outro poeta, nao publicado, paraense, já falecido.A poesia de Max, às vezes fechada, é densa , leva o leitor a pensar.Não foi um poeta de leitura fácil, nem por isto deixou de ser um dos grande poetas do Brasil, que a mídia, sudestina, poderosa e vendida omite.
Sua obra está publicada na integra, salvo inédito que porventura exista.Vale a pena visitá-lo, lê-lo com a sobriedade dos grandes poetas.Tomo de empréstimo dois textos :1: o de Vasco Cavalcante  via Facebook , o 2 -do blog Modo de Usar& Co. por   Ricardo Domeneck-poeta-

1-Vasco Cavalcante  pelo Facebook

MAX MARTINS
(1926 - 2009)
O poeta Max Martins nos deixou no dia 09 de fevereiro de 2009, aos 82 anos. Lembro bem desse dia, do momento em que recebi a notícia e o quanto isso me perturbou. Fiquei sem saber o que fazer, nada me dava conforto ou pelo menos me faria diminuir a sensação de vazio que senti. Max foi meu vizinho desde os meus tempos de menino, na vila do IAPI, em Belém do Pará. Foi o primeiro grande poeta a ler meus primeiros rabiscos poéticos quando eu tinha meus 15/16 anos. Minha afeição, carinho e admiração por ele sempre foram enormes. Pela pessoa, pela generosidade e principalmente pelo poeta.

Uma certa hora, após receber a notícia, corri para o meu teclado e escrevi em desabafo um pequeno texto tentando expressar meus sentimentos naquele momento, muito para diminuir a sensação de vazio e extrema emoção que sentia. A noite, montei em uma foto dele, de autoria do fotógrafo Béla Borsodi, e quis dar um formato de marcador de páginas de livros, porque era aonde mais eu o encontrava, onde mais interagia com ele, onde mais o poeta me encantava, nos livros, com sua escrita poética.

Ontem fez 9 anos de sua partida, mas como sempre eu penso e sinto, que as pessoas que admiramos, veneramos, amamos, nunca nos deixam, porque sempre estarão vivos dentro da gente, o Max Martins por isso mesmo será eterno na vida dos que o admiram, dos que o amam.
Trago a arte feita com o meu desabafo emocionado e um poema publicado no livro "Caminho de Marahu" (Edições Grapho, 1983), chamado "um jardim zen", montado em uma foto do fotógrafo Octavio Cardoso, produzida em um dos dias em que esteve com o Max, em sua famosa cabana, na praia do Marahu, na Ilha do Mosqueiro, em Belém do Pará.Max Martins nasceu em Belém do Pará, em 1926. Após os estudos de Literatura, passou a colaborar em revistas e suplementos, como a revista literária Encontro, publicando os primeiros poemas no Suplemento Literário da Folha do Norte em 1946 e 1951. Estreou com o livro O Estranho (1952), seguido, entre outros, pelos livros Anti-Retrato (1960), O Ovo Filosófico (1976), O Risco Subscrito (1980), 60/35(1985), e reunindo seu trabalho no volume Não para Consolar - poesia completa(1992).


2- Modo de USar.Co.
http://bit.ly/2G41wL2
Ricardo Domeneck



Max Martins nasceu em Belém do Pará, em 1926. Após os estudos de Literatura, passou a colaborar em revistas e suplementos, como a revista literária Encontro, publicando os primeiros poemas no Suplemento Literário da Folha do Norte em 1946 e 1951. Estreou com o livro O Estranho (1952), seguido, entre outros, pelos livros Anti-Retrato (1960), O Ovo Filosófico (1976), O Risco Subscrito (1980), 60/35(1985), e reunindo seu trabalho no volume Não para Consolar - poesia completa(1992).

Suas edições foram sempre muito pouco divulgadas em outras partes do país, ainda que fosse um dos poetas mais conhecidos em seu estado natal. A recuperação recente de poetas como Hilda Hilst e Roberto Piva preparava o terreno para a maior aceitação do trabalho de poetas como Martins, mas a maior divulgação jamais veio às suas paragens. Talvez seja mais uma vez o momento de questionarmos a influência geográfica sobre o tal de cânone, que alguns ainda acreditam ser incondicionado.

Foi traduzido e publicado em outros países, ainda que tenha seguido como "estranho no ninho" na historiografia literária nacional; na Alemanha, por exemplo, seus textos foram publicados no volume Der Ort Wohin, com prefácio de Benedito Nunes e tradução de Burkhard Sieber. Max Martins faleceu ontem em Belém do Pará.




§

POEMAS DE MAX MARTINS


Isto por aquilo


Impossível não te ofertar:
O rancor da idade na carga do poema
O rancor do motor numa garrafa

...........................................Ou isto

(por aquilo
que vibrava
dentro do peito)........o coração na boca
......................atrás do vidro........a cavidade
......................o cavo amor roendo
......................o seu motor-rancor
......................................................– ruídos

(do livro 60/35, Belém, 1985)


§

O caldeirão

Aos sessenta anos-sonhos de tua vida (portas
que se abrem e fecham
fecham e abrem
carcomidas)
.....................ferve

a gordura e as unhas das palavras
seu licor umbroso, teus remorsos-pêlos
.....................Ferve

e entorna o caldo, quebra o caldeirão
.....................e enterra
teu faisão de jade do futuro
teu mavioso osso do passado

Agora que a madeira e o fogo de novo se combinam
e o inimigo nº 1 já não te enxerga
.....................ou vai-se embora
varre a tua cabana e expõe ao sol tua língua
tua esperança tíbia
.............o tigre da Coréia da parede

É lícito tomar agora a concubina
E despentear na cama a lua escura, o ideograma


§


No lugar do medo

Todos os dias aqui tu te observas
E ainda está oculta (aqui) a tua semente

Comum será a tua raiz
.....................comum
ao olor da fêmea que atua no teu leito

Sê criativo o dia todo
Te empenha o dia todo cauteloso
..........................voa
mesmo hesitante sobre o teu malogro

Quer sigas o fogo, quer sigas a água
sê só do fogo ou só da água
(pois que não há caminho
e a lei
é o inesperado)

Ainda oculta (aqui) a tua semente
.....................está

§

de A Fala entre Parêntesis

Das florestas de Blake aos topos da Ásia
quem, da confusão entre chão e carne
com seu púbis, seu discurso e chamas, QUEM
DEFENDE TEU ROSTO DESTE SUDÁRIO INFERNAL?

Teu nome é Não em cio e som farpados
sinuoso grafito gravado no muro
mudo, contra o tempo Arfa
noturno, o olho do astro na memória

Este é o meu céu: numa bandeira turva
Incendeia seus últimos signos
Te insinua às sombras (que estão nos antros

e subsistem ao gráfico parêntesis:
Flechas ferindo-se no espelho. Reflexos
..............Dança indefinida


§

Num bar

Num bar abaixo do Equador às cinco da manhã escrevo
meu último poema..............................Arrisco-o
ao azar do sangue sobre a mesa......mapa
de crises....cicatrizes......moscas
...........................................Gravo-o
fala de mim demão e nódoa
nós e tábua deste barco-bar
........................................que arrumo e rimo:
........................................verso-trapézio osso
........................................troço de ser
........................................escada onde
..........................................................lunar oscilo
..........................................................solitário

quando
vieram uns anjos
de gravata e me disseram: Fora!

§

1926 / 1959

Já então é tudo pedra
os dias, os desenganos.
Rios secaram neste rosto, casca
de barro, areia causticante.
E onde outrora o mar
- os olhos - búzios esburacados.

E tudo é duro e seco e oco,
o sexo enlouquecido
0 osso agudo
coberto de pó e de silêncios.

Havia uma ferida, a primavera
que já não arde nem desfibra - seca
a flor amarela escura
anêmica impura
- rato no deserto

caveira de pássaro
exposta na planura

§

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Punheta de pai


Amante da literatura, cinema, teatro e música. Henrique Wagner nasceu em Salvador-BA, é do signo de Touro, já jogou futebol, pegou onda e já frequentou academia (não a das letras). Santiago Fontoura(Cazzo)


"Eu fui pego no banheiro de meus pais, por meu pai, me masturbando com revistas de minha mãe. Amiga, Contigo! e coisas do tipo, embora catálogo da Avon (seção calcinhas) e catálogo da Hermes (mesma seção) também tenham me servido algumas vezes. Eu não tinha idade para comprar Playboy e, menos ainda, Private e similares. "

*Henrique Wagner

Henrique Wagner nasceu em Salvador, Bahia, em maio de 1977. Publicou dois livros de poemas e um ensaio sobre estética da linguagem. Colaborou para diversos jornais. Atualmente escreve sobre literatura e teatro para o www.expoart.com.br. Suas crônicas, curtas no Face, chamam atenção .A  linguagem  é sincera e digere a sociedade brasileira.A Punheta de pai é um retrato de nós, sem temor de lamber o real. Um intelectual, poeta/cronista que merece nossa leitura.Tomo uma de suas postagens no Face que  chama atenção pelo aspecto psíquico/antropológico que por vezes tememos pensar, dizer e ou publicar, numa poética  e tanto.Parabéns ! Paulo Vasconcelos!
...
A punheta de pai



Quando eu tinha algo em torno de onze anos de idade, fui pego me masturbando no banheiro do quarto de meus pais - uma suíte, portanto. Pior: fui pego em flagrante por meu pai, não por minha mãe. É que meu pai, homem nascido e criado na roça, muito humilde intelectualmente, rude, tosco, embora provido de certa doçura, abominava a masturbação, e dizia que jamais se masturbara em toda sua vida, nem mesmo na adolescência, quando são imperativas as demandas do corpo glabro. Abominava por mais de um motivo, e até arriscava, mas com rede de segurança (tecida por ele mesmo), uma teoria muito particular - e enviesada: costumava dizer que o homem, para se masturbar, precisa pegar em pau (assim, sem artigo definido em contração com a preposição), e como pegar em pau é coisa de viado, não importando de quem fosse o pau, quem se masturba é viado. 
Além do mais, sendo pau tudo igual - espiritualmente falando, ou, para os materialistas, em sua natureza -, para o punheteiro pegar em pau de outro era daqui pra ali. Não faltava ainda às suas impressões sobre a punheta os clássicos prognósticos apocalípticos de homens de sua geração e origem: o sujeito que se masturba fica fraco, caindo das pernas (“Dá caruara, meu filho”), perde a concentração, a audição vai se perdendo lentamente (e para sempre), e, em casos mais graves, a vítima pode ficar cega. Ele dizia quase o mesmo sobre quem fumava maconha, ou melhor, sobre os maconheiros. 
Eu fui pego no banheiro de meus pais, por meu pai, me masturbando com revistas de minha mãe. Amiga, Contigo! e coisas do tipo, embora catálogo da Avon (seção calcinhas) e catálogo da Hermes (mesma seção) também tenham me servido algumas vezes. Eu não tinha idade para comprar Playboy e, menos ainda, Private e similares. 
Mais de década depois, quando a mãe de meu filho estava grávida, passei a me masturbar com alguma frequência. É que ela, durante toda a gravidez, sentiu cheiro de leite em mim, e esse cheiro provocava nela enjoo e ânsia de vômito - eu não podia sequer chegar perto dela para um cumprimento. Passei nove meses na mão, abortando meio mundo de vidas inocentes. Mas eu já tinha idade suficiente não só para comprar revistas pornográficas como também para alugar filmes pornôs. 
Esperava a mãe de meu filho dormir - em geral ela caía no sono entre nove e dez da noite - para, na sala, me masturbar diante da tevê (e do dvd). O problema é que havia, no apartamento do edifício que ficava defronte ao meu, em uma rua estreita, um homem de meia idade famoso pelo moralismo carola e pela truculência, fiscal de toda a vizinhança - morador antigo, assinou o projeto, na condição de engenheiro, da construção do edifício onde morava. Ele, pai de três adolescentes, sabe-se lá como, me viu me masturbar da varanda de seu apartamento (meu pau não é tão grande assim) e prestou queixa contra mim na delegacia correspondente ao distrito onde morávamos. 
Meu filho já havia nascido quando compareci à audiência de conciliação.




quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

As veias suturadas continuam latindo - Hermano José Almeida

Capturas do Facebook
Em breve teremos uma matéria exclusiva com este poeta, Hermano José Almeida, jovem marcante, paraibano que desmancha sua doçura e fel quando quer em sua obra, mas não  me contive, de antemão, em capturar sua postagem no facebook .Paulo Vasconcelos
....
"A leitura foi fuga e salvação. Entendi que o jogo da vida é discórdia, vaidade, poder e inveja"
Hermano José Almeida-

A vida ou o que tentamos chamar de vida continua. Rotular, excluir, distorcer. Aprendi cedo. Talvez antes do útero. Na veia. Meu corpo quebrado é uma extensão de muitos corpos quebrados. Fui ter noção do mundo em que vivo
Através de livros. Aleijado, castrado sem ser, excluído. A leitura foi fuga e salvação. Entendi que o jogo da vida é discórdia, vaidade, poder e inveja. Muitos usam outras e outros por uma bela foto na coluna social. Me recuperei das fraturas em 81. Me arrastava dentro da casa para me recuperar depressa. Era a metamorfose de Kafka. Lá vem a larva arrastando_se no chão. Não tenho receio em dizer que comia até farelos do chão para me recuperar mais rápido. Minha mãe detestava. Mas ela passava o dia trabalhando. O inseto estava solto. 

Nessa época li muito. As veias abertas da América latina. Parecia minha vida. Principalmente as torturas. Me via no pau de arara. Passei por fase romântica de acreditar que a esquerda salvaria o mundo. Maquiavel me salvou. Marx achava que o proletariado é " o povo prometido". Um bom judeu alemão. Hitler e Stálin disputavam matanças. E o capital triunfa. Violência para todos os lados. Da simbólica a morte. E muitos acumulando. A mídia ... Adorava ver distorções.
Conto de fadas. Adorava os enlatados norte_americanos. O " descanso do inseto era ver As panteras e praticar o revolucionário onanismo. Americanoh. Chimamanda bem antes dela existir. O inseto virou borboleta. voltei para o colégio . Abril. Era o " homem invisível". No primeiro dia forcei um pouco e tive distensão. Voltava a forma de larva. Duas semanas em casa. Cama , idiota! Era semana santa e eu retirava Jesus da cruz e assumia o lugar. Sangue, morte e dor. Libertava os dois ladrões. Redimir Judas. A humanidade não tem salvação. Antes de morrer na cruz, enfiam uma lança em minha genitália. Não me dirijo ao Pai.
Madalena me toca . A revolução está chegando. Muitos atiram pedras em Madalena. Morre junto ao meu corpo . Toca Lou Reed. Romeu and julieth. Ressurreição ? Acordo do pesadelo na minha cama. Coberto de urina. Rasgo Kafka. Leio a Playboy e invado o penico de balas. Vejo Che no reino dos céus. É expulso do paraíso perdido. Diretas já. Tomo um gole de água. Golpe de água. Voltava a me recuperar. Li Nietzsche e adentrei com ele na eterna meia_ noite. Olho pro abismo e tomo coragem.
" Endureci e até hoje busco a ternura". Diretas já? Ronald e Margareth mandavam no mundo. Finalmente retornava ao colégio. Ereto. Será? Corações e mentes ... uma amiga convidou_me para assistir. No cinema , perdi o coração . Hipertrofiei a mente. " Doce amiga : nós que amávamos tanto a revolução"! Nem um abraço. A "mente , mente". Che sem vara...

O golpe é visto e debatido mundo afora. A Tv alemã mostra a Escola Paraíso do Tuiti


O Carnaval é tempo de protesto e é visto internacionalmente, mas a  mídia Brasileira sendo cúmplice do Golpe não divulga, todavia a mídia de outros países do mundo o faz com a devida crítica que merece.O golpe é visto e debatido mundo afora. A Tv alemã mostra a Escola Paraíso do Tuiti e colhe depoimentos que são claros e diretos com a voz dos brasileiros.Vergonha nacional a mídia comprometida com o Golpe Brasileiro.!!!!

Um outro vídeo da imprensa independente, alternativa brasileira.

Abaixo Uma captura do face por intelectual e colunista da revista Forum

Enquanto a escola Paraíso do Tuiuti no Rio de Janeiro deixava Fátima Bernardes e Alex Escobar constrangidos ao vivo, quebrando o silêncio com cacos de falas desconexas enquanto alas de passistas mostravam Temer como “o vampiro neoliberatista”, “manifestoches” com patos amarelos da Fiesp e operários bradando carteiras de trabalho, em Curitiba o Carnaval era assombrado por uma Zombie Walk em plena cidade-sede da Lava Jato. Ao mesmo tempo a esquerda pensa em “frentes suprapartidárias” para ganhar tempo na eminente prisão de Lula e simplesmente se exime em ocupar o campo semiótico da sociedade. E a grande mídia ganha a guerrilha semiótica por W.O.. Com raras exceções como mostrou a Paraíso do Tuiuti... mas não conte para a esquerda, sempre muito ocupada com o jogo parlamentar no qual cada um tenta salvar a própria biografia com narrativas de “luta” e “resistência”. Será que alcançamos o “grau zero da política” como anteviu o pensador Jean Baudrillard, a Matrix política que simula escândalos e golpes para colocar em movimento signos vazios? Teoria da Conspiração? E se descobrirmos que essa expressão foi criada pela CIA em 1967 para tentar desacreditar todas as narrativas não-oficiais?

TUIUTI :Seu desfile teve tom crítico à política vigente JACK VASCONCELOS

Jack Vasconcelos, formado em Belas Artes pela UFRJ, gostou mais do último setor da Paraíso do Tuiuti - Reprodução Instagram


"Sou um inconformado por natureza, todo artista tem esse inconformismo dentro dele. Se a arte não proporcionar o pensamento, a discussão, ela não tem muita função."
Existem Carnavalescos e Carnavalescos, mas Jack Vasconcelos, além de um senso estético do povo, fala pelo povo e soube gritar o desejo da maioria dos Brasileiros. A arte que não for engajada desfalece , morre. Ele deu  o recado ao mundo sobre o Golpe que vivemos, uma ditadura que não mais disfarça. Ele tem força e sua equipe, inclua-se os que desfilaram , deram um grande Berro de Liberdade ouvido pelo Brasil e o mundo. Com toda opressão, nosso peito se exalta com a denúncia feita .Jack Vasconcelos fala melhor que eu colunistas em sua entrevista ao DIA, VIA IG-Por  Bruna Fantti. http://bit.ly/2EBc3jR
Paulo Vasconcelos
Rio - Com críticas à Reforma Trabalhista, ala chamando manifestantes pelo impeachment de fantoches e um 'presidente vampiro', o enredo da Paraíso do Tuiuti foi o mais comentado da Avenida. Confira a entrevista com o carnavalesco da escola, Jack Vasconcelos.
O DIA: Seu desfile teve tom crítico à política vigente. O senhor é filiado a algum partido político ou um cidadão inconformado o atual governo?
Sou um inconformado por natureza, todo artista tem esse inconformismo dentro dele. Se a arte não proporcionar o pensamento, a discussão, ela não tem muita função.
O presidente vampiro do neoliberalismo foi entendido por todos como sendo Michel Temer. A última ala como uma crítica à Reforma Trabalhista. Foi um posicionamento político?
Sou formado pelo ensino público, fui uma criança de escola pública, me formei em uma federal, em Belas Artes. Então, a população ajudou a me formar, foi dinheiro público que ajudou a pagar meus estudos e a manter as instituições em que me formei. Preciso de alguma forma retribuir para a população esse investimento. É a maneira que eu posso prestar o serviço a ela (à sociedade), através da minha arte. Acho que é bom as pessoas se posicionarem mesmo. Acho bacana que o Carnaval tenha esse espaço e papel.
Acha que a Sapucaí é um bom espaço para isso?
No Carnaval as pessoas liberam aquilo que guardam dentro delas durante o convívio social educado e civilizado no resto do ano. E o Carnaval sempre foi o espaço para esse tipo de ideia, para as pessoas colocarem para fora o que sentem, aquilo que elas querem gritar. E na verdade o que eu sou é uma antena. Vou captando essas ideias, anseios à minha volta e construindo o meu trabalho. Porque o meu trabalho representa uma comunidade, os anseios de parte da população.
Qual sua ala favorita e por quê?
Eu não tenho uma ala preferida. Todas elas tinham uma função e é uma sequência natural de outra. Mas sei das alas que causaram e cada um terá sua preferida por conta das suas convicções. O último setor que eu falo da escravidão ou da exploração da mão de obra dos mais desvalidos, dos mais pobres, o último setor foi o mais bacana. Exercitei minha cidadania.
A recepção do público e os comentários na internet foram grandes. O senhor atingiu o seu objetivo?
As pessoas precisam aprender a ficar mais espertas ao que chega de informação para elas, que vão comprando ideias e repassando isso como se fosse verdade, sem se dar o trabalho de ouvir outra fonte, ideia ou visão. E esse poder dessa propaganda forte que vai disseminando uma ideia a ser replicada. E nisso as pessoas vão mantendo sistemas que as prejudicam e não percebem. Acho que o desfile desse ano teve esse conceito no seu interior, na sua raiz. Se as pessoas conseguiram perceber isso de alguma forma, valeu a pena.
Algumas pessoas disseram que se sentiram desrespeitadas. O senhor teve esta intenção?
Sinto muito (se alguém se sentiu ofendido). Seria bom as pessoas pararem para pensar antes de tomar a decisão de seguir uma moda ou algo que uma campanha de jornal ou de TV diga para elas fazerem.